476 - JOSÉ CARLOS

Na temporada de 1960/61 a C.U.F. estreava na sua equipa principal um jovem jogador, de seu nome José Carlos. O sector mais recuado da equipa do Barreiro passava, então, a contar com um atleta que, desde início, mostraria qualidades inegáveis. Concentração, posicionamento, desarme e abnegação eram, e continuam a ser, algumas das características que faziam um bom central. O tal José Carlos parecia tê-las todas e de tal maneira estavam presentes nele que, logo nesse ano de estreia na 1ª Divisão, o tal rapaz de 19 anos, haveria de ser chamado aos trabalhos Selecção Nacional "A". Como é lógico, tal ascensão não deixaria indiferente os "grandes" do futebol português. Por isso mesmo, bastou mais uma época, e mais duas internacionalizações, para que o Sporting se convencesse que o jovem atleta preenchia todos os requisitos para merecer um lugar no seu plantel.
Depois de atravessar o Rio Tejo e como reforço que era, José Carlos, à chegada a Alvalade fez aquilo que lhe competia. Não defraudou nenhuma expectativa e, desde o primeiro instante de "Verde e Branco", insistiu em ser um dos jogadores mais influentes na equipa. Ao lado de Alexandre Baptista, imediatamente, ganhou um lugar no "onze" inicial. Manteve esse estatuto, excepção feita à última temporada, durante quase todos os 12 anos no Sporting. Ajudou a conquistar títulos (3 Campeonatos; 4 Taças de Portugal; 1 Taça das Taças), mas acima de tudo deu ao grupo uma voz de comando. Sim, José Carlos pertence à história do Sporting também pelo número de jogos, também pelos troféus conquistados. Contudo, foi pela sua postura integra, sacrifício e capacidade de encorajar os seus companheiros que ficou na memória de todos os que com ele jogaram, e na de todos os que o viram jogar. Bem, com tudo isto a conclusão é fácil de se fazer, José Carlos foi um dos maiores capitães que os "Leões" tiveram... esse é o seu merecido lugar, um enorme exemplo e legado.
Tal como em Alvalade, também com a "Camisola das Quinas", José Carlos foi preponderante. No prelúdio da campanha dos "Magriços", nessas partidas que serviriam de qualificação para a fase final disputada em Inglaterra, haveria de estar presente em todas elas. Surpreendentemente, já no Mundial, haveria de ser preterido, jogando apenas em dois encontros. Ainda assim, a sua escolha para estas duas partidas haveria de mostrar a sua importância. É certo que só jogou frente à Inglaterra e contra a U.R.S.S., mas também não é menos verdade que estes seriam os desafios de maior responsabilidade para Portugal e que acabariam por nos dar o 3º lugar no dito certame.
Depois de deixar o Sporting no Verão de 1974, José Carlos ainda vestiu, por mais um ano, a camisola do Sp. Braga. Foi também aí que deu início à sua actividade como treinador, a qual, sem grande destaque, teve algumas passagens pela Primeira Divisão. Uma delas acabaria por o pôr, também, na história de outro emblema português, ou não fosse ele o responsável pela única subida ao escalão máximo do Recreativo de Águeda.

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