655 - URSS 1960


Num formato cuja fase de qualificação era feita por eliminatórias, a derradeira dessas rondas haveria de opor Espanha e União Soviética. Com a selecção Ibérica, por ordem do General Franco, impedida de viajar até Leste, a última das decisões acabaria a favor da equipa comunista.
É nestes moldes que a URSS ganha o direito a participar na primeira fase final do, à altura denominado, Taça das Nações Europeias. Em França, no final da Primavera de 1960, os soviéticos apresentam-se como um conjunto coeso. Composto ainda por alguns dos atletas que, quatro anos antes, haviam conquistado a Medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de Melbourne, o grupo era bastante respeitado.
Conhecida pelo aprumo táctico e por uma condição física, em todos os aspectos, rigorosa, a equipa da União Soviética contava com alguns dos grandes jogadores da altura. Nomes como os de Igor Netto, Slava Metreveli ou o do incontornável Lev Yashin, eram disso mesmo exemplo. Quem liderava o conjunto era o treinador Gavrill Kachalin. O técnico, reconhecido pelo estudo exaustivo dos adversários, orientava os seus pupilos num esquema de jogo que, sem dar grande espaço ao virtuosismo técnico, era assente na disciplina e entreajuda.
Num formato bem distante do que actualmente está em vigor, onde apenas 4 selecções disputavam a derradeira fase da prova, a União Soviética competiria numa das meias-finais frente à Checoslováquia. A partida, agendada para Marselha, terminaria com o “placard” do Estádio Vélodrome a assinalar um convincente 3-0.
Depois dos tentos de Valentin Ivanov (2) e de Viktor Ponedelnik, a equipa soviética tinha ainda mais um adversário a separá-la do almejado troféu. A Jugoslávia, que eliminara Portugal na derradeira etapa de qualificação, tinha também, para conseguir chegar ao decisivo momento, afastado a anfitriã França. Ora, no Parc des Princes quem entraria melhor seria a equipa dos Balcãs. Milan Galic inauguraria o marcador aos 43 minutos da primeira metade, para, logo no reatamento do jogo, Metreveli deixar tudo empatado. Sem que a igualdade se desfizesse, dar-se-ia início ao prolongamento. No tempo extra seria a altura para Ponedelnik brilhar. O avançado que, ao serviço do Rostov, apenas disputava a 2ª divisão do seu país, acabaria por concretizar um segundo golo – “Marquei muitos golos pelos clubes por onde passei e pela selecção, mas há jogos e golos realmente especiais, que assinalam os pontos mais altos das carreiras dos jogadores. Foi um momento marcante da minha vida”*.
Com esta vitória, seria de Igor Netto a honra de receber o troféu. Tanto o capitão soviético, como todos aqueles que participaram na aventura idealizada por Henri Delaunay, acabariam por ver os seus desígnios inscritos na história do desporto. Por força de tão distinta conquista, a URSS acabaria por merecer lugar de destaque. Verdade seja dita, com toda a justiça, ou não se tratasse da primeira selecção campeã europeia!!!

*retirado do artigo em www.uefa.com, a 29/02/2016

654 - KRALJ

Com uma carreira profissional iniciada ao serviço do Partizan de Belgrado, e uma estatura física (quase 2 metros) que em tudo parecia ajudar, os primeiros anos de Ivica Kralj haveriam de ser bastante promissores.
Ora, é já em meados dos anos 90, no referido emblema sérvio (por essa altura ainda jugoslavo), que o guardião começa a destacar-se. As suas boas exibições, que ajudavam o grupo na conquista de importantes títulos, levá-lo-iam, em Dezembro de 1996, à primeira chamada à selecção do seu país.
É já depois de ter o seu currículo colorido com 2 Campeonatos e uma Taça da Jugoslávia, que Kralj chega ao Mundial de 1998. Titular no decorrer da campanha de apuramento, ao guarda-redes, durante a fase final, continuariam a ser entregues os cuidados da baliza jugoslava. Com detalhes de fino recorte, o jogador destaca-se dos demais. O avançar do torneio faz com que, cada vez mais, acumule boas partidas. Kralj começa a ser bastante cobiçado e, já com uma boa reputação, acaba por encontrar um novo destino.
Quem não resiste à ideia de o contratar seria o FC Porto. O clube, depois de uma série de experiências não tão bem conseguidas, e ainda à procura de alguém capaz de suprimir a saída de Vítor Baía, chega a um acordo com o guarda-redes.
Seguida à passagem pelo certame disputado em França, Kralj é apresentado no Estádio das Antas. Após uma pré-temporada que a poucos convenceria, o jogador, na defesa das redes, continua a ser o escolhido para o “onze” inicial. A opção de Fernando Santos em manter Kralj como titular, até começa por ser, minimamente, acertada. O FC Porto, numa disputa frente ao Sp. Braga, vence a Supertaça Cândido de Oliveira. O guardião, com a alegria estampada no rosto, é então fotografado ao lado de Jorge Nuno Pinto da Costa, ostentando o troféu recém-conseguido.
Contudo, os sorrisos, tanto da parte do atleta, quanto do lado dos responsáveis pela sua contratação, depressa se esvaneceriam. Acumulando exibições, no mínimo, tenebrosas, Kralj rapidamente passou a ser o alvo da ira dos adeptos. Apesar de ter uma altura bastante considerável, as suas saídas a bolas altas, muito mais do que descabidas, chegavam a ser burlescas. Numa partida frente ao Alverca, a tentativa de interceptar um cruzamento, ainda que sem qualquer adversário por perto, acaba com a bola na sua baliza. Pior ainda seriam os “frangos” frente ao Olympiakos. Concedidos nos derradeiros momentos do jogo, esses dois golos transformariam um placard de 2-0, num 2-2 final. O empate caseiro acabaria por ter forte repercussão nessa edição da Liga dos Campeões e transformar-se-iam numa das causas para o afastamento dos “Dragões”.
Após a saída do FC Porto a carreira de Ivica Kralj continuaria numa espiral descendente. Já depois de um curto empréstimo ao Radnicki Kragujevac, eis que, surpreendentemente, surge o interesse do PSV Eindhoven. No campeonato holandês, o jogador continuaria a rubricar um trabalho medíocre e, na linha das escolhas, acabaria por nunca conseguir ultrapassar os seus colegas de equipa.
Curioso, ainda assim, seria a sua chamada para disputar o Euro 2000. Sem quase jogar pelo seu clube, o nome do atleta faria parte dos escolhidos para disputar o torneio. Mais espantosa ainda, seria a titularidade que haveria de granjear durante a competição. Para ser honesto, não consigo recordar nenhum momento especial, a não ser aquele que o poria no caminho de mais um “belo” registo. O episódio ocorreria na disputa dos quartos-de-final. Kralj, nessa partida frente à selecção da Holanda, haveria de sofrer 6 golos. A inolvidável inscrição, é, ainda hoje, o recorde de golos concedidos num só jogo, numa fase final de um Europeu!!!
No que restou da sua carreira, o regresso ao Partizan ainda mostrou um Kralj, agora sem qualquer ironia, na sua antiga boa forma. As boas temporadas que, entre 2003 e 2007, averbaria ao serviço do clube, valer-lhe-iam, findo o contrato, um lugar na ascendente Liga Russa. No entanto, do tempo ao serviço do FK Rostov e da sua passagem, por onde terminaria a carreira, pelos eslovenos do Spartak Trnava, nada que mereça distinção. De destaque só a entrevista na qual, algures numa realidade paralela, explicaria a grande razão do seu insucesso em Portugal – “Num jogo contra o Sporting choquei violentamente contra o Aloísio (…). Fiquei com um problema na vista durante meses”*.

*retirado do artigo de Pedro Jorge da Cunha, em www.maisfutebol.iol.pt, a 19/03/2014

653 - ZAGORAKIS

Ainda em tenra idade, Zagorakis consegue ser chamado à equipa principal do Kavala. A jogar pelo emblema da sua terra natal, o médio, durante aqueles que seriam os primeiros anos da sua carreira, acabaria por disputar os escalões secundários do campeonato grego. Mesmo assim, e afastado da ribalta, o jovem atleta conseguiria despertar a curiosidade de um dos clubes com maior tradição na Grécia. O PAOK acabaria por não resistir às suas qualidades e a transferência consumar-se-ia a meio da temporada de 1992/93.
Apesar de estreante na alta-roda do futebol, a sua adaptação ao escalão máximo acabaria por ser célere. Incapaz de virar as costas a uma disputa, o trinco, com o seu estilo guerreiro, rapidamente conquistaria um lugar no seio do plantel. Titular no sector intermediário do PAOK, rapidamente se percebeu que o seu horizonte estava muito para além do clube sediado em Salónica. A prova dessa evolução, ficaria registada com a sua primeira chamada à selecção principal. Depois, já como capitão de equipa e um dos grandes ídolos da massa adepta, veio o interesse de outros campeonatos.
A mudança para Inglaterra aconteceria pela mão do “manager” Martin O’Neill. No Leicester desde a segunda metade de 1997/98, Zagorakis acabaria por não ser tão influente quanto o esperado. Mesmo sem conseguir impor o seu futebol, o internacional grego haveria de dar contributo para algumas das metas alcançadas pelo emblema. As finais granjeadas, em duas edições consecutivas da Taça da Liga, seriam exemplo disso mesmo. Na primeira, em 1998/99, o Leicester, ao defrontar o Tottenham, acabaria por perder o derradeiro desafio. Já no ano seguinte, numa vitória frente ao Tranmere Rovers, Zagorakis conseguiria o primeiro grande título da sua vida.
Por falar em troféus, a maior distinção que o atleta alcançaria, haveria de ser obtida com a camisola do seu país. Muito para além das 120 internacionalizações, recorde entretanto batido por Karagounis, Zagorakis ficará na história por ter participado num dos maiores feitos desportivos do seu povo. Ora, em 2004, haveria de ser ele que, no Europeu disputado em Portugal, capitanearia os seus companheiros. Reconhecido líder, o médio guiaria a Grécia num caminho que, de surpresa em surpresa, findaria com o troféu de campeão nas suas mãos – “Em vez de estarmos cansados, começámos a crescer no relvado e ficou claro que queríamos muito a vitória. Fomos pressionados, principalmente nos últimos minutos. Mas mantivemos a calma, nunca nos rendemos. E depois, quando o árbitro apitou para o final, foi como se a luz se apagasse... mais uma branca na minha memória... o sorriso tolo constantemente no meu rosto, nem sei por quanto tempo... momentos incríveis”*.
Após a final vencida frente a Portugal, a UEFA elegê-lo-ia como o “Melhor Jogador do Europeu”. Nessas conquistas, Zagorakis conseguiria um novo fôlego para o seu trajecto profissional. Com a barreira dos 30 anos já bem ultrapassada, o centrocampista transferir-se-ia para o “Calcio”. Saindo do AEK de Atenas, emblema pelo qual tinha vencido a Taça da Grécia, o jogador acabaria por assinar pelo Bologna.
A sua passagem por Itália apenas duraria um ano. Findo o mesmo, o médio, perante a aclamação de milhares de fãs, voltaria ao seu país. No entanto, nesse regresso ao PAOK, encontraria o emblema perante um contexto periclitante. Reconhecendo a seriedade da situação, Zagorakis, após completar uma derradeira época em 2006/07, decide pôr um ponto final na sua vida de desportista. Logo de seguida, abraça novo desígnio e candidata-se à liderança do clube.
Seria já como Presidente que, entre outras resoluções, contrataria Fernando Santos para treinador. As medidas que, entretanto, foi pondo em prática, começariam a encaminhar o PAOK para um cenário menos cinzento. Ainda assim, a venda de Vieirinha para o Wolfsburg a meio da temporada de 2011/12, seria vista pelos adeptos como algo de descabido. Após os mais variados protestos, Zagorakis, entendo ser essa a melhor decisão, acabaria por apresentar a demissão.
Nos últimos anos, o antigo capitão da equipa nacional grega tem-se mantido afastado do futebol. Contudo, ingressaria na política pela mão do Partido “Nea Dimokratia” (Nova Democracia). Em 2014, o seu nome faria parte das listas candidatas a um lugar no Parlamento Europeu. Eleito, o ex-futebolista é hoje um dos deputados com assento em Estrasburgo.


*retirado do artigo em www.uefa.com, a 15/05/2012

652 - NUNO GOMES

Nuno Ribeiro de registo, escolheria para completar seu nome o apelido do seu ídolo de infância, o goleador Fernando Gomes. É então, como Nuno Gomes que o atacante ficaria conhecido. Nesse caminho, o da fama, desde muito cedo começou a dar passos em concreto. Com um trajecto invejável nas selecções de formação do nosso país, o atleta passaria pelos certames mais importantes das camadas jovens. A vitória no Europeu S-18 de 1994 ou o 3º posto conseguido no Mundial S-20 do ano seguinte, seriam os primeiros capítulos de uma carreira cheia de sucessos.
Ora, o que ia conseguindo no Boavista, a par do que ia alcançando com a “camisola das quinas”, levava a crer que o seu futuro estava assegurado. Com faro para o golo, mas, principalmente, com uma leitura de jogo capaz de proporcionar aos seus colegas perigosas desmarcações, Nuno Gomes ia galgando metas. Quem não deixaria de reparar na sua evolução, seria Manuel José. Tinha o atacante 18 anos de idade, quando o treinador o chama para trabalhar com o plantel principal. Essa época de 1994/95, a da sua “promoção”, acabaria por ter algumas curiosidades. Logo na estreia com a camisola sénior, numa partida para a Taça UEFA, Nuno Gomes faz um golo; depois, no final dessa mesma temporada, chega o título de Campeão, com os “axadrezados” a vencer o Nacional de Juniores.
Após participar nos Jogos Olímpicos de 1996, a cotação de Nuno Gomes subiria ainda mais. O “namoro” de clubes de outra monta, tornava difícil a sua continuidade no Bessa. Nesse sentido, a sua saída do Boavista aconteceria após a vitória na Taça de Portugal de 1996/97. Tendo conseguido essa vitória frente ao Benfica, seria na “Luz” que avançado daria continuidade ao seu percurso como profissional. Já ao serviço das “Águias”, Nuno Gomes pegaria de estaca. Titular em quase todas as partidas, o avançado conquistaria técnicos e massa adepta.
Apesar de proliferas em termos de golos, as épocas que se seguiriam, não trariam ao avançado qualquer título. No entanto, o trabalho efectuado pelo clube, abrir-lhe-ia, em definitivo, as portas da selecção principal. É já como um dos indiscutíveis nas convocatórias, que Nuno Gomes é chamado ao Euro 2000. No torneio organizado entre a Bélgica e a Holanda, o ponta-de-lança é um dos que mais se destaca. Portugal, comandada por Humberto Coelho, acabaria por ser travada nas meias-finais pela França. Nesse jogo, que terminaria num polémico “penalty”, o jogador acabaria expulso. O cartão vermelho, por ter empurrado o árbitro da partida, valeria ao atleta uma pesada sanção. Ainda assim, Nuno Gomes terminaria essa participação, com o seu nome inscrito no “onze” ideal do certame.
As boas exibições conseguidas no Campeonato da Europa, valeriam a sua transferência para o “Calcio”. Logo na temporada de estreia, Nuno Gomes ajudaria a Fiorentina a erguer a Taça de Itália. Contudo, e se no plano desportivo as coisas nem pareciam correr muito mal, financeiramente o clube atravessava uma fase conturbada. No final do Verão de 2002, revela-se o destino dos “Viola” e o emblema da cidade de Florença declara falência. Decorrente de tal destino, todos os jogadores do plantel da Fiorentina ficam livres para, sem qualquer contrapartida para o clube, negociarem o seu futuro. Com o Sporting também interessado no seu concurso, Nuno Gomes, pela mão do empresário José Veiga, volta ao Benfica.
Em boa hora aconteceria o seu regresso. Com os “Encarnados” de regresso à senda dos triunfos, Nuno Gomes haveria de ter um papel primordial na conquista da Taça de Portugal de 2003/04, na Primeira Liga de 2004/05 e na Supertaça da época seguinte.
Já a contratação de Jorge Jesus para técnico principal, traria nova senda de vitórias ao palmarés do Benfica. Contudo, e apesar do sucesso colectivo, o paradigma do avançado havia mudado um pouco. Com a chegada de Óscar Cardozo e, mais tarde, de Javier Saviola, as oportunidades para Nuno Gomes começaram a escassear. Ainda assim, por essa altura, o avançado era o dono da braçadeira de capitão e a sua importância para equipa, como ficaria provado na conquista de mais 1 Campeonato e de 3 Taças da Liga, mantinha-se bastante relevante.
Em 2011, quando terminou o contrato com o Benfica, também o seu nome já há muito não era adicionado às convocatórias da selecção. Por Portugal, registo feito às suas participações nos Mundiais de 2002 e 2006. Já no que diz respeito aos Europeus, para além do que acima já foi referido, Nuno Gomes conta ainda com presenças nas edições de 2004 e 2008. Esses 3 torneios, a par de Cristiano Ronaldo, fazem dele o atleta com mais partidas disputadas e com mais golos marcados pela equipa “lusa”, em fases finais.
O Sp. Braga e, de seguida, os ingleses do Blackburn Rovers marcariam as últimas etapas de Nuno Gomes, enquanto futebolista. Depois de abandonar os relvados, dar-se-ia o regresso ao emblema que mais marcou a sua carreira. Outra vez ao serviço do Benfica, o antigo internacional tem vindo a ocupar diversos cargos de dirigente.

651 - VAN DER SAR

Tendo começado numa posição de campo, a lesão de um dos seus colegas de equipa fez com o seu treinador o testasse a guarda-redes. É fácil adivinhar que a experiência foi bem sucedida e, desde esse momento, o miúdo Edwin van der Sar nunca mais abandonaria a defesa da baliza.
Já depois de ter terminado a sua formação, é no mesmo VV Noordwijk que faz a estreia pelos seniores. Mesmo a militar nas divisões inferiores do campeonato holandês, as exibições de van der Sar acabariam por fazer eco um pouco mais acima. Louis van Gaal, por essa altura adjunto de Leo Beenhakker, decide apurar a veracidade desses rumores. Impressionado com as qualidades do guardião, o técnico trataria da transferência e o atleta muda-se para o Ajax.
Na equipa de Amesterdão, nessa temporada de 1990/91, van der Sar começaria por ocupar o lugar de suplente. Tapado pelo internacional Stanley Menzo, o jovem ia aproveitando as oportunidades que lhe eram dadas. Pacientemente, o guarda-redes ia aguardando. Esperaria cerca de duas épocas e meia, até que, finalmente, o seu estatuto no seio do plantel sofre a merecida alteração.
A longa espera acabaria por trazer os seus frutos. Com a temporada de 1992/93 a decorrer, van der Sar consegue atingir a titularidade. Esse ano, ele que já fazia parte do grupo aquando da vitória na Taça UEFA de 1991/92, traria ao seu currículo o primeiro título doméstico. Depois dessa Taça da Holanda, seguir-se-iam um rol enorme de conquistas. Por entre 4 Campeonatos e mais 3 Taças, o destaque, como é lógico, terá de ir para a conquista da Liga dos Campeões de 1994/95.
Com um grupo recheado de jovens valores – Overmars; Frank de Boer; Ronald de Boer; Kanu; Davids; Kluivert; Litmanen – e capitaneado pelo veterano Frank Rijkaard, o Ajax, nessa que é a grande montra do futebol europeu, estaria imparável. Nem Bayern de Munique, eliminado nas meias-finais, nem o AC Milan, derrotado na derradeira partida, fariam frente a tamanha força. Um dos grandes responsáveis por tal caminhada, seria van der Sar, que, eleito pela UEFA, acabaria a época como o “ Melhor Guarda-Redes da Europa”.
A segurança que mostrava fora dos postes, tal como as felinas defesas que fazia entre estes, só tinham equiparação com a sua inteligência. Dotado de uma técnica invulgar para alguém da sua posição, van der Sar, por inúmeras vezes, chamava a si a responsabilidade de começar as jogadas de ataque. Todas essas qualidades individuais, a juntar aos títulos colectivos que foi coleccionando com as cores do Ajax, levariam a que Juventus fizesse uma proposta pelos seus préstimos. Consumado o acordo, a transferência para a equipa que, anos antes (1995/96), havia roubado ao jogador a sua segunda “Champions”, ocorreria no Verão de 1999.
Apesar da titularidade, e com excepção para a Taça Intertoto vencida no ano de estreia, a passagem de van der Sar pelo “Calcio” seria pobre em termos de êxitos. Esse factor, aliado à contratação de Buffon, levaria a que o guardião deixasse a “Vecchia Signora”, dois anos após a sua chegada.
Surpreendentemente, e sendo ele um dos melhores a nível mundial, o emblema que se seguiria, acabaria por ser o Fulham. A, longa demais, passagem pelos londrinos, poderia bem ser caracterizada como uma espécie de interlúdio. Essas 4 temporadas com o emblema de Craven Cottage, serviriam, apenas, para fazer ver a Sir Alex Ferguson que ali estava um bom elemento para juntar ao seu balneário. A valorização que o futebolista traria ao grupo de trabalho do Manchester United, acabaria por ficar bem evidente. O resultado dessa união, seria a adição de uma série de troféus, tanto à carreira do jogador, como às vitrinas do clube.
Tendo conseguindo ganhar por 4 vezes a “Premier League”, e a essas vitórias, entre outros sucessos, juntar nova conquista na Liga dos Campeões (2007/08), à carreira de van der Sar só faltou um título com a camisola do seu país. No entanto, mesmo sem vencer um Europeu ou Mundial de selecções, pela equipa nacional holandesa, o atleta conseguiria ultrapassar inúmeras metas. Nesse sentido, o guarda-redes é o futebolista com mais internacionalizações pela Holanda. Já no que diz respeito a fases finais, van der Sar marcaria presença nos Mundiais de 1994 e 1998, para nos Europeus fazer parte dos convocados em 1996, 2000, 2002 e 2004. Como curiosidade, esses 4 Campeonatos da Europa, fariam de van der Sar, a par do espanhol Iker Casillas, o guardião com mais jogos (9) sem sofrer qualquer golo.
Após ter encetado a sua “reforma” no final da temporada de 2010/11, eis que, já no decorrer da actual época (2015/16), algo mudaria na vida do antigo atleta. Com o seu primeiro clube, o VV Noordwijk, a sofrer uma onda de lesões, o convite do Presidente fá-lo-ia retirar as luvas da gaveta!!! Por um jogo apenas, van der Sar voltaria aos relvados. Essa partida frente ao Jodan Boys, acabaria num empate. Ainda assim, o guarda-redes teria oportunidade de brilhar, defendendo uma grande penalidade.

650 - KARAGOUNIS

Tendo feito e terminado a sua formação como jogador do Panathinaikos, Karagounis, na transição para o nível sénior, acabaria por ser cedido ao Apollon Smyrnis. Seria durante o período de empréstimo, que o atleta, na ainda curta carreira, mereceria o primeiro grande destaque. Convocado para o Europeu S-21 de 1998, o médio, ao capitanear e participar em todas as partidas da sua selecção, ajudaria a Grécia a conseguir a medalha de prata.
O regresso ao Panathinaikos na época de 1998/99, dar-se-ia dois anos após a sua partida. Médio ofensivo que, apesar de todas as qualidades como pensador de jogo, era incapaz de virar as costas a uma disputa de bola, rapidamente começaria a ganhar lugar no plantel dos atenienses. Contudo, e apesar de estar inserido numa equipa que lutava pelos lugares cimeiros das competições internas, os títulos, com os rivais do Olympiacos a tomarem a dianteira, teimavam em não aparecer. Apesar desta escassez, as participações nas competições europeias, com enfase para a Liga dos Campeões, seriam suficientes para que Karagounis começasse a merecer todo o tipo de elogios. É nesse evoluir, que da Serie A italiana começam a aparecer os primeiros interessados no seu concurso. Quem haveria de tomar a dianteira, materializando esse interesse na forma de contrato, acabariam por ser os milaneses do Inter.
A sua estreia no “Calcio” acabaria por não trazer tão bons resultados, quanto o projectado. Ainda assim, e apesar de não conseguir a sempre almejada titularidade, Karagounis terminaria essa temporada de 2003/04, com um dos maiores sucessos da sua carreira. Com a principal selecção grega, ele que que tinha conseguido a primeira internacionalização em 1999, haveria de viajar para Portugal. No Euro 2004, logo no jogo de abertura, e ao marcar o golo que derrotaria a nossa selecção, dá o primeiro passo para algo inédito. Já na derradeira partida do torneio, mais uma vez frente à “Equipa das Quinas”, Karagounis, por estar castigado, haveria de estar ausente. Contudo, seria testemunha da maior proeza do futebol helénico e gravaria o seu nome no rol de campeões do Europeu de futebol.
A vitória pela Grécia acabaria por dar novo alento ao seu rumo no clube. No entanto, a temporada que se seguiria em pouco, ou nada, seria diferente da anterior e, no final da mesma Karagounis deixaria o Internazionale.
É já com a Taça de Itália na bagagem, que o médio chega ao Benfica. Nas 2 épocas que passaria de “Águia” ao peito, Karagounis volta a desempenhar um papel importante. Tanto nas provas nacionais, mas principalmente nas competições da UEFA, a dinâmica que traria à equipa, ajudaria os “Encarnados” à chegar a patamares bem altos.
Mesmo como um dos mais bem cotados no plantel do Benfica, Karagounis, no Verão de 2007, toma a decisão de voltar à Grécia. Nesta segunda passagem pelo plantel principal do Panathinaikos, o médio, finalmente, conseguiria os títulos que tanto perseguia. O Campeonato de 2009/10 e a Taça conquistada no decorrer dessa mesma temporada, acabariam por engrossar o currículo do grego.
Apesar de passagens bem sucedidas em termos clubísticos, o grande destaque na carreira de Karagounis, até pelo que já acima foi referido, acabariam por ser os momentos vividos com a equipa nacional. Com participações nos Europeus de 2004, 2008 e 2012, o centrocampista quebraria um curioso recorde. As 8 admoestações conseguidas durante essas três participações, fazem dele o futebolista com mais cartões em fases finais!!!
O ano de 2014, numa altura em que alinhava pelo Fulham, marcaria o fim da sua carreira desportiva. Convocado por Fernando Santos, que já tinha sido seu treinador no Panathinaikos e no Benfica, Karagounis faria o último jogo da sua carreira no Mundial organizado pelo Brasil. Depois disso, aceitaria o convite da Federação do seu país e assumiria o cargo de Director para o futebol.

649 - VASTIC

Nascido antes do desmembramento da antiga Jugoslávia, Vastic daria os primeiros passos no futebol sénior ao serviço do RNK Split. Com o começo, no início dos anos 90, do conflito armado nos Balcãs, o jovem atacante procuraria refazer a sua vida na Áustria. Mesmo tendo apenas jogado nas divisões secundárias do seu país, o First Vienna, reconhecendo as suas habilidades, abrir-lhe-ia as portas para um recomeço.
Os primeiros anos após a sua chegada à Áustria, acabariam por caracterizar-se pelas constantes mudanças de emblema. Jogando sempre no mais alto escalão daquele país, Vastic, em franca ascensão, jogaria também por St.Pölten e Admira Wacker.
Seria já depois de uma, não tão bem sucedida, passagem pela “Bundesliga” alemã (Duisburg), que o rumo da sua carreira conheceria uma mudança espantosa. Contratado pelo Sturm Graz na época de 1994/95, Vastic, vertiginosamente, atinge o estatuto de “estrela”. A sua primeira grande distinção, consegui-la-ia ao ser eleito o “Jogador do Ano” de 1995. Ainda no decorrer dessa mesma temporada – 1995/96 – mais dois momentos marcantes. Em Março de 1996, já depois de conseguida a naturalização, faz a estreia pela selecção da Áustria. Depois, em mais um título individual, a sua glorificação como o goleador máximo da Liga austríaca.
A ligação que foi mantendo com o clube, em todos os aspectos, traria óptimos resultados. Colectivamente, os golos de Vastic ajudariam a vencer diversos troféus. Um bi-campeonato (1997/98; 1998/99), 3 Taças e 2 Supertaças, acabariam por ser o reflexo maior dessa parceria. Também para o atleta, mais uma série de aclamações. Para além do referido, Vastic, em mais três ocasiões, acabaria por repetir o título de “Jogador do Ano”. Já em 1999/00, mais uma conquista, com o prémio de Melhor Marcador a engrossar o seu currículo.
As suas chamadas à equipa nacional, acabariam por dar ainda mais cor ao seu trajecto desportivo. Num percurso que contaria com meia centena de internacionalizações, Vastic disputaria os maiores desafios consagrados à modalidade. Depois de ter jogado o Mundial de 1998, a sua participação num Europeu de futebol aconteceria passados cerca de 10 anos. Numa altura em que o fim da sua carreira estava à vista, o avançado, surpreendentemente, é convocado para o torneio co-organizado pela Áustria e Suíça. No dito certame, sem nunca sair da condição de suplente, consegue quebrar um feito que já durava há quase década e meia. Ao marcar no embate frente à Polónia, Vastic, que contava 38 anos e 257 dias, tornar-se-ia, batendo o recorde de Nené no Euro 84, no futebolista mais velho de sempre, a marcar numa fase final.

648 - TRAPATTONI

Ainda muito novo, Trapattoni junta-se às camadas de formação do AC Milan. É nos “Rossoneri” que faz quase toda a sua carreira como jogador. Durante todos esses anos, muito mais do que acumular alguns troféus, consegue, com o futebol praticado, conquistar os adeptos e responsáveis da modalidade. Chega a internacional pela Itália e, tanto com a camisola azul, como com o listado vermelho e preto, o atleta pisaria os maiores palcos da modalidade.
Tinha poucas épocas no principal plantel do Milan, quando o seu nome é acrescentado à lista de convocados para disputar os Jogos Olímpicos de 1960. Mesmo tendo falhado a medalha de bronze, na derrota por 1-0 frente à Hungria, o torneio discutido em Roma, serviria para lançar uma carreira cheia de momentos inesquecíveis. Nesse sentido, não tardaria muito para que, ao serviço do clube, levantasse o seu primeiro “Scudetto”. Essa temporada de 1961/62, traria outra prenda a Trapattoni, e o jogador acabaria por marcar presença no Mundial do Chile.
Passado sensivelmente um ano sobre a sua chamada ao Campeonato do Mundo, mais um “pequeno” acrescento para o percurso do médio. Frente a um Benfica comandado pelo chileno Fernando Riera, o Milan, com Trapattoni no “onze” inicial, apresenta-se em Wembley. No final do encontro, 2-1 no “placard”. Essa vitória, destronando aquela que era a equipa bicampeã, traduzir-se-ia na primeira Taça dos Campeões Europeus vencida pelo futebolista italiano.
Se essa disputada em 1963 foi a primeira, a segunda chegaria uns anos mais tarde. A Taça dos Campeões Europeus de 1968/69, acabaria por intercalar mais um par de sucessos do Milan. Tendo derrotado o Hamburgo, a Taça dos Vencedores das Taças de 1967/68, seria o primeiro troféu dessa senda de conquistas. Depois, viria o tal embate com o Ajax de Johan Cruijff. Por fim, já na temporada de 1969/70, a conquista da Taça Intercontinental.
Se àquilo que já referi, juntarmos mais um Campeonato (1967/68) e uma “Coppa” de Itália (1966/67), temos, desse modo, um sumário daquilo que foi, enquanto futebolista, a carreira de Trapattoni. No entanto, se agora quiser resumir tudo o que o italiano foi como treinador, o trabalho será, subsequentemente, bem maior.
Ora, após “pendurar as chuteiras” ao serviço do Varese, a “Velha Raposa”, alcunha que ganharia anos mais tarde, encetaria o seu trajecto como técnico. Nesse sentido, nada melhor do que começar a caminhar num lugar seguro, ou, se assim quisermos, numa casa, por si, bem conhecida. É no AC Milan que, então, começa a desenvolver as suas qualidades de treinador. Todavia, e se no clube que o acompanhou a vida toda, Trapattoni daria os primeiros passos, a sua afirmação nestas novas funções consegui-la-ia noutro dos colossos transalpinos. A mudança para a Juventus guiá-lo-ia, logo nessa temporada de 1976/77, ao primeiro troféu. A conquista da Serie A, seria um prenúncio do que estava para vir. Nos 10 anos que se seguiriam muitos foram os craques que passariam pelas suas mãos. Nomes como os de Cabrini, Scirea, Bettega, Tardelli, Dino Zoff, Platini, Paolo Rossi, Boniek seriam a base para a conquista de uma incrível série de títulos. Com 6 “Scudettos”, 1 Taça dos Campeões Europeus, 1 Taça UEFA, 1 Taça Intercontinental, 1 Supertaça Europeia e, conquistada frente ao FC Porto, 1 Taça dos Vencedores das Taças, Trapattoni, em meados dos anos 80, já era um dos mais conceituados treinadores do Mundo!!!
Mas se, para alguns, mudança é sinónimo de instabilidade e fracasso, para Trapattoni “novo clube”, em grande parte dos casos, significaria continuidade no trilho das conquistas. É assim que as passagens pelo Inter de Milão, Bayern de Munique ou Red Bull Salzburg seriam aclamadas pelo sucesso. Destaque, também, para a sua estadia em Lisboa. Durante esse ano, conseguiria aquilo que em 11 anos, nenhum outro treinador havia alcançado. As “Águias” sagrar-se-iam Campeãs Nacionais em 2004/05 e o técnico italiano, como recordaria o Presidente Luís Filipe Vieira, ficaria para sempre na história benfiquista - “O senhor Trapattoni foi um pai para o grupo de trabalho e também para mim. Terá sempre uma porta bem aberta no Benfica”*.
No que diz respeito à sua carreira como treinador, faz falta, igualmente, fazer referência às suas passagens pelo comando técnico de algumas selecções. Apesar de, tanto pela Itália, como pela República da Irlanda, os números não terem ditado os êxitos que conseguiria a nível dos clubes por onde andou, ressalva para um pormenor. Esse detalhe prende-se com o apuramento para o Euro 2012. No torneio disputado entre a Polónia e a Ucrânia, Trapattoni tornar-se-ia no treinador mais velho de sempre, a orientar um jogo numa fase final.

 
*retirado de “Correio da Manhã”, a 01/06/2005

647 - EURO 84

Nunca tendo estado presente numa única fase final, e com um grupo de qualificação composto pelas congéneres da Finlândia, Polónia e da poderosa União Soviética, Portugal, aquando do sorteio (lembramos que só passavam os primeiros), era tudo menos favorito à presença no Euro 84.
Os dois primeiros embates, com duas vitórias – 0-2 na Finlândia; 2-1 na recepção à Polónia – acabariam por ser um bom arranque e, acima de tudo, por trazer algum ânimo à nossa selecção. Contudo, para 27 de Abril de 1983 estava marcado o mais difícil de todos os desafios. Em Moscovo, os comandados de Otto Glória, acabariam por ser destroçados por uma União Soviética que, nas suas fileiras, contava com nomes como os de Blokhin, Dasaev, Baltacha ou Bessonov. Ainda assim, e apesar da esperada derrota, os números que preencheriam o “placard” seriam tudo menos normais. Os 5-0, denotando alguma ansiedade e, porque não dizê-lo, uma boa dose de inexperiência, acabariam por ser pesado castigo para Portugal.
Na sequência de tal fracasso, viria a demissão do técnico brasileiro. Sem um nome para substituir Otto Glória, os responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol saem-se com uma solução, no mínimo, curiosa. Aproveitando os adjuntos, Portugal passa a ter, não um, mas quatro treinadores!
Seria essa Comissão Técnica, composta por Fernando Cabrita, José Augusto, António Morais e Toni, que comandaria a “Selecção das Quinas” na metade final do apuramento. Apesar de esta solução, relativamente à sua exequibilidade, ter causado algumas dúvidas, a verdade é que tudo sairia da melhor maneira. Mais uma vez, os dois primeiros jogos dessa segunda volta, trariam duas vitórias a Portugal. Contudo, e depois do sucesso alcançado na deslocação à Polónia, que, caso não se lembrem, tinha conseguido o 3º lugar no Mundial de 1982, faltava defrontar o líder do grupo.
A 13 de Novembro de 1983, estava marcado esse desafio que iria resolver quem, dentro do Grupo 2, iria merecer a viagem até França. Num Estádio da “Luz” esgotado, as probabilidades apontadas à selecção portuguesa, davam como certa a qualificação da URSS. No entanto, Fernando Chalana haveria de provar que esses números, de tão científicos, estavam errados. À beira do intervalo, numa arrancada começada bem longe da baliza adversária, o extremo flete da direita para o centro do terreno. Centímetros antes de entrar na grande-área, é rasteirado. O jogador estatela-se; ouve-se o apito; o árbitro aponta para o local da marcação e… assinala grande penalidade!!!
Para a marcação do castigo máximo apresenta-se Jordão. O avançado pousa a bola e nada, nem a tentativa do capitão soviético, Aleksandr Chivadze, consegue distrair o atleta. Jordão, com um à-vontade desconcertante, avança para a bola; Dasaev lança-se para a esquerda do atacante… e a bola entra no sentido oposto!!!
Portugal estava no Europeu de Selecções!!! Ainda sob o comando do tal “quarteto”, aos “Patrícios”, calha em sorte Alemanha, Espanha e Roménia. Sob a atenção dos jornalistas estrangeiros, perante a invulgar Comissão Técnica, as investidas da imprensa sucedem-se. Quem, por essa altura, também era presença assídua nos jornais, era Anabela. Muito requisitada, a esposa de Chalana, à sua maneira, também conseguiria tornar-se numa “estrela” da selecção!
Curiosidades à parte, e com a bola já a rolar em campo, Portugal consegue empatar os dois primeiros encontros. A Roménia, onde László Bölöni era um dos craques, acabaria por ficar para o fim. O terceiro jogo da fase de grupos, contrariando, mais uma vez, todas as apostas, daria a Portugal a vitória e a passagem às meias-finais. O dito encontro, oferecer-nos-ia a possibilidade de, frente à França, fazer um pouco de história. No entanto, uma equipa onde nomes como Platini, Tigana, Giresse eram só alguns dos melhores futebolistas da altura, a tarefa, nem de longe, parecia fácil. Mas aquilo que poucos sonhariam, esteve prestes a acontecer!
Portugal, sem se importar com os nomes que tinha pela frente, entra no Vélodrome de Marselha de forma destemida. Depois de sofrer um golo aos 24 minutos, não se deixa cair e, praticando um bom futebol, chega ao empate aos 74. O golo de Jordão leva a partida para prolongamento. Logo no início, o avançado luso volta a acertar na baliza de Joël Bats e Portugal toma a dianteira da eliminatória. Aí, começa o contra-ataque gaulês e uma exibição excepcional de um Manuel Bento “feito de borracha”!!! Ainda assim, toda a bravura “lusa” seria insuficiente para parar uma França que contava com o apoio do público. O defesa Domergue, repetindo o golo do tempo regulamentar, e Platini, acabariam por ser os carrascos de um sonho que se desmoronaria aos 119 minutos.
Para trás ficaria um terceiro lugar que nos orgulharia; por essa Europa fora, revelaríamos à modalidade, onde Chalana teria a maior das atenções, nomes de grandes futebolistas; no fim ainda teríamos o consolo de ver João Pinto, como o melhor defesa direito, nomeado para o “onze” ideal do torneio.

EURO E AS CURIOSIDADES

Lembra-se qual foi a primeira fase final de um Europeu, em que Portugal marcou presença? E o treinador mais velho a orientar uma equipa? Já agora, sabe qual foi guardião a sofrer mais golos num só torneio e num só jogo? Então, não perca o mês de Abril, o “Euro e as curiosidades”.