316 - CONSTANTINO

Talvez a memória que guardam de Constantino tenha sido construída a partir do momento em que avançado começou a envergar a camisola do Leça. No entanto, a estreia do ponta-de-lança na 1ª divisão já tinha acontecido uns anos antes quando, no decorrer da temporada de 1986/87, surgiu ao serviço do Salgueiros.
É normal, entre a generalidade dos adeptos, o desconhecimento do facto referido no parágrafo anterior. A verdade é que a passagem do avançado pelo emblema de Paranhos, com Constantino na condição de suplente, acabou por ser bastante discreta. O mesmo já não pode dizer-se da altura em que vestiu o listado "verde e branco" da colectividade de Leça da Palmeira. Nesse que foi o regresso do atacante ao escalão principal do futebol português, o atleta, dono de uma maturidade completamente diferente, conseguiu consagrar-se como uma das estrelas do Campeonato Nacional.
Dotado de um "faro" excepcional para o golo, Constantino ou "Tino Bala", durante os três anos em que o Leça militou entre os “grandes”, conseguiu ser um pouco mais do que o "artilheiro" maior da sua equipa. A sublinhar a sua qualidade, na temporada de 1995/96 atingiu o terceiro posto na lista dos Melhores Marcadores. Na sequência das boas exibições viu emergir do estrangeiro uma nova oportunidade e em Espanha, ainda que a disputar as divisões secundárias, durante 2 campanhas representou os valencianos do Levante.
Após retornar a Portugal, o ano e meio de Constantino no Campomaiorense levou o jogador às últimas experiências primodivisionárias. De seguida, numa altura descendente da carreira, começou a vogar pelos escalões inferiores. Passou pelo União de Lamas e ainda voltou ao Leça. O regresso ao emblema nortenho serviu para recordar os melhores anos de uma carreira que terminou depois de ainda representar o Tondela e o Santa Marta de Penaguião.

315 - SERIFO


Quase uma vida inteira dedicada ao mesmo emblema, faz dele um dos notáveis do Leça Futebol Clube e um dos jogadores que não poderíamos deixar passar, neste mês que também fala um pouco da história do emblema sediado no Concelho de Matosinhos.
Como é que este natural da Guiné-Bissau conseguiu manter-se à volta de década e meia no plantel dos leceiros?! Com certeza, muitas vezes foi equacionada esta questão pelas pessoas que acompanham de perto o futebol. É certo que Serifo nunca foi um primor de técnica; nunca foi um virtuoso com a bola nos pés. Todavia, por reconhecer essas falhas, soube compensar as suas lacunas com uma atitude irrepreensível, com muito trabalho nos treinos e nos jogos, com uma postura que, ao longo dos anos, serviu de exemplo para todos os colegas de balneário. É também verdade que muita dessa vontade traduziu-se em excesso de ímpeto e o resultado foram umas belas “caneladas” em pernas alheias e algumas sanções disciplinares!
Por toda a dedicação; pelo jeito incansável como, com o auxílio da sua excepcional velocidade, carregou a ofensiva colectiva pelas alas do ataque; pela maneira como, durante anos a fio, usou ao braço, sempre com orgulho, a faixa de capitão; também por nunca ter abandonado o clube, nem mesmo quando este foi assolado pelo escândalo da corrupção a árbitros, Serifo é, e será sempre, uma referência para todos que com ele jogaram e, acima de tudo, para as próximas gerações a envergar as cores do Leça.

314 - VLADAN

Do alto do seu 1,94m, Vladan nunca passou despercebido. No entanto, para o guardião não só a altura contava. Entre os postes, o sérvio que a Ovarense foi contratar ao Macva Sabac para a temporada de 1992/93, sempre conseguiu juntar à estatura, um bom posicionamento e uns reflexos invejáveis.
Já como atleta do Leça e a disputar a 1ª divisão, o guarda-redes, ao valer-se dos seus atributos, afirmou-se como um dos melhores na sua posição, a disputar a prova maior do futebol português. Por essa razão, não houve qualquer surpresa quando, na imprensa nacional desportiva, começaram a surgir rumores do suposto interesse dos ditos "grandes" nos seus préstimos, nomeadamente do Benfica. A especulada transferência nunca veio a concretizar-se. Contudo, o valor de Vladan e o papel preponderante que desempenhou durante as 6 épocas, incluindo 3 primodivisionárias, em que defendeu o emblema de Leça da Palmeira, fizeram dele um histórico do clube.
Depois de retirado dos relvados, Vladan dedicou-se a gerir a carreira do irmão mais novo, o também guardião, internacional pela Sérvia e antigo atleta do Sporting, Vladimir Stojkovic. Mas a sua ligação ao mundo do futebol não fica por aqui. É que o seu filho, baptizado com o mesmo nome do tio, decidiu abraçar a defesa das redes e, neste momento, pertence às equipas jovens do Sporting Clube de Portugal.

313 - LEÇA

Quando na temporada de 1941/42 o Leça, estreante nessas andanças, chegou à 1ª divisão, já a história da colectividade amealhava acontecimentos desde o dia 21 de Março de 1912.
Nos primeiros anos de existência, pela razão de um grupo de amigos que, ocasionalmente, desafiava outros conjuntos rivais, as aparições do emblema eram esporádicas e sem grande sentido de ordem. Já depois de 1922, no apelidado "Ano da Reorganização", a prática do desporto começou a ser encarada com maior seriedade. Para contrariar o adormecimento do clube, resultado da partida para a Grande Guerra de muitos dos seus praticantes, os responsáveis pelo Leça deram os passos necessários para recuperar a dinâmica colectiva. A inscrição na Associação de Futebol do Porto e a participação no Campeonato de Portugal foram disso prova. Porém, a origem modesta da agremiação, composta essencialmente por gentes da terra, não era dada a grandes voos. Por isso mesmo, o alcançar do patamar máximo do futebol português assumiu um valor de uma galhardia incalculável.
Idêntico feito só veio a ser repetido muitos anos depois, concretamente na temporada de 1995/96. Porém, tendo em conta que, no contexto desportivo, a segunda incursão do emblema pelo escalão máximo até foi positiva, já no plano directivo tudo correu de maneira diferente. Com os jogadores, nos 3 anos a seguir à subida, a garantirem a permanência, dos bastidores veio a emergir o escândalo apelidado como “Guímarogate”. Como ficou provado em tribunal, Manuel Rodrigues, Presidente da colectividade com sede no Concelho de Matosinhos, por altura de uma partida referente à época de 1992/93 entre o Académico de Viseu e o Leça, jornada decisiva na corrida pela subida à divisão de Honra, corrompeu o árbitro José Guímaro, com 500 contos. O resultado da manobra ilícita, para além da condenação de ambos os intervenientes, foi a despromoção administrativa do Leça, após o final da campanha de 1997/98.
A partir desse momento, o emblema, sem margem financeira para grandes devaneios, afundou-se ainda mais. As dívidas aumentaram. Desportivamente o clube também foi de mal a pior e chegou a ser equacionado o fim da colectividade. Felizmente, o Leça resistiu a tudo e, hoje em dia, num contexto diferente da realidade primodivisionária, os "Verde e Brancos" de Leça da Palmeira vogam pela 3ª divisão.

312 - LUCIANO


Nascido no seio de uma família pobre de Olhão, um dos principais objectivos de Luciano ao querer singrar no mundo do futebol, foi o de ajudar os parentes mais próximos a conseguir uma vida mais desafogada. Nesse intuito ingressou no clube da sua terra e aí completou a formação.
Como um atleta promissor e com algumas chamadas às selecções jovens portuguesas, o defesa-central rapidamente caiu nas graças de outros emblemas. Nesse sentido, o Benfica transformou-se no passo seguinte da sua carreira. No entanto, apesar de todo o talento revelado e a justificar plenamente a aposta feita em si, a sua vida na "Luz" não foi fácil. Nomes como o de Germano fizeram-lhe frente no trajecto para a titularidade. Mesmo assim, aos poucos conquistou o seu espaço e, com os sinais que dava em cada oportunidade conquistada, muitos projectaram-no como o natural substituto do colega que impedia a sua promoção ao “onze” das “Águias”.
Infelizmente, o destino pregou-lhe uma tremenda partida! Na ressaca do Mundial de 1966, quando o futebol português andava nas bocas de todos os amantes da modalidade, uma notícia abalou o estado de graça trazido de Inglaterra. Durante uma sessão de hidromassagem vários atletas do Benfica partilhavam a banheira montada para o efeito. Sem que nada fizesse prever, o mau funcionamento do sistema eléctrico do equipamento provocou uma enorme descarga, fulminando de imediato Luciano. A tragédia só não foi maior, pois a pronta interversão de Jaime Graça, que antes do futebol tinha aprendido o ofício de electricista, desligou prontamente a fonte de energia. Escaparam do acidente Cavém, Eusébio e Malta da Silva, mas o mundo do desporto, em ambiente de grande transtorno, perdeu um dos mais promissores intérpretes, contava apenas 26 anos de idade.

311 - FERNANDO CABRITA

Após chegar à primeira categoria do Esperança de Lagos ainda em idade de juvenil, as suas qualidades futebolísticas rapidamente fizeram com que o Olhanense, à altura a maior potência algarvia da modalidade, levasse o atleta de 17 anos para as suas fileiras.
Com um enorme potencial, o crescimento do atleta não ficou pela referida transferência. Com o calendário a assinalar 11 de Março de 1945, contava 20 anos de idade, o avançado-centro foi chamado à estreia na selecção nacional. Contam os anais da modalidade que nesse encontro contra a Espanha, uma “partida” foi pregada ao jovem debutante! Como prenda pela internacionalização, ofereceram-lhe umas chuteiras novas que, ao fim de 90 minutos e muitas correrias com o calçado de cabedal ainda rijo, resultaram nuns pés completamente dilacerados. O mais curioso do episódio prendeu-se com o facto do seu treinador no emblema algarvio, ao prever a situação, ter viajado até Lisboa, carregando consigo o par que Fernando Cabrita normalmente utilizava. Porém, já à porta do balneário, o técnico foi impedido de entregar as botas ao jogador e não conseguiu evitar a maldade feita ao seu discípulo.
O ano de 1945 acabou por ser inesquecível para o jogador. Para além da primeira chamada à selecção portuguesa, Fernando Cabrita, ao serviço do Olhanense, chegou ao derradeiro desafio da Taça de Portugal. É certo que os algarvios saíram derrotados de contenda. Ainda assim, a fama do avançado manteve-se inabalável, com o assédio dos “grandes” da capital a acicatar-se. Recusou sair do Algarve. Todavia, em 1951, na sequência da despromoção do seu clube, decidiu arriscar-se por outras paragens e o destino levou-o às provas gaulesas e ao Angers. Em França viveu mais um episódio caricato. Frente ao Nantes, o defesa-central da sua equipa chegou ao intervalo com a “cabeça em água”. Ao confessar-se incompetente para segurar o avançado van Green, viu o treinador pedir a Fernando Cabrita para recuar no terreno de jogo e ocupar a posição no sector mais recuado. O resultado da alteração foi o melhor e o “pesadelo” holandês não voltou a tocar na bola!
O regresso do avançado a Portugal deu-se duas épocas depois da partida para França e o clube escolhido para continuar a carreira foi o Sporting da Covilhã. Influenciados ou não pela contratação, a verdade é que os "Leões da Serra" encetaram um trajecto em ascensão nas provas nacionais, com o ponto mais alto dessa caminhada a ser atingido em 1957, na final da Taça de Portugal.
Depois de “pendurar as botas”, Fernando Cabrita arriscou a carreira de treinador. Tão ou mais meritório do que a sua vida nos relvados, o percurso que fez à frente de vários clubes construiu-se de sucessos. Destacaram-se o Campeonato Nacional de 1967/68 em que, como "interino" na maior parte das jornadas da referida época, venceu a prova ao serviço do Benfica. Claro. É impossível esquecer a participação no Euro 84, onde, ao lado de Toni, José Augusto e António Morais, fez parte da famosa Comissão Técnica e onde levou a selecção portuguesa a atingir as meias-finais do torneio disputado em França.

310 - DELFIM

Tendo o Carcavelinhos ido estrear o Campo Nossa Senhora da Saúde, à altura a morada do Farense, os responsáveis por outros emblemas algarvios acharam por bem ver o desafio entre os "Alfacinhas" e a agremiação da "casa". A vitória dos lisboetas por 11-0, mas principalmente a exibição de um dos avançados da equipa forasteira, despertou a cobiça dos elementos das outras colectividades, presentes na assistência. O atleta, de seu nome Delfim, jogava como interior-esquerdo e rapidamente o Olhanense viu no "Lourinho", nome pelo qual foi baptizado pela massa adepta, um reforço de peso para as batalhas na prova maior do futebol nacional, o Campeonato de Portugal.
Na edição de 1923/24 da competição, Delfim tornou-se num elemento de enorme preponderância, tanto na caminhada do Olhanense até a derradeira partida da prova, como na final, onde foi dele um dos golos que, frente ao FC Porto, deram a vitória por 4-2 ao conjunto algarvio. A importância da conquista e, também, o peso do atacante no referido sucesso colectivo foi enorme e, nesse sentido, o atacante rapidamente passou a entrar nas contas para o escalonamento da selecção nacional.
Com as cores de Portugal Delfim marcou presença em 4 desafios, nos quais um assumiu um papel especial no percurso do atleta. A 18 de Junho de 1926, numa partida agendada para Lisboa, a “equipa das quinas” veio a encontrar-se com a congénere italiana. No Campo do Lumiar, entraram no terreno de jogo dois “onzes”, não digo com ambições radicalmente díspares, mas com currículos bem diferentes. Para tal, assumiu-se o facto de, no curto historial de 4 partidas, o conjunto luso não ter, à altura, qualquer vitória. Porém, na aludida data tudo mudou e ao fazer parte da linha ofensiva, o atacante participou no primeiro grande resultado do combinado português, o 1-0 que derrotou a “Squadra Azzurra”.

309 - OLHANENSE

Quando pensamos nos títulos associados às grandes provas nacionais de futebol, automaticamente os nomes que vêm logo à cabeça, com as duas excepções que foram “Os Belenenses” e o Boavista, são as designações dos três crónicos candidatos a vencê-las, ou seja, Benfica, FC Porto e Sporting. No entanto, muito antes da principal competição em Portugal ser o que agora conhecemos por Liga Zon Sagres, a maior disputa entre os clubes de Norte a Sul era pelo Campeonato de Portugal, competição organizada num sistema de eliminatórias.
Em 1924, o Sporting Clube Olhanense, fundado 12 anos antes, consagrou-se como o vencedor da prova referida no final do parágrafo anterior. Por certo, ao conjunto de jovens entusiastas que, encabeçados por Armando Amâncio, fundaram a colectividade, nunca passou pela ideia que o sonhou que, a 27 de Abril de 1912, tinham acabado de pôr em marcha, alcançasse tal sucesso. Em abono da verdade, a demanda do grupo passava apenas por dar corpo à ânsia de continuar a praticar a modalidade que os apaixonava e que, por essa altura, começava a dar os primeiros grandes passos em Portugal. Porém tudo saiu melhor do que as expectativa e naquele 8 de Junho, em resposta aos dois tentos do favorito FC Porto, Delfim, Raúl Figueiredo – posteriormente tornou-se numa das grandes estrelas do Benfica –, Gralho e Belo, concretizaram os quatro golos que, em definitivo, puseram o Algarve no mapa do desporto português.
Daí em diante o clube arredou-se dos sucessos de monta. Continuou a participar nos “Nacionais”, com frequentes incursões pelo escalão maior, mas conquistas como a de 1924 não as viveu mais. A excepção esteve quase para acontecer na temporada de 1944/45, quando o conjunto da cidade de Olhão conseguiu qualificar-se para a derradeira partida da Taça de Portugal. Como adversário coube-lhes outro dos "gigantes" do nosso futebol, o Sporting. O estádio, novamente em Lisboa, era o Campo das Salésias, casa do Belenenses. Contudo, o desfecho não foi o mesmo da década de 1920 e o golo do “violino” Jesus Correia, bastou para que os Algarvios, onde o nome mais sonante era o de Fernando Cabrita, saíssem da capital apenas com o prémio de consolação, pela presença em tão especial momento.
Depois de em 1975 terem descido ao segundo escalão, já só no século XXI voltaram à companhia dos “grandes”. Desde 2009 que disputam sucessivamente a divisão maior do futebol português e em boa hora aconteceu o regresso, pois foi a tempo de comemorarem o centenário.

308 - CARLOS ALVES

Carlos Alves foi uma das maiores estrelas da história do Carcavelinhos. Conquistou tal estatuto após começar a jogar na segunda metade dos anos de 1920 e numa altura em que, na colectividade “alfacinha”, já era visto como o “patrão” do último reduto. Como um dos pilares do conjunto de Alcântara, teve uma enorme influência na conquista do único título nacional do clube, o Campeonato de Portugal de 1927/28. Na derradeira partida da competição, disputada a 30 de Junho frente ao Sporting, ajudou a esbater o favoritismo atribuído aos “Leões” e, no Campo da Palhavã, esteve no “onze” que, com o 3-1 inscrito no “placard” final, deu à sua equipa a vitória na competição.
O ano de 1928 tornou-se memorável para o atleta. Para além da conquista do referido troféu, o jogador acabou chamado ao grupo que, pela primeira vez na história da selecção portuguesa, participou num grande certame futebolístico. Nos Jogos Olímpicos de 1928, organizados na cidade neerlandesa de Amesterdão, Carlos Alves, orientado pelo mítico Cândido de Oliveira, participou em todas as partidas e ajudou o conjunto luso a chegar aos quartos-de-final.
Mesmo com um trajecto brilhante, a história mais conhecida do defesa extravasou, um pouco, o desporto. Diz-se que nas vésperas de mais um “derby” frente ao Benfica, na pensão onde o Carcavelinhos estagiava – termo talvez abusivo para a época –, uma rapariga que ali trabalhava, vendo o nervosismo do jogador, abeirou-se dele, deu-lhe um par de luvas pretas e prometeu-lhe que, se as usasse durante a partida, o seu lado sairia vitorioso. Carlos Alves guardou-as, mas disse à moça que o futebol era sério de mais para brincadeiras daquelas. A verdade é que, com a sua equipa a perder ao intervalo e tendo descoberto as luvas no bolso dos calções, o jogador decidiu usá-las. Na segunda parte, o emblema alcantarense virou o marcador e acabou por vencer. Desse dia em diante, nunca mais largou o talismã, que, anos mais tarde e em sua memória, continuou a ser usado pelo neto, o médio internacional João Alves.
Na fase final da carreira, depois de representar o Carcavelinhos e ao mudar-se para a “Cidade Invicta”, Carlos Alves ainda vestiu as camisolas do Académico e do FC Porto.

307 - GASPAR PINTO

Notabilizou-se, em grande medida, pelos anos em que envergou a camisola do Benfica. No entanto, a carreira de Gaspar Pinto, antes da mudança para as “Águias”, conheceu as cores de outro emblema, o Carcavelinhos.
No extinto clube, que neste ano de 2012 comemoraria o centenário da sua fundação, o aguerrido defesa deu-se a conhecer. A forma combativa e aplicada de encarar todas as partidas, depressa levaram o atleta até à selecção nacional e à mudança para os “Encarnados”. Pelo Benfica, entre a segunda metade dos anos de 1930 até meados da década de 1940, Gaspar Pinto transformou-se numa referência do desporto português. Muito para além das 12 temporadas ao serviço do Benfica, dos mais de 300 jogos e diversos títulos que venceu com as “Águias”, ficaram célebres as disputas, muitas vezes para além do limite do razoável, com os mais variadíssimos oponentes.
O mais famoso dos seus adversários foi Peyroteo. Com o craque leonino, foram inúmeras as picardias que marcaram o “derby” “alfacinha”. A mais badalada dessas histórias foi o episódio em que, depois de repetidamente ser travado de forma menos leal, o atleta do Sporting não resistiu às ofensas verbais de Gaspar Pinto, acabando por esmurrá-lo. Depois do incidente cortaram relações. Todavia, no encontro entre uma selecção de jogadores de Lisboa e as “Águias”, jogo que serviu para marcar a despedida do benfiquista Valadas, o homenageado chamou os dois rivais, fazendo com que, num aperto de mão, surgissem as pazes. Segundo consta, a tentativa de apaziguamento foi infrutífera, com a contenda entre ambos a reatar-se logo na partida seguinte!

CENTENÁRIOS 2012

À imagem do que fizemos o ano passado, aproveitamos este derradeiro mês de 2012, para homenagear algumas das colectividades, que tendo também passado pelo escalão maior do nosso futebol, cumpriram este ano a importante marca dos 100 aniversários. Desta feita calhou a vez a Olhanense, Leça e ao, há muito extinto, Carcavelinhos. Por essa razão, durante todo o Dezembro falaremos das histórias desses clubes e, também, das carreiras de alguns dos atletas que vestiram e orgulharam as cores dos "Centenários".

306 - TONIÑO

Um dos primeiros atletas que, na leva publicada este mês, escolheu Portugal como destino, foi Toniño. Formado nas escolas do Athletic Bilbao, o médio poucas oportunidades teve no clube da sua cidade natal. Aliás, nunca chegou a envergar a camisola da equipa principal, tendo apenas passado pelo conjunto “b”.
Para dar continuidade à paixão pelo “jogo da bola” e aliciado pela perspectiva de alinhar na 1ª divisão portuguesa, Toniño, no começo da temporada de 1994/95, fez as malas e viajou até Trás-os-Montes. Adaptou-se facilmente ao Desportivo de Chaves e um pouco à imagem das gentes da região, o jogador basco, com uma enorme vontade, esforço, resistência, rapidamente cumpriu na obrigação de carregar às costas o emblema flaviense. Por mérito próprio tornou-se num verdadeiro “patrão” do meio-campo e a sua força, a juntar a um potente remate que permitia a exímia marcação de livres-directos, transformaram-no num dos preferidos da massa associativa.
Considerado pela imprensa especializada como um dos futebolistas de topo a actuar nas provas lusas, o “trinco” começou a ser cobiçado por emblemas de outra nomeada. Passados dois excelentes anos em Chaves, Toniño preferiu o Vitória Sport Clube e a possibilidade de, pelo emblema da “Cidade Berço, participar nas competições sob a custódia da UEFA. Porém, em Guimarães, a temporada de 1996/97 não correu da melhor maneira. Apesar de alguma regularidade na maneira como foi utilizado, as suas exibições pautaram-se pela mediania, nunca tendo conseguido afirmar-se como um dos titulares. Finda a dita época, o centrocampista regressou novamente aos flavienses e jogou mais 3 temporadas ao serviço da colectividade transmontana.
O último passo da sua carreira, depois da curta passagem pela 2ª Divisão B ao serviço da AD Fafe, fez-se no regresso ao seu país natal. Ao manter-se perto da zona fronteiriça, no Pontevedra acabou por ter um papel decisivo na história recente da agremiação galega, ao ajudá-los numa memorável promoção ao escalão secundário de Espanha. O carinho por ele cresceu de tal maneira que, depois de "penduradas as botas" em 2004, continuou ligado ao clube, mas nas funções de dirigente.

305 - VIQUEIRA

Como muitos dos atletas que passaram este mês pelo “blog”, Viqueira foi mais um que, ao ser chamado às selecções jovens espanholas e também por cedo conseguir destacar-se nos escalões de formação do clube, acabou por criar uma enorme expectativa à volta do seu crescimento como futebolista. No entanto, depois de, nos primeiros anos como sénior, alternar entre a equipa “b” e a utilização pouco regular no plantel principal do Deportivo La Coruña, o jogador acabou, na temporada de 1997/98, por ser emprestado ao Campomaiorense.
Com os "Galgos" a disputar o primeiro escalão português, o médio-centro teve a oportunidade de desenvolver as capacidades de criador de jogo. No final do dito empréstimo regressou à Galiza com a esperança de conseguir afirmar-se. Porém, num "Superdepor" que, nas suas fileiras para o miolo do terreno, contava com craques como Mauro Silva, Manjarín, Fran, Hadji, Flávio Conceição ou Djalminha, poucas foram as chances dadas ao jovem atleta saído da "cantera".
Em seguida, aquilo que pareceu um passo atrás na carreira, com Viqueira a preferir jogar no segundo patamar espanhol, revelou-se como uma decisão acertada. Orientado pelo alemão Bernd Schuster no Xerez, o médio conseguiu pôr em campo tudo o que há anos vinha a prometer. No novo emblema, a sua visão de jogo tornou-se essencial para os companheiros. Com belas exibições, não tardou a catapultar-se e, passados 2 anos, voltou à "La Liga", pela mão do Recreativo.
Na colectividade de Huelva, entre a divisão maior e o degrau secundário de "nuestros hermanos", jogou 5 anos. No entanto, uma nova descida do clube fê-lo tentar a fortuna em Levante. Manteve-se entre os “grandes”. Todavia, no emblema de Valência a sua sorte mudou. Para além de ser pouco utilizado e dos problemas financeiros do clube estarem constantemente a provocar falhas nos pagamentos dos salários, um acidente de automóvel quase que pôs em risco a sua vida e a da sua família. Com a aziaga época de 2007/08 a meio e já com 33 anos de idade, decidiu voltar ao Xerez. Aí terminou a carreira de futebolista e deu um novo passo na vida profissional ao assumir o cargo de director-desportivo do clube galego.

304 - PIZZI

Natural da Argentina, mais precisamente de Santa Fé, foi no país de nascimento que começou a praticar a modalidade. Depois de ter sido recusado nos Estudiantes, foi no Rosário Central que encontrou poiso para demonstrar o seu valor. Mudou-se para aquela que é a segunda cidade do país e para além da estreia como profissional, ainda conseguiu ingressar no curso de Medicina. Porém, nos primeiros passos dados no futebol, num choque com Bonano, guarda-redes que também veio a representar o FC Barcelona, o avançado sofreu um acidente que chegou a pôr em risco toda a sua carreira. Gravemente lesionado, perdeu um dos rins. Ainda assim, não ficou desmotivado e depois do aval dos médicos, Pizzi continuou a mostrar os dotes de goleador, tornando-se num dos melhores artilheiros da equipa.
Apesar do sucesso conseguido nos primeiros capítulos da caminhada futebolística, a cobiça dos emblemas europeus não surgiu de imediato, com o atleta a registar uma passagem pelos mexicanos do Toluca. No entanto, do outro lado do Atlântico não resistiram durante muito mais tempo à sua contratação. Na campanha de 1991/92, Pizzi ingressou no Tenerife. No emblema das Canárias viveu as melhores temporadas a nível pessoal e ajudou o clube a posicionar-se, por diversas vezes, na luta pelos lugares de acesso às competições europeias.
Na temporada de 1995/96 o avançado venceu o "Pichichi", troféu que premeia o Melhor Marcador da “La Liga”. A distinção valeu-lhe a transferência para o FC Barcelona comandado por Sir Bobby Robson e onde partilhou o balneário com outros artilheiros de gabarito mundial como Ronaldo, Rivaldo ou Sonny Anderson. A pesada concorrência, fez com que a sua utilização nos "blau-grana" fosse um, tanto ou quanto, escassa. Mesmo assim, o ponta-de-lança ainda teve as suas noites de glória que, para além de pô-lo no coração dos adeptos, valeu-lhe a alcunha de “macanudo”, ou seja, excelente ou admirável. Bem, a história conta-se depressa! Na edição de 1996/97, encontro referente às meias-finais da Taça do Rei, o “placard” do jogo entre o emblema catalão e o Atlético Madrid, estava nuns loucos 4-4. Perto do fim, ao marcar um golo, o avançado desempatou a partida a favor da sua equipa e foi então que um comentador, de seu nome Joaquim María Puyal, gritou ao microfone “Pizzi sos macanudo”*, ficando assim o epíteto.
Por altura da referida peleja, Pizzi, depois de emitido o seu passaporte espanhol, já tinha optado por representar o país adoptivo. Com a decisão, acabou por jogar o Euro 96 e, em 1998, foi chamado ao grupo que, na vizinha França, disputou o Mundial de futebol. Já depois desse último certame de selecções, o avançado deixou o FC Barcelona, com a sua carreira a caracterizar-se por constantes viagens transatlânticas. Durante esse período, na Argentina representou o River Plate e o Rosário Central. De volta à Europa, para além de uma discreta passagem de meia época pelo FC Porto de 2000/01, terminou a carreira em 2002 e ao serviço do Villarreal.

*retirado do vídeo publicado por “mesqueunclub1899”, em www.youtube.com, a 24/04/2007

303 - TORRES MESTRE

Os primeiros anos da carreira sénior de Torres Mestre haveriam de fazer-se entre a passagem pela equipa "b" e fugazes aparições no plantel principal do Real Madrid. Com a falta de oportunidades, o defesa formado na “escola merengue” começou, por outras paragens, a procurar novas chances. Ao deixar o emblema sediado na capital espanhola e após envergar a camisola do Logroñés, seguiu-se a cidade de Barcelona e o ingresso no Espanyol.
Na Catalunha a partir da temporada de 1993/94, o lateral-esquerdo, apesar de não lograr de uma habilidade virtuosa, começou a pautar-se como um intérprete de uma entrega exemplar e bastante útil para as manobras tácticas do seu conjunto. A atacar, a vontade demonstrada por Torres Mestre soube sempre sobrepor-se às limitações técnicas. Já no cumprimento das tarefas defensivas, dificilmente, no binómio jogador/bola, os dois passavam por ele em simultâneo! Claro que para um jogador com tais características nunca é fácil, logo à partida, cativar unanimemente a massa adepta. No entanto, com o passar do tempo, os seus fãs foram aumentando e depois de um golo a mais de 30 metros da baliza, o único que marcou no patamar máximo do futebol espanhol e que, na época 1995/96 ajudou a selar o apuramento para a Taça UEFA, o defesa nunca mais saiu do coração da "afición".
Depois de 5 anos passados em Barcelona, de França acenaram-lhe com uma proposta irrecusável e Torres Mestre decidiu arriscar-se na primeira aventura fora do país natal. Em Bordeaux, integrado no plantel de 1998/99 dos "Girondins", apesar do sucesso desportivo que a incursão pelo futebol gaulês trouxe ao seu currículo, o lateral-esquerdo, mesmo ao juntar o título de campeão da “Ligue 1” a uma utilização regular, preferiu, talvez por razão de outro tipo de inadaptação, regressar a Espanha logo no final da época de chegada.
Sem registos de maior interesse, a sua carreira prosseguiu no Alavés e depois, mais a sul, nos sevilhanos do Real Betis. Foi após essa temporada passada na Andaluzia que decidiu, mais uma vez, arriscar no estrangeiro. Como já tinha experimentado atravessar uma das fronteiras, apostou na outra, a desenhada com Portugal. É certo que por essa altura, o lateral-esquerdo já não era muito novo. Ainda assim, com 30 anos de idade, foi com algum espanto para o público que o passo seguinte na sua carreira, sem desprimor para algumas das partes, levou Torres Mestre a rubricar um contrato com o modesto Varzim que, nessa temporada de 2001/02, até disputou a 1ª divisão.
Curiosamente, apesar de um rico currículo, Torres Mestre não conseguiu impor-se na equipa da Póvoa. Independentemente desse facto, os “Lobos-do-mar” também não alcançaram a almejada manutenção. Finda a época, o jogador regressou ao seu país, onde veio a terminar a carreira. Já o Varzim, como foi referido, desceu de escalão e, até hoje, nunca mais voltou.

302 - CARLOS ÁLVAREZ

Considerado como um dos melhores jogadores saídos da “cantera” do Celta de Vigo, Carlos Álvarez facilmente começou a amealhar presenças nos escalões de formação da selecção espanhola, onde, inclusive, chegou às chamadas para os sub-21. Contudo, apesar do potencial e de, durante vários anos, conseguir manter-se no plantel do emblema galego, "Carlitos", nome pelo qual ficou conhecido entre os adeptos, nunca veio a afirmar-se como um dos titulares indiscutíveis da sua equipa.
Tirando a excepção da temporada 1994/95, onde foi utilizado com alguma regularidade, todas as outras seriam pautadas pela quase ausência de presenças em campo. Por essa razão, ao fim de uma série de anos a vestir a camisola azul celeste do Celta, Carlos Álvarez decidiu arriscar e dar seguimento à carreira do lado luso da fronteira. O destino, em berra na altura, acabou por ser o Desportivo de Chaves e Trás-os-Montes acolheu de braços abertos mais um "craque" espanhol.
Ao chegar a Portugal já com 27 anos, a perspectiva de muitas oportunidades e de relançar a carreira em direcção a grandes voos, de certo modo, ia contra as probabilidades. Para contrariar as verosimilhanças, na campanha de estreia ao serviço dos “Flavienses”, Carlos Álvarez logo tratou de mostrar todas as suas qualidades. Ao longo dessa época de 1998/99, o “Comandante do Marão”, alcunha ganha pela preponderância revelada nas manobras do grupo transmontano, revelou-se como um elemento competente a defender, a atacar e, apesar de ser acusado de alguma lentidão, capaz de destacar-se pelas habilidades técnicas, capacidade de passe e pelo entendimento do jogo.
Finda a primeira temporada do médio em Portugal, ainda por cima com o Desportivo de Chaves relegado ao segundo patamar, ninguém estranhou o salto dado pelo atleta em direcção ao Vitória Sport Clube. Nos dois anos passados na cidade de Guimarães, onde alternou bons momentos com outros mais discretos, mas principalmente ao serviço do Nacional da Madeira, o centrocampista espanhol continuou a mostrar a razão pela qual os treinadores viam nele uma aposta importante. Já na fase descendente como profissional, decidiu voltar às origens e na Galiza ainda envergou a camisola do Ourense.
Sensivelmente um ano após a decisão de deixar a competição e com a ligação à modalidade assegurada pela inauguração de uma escola de futebol, Carlos Álvarez veio a falecer na sequência de um terrível acidente com o desabamento de uma casa, contava apenas com 35 anos de idade.

301 - ROBAINA


Com carreira em todos os escalões da selecção “Roja”, pela qual chegou a vencer a edição de 1991 do Campeonato da Europa de sub-16 e, no mesmo ano, a ser finalista vencido no Mundial de sub-17, Robaina transformou-se num dos jogadores que, na sua geração, mais alimentou as esperanças do futebol espanhol. O salto que deu do Las Palmas, emblema pelo qual fez toda a formação, para o outro clube das Ilhas Canárias, o Tenerife, até chegou a apontá-lo no caminho do sucesso. No entanto, o extremo-esquerdo, tirando a época de estreia na nova colectividade, em que, sob a alçada de Jupp Heynckes, participou em muitas partidas na edição de 1995/96 da “La Liga”, acabou por ser tido, quase sempre, como uma segunda opção para o alinhamento inicial.
Quatro temporadas volvidas, depois de, por empréstimo, ainda ter voltado a representar o Las Palmas, o atleta acabou por ser também cedido ao Sporting. Em Alvalade para a campanha de 1999/00 e com a ideia de relançar a carreira, as poucas oportunidades conseguidas logo deram a entender o contrário. Pouco convencidos do valor do espanhol, tanto Giuseppe Materazzi, como Augusto Inácio, raras foram as vezes que convocaram o atacante para dentro de campo. Ainda assim, as 3 partidas em que foi chamado a ajudar os colegas, nas quais somou qualquer coisa como uns surpreendentes 10 minutos, serviram para que Robaina também tivesse o direito de exibir a faixa de Campeão Nacional da já referida temporada.
Daí em diante, a vida do extremo nos estádios de futebol, que ainda durou mais uns 8 anos, apenas levou o avançado a campos dos escalões secundários de Espanha. Com passagens por Universidad de Las Palmas, AD Ceuta, Pájara e por mais uns quantos emblemas de igual calibre, a carreira de Robaina teve, em 2008, um final discreto, com o jogador a quedar-se pela 3ª divisão e com as cores do Villa Santa Brígida.

300 - DANI DIAZ

Outro dos que, à imagem de Miner, chegou do Sporting de Gijon para jogar no Desportivo de Chaves, foi o médio Dani Diaz. No entanto, ele que começou por ser uma esperança no futebol de “nuestros hermanos”, tendo sido chamado aos trabalhos das jovens selecções de Espanha, raramente conseguiu uma oportunidade para vestir a camisola da equipa principal asturiana.
Numa dessas chances, transformou-se na surpresa do jogo, tanto pela titularidade, como pelo desempenho na partida. Corria a temporada de 1993/94 e treinava na equipa “b”, quando o treinador do Sporting Gijon, García Remón, decidiu chamá-lo. Para a estratégia idealizada para jogo com o FC Barcelona, o técnico necessitava de um jogador que conseguisse marcar "homem-a-homem" a figura que considerava ser o cérebro da equipa catalã, o também centrocampista Guardiola. Segundo contam as crónicas da altura, Dani Diaz passou o tempo a correr atrás do internacional espanhol, impedindo-o, praticamente, de articular qualquer jogada. O conjunto asturiano, com o resultado final a indicar 2-0, saiu do encontro vitorioso e jovem atleta foi, por muitos, considerado como a figura do jogo.
Sem ser muito utilizado em Espanha, Dani Diaz decidiu viajar para Portugal. Em Trás-os-Montes começou a ser utilizado regularmente, evoluiu muito e tornou-se num dos jogadores essenciais às manobras dos “Flavienses”. Com mais de 60 presenças no Campeonato Nacional em 3 épocas no Desportivo de Chaves, o médio começou a ser cobiçado por emblemas com outras ambições. Pela mão do empresário Jorge Mendes recebeu a proposta para um novo contrato e seguiu para a Madeira. No Funchal a sua vida não correu da melhor maneira. Para além de viver alguns episódios de lesões, acabou por não ser chamado à ficha de jogo, tantas vezes quanto desejado. Ao fim de 3 anos ao serviço do emblema insular, durante os quais recusou uma vantajosa proposta vinda da Coreia do Sul, o médio rescindiu amigavelmente a ligação com o emblema “verde e rubro” e, com 28 anos, deixou Portugal.

299 - MINER


O clube que, na segunda metade dos anos de 1990 iniciou a "moda" de importar jogadores do outro lado da fronteira, pelo menos de uma forma mais afincada, foi o Desportivo de Chaves. Um dos primeiros atletas que, nessa leva, veio a juntar-se ao plantel transmontano, preparava a colectividade flaviense a temporada de 1995/96, foi Miner.
O centrocampista, apesar de praticamente desconhecido para o público em geral, já tinha um passado na “La Liga”, a representar o Sporting Gijon. Formado nas escolas do emblema asturiano, onde teve a companhia do irmão mais novo David García, Miner começou por ser um dos elementos mais utilizados durante a época de estreia na equipa principal, a de 1993/94. No entanto, esse cenário acabou por inverter-se na temporada seguinte e, com as poucas presenças em campo, o atleta tomou a decisão de abandonar o “El Molinón” para encetar uma grande aventura pelo futebol luso.
Em Portugal, Miner apresentou-se como um médio-ofensivo com tendência para aparecer em zonas de finalização. Ao cair tanto para a direita, como a jogar a “número 10”, essa propensão mais atacante, mesmo tendo em conta que a sua principal função era a de municiador, valeu-lhe, na época de estreia em Trás-os-Montes, alguns golos. Essa campanha de 1995/96 acabou por ser, provavelmente, a melhor do atleta em provas lusas. Não quero dizer que as temporadas seguintes tivessem sido medíocres. A verdade é que o futebolista nem nos dois anos seguintes, ao fim dos quais e com descida do clube abandonou os flavienses, nem depois quando vestiu a camisola do Alverca ou a do Santa Clara conseguiu fazer má-figura. Há sempre a excepção e os dois últimos anos no emblema açoriano foram uma travessia no deserto e o encetar da fase descendente da sua vida como profissional de futebol. A partir dessa altura o espanhol começou a vogar pelas divisões inferiores, primeiro ao serviço do União Micaelense e, por fim, de volta ao país natal onde, em 2009, pôs um ponto final na carreira.

298 - TOÑITO

Quando falamos em disputas entre os “grandes” emblemas portugueses, principalmente as que não acontecem dentro do rectângulo de jogo, facilmente associamos o nome do Benfica numa peleja com um dos rivais, o FC Porto ou o Sporting. A verdade é que, mais espaçadas as contendas, também os “Dragões” e os “Leões” vão tendo as suas desavenças. Uma delas aconteceu por razão de um avançado espanhol que, depois da ligação ao Tenerife, tinha, na temporada de 1997/98, rubricado uma ligação ao Vitória Futebol Clube.
Toñito, como chegou a relatar, incentivado por Mourinho Félix, à altura dirigente do referido emblema setubalense, desenvolveu muito da sua técnica, velocidade e raça aquando da passagem pelo seio do grupo sadino. Ao contribuir com as suas habilidades para os ataques do Vitória, facilmente veio a tornar-se numa das figuras de proa da equipa. Daí até começar a ser cobiçado por emblemas de maior monta, foi um pequeno passo. Como já foi dito, quem logo ficou na dianteira pela corrida ao atacante espanhol foram o FC Porto e o Sporting, acabando o avançado, talvez por influência de Manuel Fernandes, o seu primeiro treinador em Portugal, por escolher o Estádio José de Alvalade, em detrimento das Antas.
No meio leonino nunca alcançou o destaque auferido em Setúbal. No entanto, mesmo ao não conseguir afirmar-se como titular, coisas houve de que poderá para sempre gabar-se. Uma delas foi ter contribuído, depois de 18 anos de “jejum” para o Sporting, para a conquista do Campeonato Nacional de 1999/00. A outra, bem mais curiosa, está relacionada com a assistência para o primeiro golo sénior de Cristiano Ronaldo – “Era o primeiro jogo de Cristiano a titular e marcou dois golos. Recordo que no primeiro fui eu quem lhe passou a bola, de calcanhar, no meio-campo. Depois, ele fez uma grande jogada, passou por três adversários e marcou (...) Dei-lhe um golo feito!”*.
Depois do tempo passado no Sporting, durante o qual ainda teve um empréstimo aos açorianos do Santa Clara, Toñito acabou por envergar as cores do Boavista e, num regresso ao antigo clube, voltou a vestir a camisola do Tenerife. Ao perder algum fulgor, o avançado rapidamente entrou na fase descendente da carreira, com os últimos anos a fazerem-se de experiências nos croatas do HNK Rijeka, na União de Leiria, nos gregos do Ionikos e no Chipre, já ao serviço do AEK Larnaca. Retirado das lides de atleta aos 32 anos e com o objectivo futuro de vir a tornar-se num técnico-principal de um plantel sénior, assumiu-se como coordenador de uma escola de futebol, a Sporting Tenerife.

*traduzido a partir do artigo de Manu Sainz, publicado em https://as.com, a 17/02/2012

297 - CHANO

Não pode dizer-se que, no decorrer da vida como futebolista, Chano tivesse sido um jogador medíocre. Longe disso. Em certa medida, penso até que terá sido injustamente subvalorizado, razão possível para justificar a única internacionalização “A” com a camisola da selecção espanhola.
Ao dividir grande parte da carreira entre o Real Betis e o Tenerife, Chano habituou-se, ou não estivéssemos a falar da “La Liga”, aos melhores palcos da modalidade. Com a sua visão de jogo e qualidade de passe, imprimiu no futebol uma marca de qualidade, a qual levou o jogador a transformar-se num elemento nuclear das equipas por onde passou. Já no que à mudança para o Benfica diz respeito, não poderá dizer-se o mesmo sobre a sua importância. Contratado com o aval do técnico alemão Jupp Heynckes, por quem tinha sido treinado no emblema sediado nas Ilhas Canárias, os 34 anos que contava por altura da chegada a Lisboa, em grande medida, revelaram as mazelas trazidas de uma longa vida passada no desporto. É verdade que ainda conseguimos vislumbrar algumas capacidades. Porém, para além de pouco ajudado pela idade, há também que referir que o Estádio da “Luz”, por altura da sua estadia em Portugal, não era o lugar mais indicado para alguém provar o quer que fosse, nomeadamente aptidões futebolísticas.
Nas duas temporadas passadas com as “Águias”, a de 1999/00 e a de 2000/01, que acabaram por tornar-se nas últimas do médio como profissional, Chano pouco acrescentou ao currículo pessoal. Num plantel onde escasseavam os nomes sonantes, o melhor que o espanhol conseguiu levar na bagagem foi um 3º posto na tabela classificativa do Campeonato Nacional.

ARMADA ESPANHOLA

Quando em 1588 zarpou de porto espanhol, em direcção às ilhas britânicas, uma imensa frota militar, nada fez prever que o intuito de invasão dos nossos "vizinhos" falharia, mas falhou.
Foi preciso esperar mais de 400 anos para que nova tentativa, desta feita um tanto ou quanto menos bélica, fosse lançada. Com vitórias no Europeu de 2008, Mundial de 2010 e novamente no Campeonato da Europa de 2012, a Espanha e os seus atletas são, neste momento, a grande potência no planeta do futebol.
Pela nossa Liga, durante as metades de década que acompanharam a viragem do milénio, também eles, os futebolistas "nuestros hermanos", ao vestirem as camisolas de muitos dos clubes lusos, acabaram por conquistar os adeptos portugueses! Por isso mesmo, Novembro servirá para recordar alguns desses jogadores, no mês que vai ser da "Armada Espanhola"!

296 - VERCAUTEREN

Quando há a sorte de partilhar os relvados com a melhor geração futebolística de um país, não é difícil também ser-se um dos melhores!
Muito para além desta pequena introdução que remete para os anos 80 do futebol belga, Vercauteren, sem qualquer excesso nas palavras, foi um excelente praticante. O "Pequeno Príncipe", nome pelo qual foi acarinhado, apenas conheceu, durante grande parte da carreira, a camisola do Anderlecht. No clube da capital fez a formação e durante os doze anos em que fez parte do conjunto principal, acompanhou a equipa naquele que seria o melhor capítulo da sua história. Num grupo por onde passaram nomes como os de Geoges Grün, Michel De Groote, Hugo Broos ou ainda os dinamarqueses Morten Olsen e Per Frimann, o médio-ala esquerdo, entre tantas outras estrelas que fizeram as delícias dos adeptos do futebol, nunca foi somente mais um elemento do plantel. A prová-lo estão as mais de 360 partidas pelo emblema de Bruxelas e, claro, os títulos ganhos. Nesse campo não há assim tantos atletas da modalidade que possam gabar-se de tal rol de conquistas. Ora vejamos: na Bélgica venceu 4 Campeonatos, 2 Taças e 1 Supertaça; já em termos de competições internacionais podemos acrescentar ao seu currículo 2 Taças dos Vencedores das Taças, 2 Supertaças Europeias e 1 Taça UEFA, esta última de má memória para o futebol português, pois a vitória foi conseguida em 1983, frente ao Benfica.
Com a selecção do seu país, Vercauterem foi também um elemento preponderante, fazendo parte dos “Diabos Vermelhos” em diversos certames. Para além de marcarem presença no Europeu de 1984, os belgas participaram nos Mundiais de 1982 e de 1986, onde, no caso do certame organizado no México, atingiram as meias-finais, tendo sido eliminados pela Argentina de Diego Maradona.
Já como treinador, apesar da sua carreira, internacionalmente, ainda não ter tido o peso e o mediatismo de muito dos seus pares, o belga pode orgulhar-se de contar, para além da Supertaça de 2011 ao serviço do Genk, com 3 Campeonatos: 2 pelo Anderlecht (2005/06 e 2006/07) e 1 pelo Genk (2010/11). Para além de uma "folha de serviço" com algum interesse, Vercauteren é também conhecido por lançar muitos jovens nos emblemas por onde tem passado. Se a isso juntarmos que o Sporting, apesar da sua situação financeira pouco recomendável, tem, reconhecidamente e como prova o 1º posto da “equipa B” na classificação da Liga Orangina 2012/13, as melhores “escolas” do país, então, a sua escolha para técnico do conjunto principal leonino até parece ter lógica.

295 - PAULO BENTO

Como o próprio já contou, quis a sorte, depois de, por vontade própria, abandonar os estudos prematuramente, ter sido descoberto no Futebol Benfica pelo antigo avançado Augusto Matine, à altura à trabalhar na prospecção do Estrela da Amadora. Porém, para Paulo Bento a primeira oportunidade dada pelo emblema da Linha de Sintra não correu da melhor maneira e não fosse a crença do “olheiro”, que insistiu para que o jovem praticante voltasse a ter nova chance e, provavelmente, o médio tinha sido, irremediavelmente, recambiado para o popular “Fofó".
A sua qualidade de passe e a visão de jogo finalmente convenceram. O treinador João Alves, apesar de não integrar o centrocampista logo no “onze”, ficou rendido às suas capacidades e por altura da finalíssima da edição de 1989/90 da Taça de Portugal, época de estreia do jogador na Reboleira, concedeu ao atleta de 18 anos um lugar como titular. Nessa partida disputada no Estádio Nacional frente ao Farense, Paulo Bento teve um papel importantíssimo e ao marcar um dos golos com que o Estrela da Amadora venceu o encontro, ajudou, de que maneira, a erguer o prestigiado troféu.
Passado um ano sobre a referida conquista, Paulo Bento rumou ao Vitória Sport Clube, encontrando-se novamente com João Alves. Na “Cidade Berço”, o seu crescimento como jogador tornou-se notório, ao ponto de ser chamado à estreia na Selecção Nacional. Curiosamente, foi também com a camisola das “quinas” que o atleta viveu um dos piores momentos da carreira. O episódio passou-se nas meias-finais do Campeonato Europeu de 2000, quando, durante o prolongamento e na sequência de um lance muito polémico, foi assinalada uma grande penalidade a favor da França, equipa que disputava com Portugal o acesso ao derradeiro encontro do torneio. No meio dos exaltados protestos dos jogadores lusos, Paulo Bento tirou o cartão vermelho da mão do árbitro e a consequência desse acto irreflectido, ele que sempre primou por um comportamento irrepreensível, foi uma suspensão de 5 meses.
Por altura do referido castigo, depois de uma passagem de 2 anos pelo Benfica onde também venceu a apelidada “Prova Rainha”, Paulo Bento, ao serviço do Oviedo, encontrava-se a disputar a “La Liga”. A transferência para um clube a vogar pela segunda metade da tabela classificativa, em termos de enriquecimento do palmarés, acabou por não ser a mais ajuizada. Já no plano da evolução pessoal, a mudança, pela experiência ganha num dos melhores campeonatos do mundo, permitiu que o médio conseguisse, de forma definitiva, afirmar-se como um dos grandes médios lusos. Essa avaliação, mesmo com a passagem por Espanha magra em troféus, permitiu-lhe a mudança para o Sporting. Em Alvalade, após a especulada nega dada pelos responsáveis benfiquistas ao seu regresso à “Luz”, o jogador viveu um dos mais brilhantes capítulos da história recente dos “Verde e Brancos”. Com o treinador romeno László Bölöni ao comando dos desígnios colectivos, os “Leões”, em 2001/02, venceram a Liga e a Taça de Portugal e, com tal feito, conquistaram mais uma “dobradinha” para os escaparates do clube.
Após “pendurar as chuteiras” em 2004, Paulo Bento foi convidado pelos dirigentes leoninos para, nesse mesmo ano, ficar à frente da equipa de juniores do clube. O sucesso foi imediato e os jovens “Leões” venceram o Campeonato da categoria. Por essa razão, foi com alguma naturalidade que, com o despedimento de José Peseiro, o antigo médio passou a ser o homem escolhido para assumir a equipa principal. Sem grandes recursos financeiros, o técnico, à custa de aproveitar muitos dos jovens que com ele tinham trabalho na formação, conseguiu formar um grupo que, sem os grandes craques de outrora, ainda assim, venceu 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças.
Já depois do seu despedimento do Sporting, assumiu as rédeas da Selecção. Após uma qualificação que, em abono da verdade, não foi a mais tranquila, todos começaram a apostar num desaire de Portugal no Euro 2012. No entanto, a equipa, meritoriamente, acabou por atingir as meias-finais do torneio. Com o arranque da nova temporada, o apuramento para o próximo Mundial começou tremido. Contudo, pela confiança revelada por Paulo Bento no rescaldo do empate caseiro frente à modesta Irlanda do Norte, há que acreditar que estaremos no Brasil.

294 - OCEANO

Apesar de nunca ter sido conhecido por possuir uma capacidade técnica muito apurada, a sua combatividade, a maneira concentrada como encarava todos os jogos e a constância ao longo de uma temporada, levaram-no sempre a disfarçar bem qualquer carência.
Ao reconhecer as suas capacidades e aproveitando o facto de estar a caminho da equipa técnica “verde e branca”, a antiga estrela leonina Pedro Gomes, o seu treinador no Nacional da Madeira, acabou por levá-lo consigo para o Sporting. De “verde e branco”, Oceano, que até então apenas tinha representado clubes de escalões inferiores, estreou-se na 1ª divisão. Facilmente, as suas qualidades puseram-no na linha-da-frente para as escolhas no meio-campo. Mormente como “trinco”, ele que chegou a alinhar como defesa-central, a sua utilização, sob a alçada do galês John Toshack, passou a ser uma constante. A titularidade levou-o às convocatórias para a selecção nacional “A”, ainda no decorrer da época de estreia em Alvalade. Em Janeiro de 1985, frente à Roménia, o médio fez a primeira de 54 partidas por Portugal, das quais merecem destaque as relativas à participação no Euro 96, disputado na Inglaterra.
Pelos “Leões” a sua carreira seria longa. Com um interregno de 3 temporadas, durante o qual acompanhou Carlos Xavier numa aventura pela Real Sociedad, Oceano cumpriu 14 anos de “verde e branco”. Durante todo esse tempo, tornou-se numa das figuras míticas do clube, não só pela longevidade, mas principalmente pela maneira como a sua garra fez dele uma referência na estratégia do Sporting. Visto como um ícone, o reconhecimento veio também com a braçadeira de capitão. Para além desse prémio, o sublinhar do seu mérito deu-se em 1988 e 1995, aquando da atribuição do Prémio Stromp.
Como treinador, a sua carreira foi sendo adiada algumas vezes. Porém, a incapacidade de recusar esse destino aconteceu em 2009, aquando da contratação de Carlos Queiroz para a selecção. Oceano Cruz, a convite do técnico da equipa principal lusa, ficou responsável pelos "Esperanças", não conseguindo, contudo, apurar a equipa para o Europeu da categoria. Já esta temporada recebeu a proposta para comandar a renascida equipa “B” do Sporting. O seu sucesso tem sido tal, com os seus pupilos a comandarem a tabela classificativa da Liga Orangina, que foi ele o escolhido para, interinamente, substituir Sá Pinto ao leme da primeira equipa leonina.

293 - NORTON DE MATOS


Ao ser sobrinho-bisneto da personalidade que dá nome à avenida onde está edificado o Estádio do Sport Lisboa e Benfica, o General Norton de Matos, não poderia haver melhor clube para dar início às lides futebolísticas do que as “Águias”. No entanto, Luís Norton de Matos, que, ao lado de craques como Shéu, até chegaria a ser campeão pelos juniores benfiquistas, nunca cumpriria um único jogo pela equipa principal “encarnada”.
Tapado por estrelas como Vítor Batista, Nené, Artur Jorge ou Jordão, a falta de oportunidades levariam o jovem avançado, depois da passagem pelas “reservas” benfiquistas, a ser cedido à Académica de Coimbra, em 1973/74. No entanto, aquela que emergiria como a solução mais lógica para o normal evoluir do jogador, não teria a continuidade desejada. Cumprido um ano sob o início do empréstimo e com o possível regresso à "Luz" em mente, a verdade revelaria ao atacante o rumo de outro emblema.
Os passos seguintes na sua carreira levá-lo-iam a 2 campanhas com as cores do Estoril Praia e depois a cumprir 1 temporada no Atlético. A crescer futebolisticamente, seria já no Belenenses que as suas habilidades ofensivas fá-lo-iam apanhar outros voos. No Restelo, na época de 1977/78, num dia em que o visado até era o atacante Manuel Amaral, os dirigentes de um clube belga ficariam deliciados com a exibição de Norton de Matos e, principalmente, com o golo marcado fora da área – “mal assinei pelo Standard, recebi da Adidas três pares de chuteiras com pitons de alumínio, outras três com pitons de borracha, fatos de treino, sapatilhas, tudo e mais alguma coisa (…). Eu, por exemplo, tinha casa de fãs espalhadas por toda a Bélgica. Em Bruxelas, Antuérpia, Charleroi… Clubes de fãs”*.
Apesar da experiência positiva, onde para além de evoluir muito como praticante ainda ganhou uma Taça da Bélgica, ao fim de três temporadas dar-se-ia o seu regresso a Portugal. No Portimonense, sob a alçada do jovem e promissor técnico Artur Jorge, a qualidade acrescida pela sua contratação ajudaria a construir uma equipa de enorme valor. O resultado dessas épocas de 1981/82 e 1982/83, seriam dois 6ºs lugares consecutivos e, para Norton de Matos, a entrada, há muito merecida, na lista de convocados para a selecção nacional “A”.
Após o regresso ao Belenenses e uma passagem pelo Estrela da Amadora, terminada a carreira de futebolista, Norton de Matos abraçaria a de treinador. Com passagens pela 1ª divisão no Salgueiros, no Vitória Futebol Clube e no Vitória Sport Clube, os seus últimos anos têm sido cumpridos entre a Guiné-Bissau, onde chegou a seleccionador, e o Senegal, onde orientou o Étoile Lusitana. Este ano aceitou o desafio de comandar o regresso da equipa “B” do Benfica. Para já os resultados estão à vista, com a segunda equipa dos “Encarnados” a ocupar os lugares cimeiros da tabela classificativa da Liga Orangina e, principalmente, com o surgimento de boas promessas.

*retirado de “101 cromos da Bola”, Rui Miguel Tovar, Lua de Papel, Março de 2012

292 - CASQUILHA

Depois de mais de dez anos em que a sua carreira, mesmo ao destacar-se pelas passagens por clubes como a Académica de Coimbra, Feirense e Amora, ficou cingida a presenças nos escalões secundários, Casquilha, pela mão do Gil Vicente chegou à 1ª Divisão na temporada de 1999/00.
Os 30 anos de idade, que já contava por essa altura, podiam ter sido um empecilho à nova etapa. Na realidade, os números apresentados pelo extremo, com as inúmeras participações a titular durante as épocas seguintes à chegada a Barcelos, provaram o contrário. No Minho, as suas arrancadas pelas alas do campo, as diagonais com que baralhava os opositores, a maneira como rasgava as defensivas adversárias e também a assertividade dos seus cruzamentos passaram a ser uma mais-valia para o plantel gilista. Os golos, apesar de não muito frequentes, também foram aparecendo. Como exemplo temos o seu primeiro remate certeiro na divisão maior do futebol português e que assegurou, no Vidal Pinheiro, a vitória fora do Gil Vicente nessa que foi sua época de estreia entre os “grandes” – ”Tive a felicidade de ser eu a concluir um bom trabalho do Fangueiro, que lateraliza para o Cuc e eu só tive de marcar. Penso que a estreia na I Divisão está a ser muito positiva, estou bastante satisfeito”*.
Foi positivo esse ano, continuaram a ser os seguintes e as contas fazem-se de forma simples, com seis temporadas consecutivas e quase 180 partidas disputadas como atleta primodivisionário. Já no papel de treinador, a sua carreira, que vai no sétimo ano, tem sido caracterizada por um sucesso que pode dizer-se “em crescendo”. Desde que assumiu o comando do Moreirense, Jorge Casquilha tem começado a ganhar alguma notoriedade entre os da sua classe. O técnico conseguiu, desde que pegou na equipa na 2ª divisão “b”, assegurar duas subidas de escalão, fazendo com que os de Moreira de Cónegos voltassem, esta temporada de 2012/13, ao convívio dos maiores do futebol português.

*retirado do artigo de Miguel Sá Pereira, publicado em www.record.pt, a 26/10/99

291 - NUNO

Cedo emergiu das escolas vimaranenses como uma das grandes promessas para as balizas nacionais e por altura dos Jogos Olímpicos de 1996, numa fase em que começava, cada vez mais, a aparecer como titular nas fichas de jogo do Vitória Sport Clube, embarcou com a comitiva lusa em direcção ao certame organizado em Atlanta.
Se antes já vira o seu nome associado a emblemas de maior monta, na volta dos Estados Unidos da América, a hipótese de uma mudança concretizou-se. Nuno, ao passar a fronteira a Norte, fixou-se na vizinha Espanha, mais concretamente no Deportivo. No clube galego, a competir com nomes como Songo'o, Kouba e até Peter Rufai, a vida do jovem guarda-redes não foi fácil e o reflexo aferiu-se no número baixo de partidas disputadas. A solução para a falta de utilização veio, naturalmente, com os empréstimos. No Mérida e principalmente no Osasuna, clube onde, a disputar a La Liga, conseguiu mostrar-se como um atleta de grande valor, Nuno foi crescendo. Nesse sentido, o regresso a La Coruña tornou-se inevitável. Porém, se houve alguém a pensar que o português conseguiria tomar conta das redes no Riazor, então essa pessoa enganou-se.
O que surgiu a seguir na sua carreira foi o reacender de um namoro antigo. Paixão verdadeira ou não, certa foi a transferência para o FC Porto e logo numa altura em que os “Dragões” davam os passos iniciais de mais uma caminhada épica. Com José Mourinho ao leme, os “Azuis e Brancos”, nas temporadas de 2002/03 e 2003/04 ergueram 1 Liga dos Campeões, 1 Taça UEFA, 2 Campeonatos, 2 Supertaças e ainda a Taça de Portugal de 2002/03, onde, no 7-0 infligido ao Varzim nos quartos-de-final da prova, Nuno, na transformação de um “castigo máximo”, também fez o “gosto ao pé”. Já o último troféu dessa série coincidiu com a derradeira edição da Taça Intercontinental. Frente aos colombianos do Once Caldas, o guardião acabou por desempenhar um papel de relevo, pois, com a saída forçada de Vítor Baía, foi dele a responsabilidade de defender a baliza no bem-sucedido desempate por penaltis.
Voltou ao FC Porto em 2007/08, depois da passagem pelo Dínamo de Moscovo e pelo Desportivo das Aves e para, em 2010, terminar a vida de futebolista. Com a mudança, para além da presença no Euro 2008, arrecadou mais uns quantos troféus. O que também ganhou com o regresso aos “Azuis e Brancos”, ao “pendurar as luvas” ainda sob a alçada de Jesualdo Ferreira, foi uma nova carreira. É que com a ida do referido treinador, primeiro para o Málaga e depois para o Panathinaikos, Nuno Espírito Santo seguiu com ele, mas na função de treinador-adjunto.
Já este ano, o Rio Ave decidiu dar-lhe a oportunidade para fazer a estreia à frente de uma equipa técnica. Para já, com os vilacondenses, à 6ª jornada, a posicionarem-se no 5º posto, acho que não podemos dizer que começou mal. Se a tal juntarmos a vitória conseguida em Alvalade, então é provável que possamos estar à frente de um treinador muito promissor.

290 - FONSECA

Nascido em Moçambique, seria já na margem sul do Rio Tejo, mais precisamente na campanha de 1990/91, que Fonseca disputaria as primeiras partidas nos escalões profissionais. No entanto, o Barreirense, emblema onde tinha terminado a formação, por razão das questões financeiras que teimavam em agudizar-se, começaria a entrar no mais penoso calvário da sua história, fazendo com que a época de estreia do defesa no patamar sénior acabasse com o clube no último lugar da divisão de Honra.
Apesar de vetado para a 2ª divisão “b”, o atleta continuaria a crescer. A estatura alta permitia-lhe intersectar grande parte das bolas pelo ar; a maneira aguerrida com que aparecia dentro de campo fazia dele um central de marcação temido; e nem mesmo alguma lentidão evitaria que outros emblemas começassem a ver nele um bom partido. Passadas algumas temporadas, quando já parecia esquecido, o FC Porto apostaria na sua contratação. Porém, no meio de tantos craques, a mudança para as Antas traria inúmeras dificuldades ao defesa e Fonseca acabaria por começar esse Campeonato Nacional de 1995/96 emprestado ao Leça, tendo, na equipa sediada do Concelho de Matosinhos, feito a estreia na 1ª Divisão.
No ano seguinte voltaria a rumar a Sul, dessa feita ao Belenenses. Numa temporada onde nem sempre seria a escolha prioritária para o eixo da defesa, destacar-se-ia o episódio do primeiro golo concretizado pelo defesa, no escalão máximo do futebol luso. Na 17ª jornada, em mais um “derby alfacinha” entre o Benfica e o Belenenses, o encontro marcado para o Estádio da Luz teria como previsão uma tarefa difícil para os homens do Restelo. No entanto, com as “Águias” há muito moribundas, o remate certeiro conseguido por Fonseca, logo aos 6 minutos da partida, desferiria um impiedoso golpe nas ambições dos “Encarnados”. Muito para além do lance por si concretizado, o qual seria fulcral na vitória dos “Azuis” por 1-2, o central faria uma exibição tremenda e, ao anular por completo os avançados benfiquistas, acabaria por ser eleito o Melhor Jogador em campo.
Já na temporada de 1997/98, a passagem de um ano pelo Marítimo, onde ainda estaria por empréstimo do FC Porto, serviria para sublinhar as suas qualidades enquanto futebolista. Aferido como um dos bons defesas a actuar em Portugal, o passo seguinte dá-lo-ia no Vitória Sport Clube. Curiosamente, em sentido contrário ao esperado, Paulo Fonseca não conseguiria afirmar-se em Guimarães. Para além de uma forte concorrência, uma série de lesões acabariam por prejudicar a evolução do jogador e ao fim de 2 épocas, com pouco mais de uma mão cheia de partidas disputadas, a partida tornar-se-ia no único cenário possível.
Com a entrada nos “Tricolores” a acontecer na campanha de 2000/01, seria também no Estrela da Amadora que, após cumprir 5 anos temporadas, acabaria por pôr termo à sua carreira de futebolista. Imediatamente, ao aproveitar a oportunidade concedida pelo emblema da Linha de Sintra, começaria a vida de técnico, orientando as camadas jovens do clube. Nas tarefas de treinador, com um trajecto feito nas pelejas das divisões inferiores, os bons resultados, como prova o 3º posto conseguido, no ano transacto, ao serviço do Desportivo das Aves, têm sido uma constante. Ao comando do Paços de Ferreira essa regra tem vindo a manter-se. Para já, ocupa a metade cimeira da tabela classificativa e as exibições agradáveis dos "Castores" começam a prometer tornar a equipa orientada por si, numa das boas surpresas de 2012/13.

289 - SÉRGIO CONCEIÇÃO

Ao terminar a formação no FC Porto, os 3 primeiros anos como sénior acabaria por passá-los em sucessivos empréstimos. Depois de representar o Penafiel, o Leça e de ter feito a estreia na 1ª Divisão ao serviço do Felgueiras comandado por Jorge Jesus, Sérgio Conceição, finalmente, regressaria ao emblema que, uns anos antes, tinha ido buscar o extremo às camadas jovens da Académica de Coimbra. Perante os adeptos portistas, confirmaria a razão pela qual era considerado uma das maiores promessas para o ataque "azul e branco". Rápido, com uma técnica apuradíssima, um passe certeiro, centros mortíferos e, acima de tudo, uma atitude batalhadora e incapaz de deixá-lo desistir de bola alguma, o atleta rapidamente conquistaria um lugar no "onze" de António Oliveira e, pouco tempo depois, passaria a ser aferido como um dos grandes craques dos “Azuis e Brancos”.
Com o FC Porto a atravessar uma das mais prolíferas fases da história, os inolvidáveis anos do “penta”, Sérgio Conceição também começaria a amealhar títulos para o palmarés pessoal. Assim sendo, dois anos bastariam para que conseguisse ganhar, para além de 1 Taça de Portugal e de 1 Supertaça, 2 Campeonatos Nacionais. Com as vitórias, as provas portuguesas deixariam de estar nos horizontes do atleta e o chamamento vindo do “Calcio” faria com que o extremo passasse a envergar a camisola azul-celeste da Lazio. Já em Roma, viveria os anos mais pródigos da vida como futebolista, onde, a juntar às vitórias internas – 1 "Scudetto", 2 Taças e 1 Supertaça – teria ainda um papel preponderante nas conquistas da Taça dos Vencedores das Taças de 1998/99 e da Supertaça Europeia do ano seguinte.
Nessa aventura italiana, a grande surpresa surgiria no Verão de 2000. O jogador, depois de um excelente Europeu de selecções, onde, com um “hat-trick”, arrasaria por completo a equipa nacional germânica, ver-se-ia envolvido no negócio da transferência de Hernán Crespo, mudando-se para o Parma. Sem desprimor para a sua qualidade como jogador, que manteria, a partir dessa altura, a carreira de Sérgio Conceição tornar-se-ia numa autentica roda-viva. Mudaria 6 vezes de camisola, incluindo os breves regressos à Lazio e ao FC Porto; trocaria por 4 vezes de país, mas nem sempre com o resultado esperado. Claro que nem tudo foram desilusões. Destacar-se-iam a aposta que o Inter de Milão fez em si e a passagem pelos belgas do Standard Liège onde, em 2005, acabaria eleito como o Melhor Jogador do Ano e onde só não seria mais feliz por razão de uma camisola atirada a um árbitro e a correspondente suspensão de vários meses!
Posto um ponto final na vida dentro dos relvados, Sérgio Conceição decidiria manter-se ligado à modalidade. As suas novas funções no PAOK, emblema onde “pendurou as botas”, passariam a ser as de Director-Desportivo. Contudo, o seu sonho levá-lo-ia para mais de perto das emoções de uma partida de futebol e, para tal, nada melhor do que dar início às “artes” de treinador.
É, neste momento e desde meio da temporada passada, o técnico-principal do Olhanense. Depois de uma pré-época muito atribulada, com Sérgio Conceição a ameaçar demitir-se por razão dos diversos desentendimentos com a direcção em relação à falta de contratações, a prestação da equipa também não tem ajudado a que a contenda fique sanada. Para já, a posição abaixo da “linha de água” não faz prever um cenário idílico. Vamos esperar e ver se o treinador, à imagem daquilo que fez quando tomou conta do plantel, consegue arrebitar os jogadores e vogar de uma forma bem mais tranquila, pelo muito que ainda resta da Liga Zon-Sagres 2012/13.

288 - SÁ PINTO

Nascido no Porto, foi no saudoso Estádio Vidal Pinheiro que Sá Pinto deu os primeiros passos como profissional. A interminável garra, a mobilidade, juntamente com uma técnica bem acima da média, levaram-no, quando ainda representava o emblema de Paranhos, a ser chamado à selecção de “esperanças”. Com os sub-21 lusos chegou, em 1994, à final do Europeu da categoria, perdendo Portugal o troféu para os italianos. Todavia, à parte desse desaire, o seu futuro já estava lançado! Cobiçado, havia algum tempo, pelos “grandes”, nesse mesmo Verão deixou o Salgueiros, rumando a Sul e em direcção a Lisboa e ao Sporting.
Extremamente combativo e ainda por cima com um golo na estreia em Alvalade, Ricardo Sá Pinto facilmente ganhou um lugar no “onze” leonino e na crença dos adeptos. A sua primeira temporada de “verde e branco” correu da melhor forma, com o avançado a conseguir juntar à estreia na selecção principal, a vitória na edição de 1994/95 da Taça de Portugal, pondo fim, para os “Leões”, a um jejum de conquistas que durava há muitos anos. Porém, apesar de toda a habilidade e vontade demonstrada em campo, o jogador sempre foi conhecido pelo comportamento irascível. Foi essa postura, já em 1997 e após ter sido deixado de fora de uma convocatória da “equipa das quinas”, que o jogador agrediu, o à altura seleccionador, Artur Jorge. A consequência foi um ano de suspensão das actividades desportivas, o que veio atrasar a estreia do atacante pela Real Sociedad, para onde, entretanto, acabou transferido.
A passagem pela La Liga, sem títulos, marcou, contudo, o regresso à selecção e ainda a tempo de marcar presença, depois da edição de 1996, no Euro 2000. Também no tempo certo foi o retorno a Lisboa. Primeiro pela vitória na Supertaça de 2000/01, depois pelo Campeonato Nacional ganho no ano seguinte e, para terminar, pela presença na final da Taça UEFA em 2004/05, que o Sporting, para grande infelicidade, perdeu num encontro organizado no seu próprio estádio.
Com a carreira a terminar em 2007, ao serviço dos belgas do Standard Liège e onde, em alusão ao ano da fundação da claque Juventude Leonina, envergou a camisola número 76, Sá Pinto só regressou ao Sporting em 2009 e para ocupar o cargo de director-desportivo. Mais uma vez, o seu temperamento deixou marca e veiculado episódio de agressões a envolverem o internacional Liedson ditaram a sua demissão.
Está, desde a temporada transacta, a 2011/12, de volta à casa onde ficou conhecido como “Ricardo Coração de Leão”. É agora o responsável técnico máximo pelo plantel principal sportinguista. Mas, se o início da sua prestação ficou marcado pela recuperação da chama dos atletas, o que levou os de “verde e branco” às meias-finais da Liga Europa, já esta época, o começo tem sido marcado por uma sucessão de desaires, com o seu nome, cada vez mais, a ser contestado.

287 - VÍTOR PEREIRA

Se a vida de jogador, com passagens por emblemas de pouca expressão no futebol português, como Avanca, Estarreja, São João de Ver ou Leões Bairristas, nunca tirou Vítor Pereira do anonimato, também a carreira como treinador não trouxe o antigo futebolista para a ribalta do desporto português. Contudo, o ano passado tudo mudou e com a saída de André Villas-Boas para a Premier League, o seu antigo número dois, sem qualquer experiência de 1ª divisão, foi o escolhido para substituí-lo.
Pelo que é sabido, Vítor Pereira sempre gozou dentro do balneário “azul e branco” da fama de bom estratega e de um excelente condutor de Homens. Em suma, sempre teve a reputação de bom técnico. Todavia, para a massa adepta foi grande a desconfiança com que foi recebido o anúncio da sua promoção para comandante-principal dos “Dragões”. A razão? Simples! E prendeu-se com o facto de no seu currículo apenas contar, nos escalões profissionais, com uma passagem pelos açorianos do Santa Clara.
A responsabilidade em cima dos seus ombros passou a ser enorme e mais pesada ficou quando, já com o Campeonato Nacional bem adiantado, viu o mais directo rival, o Benfica, a distanciar-se na tabela classificativa, com um avanço de 5 pontos. No entanto, a dita pressão acabou por não ser suficiente para que claudicasse na demanda pelo título. Após uma recuperação que muitos chegaram a considerar impossível e, a bem da verdade, bastante controversa, o FC Porto conseguiu mesmo levantar o troféu de campeão.
Apesar da conquista, Vítor Pereira continua a não ser consensual. Por isso, nesta temporada que agora começou, terá de continuar a mostrar aos associados que a aposta feita por Jorge Nuno Pinto da Costa em si, não foi mera fortuna. Claro está, o desempenho nas provas em que o clube está envolvido será a única maneira de provar isso mesmo!

TREINADORES 2012

Depois de termos feito, no mês que ainda ontem terminou, uma pequena revisão daquilo que foram as contratações de futebolistas nesta pré-temporada, no "Cromo sem caderneta", mais uma vez, voltamos àquilo que tem sido a sequência lógica nos inícios de Outono. Assim sendo, Outubro servirá para recordar as carreiras enquanto jogadores, daqueles que hoje ocupam o lugar de líderes nas equipas técnicas.
Serão melhores do lado de fora do campo do que foram dentro dele? Visitem-nos e ajudem-nos a decifrar esta questão, neste mês que é dos "Treinadores"!

286 - MANUEL DA COSTA

Para que na lista de cromos publicados durante o mês de Setembro, no que diz respeito a estreias ou regressos ao Campeonato português, tudo termine empatado, falta um futebolista que nunca tivesse jogado como sénior em Portugal. O estranho é que esse jogador, ao invés do que pode parecer normal, não é um estrangeiro, mas sim um internacional português. Especificamente, no caso de nomes que nunca disputaram a 1ª divisão, Manuel da Costa não é caso único. Temos nos paradigmas de Pauleta ou de Boa Morte, exemplos de atletas que vestiram a “camisola das quinas”, sem terem passado pelo patamar máximo. Ainda assim, acho que este tipo de situações há-de sempre afigurar-se como um caso estranho.
Está bem que a história de Manuel da Costa até justifica a situação. Filho de um emigrante luso em França, por lá cresceu e se fez defesa. Esta época, depois de já ter vestido as divisas de Portugal em diversos escalões, chegou a vez do central fazer a primeira aparição na Liga portuguesa. O clube é o sempre forte Nacional da Madeira, que este ano, apesar de estar afastado das competições europeias, vai manter a ambição com que, nos últimos anos, tem brindado o público e, por certo, vai lutar por um lugar cimeiro na tabela classificativa.
A tarefa de Manuel da Costa também não vai ser fácil. Primeiro porque terá de fazer esquecer Neto, um jogador em franca ascensão e que partiu este ano para o “Calcio”. Depois, com certeza, porque vai querer convencer os responsáveis do Lokomotiv de Moscovo, emblema detentor do seu passe, que o regresso à Rússia terá de acontecer em breve.

285 - CARLITOS

Tinha apenas dados os primeiros passos como profissional e, imediatamente, viu-se catapultado para o estatuto de grande promessa do futebol português. No entanto, o que veio a seguir, com o extremo a falhar na sua passagem pelo Benfica, pareceu querer indicar que os responsáveis por tal avaliação tinham cometido um grande erro.
Já a sua partida para o campeonato suíço, principalmente aquando da passagem pelo plantel do FC Basel, mostrou um Carlitos muito mais maduro e próximo das projecções feitas anos antes. A verdade é que, mais uma vez, a carreira do extremo voltou a ter um reviravolta e a ida para os alemães do Hannover revelou no jogador novas fragilidades.
Problemas de adaptação ao futebol germânico ou outra razão qualquer? Fica a dúvida no ar. Concreto, é o regresso ao emblema que lançou o avançado nos palcos maiores do desporto luso, o Estoril Praia. Para os "Canarinhos" não poderia, dentro do universo em que o clube voga, haver tão boa oportunidade, com o extremo a tornar-se na melhor aquisição deste Verão. Para o jogador a realidade poderá não ser a mesma. Ainda assim, terá de encarar esta transferência, visto que já completou 30 anos, como a oportunidade que resta para mostrar a todos os intervenientes directos na modalidade, e também aos adeptos, que ainda tem muito para dar ao "jogo da bola" e que será um dos elementos mais importantes da colectividade sediada na Amoreira, na renhida luta pela manutenção.