325 - MANUEL JOSÉ

Ainda não endoideci de vez! Sei perfeitamente a nacionalidade de Manuel José. Porém, convenhamos, há um português que também pode ser considerado um pouco africano e esse é o técnico algarvio!
O que põe Manuel José no rol de personalidades apresentadas durante este mês, não é o facto de grande parte da sua carreira, e das suas conquistas, ter sido feita ao serviço dos egípcios do Al-Ahly. Como devem estar recordados, o treinador teve a seu cargo a equipa nacional de Angola, quando esta participou na CAN organizada no país dos "Palancas Negros". No entanto, mesmo com prestação dos angolanos no certame de 2010, quando muitos sonhavam com a vitória no torneio, a levá-los apenas aos quartos-de-final, a verdade é que grande parte da sua caminhada como técnico tem sido pautada por grandes sucessos.
Vamos começar um "pouco" antes. Aos 16 anos, um jovem algarvio, médio, chega ao Benfica. Faz aí o resto do seu percurso de formação e naturalmente, após de um ano nas "reservas", começa por ser emprestado. Depois do Sporting da Covilhã e do Varzim, a temporada de 1967/68 no Belenenses, começa a mostrar um jogador suficientemente maduro para, aos olhos do treinador "encarnado" Otto Glória, ingressar no plantel das "Águias" da época seguinte. É assim que, na temporada de 1968/69, apenas alguns minutos em campo, dão o primeiro título a Manuel José - "Joguei mesmo mal. Devo ter sido assobiado pelo público, mas disso nem me lembro (...). Em Abril, acabou o Campeonato e o Benfica fez a festa. A Direcção telefonou-me então para o quartel de Queluz, onde fazia a tropa, a convidar-me para ir receber a medalha de campeão, mas eu não fui. Ia lá fazer o quê? Então joguei 19 minutos, e mal, e ia receber a medalha?"*.
Dispensado do Benfica, a sua carreira começou, a partir dessa altura, a vogar por clubes de menor monta. Talvez por essa razão, apenas com 32 anos e depois de ter envergado as camisolas do União de Tomar, Farense, Beira-Mar e Sporting de Espinho, Manuel José, sem sair dos “Tigres da Costa Verde”, decide encetar a vida como treinador.
Foi o protagonismo ganho no cumprimento das funções de técnico de futebol que, hoje em dia, faz dele um dos nomes mais respeitados da modalidade, a nível mundial. Para isso muito contribuem o rol de títulos conquistados, 23 para ser mais exacto, dos quais podemos destacar, os 6 Campeonatos egípcios, as 4 Ligas dos Campeões Africanos e as 4 Supertaças do mesmo continente, todos ao serviço do já referido Al-Ahly. Claro que, para além do que foi vencendo durante a diáspora, é impossível esquecer todo o trabalho feito, na década de 1990, com as cores do Boavista. Durante os aludidos anos ganhou a Taça de Portugal de 1991/92 e a edição de 1992/93 da Supertaça Cândido de Oliveira. Todavia, há que sublinhá-lo, categoricamente, como o homem que lançou os “Axadrezados” na senda da vitória no Campeonato Nacional.

*retirado do livro “101 Cromos da Bola” (Lua de Papel), de Rui Miguel Tovar (2012)

3 comentários:

T-Rex disse...

Manelzéi é um craque dos bancos. Em Portugal não teve foi a sorte (nem as ajudas) que fazem de outros treinadores grandes ídolos.

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Acho que o grande azar dele, foi, e continua a ser, o de sempre ser fiel ao que acredita e de nunca se vergar, nem deixar dizer o que pensa, por nada nem por ninguém.

A.G.F.A.A. disse...

Fixa do Manel Zéi
http://algarvalentejo.blogspot.com.br/2008/12/manuel-jos.html