258 - CHALANA

Longe ia a sua estreia pelo Benfica quando, a 14 de Junho de 1984, Portugal, no Estádio La Meinau em Estrasburgo, entrou em campo pela primeira vez num Europeu. No “onze”, a envergar nas costas o número 4, jogava um pequeno extremo-esquerdo que, nesse torneio, espantou o mundo do futebol.
A uma escala diferente, cá dentro das lusas fronteiras, já Chalana, muito novo ainda, tinha despertado a atenção daqueles que acompanhavam a modalidade. Ansiosos por contratá-lo, não foram necessárias mais do que meia dúzia de partidas para que os responsáveis pelo Benfica ficassem convencidos a pagar 750 contos por um júnior. Deixou assim o avançado, 6 jogos após a estreia, o Barreirense, clube para onde entrou após ser chumbado pela CUF. Atravessou o Rio Tejo em direcção à margem norte e a um dos colossos do futebol português. Na Luz, como um talento precoce, pouco demorou até conseguir ser promovido das camadas jovens para o plantel principal. Ao substituir Toni num encontro com o Farense, o atacante deu início à caminhada nos seniores. Os seus 17 anos não foram travão para que, nessa campanha de 1975/76, comemorasse os títulos de campeão em ambos os escalões. Muito menos a sua tenra idade, impediu José Maria Pedroto, em Novembro 1976, de convocar o futebolista à estreia na selecção “A”. Daí em diante, o manancial de fintas tornou-se essencial para o sucesso das camisolas que passou a vestir. Como um dia dele disse Mário Wilson – “Ele é futebol da cabeça aos pés. Sim, ele é todo futebol. É senhor de intuição extraordinária para jogar à bola. Numa equipa com Chalana é simples resolver qualquer problema, porque ele é um rapaz cheio de futebol. Um rapaz capaz de solucionar qualquer problema. Além disso, não se envaidece. Por isso, Chalana é um craque”*.
Foi essa preponderância que ajudou o Benfica a ganhar 5 Campeonatos Nacionais entre 1976 e 1984. Foi esse seu modesto jeito de ser o melhor jogador português, que conduziu o emblema “encarnado” à final da Taça UEFA de 1983. Foi a sua maneira abnegada que, no derradeiro e decisivo encontro da fase de qualificação para o Euro 84, lançou o jogador, vezes sem conta, em direcção à defesa soviética. Foi, numa dessas ofensivas, que sofreu falta dentro da grande-área adversária. Foi desse lance que resultou a marcação do castigo máximo que apurou Portugal para fase final disputada em França.
Decididamente, era ele o elemento mais precioso do balneário benfiquista. No entanto, a maravilhosa campanha por si feita no Europeu de 1984, tornou impossível a sua permanência. Impossível de recusar os 220 mil contos oferecidos pela transferência do avançado, Chalana acabou por rumar aos gauleses do Bordeaux. Para o jogador tudo passou a ser diferente. Tanto a atenção dos "media", como os cânticos com o seu nome, emergiram como uma novidade. A verdade é que a experiência no estrangeiro, assolada pelas lesões, saiu bem abaixo do expectável. As mazelas daí resultantes, a vida privada atribulada, com o casamento e o divórcio, a serem devassados pela imprensa, acabaram por diminuí-lo tanto a nível físico como psicológico. O regresso ao Benfica, três anos depois da saída, sublinhou a fase descendente da sua carreira. Ainda venceu, em 1987/88, mais um Campeonato Nacional. Na mesma época, participou na campanha que levou as “Águias” à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Todavia, o fim na alta-competição estava à vista e, depois de representar o Belenenses e o Estrela da Amadora, Chalana retirou-se em 1992, contava 33 anos de idade.

*retirado do artigo publicado em https://benficahd.blogspot.com, em Maio de 2010

257 - VÍTOR BATISTA

No primeiro dia na "Luz", na apresentação aos adeptos, intitulou-se "O Maior". Já na partida onde marcou último golo pelo Benfica, um monumental remate à entrada da grande-área do Sporting, pôs toda a gente à procura de um brinco perdido durante os festejos, impedindo o normal reinício da partida. Pelo meio, muita luta ao jeito de "Dr.Jekyll and Mr. Hyde", entre uma personalidade conturbada e o génio do futebol.
Nascido em meio desfavorecido na cidade de Setúbal, desde muito cedo começou a sublinhar a sua personalidade. Ora a vaguear pelo meio de prostitutas, para quem, como o próprio contou, era moço de recados; ora a participar em pequenos torneios da bola, o miúdo Vítor já era uma figura de destaque. Quem primeiro deitou a mão ao pequeno craque, foi o Vitória Futebol Clube. No emblema sadino começou a vincar a sua marca no mundo do desporto nacional. A aferir o seu crescimento, logo emergiu a conquista da Taça de Portugal de 1966/67, durante a qual, com apenas 18 anos de idade, teve um papel de grande importância. Por fim, na última época do avançado no Bonfim, o brinde do jogador aos adeptos do emblema setubalense, com os 22 golos concretizados no Campeonato Nacional.
Fez-se sempre acompanhar de uma boa dose de excentricidade e tantas as histórias para contar, como aquela em foi apanhado pelos colegas em frente a um espelho e a perguntar – "Ó meu Deus, porque me fizeste tão belo?"*. Ainda assim, o "gargantas", alcunha ganha por razão de uma imensidão de episódios semelhantes ao relato, começou por ser cobiçado por Sporting e Benfica. Depois de apalavrado com os “Leões”, virou-se para o outro lado da 2ª circular, onde o clube, para contratar o jogador, fez, à altura, o maior esforço financeiro da história do futebol luso. 3 mil contos, mais 750 de "luvas" para o atleta, e a cedência de três atletas – José Torres, Matine e Praia – fizeram o negócio. De seguida veio aquilo que já destapei: lances e golos de levantar estádios, cães presos à baliza durante os treinos, a adoração do público, grandes bólides com "chauffeur", muito futebol e outros tantos vícios.
Foram mesmo as dependências que, após terminada a carreira, levaram Vítor Batista ao mundo do crime. Condenado por roubo, cumpriu pena. Muitos foram os que, por essa altura, tentaram ajudá-lo… em vão! Pouco sobrou do futebolista que, no Estádio da Antas, por marcar 3 golos ao serviço dos "Sadinos", ganhou de aposta o isqueiro de ouro ao seu treinador, José Maria Pedroto. A toxicodependência e o álcool deixaram-no, até à morte aos 50 anos, na maior das misérias. Restou a memória de um enorme futebolista e também, como recordou o seu grande amigo e colega no Vitória de Futebol Clube, Fernando Tomé – "um bom coração. No regresso a Setúbal, depois de jogar no Benfica, não quis jogo de apresentação. Preferiu uma tourada, que ele próprio organizou. A receita, fez saber, seria metade para ele e metade para o Asilo Paula Borba. Mas nunca houve tourada porque se esqueceu de arranjar os touros"*.

*retirado do artigo de Mário Pereira, publicado em Outubro de 2008, em https://www.cmjornal.pt

256 - BÓBÓ

Quando ouvimos falar nas equipas do Boavista que, durante os anos de 1990, pisaram os relvados nacionais, há sempre presente uma faceta de luta impossível delas dissociar. Um dos primeiros responsáveis, que recordo, por sublinhar bem essa faceta batalhadora da equipa portuense, foi Bóbó.
É inegável que o “trinco“ era um jogador duro, daqueles que raras eram as ocasiões em que terminava uma partida sem o correspondente cartão amarelo. Porém, longe da agressividade intempestiva e por vezes com laivos de loucura de alguns, Bóbó, acima de tudo, caracterizou-se por ser um atleta incansável. Por razão da sua bravura, foi considerado um dos esteios, um verdadeiro pilar no meio-campo defensivo e que permitiu aos "Axadrezados" vogar, durante anos a fio, nos lugares de topo do Campeonato Nacional. Nesse sentido, o médio também ajudou a garantir muitas presenças nas competições europeias, foi figura essencial nessas mesmas campanhas continentais e, como titular, fez parte do grupo que venceu a Taça de Portugal em 1992.
Aliás, foi na última prova referida que o "trinco" encetou, para a sua carreira, a conquista de grandes títulos. Representava na altura o Estrela da Amadora de 1989/90, clube que acabou por ser um novo impulso numa caminhada muito prometedora e que, em certa medida, chegou a andar adormecida. Talvez muitos não saibam, mas o centrocampista começou por ser uma das apostas do FC Porto. Ao subir à equipa principal dos “Dragões” com apenas 18 anos, o guineense, com um empréstimo pelo meio ao Recreio de Águeda, pouco jogou de “azul e branco”. Seguiram-se outros emblemas primodivisionários, onde as suas prestações até tiveram sucesso. Tanto no Varzim, como no Vitória Sport Clube e no Marítimo, as suas qualidades sobressaíram. Ainda assim, acabou por ser com o equipamento “tricolor” do emblema sediado na Linha de Sintra e já no Bessa, que Bóbó sublinhou a carreira como a de um dos futebolistas de maior destaque na última década do século XX, a jogar em Portugal.
Terminada a carreira nos relvados, Bóbó continuou ligado ao futebol, tanto pela criação de uma escola na Guiné-Bissau, como a trabalhar na prospecção de novos craques. Aliás, foi essa nova função que o levou a assinar contrato como "olheiro", pelos londrinos do Chelsea.

255 - KLINSMANN

Dizem que por ter jogado em várias posições enquanto jovem, herdou de todas elas as suas características. O que passou a ser constatável é que Klinsmann conseguiu reunir em si toda uma série de qualidades excepcionais, desde a rapidez, à perseverança, uma excelente colocação, "endurance", capacidade de criar jogo, o instinto dos grandes goleadores e, acima de tudo, muita inteligência.
Da última faceta referida, a maior prova foi sempre o seu apurado sentido de humor. Ora, quando em Inglaterra o apelidaram de “diver” (mergulhador), a sua resposta foi, por cada golo marcado pelo Tottenham Hotsuprs, correr na direcção da bandeirola de canto e mergulhar para a relva. O público adorou. Muitos foram os aplausos para o gesto que, de uma maneira tão britânica, mostrou também o seu desportivismo. Gostaram os adeptos da sua atitude, tal como gostavam das maneiras do avançado que, numa postura modesta ou até de alguma provocação para com os pares futebolísticos, estacionava, entre os bólides dos colegas, o seu Volkswagen Carocha
Em abono da verdade, quando em 1994 chegou pela primeira vez à "Premier League", o ponta-de-lança não tinha necessidade de provar nada e muito menos de ostentar o seu sucesso, fosse de que maneira fosse. Em 1988, ao serviço do Stuttgart, já tinha sido eleito o Jogador Alemão do Ano; em 1990 tinha ganho o Campeonato do Mundo, inclusive sofrendo a falta para penalti que, na final em Roma, derrotaria a Argentina de Maradona; por fim, também em Itália, em 1991 adicionou ao currículo pessoal a Taça UEFA, conquistada pelo Inter de Milão.
No entanto, mesmo com créditos firmados, todos os vencedores têm sempre um pouco mais de ambição. Ao saber que para conquistar títulos de maior monta necessitava de mudar de emblema, o avançado decidiu-se pelo regresso ao país natal. Na “terra da cerveja e das salsichas”, Klinsmann que, por razão do negócio dos pais, até tinha tirado o diploma de padeiro, voltou à ribalta do futebol. Pelo Bayern de Munique, em 1996, venceu mais uma Taça UEFA. Conquista que aconteceu no mesmo ano em que, pela "Mannschaft", ergueu o troféu de Campeão Europeu de selecções. Mas mesmo com todo o sucesso, o jogador não ficou por aqui e logo na temporada seguinte, ao envergar a camisola do emblema bávaro, venceu a primeira Bundesliga da carreira pessoal.
Supostamente retirado das actividades de futebolista, o atacante, casado com uma americana, resolveu fazer da Califórnia a sua casa. Contudo, enganaram-se os que pensavam que, depois das passagens pela Sampdoria e, novamente em Londres, pelo Tottenham, a carreira do ponta-de-lança tinha terminado. É que, em 2003, o goleador decidiu fazer uma fugaz aparição ao serviço de um pequeno emblema norte-americano, os Orange County Blue Stars. Mas na verdade, Klinsmann tinha mesmo acabado a carreira, pois o atleta que ali se apresentou dava pelo nome - um heterónimo, está claro - de Jay Göppingen.

254 - SENINHO

Dono de uma velocidade sem par, à custa da qual chegou a fazer 10,8 segundos em 100 metros, Seninho, à estonteante qualidade física, soube juntar um controlo do esférico igualmente assombroso. Foi essa simbiose perfeita que, na temporada de 1977/78, destruiu o intento do Manchester United, em recuperar dos 4-0 sofridos no Estádio das Antas. Ainda assim, apesar da excelente vantagem trazida da primeira mão, a partida em Old Trafford, na disputa dos oitavos-de-final da Taça do Vencedores das Taças, perspectivava-se difícil para os “Dragões”. Os "Red Devils", alimentados por um ambiente incrível, depressa conseguiriam adiantar-se no marcador. No entanto, o extremo não estava pelos ajustes – “fiz uma arrancada, driblei dois ou três adversários pela direita e rematei com o pé esquerdo, já perto da área"*. Feito o empate, o árbitro, veiculado à altura como senhor de tendências caseiras, entre golos irregulares e constantes faltas por marcar, começou a dificultar a vida aos portistas. A 30 minutos do fim, com o “placard” a registar 4-1 a favor da colectividade inglesa, mais uma vez coube ao avançado agitar o rumo do jogo – “Domino a bola, consigo fintar o guarda-redes e como tinha pouca posição, tentei enquadrar--me com a baliza, já que estavam dois adversários em cima da linha de golo. Se com um jogador já é difícil, imagine com dois! Depois meti a bola no buraco da agulha, por entre as pernas de um deles. Tive sorte porque a bola bateu num dos calcanhares e ganhou um efeito que impossibilitou o corte de quem quer que fosse”*.
O resultado ficou 5-2, com Seninho, verdadeiramente, a fintar os ingleses. Quem também saiu desconsertado do estádio foram os emissários do New York Cosmos que, naquela noite, até iam para ver jogar António Oliveira. Porém, o destaque acabou por incidir no extremo e os observadores, agradecidos pela coincidência, logo na manhã seguinte fizeram chegar aos responsáveis portistas uma proposta milionária. 20 mil contos depois, 12 para o jogador e 8 para o clube, mais um telefonema de Pelé a convencer o atleta a mudar-se, e o negócio ficou fechado.
Seninho partiu para o outro lado do Atlântico, após recusar um rol de tentadoras propostas vindas de grandes clubes do “velho continente”. Quem também ficou para trás foi o FC Porto, emblema a que chegou em 1969, vindo de Angola, e o qual ajudou a vencer 2 Campeonatos Nacionais, inclusive o que pôs fim a um jejum de 19 anos sem vencer a mais importante prova lusa. Já nos Estados Unidos da América, para além de um salário substancialmente maior ao auferido em Portugal, o jogador teve a oportunidade de partilhar o balneário com o astro brasileiro referido no parágrafo anterior e com outras estrelas como Beckenbauer, Neeskens ou Carlos Alberto.
Financeiramente e também pelo “glamour hollywoodesco” em que nasceu a Liga norte-americana, a experiência, por certo, terá compensado. Já no campo desportivo a história é um pouco diferente. Seninho, ao contrário da maioria dos jogadores famosos que lá foram parar, transferiu-se ainda no auge da carreira e, com a mudança, acabou por perder alguma visibilidade no "mundo" do futebol. Um dos resultados mais notórios desse afastamento foi o facto de, a partir daí, nunca mais ter sido chamado a representar a selecção nacional.

*retirado da entrevista publicada em https://ionline.sapo.pt, a 22/11/2011

253 - BALAKOV

Temos que concordar que só os mais afincados adeptos têm a capacidade para acompanhar o futebol da Bulgária. Foram esses, de certeza, os únicos que, em 1990/91, deram pela surpreendente prestação do FC Etar no Campeonato. Pois bem, quem também parece que estava atento ao evoluir de um internacional búlgaro que, por essa altura, jogava no referido país do leste europeu, foi Sousa Cintra. É verdade que poderá não ter sido o Presidente do Sporting a descobri-lo, mas o que interessa à nossa história é que foi ele que contratou e apresentou o jogador à massa adepta leonina.
O emblema da cidade de Veliko Tarnovo acabou mesmo por ser campeão temporada aludia no parágrafo anterior. No entanto, aquando do cerrar do feito, Balakov, com a mudança a consumar-me em Janeiro de 1991, já estava em Lisboa. Diga-se que em boa hora o fez. Para o médio-ofensivo, que contava 24 anos, foi a maneira de dar um salto qualitativo na carreira. Por outro lado, para o Sporting, a transferência, indubitavelmente, acrescentou muita qualidade ao grupo de trabalho.
A partir do momento da sua chegada, o jogador começou a ganhar fãs. Entre fintas estonteantes, passes cirúrgicos e pontapés bombásticos, Balakov, a cada novo desafio, desvendava novas habilidades. Muitos foram os lances do médio que ficaram na memória dos adeptos. Todavia, por razões que extravasam o futebol, há jogadas que acabam por ser mais curiosas do que outras. Uma delas passou-se no “derby” maior da capital, na época de 1992/93. Com o encontro entre o Sporting e o Benfica ainda no começo, 12 segundos foram mais que suficientes para o atleta desferir um potente remate que inclinou o “placard” para o emblema de Alvalade. O caricato disto tudo, passou-se com a emissão da SIC, naquela que foi a primeira transmissão em directo de uma partida de futebol ao cargo do canal televisivo. Como recordou Rui Miguel Tovar no livro “101 Cromos da Bola” – “o canal privado, que se estreava naquele dia nos jogos televisivos, só mostrou a nuvem de fumo dos petardos que a claque benfiquista tinha lançado".
Balakov deixou o Sporting findos 5 anos. Na bagagem levou apenas a Taça de Portugal conquistada na derradeira temporada passada em Portugal, 1994/95. Numa altura em que o 4º lugar conquistado pela sua selecção no Mundial organizado nos Estado Unidos da América em 1994, já tinha posto o médio, em definitivo, nas "bocas do Mundo", o próximo desafio passou a ser o de vencer troféus ao serviço do Stuttgart. Efectivamente faltaram alguns títulos nessa passagem pela Bundesliga. Ainda assim, ao fim de 8 épocas na aventura germânica, o saldou do jogador foi a vitória numa Taça da Alemanha, em 2 Taças Intertoto e, também com a sua importância, a presença na final da Taça dos Vencedores das Taças de 1998.
Já como treinador a sua carreira não tem sido tão virtuosa quanto a vivida nos relvados. Depois de ter começado como adjunto no Stuttgart, estreou-se como técnico-principal, embora acumulando também as funções de jogador, nos germânicos do VFC Plauen. Após passagens pelos suíços do St. Gallen e do Grasshoppers, pelo seu país natal ao serviço do Chernomorets e pelos croatas do Hajduk Split, Balakov regressou este ano à Alemanha, onde, nem passados 2 meses, foi despedido do Kaiserslautern.

252 - ZÉ BETO

Destemido o quanto só os da sua posição sabem ser, Zé Beto, acima de tudo, era um guardião entusiasmante e muito feliz pela posição que desde sempre ocupou no terreno de jogo. Só por essa sua alegria em defender a baliza é que se entende o quanto lhe terá custado o tempo passado no banco, e nas bancadas, depois de ter sido promovido aos séniores do FC Porto. Mas Zé Beto era um lutador. Para ele, quase sempre titular nas camadas jovens, tanto nos "Dragões" como antes, no seu primeiro emblema, o Pasteleira, tinha de haver qualquer solução para o tirar da sombra de Fonseca e Tibi. Para começar, havia que ganhar alguma experiência. A solução mais lógica estava no empréstimo e o destino acabaria por ser o Beira-Mar. Depois de um bom ano em Aveiro voltaria às Antas para iniciar a época de 1980/81. No entanto, Fonseca continuava a ser o rei e senhor da baliza e o jovem guarda-redes o preterido. Com certeza que durante esses anos foi necessária da sua parte muita perseverança, principalmente para contrariar alguma ansiedade, resultado daquela que era a sua, sobejamente conhecida, intempestividade. Foi essa mesma falta de paciência que acabou por emergir na final da Taça da Taças de 1983/84, quando agrediu alguns dos elementos da equipa de juízes. A temporada até lhe estava a correr de feição. Finalmente, assinalados que estavam 3 anos sobre o seu regresso ao FC porto, conseguira a titularidade. Melhor ainda, fazia parte do "onze" "Azul e Branco" que se estreava numa final europeia. Mas essa partida de Berna frente à Juventus, havia de ser marcada por uma arbitragem polémica, que para além de validar um golo dos transalpinos precedido de uma falta, ainda viraria as costas a uma penalidade cometida na área dos italianos. No final do encontro, derrota consumada, Zé Beto dirige-se ao árbitro principal. Um dos seus fiscais-de-linha, ao aperceber-se dos maus intentos com que, para o colega, avançava o guarda-redes, pôs-se entre ambos, acabando por ser pontapeado duas vezes. Segundo contam as crónicas, para se defender de uma terceira investida, o "bandeirinha" usa a mesma, espetando-a na barriga do seu oponente. Zé Beto ainda mais se enerva e rouba o dito objecto das mãos do seu dono, arremessando-a, e aí é que surgem as discrepâncias nos diferentes relatos, ou para longe ou, como disseram outros, à cabeça do "chefe" da "equipa de negro". Com alguma condescendência, a pena acabaria por não ser tão pesada quanto talvez se esperasse. O jogador ficaria apenas um ano afastado de todas as competições organizadas pela UEFA, o que ainda assim, o retiraria dos convocados para o Euro de 1984 em França. 
À selecção só regressaria em 1986, e em abono da verdade se diga, um pouco também à custa da ressaca do caso Saltillo. Ironicamente, conseguiria a sua primeira internacionalização "A", numa altura em que no clube, Mlynarczyk começava a pôr em causa o seu domínio. Mesmo sentado no banco na maior parte dos encontros, Zé Beto é um dos nomes que ficará para sempre ligado às conquistas da Taça dos Campeões de 1987 e Intercontinental e Supertaça Europeia do ano seguinte.
A sua carreira haveria de terminar brutalmente em Fevereiro de 1990, quando, na sequência de um acidente de viação, perderia a vida. Para a história remanescerá na nossa memória um atleta que, muito para além do seu feitio peculiar, foi um futebolista de eleição.

251 - MÁRINHO

Sem ser dono de um físico impressionante, Márinho rapidamente entendeu a maneira de contornar o primeiro revés da vida como jogador. Preterido muitas vezes nas escolhas dos técnicos devido à baixa estatura, para o médio não houve outro remédio senão correr o dobro dos seus colegas. Foi essa entrega ímpar que, numa altura em que a equipa da “Cidade dos Arcebispos” militava na 2ª divisão, levou o atleta, na temporada de 1972/73, a integrar o plantel sénior do Sporting de Braga. No entanto, se a visibilidade do escalão secundário não era muita, já a promoção da sua equipa e a presença no patamar máximo de 1975/76, deu-lhe outro alento à carreira. Primeiro, como ponto de partida para outros horizontes, chegou a chamada à selecção portuguesa de "esperanças". Depois veio o salto para um dos "grandes" e a transferência para o Sporting.
Em Alvalade para a campanha de 1978/79, o jogador impôs-se com alguma facilidade. Indivíduo com muita garra e com habilidade suficiente para ser tido como um elemento polivalente, as características de Márinho agradaram ao treinador Milorad Pavic. Preferencialmente a posicionar-se no miolo do terreno, em qualquer outro lugar do meio-campo, e até na defesa, conseguiu boas prestações. A sua propensão ofensiva também era do agrado dos adeptos. Curiosamente, essa tendência atacante, com o balanço a saldar-se em 1 remate certeiro durante os cinco anos de “leão” ao peito, nunca trouxe ao jogador grandes resultados ao nível da finalização. Em abono da verdade, a falta de golos nunca estorvou as avaliações feitas ao atleta, pois as suas reais funções eram servir os companheiros do sector mais ofensivo e, por outro lado, dar a cobertura defensiva necessária ao colectivo.
 Pode dizer-se que no Sporting cumpriu bem a tarefa. Foi um dos esteios do triunfo no Campeonato Nacional de 1979/80, da conquista da "dobradinha" de 1981/82 e da vitória na Supertaça de 1982/83. Depois dos anos passados em Lisboa, Márinho ainda envergou outras cores, com destaque para as camisolas do Marítimo, Farense e Estoril Praia.

250 - PAULINHO SANTOS

É impossível falar de Paulinho Santos sem referir as eternas disputas com os adversários. Essas pelejas, mais ao jeito de uma batalha medieval do que a servir de exemplo na prática desportiva, tornaram o vilacondense numa lenda do futebol nacional. Que diga João Pinto, antigo atleta do Benfica e do Sporting, que tantas vezes sentiu na pele o que era ser seguido pelo "trinco" portista. Não sei qual o sentimento de ambos, mas para o público, os dois futebolistas eram a personificação, e desculpem-me a expressão, de dois inimigos mortais! Nesse contexto, foi engraçado ver o seleccionador António Oliveira a tentar promover uma trégua entre o par e, por altura dos estágios que levaram Portugal ao Euro 96, obrigá-los a dormir no mesmo quarto. O ocorrido durante as estadias nos hotéis permanecerá para sempre um mistério, mas a verdade é que a “equipa das quinas” conseguiu a classificação. Ambos os jogadores marcaram presença no certame organizado em Inglaterra e o médio-defensivo "azul e branco" fez a competição adaptado a lateral-esquerdo.
Claro está que, nas referidas contendas, Paulinho Santos nem sempre saiu por cima. Como muitos adeptos leoninos ainda recordam, houve aquele mítico embate na final da Taça de Portugal com outro dos seus grandes rivais, o argentino Beto Acosta. Nessa derradeira partida da edição de 1999/00 do troféu, à imagem de tantos outros encontros, os dois atletas andaram pegados. Depois de uma maldade por parte do jogador portista, o avançado do Sporting não se mostrou rogado e, mais à frente na partida, deu uma valente cotovelada na face do seu oponente, deixando-o com uma fractura nos ossos da cara e a caminho do hospital.
Violência à parte, Paulinho Santos foi muito mais do que as histórias aqui contadas. Nascido nas Caxinas e formado no Rio Ave, foi na agremiação de Vila do Conde que fez a estreia no futebol sénior. Lutador nato, rapidamente o FC Porto nele reparou. Entrou para as Antas em 1992 e não precisou de muitos tempo para conseguir impor-se como um elemento preponderante nas manobras dos "Dragões". Para além de ser um dos mais utilizados na mítica campanha do “pentacampeonato”, apenas atrás de Aloísio e de Drulovic, também no resto das temporadas ao serviço dos “Azuis e Brancos”, 11 no total, participou em mais de 200 partidas no Campeonato Nacional. Nessa caminhada, houve outros dois momentos que, de forma inolvidável, marcaram a sua carreira. O primeiro foi a vitória na Taça UEFA de 2002/03. Já o segundo ocorreu num “clássico” disputado entre “Dragões” e “Leões” e que, ao assinalar o fim do seu trajecto enquanto futebolista, ficou assinalado pela troca de camisolas com João Pinto.
Curiosamente foram as novas funções de treinador a destapar outras facetas do antigo jogador. Não deixa de ser engraçado ouvir os seus discípulos a descrevê-lo como uma pessoa bem diferente da imagem deixada dentro de campo, a sublinhá-lo como um homem que passou a revelar-se pouco maldoso, amigo do seu amigo e com uma enorme vontade de ajudar todos à sua volta.

249 - ALEXI LALAS

De ascendência grega, ao jovem Panayotis Alexander Lalas, a certa altura da vida, por certo surgiu a ideia de escolher entre as suas grandes paixões: a música e o desporto. No entanto, em vez de agarrar-se a uma carreira ao estilo de Demis Roussos ou de perseguir os passos da selecção campeã europeia em 2004, o defesa acabou a caminhar em ambas as direcções. Bem, em abono da uma certa correcção, pouco do que aqui foi dito é verdade! Por um lado, o seu gosto musical levou-o para o rock. Também o referido em relação ao futebol é um disparate e muito antes da equipa nacional helénica atingir a glória em Portugal, já o jogador brilhava na modalidade, mas com as cores do país de acolhimento da família, ou seja, os Estados Unidos da América.
No “soccer”, desde muito cedo, mostrou ter capacidades bem acima dos demais companheiros de balneário. Em 1987 foi eleito o Melhor Jogador do Ano do liceu. Anos mais tarde, na Universidade, pois o desporto escolar nos Estados Unidos da América é encarado de forma um pouco diferente do que estamos habituados, tornou-se no maior sustento da sua equipa, os Rutgers Scarlet Knights. Já aos 22 anos, depois de representar a selecção norte-americana nos Jogos Olímpicos de 1992, apareceu-lhe a oportunidade de ingressar no Arsenal. Contudo, em Londres nunca conseguiu justificar a aposta nele feita e não passou do conjunto de reservas.
Apesar do revés vivido em Inglaterra, o sonho de jogar num emblema europeu acabou por tornar-se realidade. Ao transferir-se para o Padova na época de 1994/95, Alexi Lalas transformou-se no primeiro norte-americano a envergar uma camisola da Serie A italiana. O conjunto da região de Veneto, apesar de modesto, ainda assim, conseguiu a almejada manutenção e o defesa, considerado uma estrelas do Campeonato do Mundo realizado em 1994, manteve-se pelo “calcio” por mais uma  temporada.
Em 1996, Alexis Lalas regressou à Major Soccer League (MSL), onde, após passagens pelos New England Revolution, NY MetroStars e Kansas City Wizards, assinou pelos L.A. Galaxy. Na equipa Californiana venceu a edição de 2000 da "Champions" da CONCACAF. Sem mudar de emblema, depois de “penduradas as chuteiras” e a desempenhar as funções de "General Manager", continuou a brilhar e tornou-se num dos principais responsáveis pela contratação do astro britânico, David Beckham.
No que aos palcos diz respeito, Alexi Lalas conseguiu manter uma carreira paralela à caminhada no futebol e a sua banda, "Gypsies", chegou a lançar os álbuns "Woodland" e "Jet Lag". Depois dessa etapa colectiva, o antigo defesa prosseguiu a carreira a solo e já conta com 4 discos editados.

CROMOS PEDIDOS 2012

Aproxima-se outro aniversário do "Cromo Sem Caderneta" - dia 18 deste mês sopramos 2 velas. Como tal, não poderíamos deixar passar a data sem, mais uma vez, pedir ajuda a todos aqueles que nos visitam.
À imagem do que fizemos no ano passado e que queremos manter como uma tradição, pedimos aos nossos leitores que, connosco, escolhessem os cromos a publicar. Lançámos uma lista inicial de 30 jogadores, aos quais foram sendo acrescentados mais uns quantos nomes sugeridos. Desses atletas, destacaram-se 10 como os mais votados e a lista abaixo apresentada representa a preferência de quem nos acompanha.
Nesse sentido, o mês de Junho vai ser totalmente feito com os "Cromos Pedidos".
 
1º   Chalana (35 votos)
2º   Vítor Batista (31 votos)
3º   Bóbó (14 votos)
      Klinsmann (14 votos)
5º   Seninho (12 votos)
6º   Balakov (10 votos)
7º   Zé Beto (9 votos)
      Marinho (9 votos)
      Paulinho Santos (9 votos) 
10º Alexi Lalas (8 votos)