73 - GOMES

Seria engraçado constatar quantos terão sido aqueles que no primeiro instante, mostraram logo a sua estrela de campeão… Estávamos em 1974, Estádio das Antas, e o jogo contra a CUF perfilava-se árduo. Entrava em campo, estreando-se com a camisola principal do FC Porto, um jovem de seu nome Fernando Gomes. O ar imperturbável não deixava adivinhar que contava apenas com 17 anos; a tranquilidade que exibia escondia que, ainda há pouco tempo, jogava pelos juniores… Nada, nada impediu que, nessa tarde, o avançado brilhasse e que fossem dele os 2 golos da sua equipa.
Gomes, à custa da enorme qualidade futebolística, facilmente cimentou um lugar no onze “azul e branco”. Nesse sentido, só os mais distraídos é que ficaram admirados quando, na temporada de 1976/77, o atacante venceu o primeiro de 6 prémios como o Melhor Marcador do Campeonato Nacional. Também a nível colectivo, os títulos ajudaram o ponta-de-lança a cimentar o seu sucesso. Sem sombra de dúvida, um dos grandes impulsos na sua carreira, foi sido a conquista do bicampeonato de 1977/78 e 1978/79.
Curiosamente, terá sido na sequência desse duplo feito, e que, para o FC Porto, quebrou um jejum de 19 anos sem ganhar o Campeonato, que Fernando Gomes viveu uma das maiores polémicas da sua carreira. Ora, seria já no final da época de 1979/80 que Américo de Sá decidiria despedir José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa. Por não gostar da linguagem utilizada por ambos sobre o insinuado “poder de Lisboa”, o Presidente dos “Dragões” acabaria por dispensar o treinador e o dirigente máximo para o futebol. Começava assim o “Verão Quente e, nas Antas, grande parte do plantel sairia em defesa dos elementos afastados. No caminho para o saneamento do problema, alguns dos jogadores seriam colocados noutros emblemas e o avançado, estrela maior do conjunto portista, acabaria transferido para o Sporting Gijon.
Apesar da estreia auspiciosa pelo emblema asturiano, com 5 golos marcados ao rival Oviedo, o resto da sua estadia em Espanha, por razão de uma grave lesão, não correria como esperado. Voltaria ao FC Porto, para a temporada de 1982/83. Em boa hora o faria, pois nesse ano, na sequência de ter conseguido sagrar-se no Melhor Marcador de todos os Campeonatos europeus, Fernando Gomes venceria a sua primeira Bota d’Ouro. Repetiria o feito na época de 1984/85. Porém, não só de êxitos individuais viveria o avançado, depois do seu regresso às Antas. O ponta-de-lança faria parte da geração que, para além levar o FC Porto à final da Taça dos Vencedores das Taças de 1984,  conquistaria a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987, a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental do ano seguinte.
Sem que ninguém conseguisse adivinhá-lo, para o goleador o fim como atleta do FC Porto estava a aproximar-se. Tomislav Ivic, contratado depois da conquista de Viena, diria que, para ele, Fernando Gomes estava acabado. O jogador, que já tinha sofrido o desgosto de, por lesão, não poder participar na final de Viena, sofreria mais uma desfeita ao ver o técnico Jugoslavo a tirá-lo a meio do jogo da 2ª mão da Supertaça Europeia, impedindo que, na condição de “capitão” pudesse erguer o troféu. Como resposta, o público, que nutria pelo avançado uma grande estima, haveria de, num coro de assobios, vaiar a decisão e, principalmente, o treinador.
Ivic acabaria por, mais tarde, abandonar o clube. Já a chegada de Quinito parecia querer repor o estatuto do avançado. Porém, Gomes, numa altura em que Artur Jorge já era o treinador “azul e branco”, voltaria a envolver-se numa grande polémica. Numa deslocação à Madeira, por via dos atrasos com o avião, o jantar acabaria por começar a horas tardias. Vendo que os dirigentes e equipa técnica estavam a ser servidos primeiro que os jogadores, Fernando Gomes, na altura o “capitão”, insurgir-se-ia contra tal prioridade. Nisso, instalar-se-ia uma grande discussão com o adjunto, Octávio Machado. Resultado, processo disciplinar para o jogador e suspensão de todas as actividades.
No final dessa época Fernando Gomes decidiria não renovar contrato e assinaria pelo Sporting. Em Alvalade, longe do fulgor de outrora, jogaria ainda por 2 épocas. Finda a ligação com os “Leões”, e sem nenhum título a acrescentar ao seu palmarés, ao atleta chegariam propostas de outros clubes. As ofertas acabariam rejeitadas e, desse modo, terminaria a carreira de um dos melhores avançados de sempre do futebol português.

2 comentários:

Faustino Miguel disse...

Um dos melhores avançados do futebol português.

Unknown disse...

GOMES=GRANDÍSSIMO JOGADOR=GRANDÍSSIMO HOMEM=EXEMPLO A SEGUIR POR QUALQUER ATLETA.PAZ À SUA ALMA.HV