959 - ARTUR


Tendo, durante a juventude, alternado entre o futebol de “11” e o futebol de salão, a transição para o patamar sénior levaria a que Artur preferisse a variante dos relvados. Independência FC na campanha de 1991 e, na segunda metade desse mesmo ano, o Clube do Remo, dariam alguma notoriedade ao avançado. A cotação ganha durante esses primeiros tempos como profissional, catapultada pela vitória no Estadual Paraense, faria com que outra atenção começasse a debruçar-se sobre o atleta.
Apresentando-se como um atacante rápido, com uma finta desconcertante e de olhos sempre postos na baliza adversária, Artur tanto podia posicionar-se nas alas, como no centro do sector ofensivo. Com essas características em mente, o empresário do jovem avançado decide enviar para o FC Porto uma cassete com as suas melhores jogadas. Apesar de agradados com o que viam, os responsáveis do emblema nortenho, aconselhados pelo treinador da altura, o também brasileiro Carlos Alberto Silva, acabariam por dar a primazia a outro atleta, Paulinho César “McLaren”. É então que a oferta é direccionada a outro emblema da “Invicta”. O Boavista pede para que o avançado venha a Portugal para alguns testes. Na primeira partida “à experiência”, disputada num particular frente aos “Dragões”, marca um golo e ajuda os “Axadrezados” a vencer o Torneio Internacional da Cidade do Porto. A exibição seria mais que suficiente para convencer os responsáveis do clube que, de imediato, contratariam o jogador.
A chegada ao Boavista na temporada de 1992/93 serviria para valorizar, ainda mais, o atacante. Com as “Panteras” a desafiar a hegemonia dos normais candidatos aos títulos, o avançado tornar-se-ia num dos protagonistas dessas contendas. A vitória na Supertaça de 1992/93, a participação nas competições europeias e o 3º lugar na lista dos Melhores Marcadores do Campeonato de 1994/95 vincariam essa admiração. Com a sua evolução, o primeiro emblema a endereçar um convite ao jogador seria o Benfica, à altura orientado por Paulo Autuori. No entanto, a falta de entedimento entre os dois clubes acabaria por desviá-lo para o FC Porto e, na campanha de 1996/97, o atacante entra nas “Antas”.
De “Azul e Branco”, o jogador acabaria por viver alguns dos melhores momentos da carreira. Numa partida para a Liga dos Campeões de 1996/97, frente ao todo-poderoso AC Milan, Artur marca um dos golos que, em San Siro, dariam a vitória ao FC Porto. Ainda no decorrer dessa temporada, a viagem a Lisboa para a 2ª mão da Supertaça, com mais um tento do atacante, resultaria num triunfo na competição – “(…) fomos jogar à Luz e demos cinco ao Benfica. Fiz um jogo quase perfeito e no final da partida recebi os parabéns de um homem muito especial, (…) do senhor Eusébio”*.
Já tido como um dos melhores a actuar no nosso Campeonato, Artur volta a receber novos convites. Quem volta à carga pela aquisição dos seus serviços é Paulo Autuori. Estando aos comandos do Flamengo, o treinador prometeria ao atleta que o seu regresso ao Brasil significaria também a entrada na selecção “Canarinha”. A transferência acabaria vetada. Todavia, a vontade do jogador em representar a sua pátria era enorme. Nesse sentido acabaria por recusar uma proposta para representar a equipa nacional de Portugal. Sempre com a estreia pelo “Escrete” em mente, seria já a meio da época de 1998/99 que o jogador voltaria ao seu país. Ingressaria no Vitória da Bahia, mas, apesar da qualidade das suas exibições, as internacionalizações nunca chegariam ao seu currículo.
Com o palmarés colorido pelas 2 campanhas e meia vividas no FC porto e pelas conquistas de mais 3 Campeonatos, 1 Taça de Portugal e 2 Supertaças, o regresso às competições brasileiras significaria mais algumas conquistas. O saldo acabaria por ser 2 “Estaduais” baianos e 1 Copa do Nordeste e, de volta ao Remo, mais uma vitória no “Estadual” paraense. Pelo meio ficariam as passagens pelo Botafogo e Figueirense.
Em 2004, Artur tomaria a decisão de pôr termo ao seu percurso como futebolista. Contudo, a sua paixão pela modalidade levá-lo-ia a encetar uma carreira como técnico. Tendo, desde 2007, estado à frente de diversos emblemas brasileiros, o antigo avançado já conta com 2 “estaduais” no seu palmarés. Ainda que tendo vencido o Campeonato do Acre pelo Rio Branco e Campeonato Paraense pelo Remo, um dos grandes objectivos nessa sua caminhada, como o próprio haveria de confessar, será o de treinar uma equipa em Portugal.

*adaptado da entrevista publicada em https://maisfutebol.iol.pt, conduzida por Pedro Jorge da Cunha a 13/12/2018