388 - LATAPY

Desde tenra idade que a sua habilidade levou-o a ser chamado aos trabalhos dos escalões jovens da selecção de Trinidad e Tobago. O "Pequeno Mágico", alcunha pela qual ficou conhecido no seu país natal, desde cedo revelaria uma grande empatia com a bola. A sua técnica apurada e uma visão de jogo excepcional, aliados a uma capacidade de passe milimétrica, rapidamente fizeram dele um dos melhores a actuar no seu país, título que conquistaria por 4 vezes durante a sua carreira.
Já depois de ter recusado, em prol de continuar a praticar profissionalmente a modalidade que o apaixonava, um convite para estudar nos Estados Unidos, Latapy assina pelos jamaicanos do Portmore United. É, então, por essa altura que o seu agente entrega aos responsáveis da Académica uma cassete de vídeo com partidas disputadas por si. Os dirigentes do emblema de Coimbra não hesitam e imediatamente fecham o negócio.
Na "Briosa" encontra-se com o técnico Vítor Manuel. Depois de uma fase inicial de normal adaptação, o treinador português rapidamente entende o poderio do médio, entregando-lhe o comando da equipa dentro de campo - "Aos 21 (idade de Latapy aquando da sua chegada a Portugal) este homem compreendeu o que eu conseguia fazer e mudou o sistema de jogo da equipa para se enquadrar com a minha maneira de jogar. Eu tinha o papel do "jogador solto"."
Terá sido, por ventura, esta sua capacidade de liderar todo um "onze", que fez com o FC Porto visse nele alguém com qualidades, mais do que suficientes, para integrar o seu plantel. Em 1994/95, depois de 4 temporadas com os "Estudantes", Latapy segue para Norte, para a cidade do Porto.
Habituado a ser titular indiscutível, como seria esperado, Latapy vai encontrar outro cenário no Estádio das Antas. Sem conseguir entrar na equipa inicial de uma forma regular, o médio ofensivo, ainda assim, mantem-se como um dos atletas mais utilizados. Nesses dois anos de "Dragão" ao peito, contribui para a conquista de dois Campeonatos e, acima tudo, torna-se no primeiro futebolista tobaguenho a participar na Liga dos Campeões.
A sua segunda aventura europeia dá-se, já depois de ao serviço do Boavista, ter vencido uma Taça de Portugal, a de 1996/97, e a Supertaça do ano seguinte. Na Escócia começa ao por vestir a camisola do Hibernian. Depressa se torna num dos favoritos dos adeptos, mas tudo muda quando, por razão de uma noite de copos com o seu conterrâneo Dwight Yorke, é apanhado pela polícia a conduzir bêbado. Na sequência do incidente, acabaria também, devido à quebra dos regulamentos internos do clube, por ser despedido.
No entanto, nem tudo pareceu perdido e em jeito de segunda chance, é a essa sua dispensa que faz com que o Rangers o contrate. Ironia da vida, logo no decorrer do seu primeiro ano de contrato, o holandês Dick Advocaat é despedido e é contratado para o seu lugar Alex McLeish, o mesmo que o havia mandado embora do "Hibs". Não é fácil de adivinhar que a vida do "número 10" não ficou, em nada, facilitada. O desfecho era previsível, e com a desculpa de que o plantel precisava de "sangue novo", Latapy seria posto na lista dos jogadores a preterir.
Seguiu-se, depois ainda do Dundee Utd, o Falkirk. Por esta altura, sem grandes emoções na sua vida profissional, Latapy haveria, no entanto, de ter ainda uma enorme alegria. Com a fase de qualificação para o Mundial de 2006 a decorrer, a intervenção de Dwight Yorke leva Latapy a revogar a sua decisão, tomada anos antes, de abandonar a selecção. A sua contribuição acabaria por ser preponderante e os "Socca Warriors", depois de disputado o "play-off" de acesso, atingiriam a fase final do dito certame, onde Latapy, com 37 anos, se torna no 2º jogador mais velho do torneio.
Já no início deste defeso (2013/14), Latapy, no seguimento da sua carreira como treinador, a qual já o levou ao comando de Trinidade e Tobago, aceitou o convite de Petit. É hoje um dos seus adjuntos, naquele que é o seu regresso a Portugal e, neste caso concreto, ao Boavista.

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