1175 - NARCISO

Nascido na cidade de Setúbal, seria no Vitória Futebol Clube que, ao entrar para os patamares de formação, Narciso começaria a caminhada no futebol. Já na temporada de 1972/73, promovido pelo treinador José Maria Pedroto, o jovem atleta estrear-se-ia na equipa sénior do emblema sadino e, por conseguinte, na 1ª divisão. No entanto, apesar de ser uma aposta para o futuro da equipa, demoraria uns quantos anos até conseguir afirmar-se como um elemento com alguma preponderância. Tal aconteceria na época de 1976/77, depois de um empréstimo ao Torreense, de um regresso de curta duração ao Estádio do Bonfim e da experiência nos canadianos do Toronto Italia.
A partir da segunda metade da década de 70, Narciso surgiria no esquema táctico do Vitória de Setúbal com regularidade. Durante 4 anos, o médio, que cumpria tanto em funções defensivas, como nas manobras de construção de jogo, tornar-se-ia num dos elementos mais importantes do plantel sadino. Nesse sentido, seria com alguma surpresa que os adeptos veriam o jogador deixar o clube para, na Margem Sul do Rio Tejo, abraçar outro projecto. No Amora, onde trabalharia com outro ilustre setubalense, o treinador Mourinho Félix, para além de manter a titularidade, aperfeiçoaria a sua “veia goleadora”. Ao pautar-se como um dos bons intérpretes dessa temporada de 1980/81, receberia o convite do Vitória de Guimarães para rumar ao Minho e, já na “Cidade Berço”, voltaria a encontrar-se com José Maria Pedroto.
Após envergar as cores do conjunto vimaranense, onde nunca conseguiria impor-se como um elemento indiscutível, Narciso continuaria a alimentar um percurso que, de algum modo, tinha começado a caracterizar-se pela constante mudança de clubes. Depois de, em dois anos, ter vestido a camisola de dois emblemas diferentes, o centrocampista, nessa senda mais errática, regressaria ao Vitória de Setúbal para a derradeira temporada primodivisionária, passaria pelo Benfica de Castelo Branco e, a seguir à aventura albicastrense, aceitaria o desafio daquela que viria a tornar-se na sua última colectividade enquanto futebolista profissional.
Terminada a ligação ao Torralta na segunda metade da década de 80, Narciso, formado em Educação Física e com o 4º nível do Curso de Treinadores, iniciaria o seu trajecto enquanto técnico. Durante vários anos, seria adjunto de Quinito. Como “braço direito” do seu conterrâneo, passaria por diferentes emblemas, casos do Sporting de Espinho, Marítimo, Portimonense, União de Leiria e, quase de forma inevitável, pelo Vitória Futebol Clube. No entanto, seria noutra variante da modalidade que viria a ter grande sucesso. Ao aceitar o desafio do emblema sadino para comandar o conjunto dedicado à vertente de praia, por certo, jamais adivinharia a glória destinada ao seu trajecto. A verdade é que logo no ano de estreia à frente do listado vertical verde e branco, levaria os seus discípulos à conquista da edição de 2008 da Liga Nacional. Repetiria o feito em 2010 e, em 2013, ao rubricar o contrato para ocupar o cargo de seleccionador nacional, subiria mais um degrau na carreira. À frente de Portugal, o seu trabalho levaria a “Equipa das Quinas” a grandes glórias e entregaria aos escaparates da Federação os troféus referentes às vitórias dos Campeonatos do Mundo de 2015 e 2019, 4 Ligas Europeias, 1 Jogos Europeus de Praia, entre outros prestigiados certames. Para além disso, seria eleito como o Melhor Treinador do Mundo em 2015 e 2016.

1174 - IDALÉCIO

Começaria por praticar diversas modalidades, como o basquetebol, a natação ou o ténis. Todavia, o futebol era a sua grande paixão e, entre o Montijo da sua meninice e a mudança para o Algarve, acabaria por frequentar as “escolas” de diferentes colectividades. Nessa caminhada, o Louletano surgiria como a derradeira etapa formativa do defesa e o passo para a subida a sénior. A tal promoção, por empréstimo, acabaria por acontecer ao serviço do Almancilense. Regressaria depois ao emblema de Loulé e, com uma internacionalização pela selecção sub-18 de Portugal a embelezar-lhe o currículo, o seu nome começaria a ser cogitado por emblemas de ambições maiores.
O grande salto aconteceria na temporada de 1995/96. Com o Farense qualificado para as provas europeias e à procura de “sangue novo” para as suas fileiras, Idalécio surgiria como uma boa solução para reforçar o sector mais recuado. Sob o comando do catalão Paco Fortes, o defesa-central, que também podia jogar à esquerda, acabaria por estrear-se na 1ª divisão e logo com números auspiciosos. Essa boa campanha desportiva, mas um pouco atribulada no que à gestão do clube diz respeito, levaria o atleta a procurar novo rumo para a sua caminhada profissional. No Sporting de Braga, orientado pelo algarvio Manuel Cajuda, encontraria a promessa de estabilidade e a mudança para o Minho dar-se-ia no Verão de 1996.
A meia-dúzia de temporadas passadas com os “Arsenalistas”, fariam de Idalécio um dos futebolistas mais respeitados no panorama nacional. Quase sempre pensado como um dos elementos importantes do xadrez táctico do plantel, o defesa também acabaria por tornar-se num dos símbolos das conquistas colectivas. Logo no ano de chegada, ajudaria o Sporting de Braga a qualificar-se para a Taça UEFA. No ano seguinte, viria a final da Taça de Portugal, mas com a mágoa da derrota frente ao FC Porto e a frustração de não ter sido chamado ao derradeiro embate da competição.
Com o final da época de 2001/02 e a impossibilidade de chegar a um acordo para continuar a representar os “Guerreiros”, Idalécio, que já tinha visto gorar-se uma hipótese para jogar na Escócia, arrepiaria caminho em direcção à ilha da Madeira. No Nacional, onde chegaria a envergar a braçadeira de capitão, só estaria uma temporada. Seguir-se-ia o regresso ao continente e a entrada no Rio Ave. Em Vila do Conde, sempre com níveis exibicionais de boa ordem, completaria mais 3 temporadas e, cumprida a ligação ao emblema da caravela, chegaria às 11 campanhas disputadas no patamar máximo do futebol português.
Daí em diante a sua carreira tomaria o rumo dos patamares secundários. Trofense, Gondomar, Louletano, Farense e Quarteirense acabariam como as insígnias dessa última etapa da sua passagem como futebolista profissional. Ainda na Quarteira, aceitaria o desafio de coordenar as camadas de formação do clube. Já numa fase posterior, surgiria a oportunidade para mudar-se para Londres, mas longe do futebol. Aceitaria o desafio. Começaria a trabalhar em diversas funções, mormente na área da hotelaria. Em paralelo ainda “daria uma perninha” em clubes amadores de origem lusa e contribuiria com o seu cunho para o crescimento de jovens atletas.

1173 - CARLITOS

Ainda a partilhar o tempo entre a fábrica de teares, os treinos com a equipa sénior e os compromissos com as camadas de formação, Carlitos haveria de “estar com um pé” nas “escolas” do Benfica. No entanto, a oferta de um contrato profissional por parte dos responsáveis do Gil Vicente, faria com que o jovem atleta permanecesse no emblema da sua terra natal.
De “Galo ao Peito”, ainda em idade júnior, veria o treinador Vítor Oliveira a convocá-lo para um jogo da equipa principal. Com o Gil Vicente a disputar o escalão maior do futebol português, a tal partida, referente à 25ª jornada do Campeonato Nacional de 1994/95, levaria o extremo a defrontar o FC Porto e, nesse sentido, a estrear-se na 1ª divisão. Após esse jogo inicial, não tardaria muito até que Carlitos passasse a ser uma figura cimeira nas cogitações tácticas da colectividade de Barcelos. Logo na campanha seguinte, passaria a surgir como um dos titulares indiscutíveis. O estatuto mantê-lo-ia na temporada de 1996/97 e esse facto abrir-lhe-ia outras portas.
Com a estreia pelos sub-20 portugueses a acontecer na edição de 1997 do Torneio Internacional de Toulon, as boas exibições do atacante, a juntar à presença do conjunto luso na final e ao título de Melhor Marcador do certame organizado em solo francês, fariam com que outros emblemas começassem a olhar para Carlitos como um possível reforço. Até aí, nada de surpreendente. O maior espanto sairia, isso sim, do principal pretendente à contratação do atleta. Com Manuel Barbosa a intermediar o negócio, o avançado acabaria por assinar um vínculo com o Real Madrid. Visto como um elemento de enorme potencial, mas ainda pouco preparado para desafios maiores, o seu destino acabaria por ser, a equipa “b” dos “Merengues”, o Castilla. Todavia, a aposta não correria de feição para o jogador que, ao não conseguir adaptar-se à vida em Espanha, haveria de pedir aos responsáveis pela equipa madrilena, a sua saída do clube.
Por empréstimo seguir-se-iam, na sua ainda curta carreira, o Sporting de Braga, o Estrela da Amadora e o regresso ao Gil Vicente. Embora as duas primeiras cedências não tenham revelado o real valor do extremo-direito, a época ao serviço dos “Galos”, sublinharia um intérprete de fino recorte técnico, mortífero em duelos individuais e de uma rapidez estonteante. Com os resultados do colectivo a levar os barcelenses a terminar a temporada de 1999/00 no 5º posto da tabela classificativa, a projecção dada ao atacante seria essencial para nova mudança de rumo.
Já depois de ter rubricado um acordo com o FC Porto, a concórdia celebrada entre o Real Madrid e o Benfica, ao desviá-lo para Lisboa, deitaria por terra a mudança de Carlitos para o Estádio das Antas. Nos “Encarnados” a partir de 2000/01, depois de uma primeira campanha agradável, os anos seguintes não correriam tanto de feição. Apoquentado por várias lesões musculares, que, de alguma forma, iriam acompanhá-lo para o resto da vida desportiva, a sua afirmação ficaria comprometida. Também em termos de títulos, fruto da pesada herança dos anos sob a alçada directiva do Presidente João Vale e Azevedo, nada conseguiria acrescentar ao currículo. Com época 2003/04 a decorrer, a ligação entre o jogador e o emblema da “Luz” conheceria o seu fim e o avançado retornaria a Espanha.
No Poli Ejido, onde voltaria a encontrar-se com José Calado, passaria apenas alguns meses. De seguida, dar-se-ia o regresso ao Gil Vicente e mais 2 temporadas e meia, sempre no escalão máximo nacional, a fazer recordar aquelas campanhas que o tinham lançado no caminho dos grandes emblemas europeus. Seguir-se-ia a aposta num Belenenses orientado por Jorge Jesus, o seu antigo treinador no Estrela da Amadora. Porém, a condição física de Carlitos já não era a melhor e as lesões começariam a afectar definitivamente os seus desempenhos. Meio ano após a entrada no Restelo, o extremo mudar-se-ia para um Vitória de Guimarães acabado de voltar ao convívio dos “grandes”, para uma campanha excelente e o 3º lugar no Campeonato. Depois, mais 2 anos na “Cidade Berço”, um rol insuportável de mazelas musculares e o ponto final da carreira no Gil Vicente, com o término da época de 2010/11.
Hoje em dia, o antigo internacional sub-20, sub-21 e “B” por Portugal, divide-se entre a gestão de um restaurante, os imóveis que foi adquirindo durante a vida desportiva e o Galos de Barcelos, clube de futsal que ajudou a fundar.

1172 - VÍTOR PEREIRA

Ao evoluir favoravelmente nas “escolas” do Grupo Desportivo da CUF, Vítor Pereira, também ele natural do Barreiro, veria o crescimento dos seus desempenhos levá-lo às jovens equipas da Federação Portuguesa de Futebol. Pelos actualmente designados sub-18, conseguiria várias chamadas e a presença em importantes certames. Sob a alçada de Peres Bandeira e ao lado de nomes como Fidalgo, Shéu, Jordão, Rodolfo, Ibraim Silva, entre outros jogadores que viriam a tornar-se famosos no contexto nacional, seria convocado para a Fase Final da edição de 1971 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Na antiga Checoslováquia, ao participar em 4 das 5 partidas, ajudaria Portugal a chegar à final, durante a qual o conjunto luso claudicaria frente à Inglaterra.
Por altura da competição referida no parágrafo acima, já Vítor Pereira tinha conseguido estrear-se pela equipa principal da CUF. Nessa temporada de 1970/71, com o emblema barreirense a militar na 1ª divisão, o médio, que preferencialmente actuava no lado direito do sector intermediário, começaria logo a dar sinais de fácil adaptação a contextos competitivos mais exigentes. Ainda assim, a sua afirmação inequívoca no plantel sénior, demoraria algum tempo. Após a estreia com o treinador Carlos Silva, seria sob a orientação de Fernando Caiado que o atleta acabaria por tornar mais regular a sua comparência no “onze”. Da época de 1972/73 para a frente, o jogador passaria a ser visto como uma das caras habituais no alinhamento titular. Nesse sentido, daria o contributo para as classificações cimeiras no Campeonato Nacional, participaria na Taça UEFA de 1972/73 e ajudaria a vencer a Taça Intertoto de 1974.
Como um dos elementos a granjear maior destaque no emblema da CUF, e com o seu histórico nos diferentes escalões da selecção também a justificá-lo, a chamada à principal “Equipa da Quinas” acabaria encarada como um merecido prémio. A estreia, pela mão de José Maria Pedroto, aconteceria a 03 de Abril de 1974. Depois desse “particular” frente à Inglaterra, Vítor Pereira apenas participaria em mais uma partida pelo conjunto “A” de Portugal. Por outro lado, o registo do médio nos “esperanças” seria bem mais rico. Num total de 8 partidas disputadas, o atleta participaria em vários contextos competitivos, a exemplo, o Torneio de Toulon. Já a soma, como resultado do percurso trilhado nos vários patamares lusos, torná-lo-ia no elemento da colectividade do Barreiro a conseguir juntar ao currículo o maior número de internacionalizações.
Com a despromoção da CUF no final da temporada de 1975/76, a ligação ao emblema que o tinha formado, acabaria por romper-se. Seguir-se-iam, ainda na 1ª divisão, outras agremiações, com o Boavista a surgir como a primeira. Na cidade do Porto, mesmo não tendo conseguido afirmar-se de forma tão categórica quanto antes, os “Axadrezados” tornar-se-iam num dos clubes de relevo no seu trajecto futebolístico. Depois da presença nas competições europeias, viria a participação no plantel que, na campanha de 1978/79, venceria a Taça de Portugal.
O Sporting de Espinho, onde cumpriria a derradeira época no escalão maior, e a Sanjoanense também coloririam a derradeira fase da carreira do médio. Já o fim viria com o regresso a “casa” e, depois do nome alterado, à Quimigal. Após 2 temporadas na colectividade da sua terra natal, a temporada de 1982/83 transformar-se-ia na última de Vítor Pereira como praticante profissional.

1171 - HUGO ALMEIDA

Descoberto nas “escolas” da Naval 1º de Maio e já com um pé no Sporting, seria o FC Porto a adiantar-se e a ganhar a corrida pela sua contratação. A mudança para a “Cidade Invicta”, teria como resultado imediato a cimentação do avançado nas jovens selecções portuguesas. Ao passar pelos vários escalões da “equipa das quinas”, Hugo Almeida participaria em diversos certames de grande monta, destacando-se a presença na final do Campeonato da Europa sub-19 de 2003, a vitória, nesse mesmo ano, do Torneio Internacional de Toulon ou a chamada aos Jogos Olímpicos de 2004.
Com um percurso louvável, feito nas camadas de formação da selecção e do clube, a integração do avançado na equipa principal “azul e branca”, adivinhada quase como uma certeza, acabaria por conhecer dificuldades pouco expectáveis. Com a estreia como sénior, na equipa “b” dos “Dragões”, a acontecer em 2001/02, os anos seguintes passá-los-ia entre o plantel principal do FC Porto, o já referido conjunto secundário e alguns empréstimos a emblemas da 1ª divisão. Mesmo assim, com tanta intermitência, Hugo Almeida conseguiria, de maneira espantosa, enriquecer o palmarés pessoal. Com os portistas a escrever uma das mais gloriosas páginas da sua história, os títulos chegariam em catadupa e o ponta-de-lança entraria para o rol de atletas que haveriam de conquistar as Taças de Portugal de 2002/03 e de 2005/06, os Campeonatos Nacionais de 2003/04 e 2005/06 e a Liga dos Campeões de 2003/04.
As experiências na União de Leiria e, posteriormente, no Boavista, não só dariam ao atleta o traquejo necessário a outros horizontes, como, no caso da passagem pelas margens do Rio Lis, também serviria para justificar a sua entrada na principal equipa da selecção nacional. Com a chamada a acontecer a 18 de Fevereiro de 2004, pela mão de Luiz Felipe Scolari, esse particular frente a Inglaterra, disputado no Algarve, serviria de arranque para uma longa caminhada com as cores de Portugal. Num total alcançado de 57 internacionalizações e 19 golos concretizados, o avançado seria também convocado a participar em diversos torneios. Sob a alçada de diferentes treinadores, disputaria os Europeus de 2008 e 2012 e os Mundiais de 2010 e 2014.
Já com algumas dúvidas a levantarem-se sobre o seu real valor, a temporada de 2005/06 dissiparia muitas das incertezas. Finalmente como titular do FC Porto, Hugo Almeida afirmar-se-ia como um jogador possante e de cariz maioritariamente de área, ou seja, um ponta-de-lança “à antiga”. A tal campanha serviria para catapultar o seu valor e, com isso, para acicatar o desejo de outros emblemas. Surgiria o Werder Bremen e a vontade do clube germânico de juntar o avançado-centro ao seu plantel. Acertada a transferência, inicialmente a título de empréstimo, a época de 2006/07 levaria o atleta até à Bundesliga. Na Alemanha, fixar-se-ia como um belíssimo intérprete e como um dos esteios do conjunto sediado nas margens do Rio Weser. Durante 4 anos e meio, o atacante contribuiria para os objectivos colectivos. Ajudaria à vitória na DFB-Pokal de 2008/09 e chegaria, ainda nesse ano, à final da Taça UEFA.
Numa altura em que estava, provavelmente, a lançar-se para uma das melhores temporadas, a abertura do “Mercado de Inverno” de 2010/11 mudá-lo-ia para Istambul. No Besiktas, onde iria encontrar-se com Manuel Fernandes, Simão Sabrosa e Ricardo Quaresma, o avançado continuaria a exibir-se a um bom nível. Depois de 3 anos e meio na Turquia, as novas apostas do atleta levá-lo-iam a uma fase da sua carreira um pouco errante. Com passagens pela Itália, Rússia, Alemanha, Grécia, Croácia e o regresso a Portugal, Hugo Almeida acabaria por envergar 7 camisolas diferentes. Já em Coimbra, ainda com a temporada de 2019/20 a decorrer, anunciaria o fim da sua caminhada como futebolista. Passaria, na condição de atleta e dirigente, a dedicar-se ao futebol de praia e à AD Buarcos. Paralelamente, encetaria o seu trajecto como técnico e, nos sub-23 da Académica, tem desempenhado as funções de treinador-adjunto.

1170 - HERMÓGENES

É impossível desassociar a vida desportiva de Hermógenes de uma boa e importante parte da história do Rio Ave. Ao ter entrado para as “escolas” do emblema vila-condense com 14 anos, a subida dos diferentes degraus formativos levariam o defesa a chegar ao conjunto principal, ainda a colectividade militava nas “distritais” da Associação de Futebol do Porto. Com a estreia pelos seniores a acontecer na primeira metade da década de 70, o jogador, ao tornar-se numa figura importante para o evoluir da equipa, acabaria por fixar-se no lado direito do sector mais recuado.
Acompanharia, num crescimento partilhado entre a sua pessoa e o colectivo, as subidas que, na temporada de 1976/77, levariam os rioavistas a conseguir arrecadar o título de campeão da 3ª divisão nacional. Numa senda vitoriosa, a ambição de clube e atletas, com o lateral a comportar-se como um exemplo de combatividade e paixão pelo listado vertical verde e branco, levá-los-ia a nova promoção. Ao partilhar o balneário com nomes como Alberto, Duarte, Samuel, Mário Reis, Quim, entre outros atletas que também acabariam por inscrever a sua identidade nos anais do clube, Hermógenes imortalizar-se-ia como um dos elementos que viria a participar na inédita subida do Rio Ave ao 1º escalão.
Curiosamente, a campanha de 1979/80, a tal da estreia do clube e do jogador no degrau maior do nosso futebol, terminaria, depois de mais de duas décadas de união, com a separação entre Hermógenes e o emblema de Vila do Conde. Seguir-se-iam na sua caminhada competitiva, sempre nos escalões secundários, União de Coimbra, Leça, AD Fafe e Bragança. Finalmente, já na época de 1985/86, dar-se-ia o regresso ao Rio Ave, para ajudar a nova subida ao patamar máximo e, igualmente, para pôr um ponto final na sua carreira enquanto futebolista.
O “pendurar das chuteiras” não significaria para Hermógenes o fim da sua relação com o futebol. Continuaria, ligado ao emblema da caravela, a labutar em prol dos sucessos colectivos. Cumpriria diferentes papéis, dentro dos quais trabalharia no departamento de “scouting”. Também passaria pela função de treinador-adjunto da equipa sénior e, como interino, chegaria a ocupar a posição de técnico-mor da equipa principal.

1169 - DJOINCEVIC

Com um físico corpulento e uma barba cerrada a ajudar ao aspecto de durão, Djoincevic, dentro de campo, também não era “pêra doce” para os avançados. Logo nos primeiros anos como sénior, ainda com as cores do modesto Zarkovo, essa seria a imagem que deixaria em jogo. Seguir-se-ia, na sua ainda curta carreira, o Crvenka e a subida de mais uns patamares na escala competitiva da antiga Jugoslávia. Esse capítulo, ainda nos patamares secundários, serviria para dar traquejo ao atleta e de transição para mais um degrau ascendido. A subida levaria o defesa ao escalão máximo do seu país e em direcção à senda trilhada ao serviço do FK Rad Beograd.
O emblema do bairro de Banjica, com ambições de monta maior, ajudaria a afirmar o defesa como um praticante de gabarito. Como um dos esteios no centro do sector mais recuado, o jogador ajudaria o colectivo a cumprir metas de “ambição europeia”. Depois do 4º posto da tabela classificativa alcançado com o final da temporada de 1988/89, a campanha seguinte traria ao calendário competitivo do conjunto sediado na capital Belgrado, a presença na Taça UEFA. Com o sorteio a ditar um embate entre o FK Rad e o Olympiacos, os gregos acabariam por passar à eliminatória seguinte. No entanto, a 1ª mão ditaria uma vitória caseira para os jugoslavos, com Cedomir Djoincevic a marcar um dos golos.
A temporada de 1989/90, a mesma do desafio com a agremiação helénica, terminaria, mais uma vez, com FK Rad nos lugares cimeiros da tabela e com o futuro de vários elementos do plantel a ser projectado de forma risonha. No início da época seguinte, numa altura em que já partilhava o balneário com, o agora bem conhecido, Ljubinko Drulovic, chegaria a Djoincevic o convite para, em direcção a um país estrangeiro, deixar o clube. O desafio surgiria de Portugal e do Salgueiros. Em Paranhos, com a colectividade a ser orientada pelo técnico jugoslavo Zoran Filipovic, o defesa iria juntar-se ao plantel de 1990/91 e encontrar-se com uma série de elementos vindos dos balcãs.
Ao lado de nomes como Jovica Nikolic, Dragan Djukic, Stevan Milovac ou Enes Basic, a maturidade acrescida pela contratação de Djoincevic, levaria o Salgueiros, logo na temporada de entrada do defesa, a escrever a página mais brilhante da sua história. Com o 5º lugar conquistado no Campeonato Nacional, as provas europeias, pela primeira vez na existência do clube portuense, passariam a constar do reportório competitivo. Em sorte, calharia defrontar os franceses do Cannes, onde despontava um jovem de seu nome Zinedine Zidane. Frente ao conjunto gaulês, o defesa apenas disputaria a 2ª ronda, que, após desempate pela marcação de grandes penalidades, ditaria a eliminação da equipa portuguesa.
Quatro temporadas com o Salgueiros seriam suficientes para gravar o seu nome no imaginário dos adeptos. Já de regresso ao seu país, onde viria a terminar a carreira, também encetaria o seu trajecto como técnico. No papel de treinador, com passagens pela Grécia e pela Bulgária, Djoincevic tem orientado diversos emblemas, mormente na Sérvia. Nesse trilhar de caminho, destaque para a experiência com o Zeleznik e a vitória na edição de 2004/05 da Taça da Sérvia e Montenegro.

1168 - OUATTARA

Começaria a jogar futebol na universidade porque, ao acompanhar um amigo aos treinos, descobriria que, ali, a prática da modalidade vinha também com a oferta do pequeno-almoço. Entretanto, a lesão de um guarda-redes levaria o treinador a querer pô-lo a jogar entre os postes. Recusaria a baliza e exigiria o seu lugar na frente. O técnico lá acederia à reivindicação do jovem atleta e, depois de 3 golos marcados, Ahmed Ouattara jamais largaria a posição de ponta-de-lança.
Seria, no entanto, a entrada no Africa Sports que lançaria o atacante para o estrelato. No emblema de Abidjan, a sua terra natal, rapidamente conseguiria assumir-se como um dos principais intérpretes dos sucessos colectivos. Logo em 1989, integraria o plantel que conquistaria o Campeonato, a Taça e a Supertaça da Costa do Marfim. Seguir-se-iam outros títulos internos. Em 1993 acrescentaria outra Taça e mais uma Supertaça ao seu currículo. Também nas competições continentais, o sucesso acompanharia o evoluir do avançado. Depois de, em 1992, ajudar à vitoria na Taça dos Vencedores das Taças de África, o ano seguinte traria ao palmarés de Ouattara a Supertaça Africana de futebol.
Com tantos sucessos, aos quais ainda acrescentaria o título de Melhor Marcador da edição de 1993 do Campeonato costa-marfinense, a selecção nacional apareceria no seu caminho de forma natural. Após a primeira internacionalização “A”, obtida em 1989, seria a Taça de África das Nações que serviria de grande montra para o avançado. Com a participação no torneio de 1994, onde, com um golo na partida de disputa do 3º e 4º lugares, ajudaria à conquista da medalha de bronze, a Europa surgiria no seu horizonte como um sonho perto de concretizar.
A tal oportunidade emergiria na Suíça e a época de 1994/95, ao serviço do FC Sion, acrescentaria à sua caminhada a Taça daquele país. Mesmo assim, as suas exibições seriam suficientes para que os dirigentes do Sporting vissem no avançado um bom reforço. Juntamente com Roberto Assis, Ouattara apresentar-se-ia em Alvalade na temporada seguinte à da chegada ao “Velho Continente”. Como um atleta com um físico possante, o início da referida campanha surgiria de forma prometedora e o golo marcado nas Antas, na 1ª jornada do Campeonato Nacional, sublinharia o ponta-de-lança como uma aposta de grande valor. Todavia, as rondas seguintes mostrariam um jogador diferente e que, sem deixar de ser voluntarioso, também revelaria alguma falta de discernimento.
Ao não conseguir afirmar-se de verde e branco, Ouattara, a meio da temporada de 1996/97, retornaria ao FC Sion. A nova experiência no emblema helvético, depois da vitória na Supertaça de 1995/96, ganha ainda com as cores do Sporting, levaria o avançado, com a conquista do Campeonato e Taça da Suíça, de volta aos títulos e às cogitações de emblemas de outra monta. Nessa senda, com a presença na CAN de 1998 a ajudar ao salto, seguir-se-iam o FC Basel e o Extremadura. Ainda assim, a carreira do avançado, com algumas lesões a assolar aos seus índices físicos, começaria a revelar alguns sinais de destaque. Sem lugar no emblema espanhol, 2000/01 acabaria marcado pelo empréstimo ao Salgueiros e a passagem discreta pelo emblema de Paranhos.
Depois de terminar a carreira já no seu país, Ouattara manter-se-ia ligado à modalidade. Nesse sentido, destaque para o seu trabalho como dirigente, ao serviço da Federação Costa-marfinense de Futebol.

1167 - RANTANEN

Começaria por ser um praticante do mais ecléctico possível. Em boa parte por culpa do pai, dirigente em diversas colectividades, jogaria voleibol e basquetebol. Hóquei no gelo e andebol também fariam parte das modalidades arroladas à sua juventude. No entanto, a sua grande paixão era o futebol. No HJK Helsinki daria os primeiros passos de uma longa carreira. Já após terminada a formação, seria ainda no emblema da capital finlandesa que Jari “Jallu” Rantanen, no final da década de 1970, faria a transição para o patamar sénior. Com um físico impressionante, alto e espadaúdo, tinha na atitude, aguerrida e frenética, uma das suas grandes armas. Com tais predicados, acabaria feito numa das figuras centrais das conquistas do clube e a “dobradinha” de 1981, com as vitórias no Campeonato e na Taça, tornar-se-ia no primeiro grande marco da sua, ainda curta, carreira.
Ao destacar-se no clube, a selecção entraria no seu quotidiano competitivo de uma forma natural. A 4 de Maio de 1983, chamado a jogo por Martti Kuusela, chegaria a oportunidade de fazer a estreia pelo principal conjunto da federação de futebol suómi.  Com essa partida frente à Polónia, Rantanen encetaria uma caminhada que, ao longo de quase meia dúzia de anos, daria ao atleta 36 internacionalizações “A”. Curiosamente, seria ao serviço dos sub-21 do seu país que veria surgir a ocasião para a primeira grande aventura estrangeira do seu trajecto – “(…) nós fomos a Portugal onde ganhámos 2-0. Alguém do Estoril estava a ver aquele jogo e um par de meses depois eu juntei-me ao Estoril”*.
Com os “Canarinhos”, o ponta-de-lança participaria no desenrolar de 2 temporadas. Depois da entrada na campanha de 1983/84, o regresso do avançado à Finlândia, serviria de curto interlúdio para a participação na época de 1984/85, mas, dessa feita, já com o emblema da Linha de Cascais a militar no 2º escalão. Do cômputo, mesmo com números não tão faustosos quanto os de alguns colegas, Rantanen não deixaria de alimentar a memória colectiva e, para a quase generalidade dos adeptos, ficaria registado como uma verdadeira força da natureza.
Seguir-se-iam, como novas experiências no estrangeiro, os belgas do Beerschot e o IFK Göteborg. Na agremiação escandinava viveria, talvez, o período mais rico do seu percurso futebolístico. Ao ajudar também à vitória na edição de 1987 do Campeonato da Suécia, seria a presença nas competições europeias que serviria de pináculo às conquistas do avançado. Mesmo sem sair do banco de suplentes, nas duas mãos da final da Taça UEFA de 1986/87, os 5 golos marcados durante as eliminatórias a preceder o embate frente aos escoceses do Dundee United, não só seriam de extrema importância para a vitória colectiva na competição, como elevariam Rantanen, ao lado de Wim Kieft, Peter Houtman e Paulinho Cascavel, ao lugar de Melhor Marcador da prova.
As boas prestações de Rantanen, mormente no panorama das provas europeias, abrir-lhe-iam a possibilidade de experimentar a Liga Inglesa. Com o Leicester City a militar no escalão secundário, a transferência do avançado aconteceria na temporada de 1987/88. Os primeiros tempos a jogar pelo emblema sediado nas Midlands correriam de feição, com o ponta-de-lança a assumir-se como um dos principais intérpretes das manobras ofensivas. No entanto, aquilo que parecia uma boa aposta, com a saída de Bryan Hamilton e a contratação para o comando técnico de David Pleat, acabaria por tornar-se numa grande desilusão.
Falhada, ainda a meio da temporada britânica, a mudança para a Bundesliga e para o FC Köln, a saída de Rantanen do emblema inglês dar-se-ia com o jogador a voltar ao país natal. Numa senda em que levaria o atleta a alternar passagens no HJK Helsinki, FinnPa e outros emblemas de menor dimensão, destaque para os títulos ganhos pelo emblema da capital que, a juntar aos troféus já referidos durante esta peça, deixaria o seu palmarés com um total vencido de 3 Campeonatos e 3 Taças da Finlândia.
Marcados esses últimos anos por algumas lesões bem graves, o final da carreira de Rantanen não o empurraria para longe da modalidade. Ao assumir as funções de treinador, começaria pelo FinnPa. De seguida, teria uma passagem pelos Estados Unidos da América, onde também desempenharia as funções de jornalista. Finalmente, de novo na Finlândia, tem abraçado diferentes projectos, nomeadamente à frente de emblemas como o AC Vantaa, EIF ou o FC Kotkan Työväen Palloilijat.Ao mesmo tempo, não tem descurado outra faceta da sua vida e foi eleito em 2017 como vereador do Município de Myrskylä.

*retirado do artigo de John Hutchinson, publicado a 10/02/2018, em https://www.lcfc.com