440 - SUÁREZ

Quando alguém como Alfredo di Stéfano baptiza outro jogador, que ainda por cima foi sempre seu adversário, como "El Arquitecto", então muito se diz do mesmo. É verdade, se há maneira correcta e sucinta para descrever o antigo médio espanhol, então, a alcunha posta pela estrela do Real Madrid, serve às mil maravilhas.
O seu jogo era magistral. Diziam dele que conseguia pôr a bola onde e a que distância queria. A sua exactidão era estonteante, ao ponto de outro dos grandes mitos do futebol, o treinador argentino Helénio Herrera (passou pelo Belenenses), que foi seu treinador tanto em Espanha como em Itália, dizer que tê-lo em campo era o seu conceito de tranquilidade.
Ora, Suárez, ou, se quiserem, Luisito, começou por jogar, profissionalmente, no clube da sua terra natal, o Deportivo La Coruña. Contudo, pouco foi o tempo que aí passou, pois a sua excelência no campo, agoirava outros voos. Dali, com 18 anos apenas, partiu para a Catalunha. Em Barcelona, começavam a lançar-se os alicerces para uma equipa mítica. Ramallets, Czibor, Kubala, Kocsis são só alguns dos nomes que, com Suárez, partilharam o balneário. Foi, então, sob o comando do, já referido, técnico argentino que o Barcelona venceria 1 Taça do Rei, 2 Taças das Cidades com Feira e 2 Campeonatos. Aliás, seria este último título de campeão que lançaria o Barcelona para a campanha, já sob o comando do espanhol Enrique Orizaola, da Taça dos Campeões Europeus de 1960/61. É vos estranho tal número?! Pois não devia ser!!! 1960/61 é a época em que o Benfica ergueria, em Berna, o dito troféu. Pois é, foram as "Águias" as responsáveis, sem saberem que mais tarde haveriam de sofrer uma "vendetta", pelo primeiro dissabor na carreira de Luis Suárez. O que é certo é que nem isto impediu o jogador de, nesse mesmo final de temporada, conseguir protagonizar a maior transferência de sempre, no futebol daquela altura.
O Inter acabava de acenar, tanto a ele como ao emblema "Blaugrana", com duas propostas irrecusáveis. Para os cofres dos catalães seguiriam qualquer coisa como 200 mil euros e para o atleta, ele já com o estatuto do Ballon d'Or ganho em 1960, mais uma pequena fortuna.
Bem longe de estar alheio à mudança de ares do médio, mais uma vez, estava a incontornável figura de Herrera. O treinador, que agora orientava os de Milão, precisava de alguém que desenhasse as suas jogadas com exactidão, de alguém que municiasse os seus atacantes de forma precisa e o nome que lhe veio à cabeça, naturalmente, foi o do internacional espanhol.
Ao lado de nomes como Facchetti, Mazzola, do brasileiro Jair ou, ainda, do português Jorge Humberto, Suárez, rapidamente, tomou conta da zona central do terreno de jogo. Com todas as suas geniais jogadas, lançou o Inter para uma série de títulos, tanto nacionais como internacionais, onde se destacam 3 "Scudettos", 2 Taças Intercontinentais e 2 Taças dos Campeões Europeus, onde, lá está, se inclui a de 1965, conquistada frente ao Benfica.
Na selecção, tal como nos clubes por onde passou, o seu papel como pensador do jogo, assumiu grande relevância. Foi assim, muito à sua custa, que a Espanha conseguiria alcançar o seu primeiro grande título enquanto nação, ou seja, o Europeu de selecções de 1964.
Sendo inteligente como o era, nada mais normal após o final da sua carreira nos relvados, que fizesse a transição para a vida de treinador. É certo que, nestas funções, nunca conseguiu nem o prestígio, nem, tão pouco, os títulos alcançados enquanto futebolista. No entanto, a sua carreira não deixa de ter pontos de interesse, como é exemplo a presença no Mundial de 1990, onde, em Itália, comandou os destinos da selecção espanhola.

439 - VAN BASTEN

E se lhe disser que Marco van Basten, é, na verdade, Marcel van Basten!!! Curioso, não é? Bem, realmente pouco interessa este pormenor, pois a vida de Marco é, sem dúvida alguma, bem mais interessante do que a de Marcel. Então, donde veio este nome? Não sei... é para mim uma incógnita! O que é certo, é que um dos passos mais importantes que o avançado deu, foi aquele que, a 3 de Abril de 1982, o tirou do banco de suplentes e o fez entrar em campo para o lugar do seu ídolo de sempre, Johan Cruyff.
Muito antes deste episódio, igualmente curioso, já van Basten jogava à bola. Começou na sua cidade natal, Utrecht, e tendo passado por diversos emblemas, foi do USV Elinkwijk, que acabaria por sair em direcção ao Ajax. Em Amesterdão encontrou o jogador que, para ele, era a verdadeira lenda. No entanto, nem só Cruyff foi a sua inspiração. O pai de Marco (perdão, de Marcel!!!) teve, também ele, um papel muito importante no lançar da sua carreira. Tendo sido futebolista, foi ele o principal incentivador para que van Basten copiasse o seu gosto pelo desporto. Por certo, nunca o seu pai imaginou que van Basten, muito para além de lhe seguir as passadas, haveria de ir bem mais além do que aquilo que alguma vez ele tinha sonhado para o filho. E bem que o podemos dizer: van Basten foi um dos melhores jogadores da história da modalidade.
Esta afirmação facilmente se justificaria com os números que compõem a sua carreira. Mas, tal como outros craques do mesmo gabarito, van Basten foi muito mais do que títulos, troféus e golos. Quem o viu jogar sabe disso. Sabe que ele era sublime na maneira como controlava todo o último terço do campo, genial com a bola nos pés, veloz nas desmarcações e, muito acima de tudo, implacável na finalização.
Tanta qualidade só poderia trazer, para ele e para os clubes por onde passou, inúmeras conquistas. No Ajax, para além de 3 Campeonatos, 3 Taças e a Taça das Taças de 1987, van Basten conseguiu vencer 4 vezes o prémio para o goleador da Holanda. Numa destas épocas, a 1985/86, conseguiu, também, alcançar o título individual que todos os da sua posição almejam, a Bota de Ouro.
A certa altura foi inevitável que outros emblemas o começassem a cobiçar. O Milan de Silvio Berlusconi, que andava a formar uma super equipa, ficou na linha da frente. Marco van Basten mudou-se para Itália corria o Verão de 1987. Logo no final dessa temporada, haveria de erguer o primeiro de 4 "Scudettos".
"Veni vidi vici", poderão dizer vocês! Contudo, o momento, nessa mesma época, que ficará na memória de todos, passou-o com a camisola laranja da sua selecção. No Euro 88, realizado nesse ano na Alemanha, van Basten, por razão das lesões que o iriam afligir para o resto da carreira (já lá vamos), até começou no banco de suplentes. No entanto, o segundo jogo seria marcado por um "hat-trick" seu, o mesmo que iria catapultar a Holanda até à final. Nessa derradeira partida frente à U.R.S.S., algo de extraordinário haveria de acontecer. Corria a segunda metade do encontro, quando da direita do campo, um centro largo de, salvo erro, Arnold Mühren, parecia destinar a bola à linha de fundo. Foi então que apareceu van Basten que, sem deixar o esférico tocar no chão e com um fenomenal "volley", o introduziu, de um ângulo apertadíssimo, no interior da baliza de Dasaev.
Muito mais se passou na carreira do atacante do que este minuto 54. É verdade que ter um golo considerado como um dos melhores de sempre no futebol, é algo notável. Mas se fosse só isso, por certo, não estaríamos aqui a falar do jogador. Pois, podemos continuar a falar nos seus feitos, referindo que, logo nesse ano haveria de lhe ser atribuído o Ballon d'Or. Repetiria a façanha por mais duas vezes (como ele só Cruyff e Platini) e, entretanto, pelo Milan venceu tudo o que havia para vencer. A saber: os, já referidos 4 "Scudettos"; 2 Taça dos Campeões Europeus; 2 Supertaças europeias; 2 Intercontinentais; 2 vezes Melhor Marcador da Serie A; etc.
Em 1992 haveria de ser consagrado pela FIFA como o melhor jogador do ano. Mas por esta altura já os seus tornozelos, a tal mazela de já tinha feito referência, estava a dar "pano para mangas". Por razão desta lesão, a sua vida nos relvados, não durou muito mais tempo. O fim veio cedo de mais, todos concordarão. Mas alguém com uma paixão tão grande por este jogo, não poderia afastar-se dele para sempre. Foi assim que van Basten se iniciou nas lides de treinador. Nestas funções, o principal papel que desempenhou foi o de seleccionador holandês, entre 2004 e 2008. Esteve, também, à frente dos destinos do Ajax e, hoje em dia, é o técnico principal do Heerenveen.

438 - RUMMENIGGE

Quando aos 18 anos viu surgir o convite do Bayern Munique, por certo, o primeiro alívio de Rummenigge foi - "Vou deixar o meu trabalho no banco!". Mas se realmente pensou que a sua nova rotina o iria afastar dessa palavra, é porque, com a emoção da mudança, porventura, terá esquecido que a equipa para onde se mudava era a campeã europeia em título. Foi assim que o talentoso médio-ofensivo (só anos mais tarde é que avançaria no terreno), em 1974, viu a sua habilidade técnica e prometedora inteligência, sentar-se junto dos outros suplentes. Por lá andou ainda durante uns tempos, e seria nessa perspectiva que assistiria à sua primeira final da Taça dos Campeões Europeus. Não jogou nessa derradeira partida de 1975, frente ao Leeds Utd, mas venceu. Já o ano seguinte, trouxe-lhe uma visão bem diferente dessa mesma contenda. Sim, voltou a conquistar o título, mas, desta feita, fê-lo no relvado, ao lado dos seus colegas de equipa.
A chegada à Bavaria do treinador Pal Csernai, o mesmo que em 1983/84 orientou o Benfica, trouxe a Rummenigge uma mudança no seu destino. O técnico húngaro achou que o atleta, devido às suas capacidades - velocidade, sentido posicional e veia goleadora -, serviria melhor junto aos defesas adversários. Não se enganou. Com isto, Rummenigge tornar-se-ia no mais preciso capital ofensivo do emblema. Com os golos a surgirem uns atrás dos outros, o avançado haveria de alcançar, por 3 vezes (1980, 1981, 1984), a marca de melhor marcador da "Bundesliga". Claro está, tantos golos têm a virtude de ser um sério benefício para qualquer equipa, e muito dos dois Campeonatos e das duas Taças alemãs vencidas por aquela altura, muito se devem à presença de "Kalle" no ataque.
Se no Bayern tudo corria de feição para o jogador, já a sua história na selecção foi um pouco mais frustrante. É verdade que Rummenigge venceu com a "Mannschaft" o Europeu de 1980. É verdade, também, que terá sido este título que o impulsionou para a conquista do "Ballon d'Or" desse mesmo ano (venceria, novamente, em 1981), no entanto, perder duas finais do Campeonato do Mundo, nunca é bom de se digerir!!! Apesar das derrotas frente à Itália (1982) e Argentina (1986), o seu nome ficará, para sempre, ligado à história dos ditos certames… nem que seja por fazer parte de um dos seus episódios mais caricatos. Diz-se que durante a meia-final de 1982, frente à França, quando Rummenigge saltou do banco, François Mitterrand terá exclamado qualquer coisa como: «Mon dieu, Rummenisch!». A premonição do, à altura, Presidente da República de França, não poderia estar mais certa, pois à custa do avançado germânico, com um golo e com uma assistência, o “placard” sofreria um definitivo volte-face, e os gauleses seriam eliminados.
A fase final da sua carreira, por assim dizer, levou-o ao "Calcio" e, numa fase posterior, à Suíça. No Inter, não se pode dizer que terá deixado os seus créditos por mãos alheias. É certo que não cumpriu o objectivo da sua contratação, o Scudetto, contudo, as suas exibições acabaram por ser convincentes e só não foram de maior gabarito, pois as lesões, durante esse período, teimariam em assolar a estrela alemã.
Como já o referimos, Rummenigge sempre foi tido, muito à custa da sua inteligência, como algo mais do que um simples futebolista. Essa percepção, também a tiveram os responsáveis do Bayern Munique que, em 1991 o convidaram para ocupar um dos lugares da direcção do clube, posto que, ainda nos dias de hoje, mantem.

437 - ZIDANE

Tendo sido afastado do seu lar muito novo, para ir jogar para as camadas jovens do Cannes, Zinedine Zidane sempre foi muito acarinhado pelos dirigentes do clube. A primeira prova disso, ainda este era bem miúdo, teve como protagonista um dos dirigentes, que ao vê-lo perturbado por estar longe de casa, o convidou para ir morar consigo e com a sua família. A segunda história curiosa, passa-se já o antigo médio pertencia aos quadros principais do emblema gaulês e por razão do primeiro golo por ele marcado. Ao que parece a promessa do Presidente já era antiga e acabou por ser paga nessa vitória frente ao Nantes, corria a temporada de 1990/91 (a sua 3ª). O prémio: um Peugeot 205 vermelho.
Quatro anos após a sua estreia e sem ser um jogador muito consensual entre a crítica dos adeptos, acusado que era de não jogar bem nas partidas difíceis, Zidane vê surgir o convite do Bordeaux. Então, em 1992, muda-se para os Girondins, da afamada região vinhateira, onde, uns anos mais tarde, haveria de ser treinado por Toni.
Por lá, o nível futebolístico, tal qual como a ambição, era diferente da que estava habituado. É certo que no Cannes já tinha provado o sabor das grandes competições (tinha feito a estreia na Taça UEFA frente ao Salgueiros), mas, diga-se sem qualquer tipo de complexo, a sua mudança levou-o a um caminho melhor. Aí começou a conviver com um plantel recheado de belíssimos jogadores, onde podemos destacar os nomes de Lizarazu ou Dugarry. Este ambiente, e toda a competitividade que nele nasceu, fê-lo melhorar muito as suas capacidades futebolísticas. Foi chamado à estreia na selecção principal francesa e apesar de nunca conseguir alcançar aquele que, talvez, seria o seu maior objectivo à altura, a conquista da Ligue 1, conseguiu chamar a atenção de emblemas de maior monta.
É certo que foi pelo Bordeaux que conseguiu a seu primeiro título: A Taça Intertoto de 1995/96. No entanto, muito mais importante para o evoluir da sua carreira, também muito à custa da chegada à final da Taça UEFA dessa mesma época (perdida para o Bayern Munique), foi a notoriedade que começou a ganhar a nível internacional. O Manchester Utd era um dos nomes que se cogitava como a nova morada de Zidane, mas o destino do internacional gaulês haveria de ficar, literalmente, em sentido oposto. Foi assim que em 1996, ano em que venceria o título de Melhor Jogador da Liga francesa, se mudou para Itália. A Juventus era a sua nova casa e haveria de ser, também, o seu empurrão para o grupo das estrelas do futebol mundial. Pois é, foi no "Calcio" que a vida profissional de Zidane começou a tomar os contornos daquilo que hoje conhecemos. Tanto a nível individual, como colectivamente, as vitórias sucederam-se umas atrás das outras. 1 Supertaça europeia, 1 Taça Intercontinental, 2 Scudettos e 1 supertaça italiana elevaram-no para um patamar de excelência, mas seriam aqueles dois golos de cabeça, na final do Mundial de 98 (vitória da França por 3-0, frente ao Brasil) que o exaltariam entre os adeptos, como o maior da sua época.
É verdade, aos jornalistas, Zidane tinha prometido que iria vencer o torneio disputado no seu país. Cumpriu e o seu maior reconhecimento chegou ainda nesse ano de 1998, tendo sido laureado com as duas maiores distinções que um futebolista pode ter: o Ballon d'Or da France Football e o FIFA World Player of the Year.
Por esta altura já Zidane se afirmava em toda a sua plenitude. Era um jogador de uma técnica refinada, com um "dribble" estonteante, uma visão de jogo primorosa e uma capacidade de passe mortífera... resumindo, um verdadeiro número 10! Por tudo isto, e pelo Europeu conquistado, em 2000 volta a vencer o FIFA World Player of the Year, que repetiria em 2003, já no Real Madrid. Aliás, seria para a capital espanhola que, pouco tempo após esta sua segunda consagração, se transferiria. Os "Merengues", onde já pontuavam, e pontuariam, estrelas com Luís Figo, Roberto Carlos, Casillas, Raul, Beckham e tantos outros, teimavam em juntar nos seus balneários uma verdadeira constelação de estrelas. Ora, nada melhor que 75 milhões de euros, recorde mundial para uma transferência, para que Zidane pudesse, também ele, inscrever o seu nome no rol daqueles que ficariam conhecidos como os "Galácticos".
Se objectivo deste ajuntamento de craques era o de dominar, incontestavelmente, o futebol, ele ficou um pouco à quem. Claro está que no meio de tanta classe, os títulos também foram aparecendo, onde se destaca a "Champions League"  de 2001/02.
2006 marcaria o final da brilhante carreira de Zidane. Não sem antes, como tantos se lembrarão, do episódio mais polémico por ele protagonizado. Nesse ano a final do Mundial disputado na Alemanha, punha, frente a frente, as congéneres Francesa e Italiana. E se é verdade que o facto de se encontrar a perder nesse jogo, já devia a estar perturbar Zidane, mais danado se pôs quando Materazzi, central italiano que ficou conhecido por tudo menos pelo “fair-play”, decide vilipendiar o nome de alguns familiares de "Zizou". Bem, a reacção do francês todos a conhecemos, e a mesma, essa famosa cabeça no peito do seu adversário, está hoje imortalizada numa estátua, autoria do artista franco-argelino Adel Abdessemed.

436 - CRUYFF

Nem todos os bons jogadores dão bons treinadores, e nem todos os bons treinadores foram bons jogadores. Já Cruyff (ou Cruijff - maneira correcta de escrever) pode dizer-se que atingiu a excelência nos dois campos.
A sua história começa quando a sua mãe, empregada de limpezas no estádio do Ajax, pediu aos responsáveis que dessem uma oportunidade ao seu filho e que o observassem. Este momento curioso que, provavelmente, nenhum dos intervenientes pensaria resultar no que resultou, foi o primeiro passo para uma carreira brilhante. No entanto, apesar de todos reconhecerem a virtude do jogador, não podemos deixar de referir o papel preponderante que, no desenvolver das suas habilidades, teve uma das míticas figuras do desporto mundial, Rinus Michels. Foi o falecido técnico holandês que, praticamente desde a estreia de Cruyff nos seniores, comandou a equipa do Ajax. Foi esse grupo que, entre a última metade dos anos 60 e os anos 70, arrebatou o futebol holandês e europeu. Os números deste domínio são incontestáveis e por poucos alcançados: 8 Campeonatos da Holanda; 5 Taças da Holanda; 3 Taças dos Campeões Europeus (seguidas); 3 Supertaças europeias; 1 Taça Intercontinental.
É certo que no futebol, como em tantos outros desportos colectivos, um jogador só, pouco, ou nada, vale. E num balneário onde coabitavam nomes como os de Johan Neeskens, Ruud Krol, Wim Suurbier, Arie Haan, Johnny Rep ou Piet Keizer, pouco justifica que alguém se conseguisse destacar. No entanto, Johan Cruyff era de um outro universo. A prova estava na maneira com este se apresentava em campo. No ataque ou no apoio ao mesmo, ele era um jogador com uma percepção, uma inteligência e uma leitura de jogo, superior a qualquer um que, com ele, se apresentasse no relvado. Tinha também uma capacidade de passe geométrica, o que fazia com que, raramente, falhasse uma assistência. Ainda por cima, como um qualquer goleador, sabia aparecer na área de finalização e marcar golos.
Mas melhor do que estar a tentar descrever aquilo que ele sabia, é ver um qualquer filme que ilustre o que conseguia fazer pelas suas equipas. A dinâmica que imputava ao jogo, fazia com que a circulação da bola, e jogadores, se assemelhasse a um elegante carrocel. Foi neste esquema, em que as posições de campo, fora da rigidez a que podemos estar habituados, eram algo muito relativo, que cresceu a selecção holandesa, participante no Mundial de 74. A famosa "Laranja Mecânica", acabaria por perder o troféu, na final, para a equipa organizadora do torneio, a Alemanha. Contudo, o que ficou na retina de todos os que tiveram o prazer de ver as partidas da Holanda, foi um futebol elegante e, talvez, o mais bonito que a história da modalidade testemunhou.
Por altura deste Campeonato do Mundo, já Cruyff representava o Barcelona. Antes ainda, tinha tido o reconhecimento que merecia, e já tinha conquistado diversos prémios individuais, entre eles: o Ballon d'Or de 1971 e 1973 (haveria de vencer o 3º, nesse ano de 1974), 4 títulos de melhor jogador holandês (ainda ganhou um 5º no regresso ao seu país) e a Bota de Ouro de 1968.
Na Catalunha, para onde seguiu atrás do, já aqui falado, Rinus Michels, os triunfos sucederam-se. É certo que não ao nível daquilo que estaria habituado, mas, ainda assim, teve o mérito de ajudar a sua equipa a levantar uma "Copa del Rey" e uma "La Liga". Muito mais importantes do que estes "canecos", ou das 5 temporadas que por ali jogou, foi a admiração que conquistou entre os adeptos "Blaugrana" e, porque não dizê-lo, entre o povo catalão. Por isso mesmo teve a oportunidade de vestir, num encontro contra a Rússia, em 1976, a camisola da selecção daquela província.
Esta ligação com a dita região espanhola, voltou a ter um novo encontro já depois de Cruyff ter pendurado as chuteiras. Estou, como é óbvio, a referir-me à sua experiência como treinador.
Ainda antes da passagem pelo comando do Barcelona, bem à medida da sua polémica imagem, Cruyff já havia conquistado o seu primeiro título. A história conta-se depressa. Já depois de ter ido, ainda como jogador, de Espanha para os E.U.A., e de um novo regresso ao país de "Nuestros Hermanos" (Levante), Cruyff voltou ao seu Ajax. Só que, enquanto este planeava terminar ali a sua carreira, os dirigentes do emblema de Amesterdão não viram este fim com os mesmos olhos. Segundo dizem, por vingança, Cruyff rumou, então, aos rivais do Feyenoord, e em Roterdão, com a função de treinador-jogador, haveria de conquistar o Campeonato holandês de 1984. É verdade que a zanga não durou muito, e pouco tempo após esta vitória, em 1985, Cruyff já estava ao leme do Ajax, e pronto para vencer 2 Campeonatos e a Taça das Taças de 1987.
Como estava há pouco a dizer, a passagem pelo comando técnico do Barcelona, foi também ela marcada pelo sucesso. E se os títulos que ganhou (1 Taça dos Campeões Europeus; 1 Taça das Taças; 1 UEFA Supercup; 4 Campeonatos; 1 Copa del Rey; 3 Supertaças Espanha), mais uma vez, sublinham a sua mestria, já a maneira como pôs toda a equipa a jogar, é grande mostra que, mesmo do lado de fora do campo, Cruyff sempre foi fiel à maneira como interpretou o jogo e o tornou num espectáculo ainda mais apaixonante.

435 - MATTHEWS

Quando aos 16 anos, os responsáveis do Stoke City, onde trabalhava nos escritórios, o convidaram para treinar com os restantes jogadores, mal sabiam eles que estavam a contratar uma das primeiras grandes lendas do futebol mundial.
Filho de um pugilista, Stanley Matthews, desde cedo, também se tornou num adepto da prática desportiva. Diziam que todos os dias percorria, em corrida, a distância que separava a sua residência do campo do Stoke city. Não é impressionante?!!! Bem, sempre eram 14 km!!!
Talvez por todo este hábito, que foi ganhando desde tenra idade, a sua adaptação entre os profissionais do clube, foi repentina. Facilmente ganhou a titularidade e, principalmente, conquistou a admiração dos fãs. Não era para menos! Ele era rápido, com capacidades físicas notáveis, mas era muito mais do que um bom atleta. Matthews tinha uma capacidade técnica espantosa. Diziam dele ser capaz de conseguir os mais calorosos aplausos, apenas com o seu extenso reportório de fintas.
Por tudo isto, não foi de espantar que o extremo direito, apenas dois anos após a sua estreia, fosse chamado, pela primeira vez, à selecção inglesa. Por lá continuou durante 23 anos, o que, ainda no presente, é um recorde absoluto.
Bem, não é só deste número que se fazem as metas alcançadas pelo antigo avançado. Talvez o ponto de partida para aquele que é o mais espantoso, e que, sem dúvida alguma, o pôs em destaque nos anais do futebol, tenha ocorrido numa altura em que a maioria já pensa na reforma. Segundo se conta, já teria 32 anos, Matthews viu o seu treinador, em tom jocoso, perguntar-lhe se ainda aguentaria jogar mais uns tempitos. Atitude errada perante tal estrela que, ainda uns anos antes, tinha tido uma manifestação a favor da sua permanência no clube, quando se começaram a ouvir os rumores sobre a sua partida. Desta feita Matthews fez mesmo as malas. Mudou-se para um emblema que hoje poderá dizer-vos poucos, mas que, à altura, era um dos mais badalados em "Terras de Sua Majestade", o Blackpool.
Este novo emblema não era, para ele, uma novidade, pois até já tinha vestido, algumas vezes, a sua camisola. A história conta-se depressa. Assim, com o começo da Segunda Grande Guerra, Matthews viu-se alistado na RAF (Força Aérea Britânica). A base ficava perto de Blackpool, e com a interrupção das competições oficiais, o Cabo Matthews aproveitou para dar uma perninha em jogos particulares, pelo clube da terra.
Em 1947, quando se mudou em definitivo para o Blackpool, já ele era um verdadeiro astro entre aqueles que acompanhavam o desporto. Matthews era um jogador do povo; um atleta que muito para além daquilo que conseguia dentro dos relvados, também era apreciado pela sua postura fora deles. Um bom exemplo do que vos digo, aconteceu na sequência do acidente que ficou conhecido como o "Burden Park disaster". A partida, em Bolton, opunha a equipa da casa com a do Stoke. A assistência era muita e as condições bem precárias. Foi então que as protecções de uma das bancadas partiu, fazendo com que, muitos daqueles que ali assistiam ao desafio, caíssem uns por cima dos outros. Resultado: 33 mortos. Matthews não conseguiu mostrar-se indiferente a tal fatalidade e doou, do seu bolso, dinheiro para ajudar as famílias das vítimas.
Desgraças à parte, foi durante os anos de Blackpool que Matthwes viveu os melhores episodios da sua carreira. Conquistou a Taça de Inglaterra em 1953, a qual ficou conhecida como "Matthews's final", pela reviravolta conseguida através de 3 assistências suas; participou nos Mundiais de 1950 e 1954; venceu, por duas vezes, o prémio de Melhor Jogador do Ano em Inglaterra (1948 e 1963); e foi ele a inaugurar a lista dos vencedores do Ballon d'Or, em 1956, já contava com 48 anos.
Por tudo o que temos estado a contar, Stanley Matthews tornou-se numa figura proeminente e muito popular da sociedade britânica. Por isso não foi de espantar que em 1965, a Raínha Isabel II tenha decidido condecorá-lo como "Cavaleiro" do Reino.
Por mais que vos espante, por altura deste reconhecimento régio, Matthews ainda jogava. Sim, tinha 50 anos de idade!!! Mas o fim não foi aqui!!! Depois de, passados uns meses, ter posto um ponto final na sua carreira, em 1970, ainda teve um pequeno regresso, ao aceitar o convite dos malteses do Hibernians, para lá jogar mais uma temporada!!!

434 - MATTHÄUS

Começar a jogar num clube da cidade que alberga a sede da Adidas, pode ser um bom prenúncio. Para Lothar Matthäus, foi.
Ainda bem novo, quando representava o tal Herzogenaurach, foi chamado às selecções jovens da Alemanha. A sua prestação, imediatamente, chamou à atenção de um dos grandes do futebol germânico da altura, o Borussia Mönchengladbach. Logo nesse ano de estreia, o de 1979/80, Matthäus haveria de experimentar o que é jogar na elite do futebol, pois a sua equipa, comandada pelo nosso conhecido Jupp Heynckes, conseguiria alcançar a final da Taça UEFA. Apesar da derrota frente ao Eintracht Frankfurt, a bela campanha que fez, tanto nas competições europeias como no campeonato, fez com o seu nome aparecesse na lista de convocados para o Europeu de 1980. A Alemanha (RFA, à altura) venceria o torneio ao bater a Bélgica, e assim, nesse certame disputado em Itália, bastaram 15 minutos em campo, para que Matthäus pudesse levantar o seu primeiro grande troféu.
Apesar de ser um clube prestigiado, a verdade é que o Borussia Mönchengladbach, estava em decadência. Tal facto, fez com o antigo médio não resistisse a um convite do Bayern Munique, para onde se mudaria em 1984. Por esta altura, já Matthäus era um futebolista consagrado internacionalmente. Tinha participado no Mundial de 1982, onde a sua selecção atingiu a final, e tinha alcançado, no Euro 84, a titularidade na "Mannschaft". Assim, não foi de estranhar que no Bayern tivesse, rapidamente, "pegado de estaca". Os “Bávaros”, proporcionaram-lhe aquilo que qualquer atleta almeja, ou seja, títulos e mais títulos. Foi deste modo que, nesta sua primeira passagem pelo clube, Matthäus conseguiu arrecadar um Tricampeonato, 1 Taça da Alemanha e uma Supertaça. Também não me posso esquecer que foi por esta altura, que participaria na sua primeira final da Taça dos Campeões Europeus (1987)... perdida, lembram-se contra quem???!!!
Sendo ele o comandante em campo, tanto da sua equipa como da selecção, o assédio de outros clubes, e de outros campeonatos, começou a ser normal. Já após a derrota frente à Argentina, na final do México 86, e de mais uma participação brilhante num Europeu, este disputado em 1988 no seu país, surge o interesse do Inter.
É nesse Verão de 1988, juntamente com o seu colega da equipa nacional Andreas Brehme (no ano seguinte, a estes dois, juntar-se-ia Klinsmann), que Matthäus viaja para Itália. Se por esta altura, o "Calcio" era, sem sombra de dúvida, o campeonato mais apetecível, esta mudança de ares traria ao alemão, provavelmente, os melhores anos da sua carreira. Pelos "Nerazzurri" atingiu um patamar que poucos se atrevem a sonhar e que menos, ainda, conseguem alcançar. Começou, logo no ano da sua chegada, numa equipa comandada por Giovanni Trapattoni, por vencer o "Scudetto". Já a temporada seguinte, marcaria a vingança da Alemanha sobre a Argentina de Maradona, com os primeiros a inverterem o que se tinha passado quatro anos antes e, desta feita, a erguerem o troféu de Campeões do Mundo. Esta vitória impulsionaria Matthäus, capitão da "Mannschaft", para o seu primeiro titulo individual, o "Ballon d'Or" da "France Football". No ano que se seguiu, 1991, foi a vez de ganhar a primeira edição do "FIFA World Player of the Year". Claro, não sem antes, erguer a Taça UEFA de 1990/91.
O regresso à Alemanha, mais uma vez para vestir a camisola do Bayern Munique, fez-se após uma grave lesão. A recuperação foi difícil, mas a tenacidade que sempre mostrou dentro dos relvados, foi a mesma com que encarou este revés. Matthäus queria voltar aos títulos e foi isso que aconteceu em 1994, quando se sagrou mais uma vez, campeão na Bundesliga.
Como um azar nunca vem só, 1995 marca uma nova dor de cabeça para o médio. Muitos, por razão da lesão no tendão de Aquiles, vaticinaram-lhe o final da carreira. Matthäus, apesar de já ter passado dos 30, achou que ainda não era o tempo certo para “pendurar as chuteiras”. Ora, por altura da final da Taça UEFA de 1996, já ninguém, nem o próprio atleta, pareciam ter lembrança de tal episódio médico, e a equipa Bavara, ergueria mais um troféu nas provas internacionais.
É certo que Matthäus tem um currículo invejável, mas também não é menos verdade que é capaz de ser um dos futebolistas com mais finais perdidas. A última seria a celebre "Champions" de 1999, cujo derradeiro desafio foi marcado para Barcelona. O encontro frente ao Manchester Utd parecia correr de feição para os alemães. O Bayern dominara toda a partida e, com o fim à vista, o título parecia estar "no papo". É então que chega o período de descontos e o impensável acontece. Sheringham e, de seguida, Solskjaer, com um golo cada, viram o "placard" a favor dos ingleses e o astro alemão vê, tal como em 1987 frente ao FC Porto, uma reviravolta tirar-lhe das mãos a única Taça que nunca conquistou.
O ponto final como jogador, aconteceu já depois de uma curta passagem pelos Estados Unidos. Foi, então, que iniciou uma nova fase da sua vida profissional, abraçando a tarefa de treinador. Como técnico, tem estado, ao contrário daquilo que foi dentro de campo, um pouco afastado dos sucessos. Ainda assim, os seus serviços têm sido, constantemente, requisitados e já conta com passagens pelo comando de selecções como a Hungria ou, mais recentemente, a Bulgária. Aliás seria por razão de estar a residir no estrangeiro que, em Outubro de 2013, as autoridades alemãs o declararam como morto!!! Bem, ao que parece, resultado de um processo judicial interposto por uma sua ex-mulher, e devido ao facto de determinados documentos não conseguirem ir parar às suas mãos, fez com que as entidades germânicas concluíssem que Matthäus teria falecido!!!

433 - PLATINI

Associar Michel Platini a um clube tão modesto quanto o AS Joeuf, parece, hoje que sabemos da sua carreira, um pouco surpreendente. Contudo, foi no emblema da terra onde cresceu que o médio haveria de dar os primeiros passos no mundo do futebol e cumprir toda a sua formação.
Sem, até então, ter mostrado grande brilhantismo, o atleta, por altura da disputa de um torneio para jovens, haveria de revelar-se de uma habilidade acima da média. Essa sua exibição frente ao Metz, faria com que os responsáveis adversários o convidassem para realizar alguns testes. Combinada a data, a oportunidade sairia gorada, com Platini a lesionar-se uns dias antes. Já a chance que se seguiu também não correu de feição, pois durante os testes físicos, o médio perderia os sentidos, com o médico que o assistiu a vaticinar-lhe uma certa debilidade cardio-respiratória.
Não foi o Metz, foi o Nancy que decidiu nele apostar. Ora, por razão do seu pai ali ter feito grande parte da carreira futebolística, o dito clube já não era um lugar estranho para Platini. É provável que este facto tenha tido algum peso na sua contratação, contudo, com um hat-trick na estreia pelas reservas, o jovem haveria de mostrar que tinha valor para acrescentar ao grupo. Infelizmente para si, estes primeiros anos, para além das boas exibições, também o arrastaram pelo calvário das lesões. Não foram assim tão poucas, nem, tão pouco, foram ligeiras. O resultado foram épocas em que intercalaria bons períodos, com outros mais discretos. Apesar de tudo, as suas qualidades estavam bem patentes. Platini era um executante cerebral, com um entendimento do jogo superior, e quando a história era a marcação de livres-directos, então, aí, era imbatível.
Tal classe levou-o à estreia na selecção gaulesa e foi num embate com a congénere italiana que, um dia, mostrou toda a sua classe. A partida, um particular de preparação para o Mundial de 1978, juntava, em Nápoles, as duas equipas. Na sequência de uma falta, é assinalado um livre. É então que o médio toma para si a responsabilidade da marcação. Na baliza adversária estava, nada mais, nada menos, que Dino Zoff. Platini remata... golo! Mas o arbitro diz que ainda não tinha apitado e manda repetir o castigo. Sem se deixar atemorizar pelo contratempo, Platini prepara novamente o esférico... golo!!!
Histórias como esta, tal como o golo que marcou contra a Bulgária e que selou a ida ao, já referido, Mundial, fez com que Platini garantisse a presença nas convocatórias dos "Bleus". O Campeonato do Mundo projectava-se, então, como a oportunidade certa para que o "10" francês se afirmasse como um dos grandes do futebol. Platini, que umas semanas antes, até tinha, com um tento seu, ajudado o Nancy a erguer a Taça de França, tinha, no certame realizado na Argentina, todos os focos apontados para si. A verdade é que a sua prestação, em consonância com a da França, haveria de ser paupérrima, ao ponto da sua equipa não ter passado da fase de grupos.
Depois de defraudadas tão grandes expectativas, muitos dedos a ele foram apontados. Mais ainda o indicaram como inapto para a modalidade, quando, na temporada seguinte, outra grave lesão o deixaria de fora da campanha europeia do seu clube. Apesar de tudo, das lesões e dos apupos que passou a ouvir com frequência, os grandes emblemas não se deixaram distrair por tal. Assim, no Verão de 1979, o Saint-Étienne, à altura um dos maiores em França e na Europa, haveria de o contratar. Três épocas nos “Les Verts”, para além da conquista da “Ligue 1”, confirmariam um Platini fenomenal, facto esse sublinhado pela brilhante exibição no Campeonato do Mundo de 1982.
Os anos vindouros foram, em tudo, radiosos. Talvez não tenha sido bem assim. É verdade, houve uma pequena excepção, que, mesmo sendo insignificante, quase deitou tudo a perder. Bem, como sabemos, o defeso de 1982 marcaria a transferência de Platini para a Juventus. Mas num plantel cheio de craques, muitos deles acabados de se sagrar campeões do mundo, a sua chegada não foi consensual. Pior ainda foi a exigência da imprensa, que logo cobraram a Platini “mundos e fundos”, não admitindo que o atleta pudesse necessitar de um período de adaptação. O coro de protestos foi tal que o médio-ofensivo esteve à beira de voltar para o seu país natal.
Ainda bem que não fez, pois, daí em diante, nada mais provou do que o doce sucesso. Tanto a nível individual, como por equipas, os troféus sucederam-se uns após os outros. O rol é espantoso. A saber: 1 Taça dos Campeões Europeus (84/85); 1 Taça das Taças (frente ao FC Porto, em 83/84); 1 Supertaça Europeia (84/85); 1 Taça Intercontinental (85/86); 2 “Scudettos” (83/84 e 85/86); 1 Taça de Itália (82/83); 3 Ballon d’Or (83, 84 e 85); 3 Capocannoniere (melhor marcador da Serie A em 82/83, 84/85, 85/86). Não esquecer que a esta lista, há que juntar ainda, pela selecção francesa, a vitória no Europeu de 1984, onde, também, conseguiria sagrar-se como o melhor marcador e o melhor jogador do torneio.
Depois de terminar a carreira nos relvados, Platini ainda teve”, entre 1988 e 1992, uma passagem pelo comando técnico dos “Bleus”. Mas o seu perfil, pretensiosamente intelectual, ambicionava a muito mais. Foi por isso que em 2007, com naturalidade, passou a assumir o cargo de Presidente da UEFA, no qual, juntamente com polémicas quanto baste, se mantem até aos dias de hoje.

432 - CANNAVARO

São poucos os defesas que podem orgulhar-se de terem conseguido vencer, tanto o "Ballon d'Or" como o "FIFA World Player of the Year". Se é excepcional a entrega destes prémios a alguém que joga posição de Cannavaro, então tudo se alinha, pois o italiano não foi um jogador qualquer.
Tudo começou a montar-se ainda Cannavaro era um dos apanha-bolas do Napoli. Jogando ele nas camadas jovens do clube, teve um dia a oportunidade de se treinar ao lado dos seus ídolos. Como defesa que sempre foi, diz-se que, às tantas, deu com Maradona pela sua frente. Destemido, tal como hoje o recordamos, o jovem jogador, que estava "apenas" perante um dos maiores astros de sempre, não teve pejo em fazer uma entrada duríssima sobre o seu oponente. Claro, ficou tudo danado com a desfaçatez do rapaz, mas o que é certo é que, logo ali, mostrou de que raça era feito.
Em 1992 subiu à categoria principal. Cedo conseguiu impor-se na equipa, mas o Napoli que encontrou, já longe dos anos áureos de Maradona e companhia, não se mostrava ao seu nível. Foi assim que apareceu, no seu concurso, o Parma. O emblema que, pela altura da sua chegada (1995/96), andava em alta pela Europa (tinha, ainda não havia muito tempo, vencido 3 competições), perfilava-se como um dos melhores lugares para catapultar a sua carreira. Assim foi.
Depois de vencer duas Taças de Itália, uma Supertaça e a Taça UEFA, o defesa central, que entretanto já contava com umas quantas chamadas à "Squadra Azzurra", começou a sonhar com outros objectivos. Mas se a transferência, em 2002, para o Inter, nada lhe trouxe em termos de troféus, já na ida para a Juventus, Cannavaro encontraria a porta para as suas maiores conquistas. Bem, não é correcto o que acabo de dizer! É certo que os anos que passou em Turim, foram pródigos em sucessos. No entanto, os que conseguiu alcançar não foi à custa da "Vecchia Signora". Se ainda se lembram, foi por essa altura que rebentou o escândalo que ficou conhecido como "Calciopoli". É certo que a Juventus celebrou os Campeonatos de 2005 e 2006, mas depois de revelado o dito caso de corrupção, que envolveu a arbitragem, os títulos foram revogados. Na verdade, o que valeu a Cannavaro (os tais sucessos de que falei) foi a brilhante prestação da selecção transalpina no Mundial de 2006. Assim, para além da vitória no certame disputado na Alemanha, o capitão italiano conquistaria nesse ano, entre outros prémios individuais, o de Melhor Jogador da Liga italiana, o "Ballon d'Or" da "France Football" e o "FIFA World Player of the Year".
Aquando da atribuição destas últimas distinções, já o jogador fazia parte do plantel do Real Madrid. Apesar da sua idade, 33 anos, Cannavaro ainda conservava, tal como os referidos prémios o provavam, todas as características que tinham feito dele um dos melhores na sua posição. Se houve quem duvidasse de tal, esse não foi Fabio Capello. O técnico italiano, acabado de contratar pelos "Merengues", exigiu que, na sua saída da Juventus, fosse acompanhado pelo jogador. Deste modo, o defesa italiano conseguiu, com todo o mérito, juntar ao seu rol de títulos, duas Ligas espanholas e mais um Supertaça daquele país.
Depois de 3 anos na capital espanhola, no ano em que bateu o recorde de internacionalizações pela Itália (2009), Cannavaro ainda regressou para mais uma temporada na Juventus. Sol de pouca dura, pois, na época seguinte, partiria para a sua derradeira aventura, no Al Ahli dos Emirados Árabes Unidos.
Já depois de ter posto um ponto final na sua carreira, ainda foi possível ver Cannavaro em duas partidas de exibição. A primeira, em Agosto de 2011, a marcar o regresso dos New York Cosmos e a segunda, em Janeiro de 2012, pelo Barasat, emblema da Índia.

431 - EUSÉBIO


Ele foi o primeiro grande símbolo do desporto português e o primeiro a vencer um grande prémio internacional - o Ballon d'Or (1965).
No dia em que o futebol viu partir um dos seus maiores astros de sempre, deixamos aqui a nossa singela homenagem a Eusébio, reafirmando a nossa eterna saudade.


Veja aqui o outro cromo de Eusébio e leia uma pequena biografia (Link)
Veja aqui os "Recortes" de Eusébio (Link 1); (Link 2)

FIFA BALLON D'OR

Atribuído pela primeira vez em 2010, este troféu nasceu da junção dos dois mais prestigiados prémios concedidos no mundo do futebol: o Ballon d'Or, entregue pela revista francesa France Football, e o FIFA World Player of the Year.
Com o final de cada ano, cresce sempre a discussão à volta do seu possível vencedor. 2013, que ainda agora acabou, não foi excepção. Aliás, esta 4ª edição tem sido, por uma série de razões, uma dos mais badaladas. Por isso, enquanto aguardamos o anúncio do vencedor, nada melhor do que fazer uma retrospectiva histórica. Assim, durante o mês de Janeiro, falaremos sobre os vencedores dos dois prémios que deram origem ao FIFA Ballon d'Or.