1184 - VERÍSSIMO

Com o percurso formativo feito, na sua grande maioria, com as cores do Benfica, Veríssimo, desde cedo, mostraria uma postura diferente dos demais colegas de equipa. Com uma maturidade bem vincada, revelada dentro e fora de campo, veria, por diversas vezes ao longo da carreira, ser-lhe confiada a braçadeira de “capitão”. A seriedade da sua entrega levá-lo-ia, a exemplo, a capitanear a equipa de juniores das “Águias”, logo na temporada de estreia no referido escalão. Ao longo dos anos, a hombridade patenteada faria dele um atleta que, longe da exuberância de alguns predestinados, pautaria as exibições pela sobriedade. Uma mentalidade positiva, aliada a um bom jogo de cabeça e a uma velocidade acima da média, torná-lo-iam num bom “alvo” para as convocatórias da Federação Portuguesa de Futebol. O crescimento apresentado nas “escolas” benfiquistas, bem como nos reptos lançados às jovens selecção nacionais, alinhariam a evolução do defesa-central para os desafios de outros patamares e a chegada a sénior dar-se-ia de “Águia” ao peito.
A primeira aparição com a camisola da principal equipa do Benfica, aconteceria na temporada de 1995/96. Depois de a época ter começado sob o comando técnico de Artur Jorge, seria a troca do referido treinador por Mário Wilson que daria a Veríssimo a oportunidade de fazer a estreia pelos seniores. Tal tomaria lugar no Estádio “da Luz”, em Março de 1996. Contudo, a presença no plantel de elementos bem mais experimentados, casos de Ricardo Gomes, Hélder ou Paulo Pereira, não facilitariam a vida ao jovem jogador. Por essa razão, a partida disputada frente ao Desportivo de Chaves tornar-se-ia, tanto nessa época, quanto nas seguintes, numa das poucas participações do defesa com a camisola dos “Encarnados”. A solução para a falta de utilização surgiria do Alverca e, para que pudesse ter mais minutos de jogo, o emblema ribatejano entraria no percurso do atleta.
O emblema, à altura, “satélite” do Benfica e a passagem, já na 1ª divisão, pela Académica de Coimbra, dariam ao jogador o traquejo suficiente para que, daí em diante, conseguisse afirmar-se como um intérprete de cariz superior. Ainda assim e com qualidade suficiente para militar no escalão maior do futebol português, a verdade é que Veríssimo nunca mais voltaria a envergar a camisola do Benfica. Na época de 1999/00 seria o Alverca, novamente, a abrir-lhe as portas e a dar azo a mais um grande rol de exibições positivas. Durante as 5 temporadas seguintes, 4 das quais no patamar principal, representaria os ribatejanos sempre com uma seriedade inabalável e, como prémio para a sua dedicação, mais uma vez, veria a braçadeira de “capitão” a ser entregue à sua custódia.
De seguida viria o período mais prolífero do seu trajecto enquanto desportista profissional. Ao serviço do Vitória Futebol Clube, nas 3 temporadas passadas à beira do Rio Sado, o central conseguiria os maiores feitos da carreira. Logo na campanha de chegada ao Bonfim, acompanharia o emblema setubalense até à final da Taça de Portugal, marcaria presença no Jamor e, mesmo sem sair do banco de suplentes, contribuiria para a conquista do troféu. Nas 2 campanhas subsequentes, voltaria a viver outros momentos dignos de destaque. Para além de nova comparência, dessa feita como titular, no derradeiro jogo da “Prova Rainha”, os anos vindouros trariam ao atleta a disputa de duas edições da Supertaça e a inclusão no grupo que, por duas vezes, participaria na Taça UEFA.
Antes ainda de “pendurar as chuteiras”, o defesa adicionaria ao currículo as participações pelo Fátima e, com a época de 2011/12 a tornar-se na da sua despedida, com as cores do Mafra. Após o ponto final da carreira como futebolista, e sem grande tempo para estar afastado da modalidade, a temporada seguinte marcaria o arranque das actividades de Nélson Veríssimo como treinador. Desde então ligado à estrutura do Benfica, o antigo futebolista tem desempenhado o seu papel, maioritariamente, ao serviço do conjunto “B”. Como adjunto ou técnico-principal, o seu trabalho tem sido pautado, à imagem dos anos como atleta, pela honestidade, paixão e rigor. Por essa razão, aquando da rescisão de Bruno Lage em 2019/20, seria ele a escolha para assumir o comando dos “Encarnados”. Já esta época, a de 2021/22, a saída de Jorge Jesus levaria o Presidente Rui Costa a elegê-lo para idêntica tarefa e, ao começar com uma “prova de fogo”, o Estádio do Dragão irá apadrinhar o seu regresso à primeira equipa das “Águias”.

1183 - TIXIER

Descoberto no modesto emblema francês do Stade Beaucairois, Damien Tixier chegaria a Portugal para reforçar o plantel de 2000/01 da Naval 1º de Maio. Com o emblema da Figueira da Foz a militar na 2ª divisão, o defesa gaulês depressa conseguiria agarrar um lugar no sector mais recuado da equipa. Mesmo afastado dos principais holofotes do futebol luso, as qualidades do atleta acabariam por despertar a cobiça de emblemas a disputar o escalão maior. A oportunidade para subir mais um degrau na carreira, surgiria duas temporadas após encetar trabalhos na colectividade figueirense e com as portas do patamar máximo a serem abertas pela Académica de Coimbra.
Apesar de uma primeira campanha em que seria utilizado de forma intermitente, a passagem de Tixier pelos “Estudantes” seria marcada pelas boas exibições do jogador. Para além de conseguir afirmar-se como um elemento de cariz primodivisionário, a sua presença em Coimbra também destacaria outra característica do gaulês. Rotulado como lateral-esquerdo, a verdade é que as suas qualidades permitir-lhe-iam, com igual eficácia, posicionar-se noutros lugares do rectângulo de jogo. Nesse sentido, tanto no lado canhoto da defesa, como no centro ou ainda a ocupar a posição de “trinco”, os seus desempenhos seriam aferidos com nota positiva. Porém, e mesmo tido como um elemento fulcral no desenho táctico, o seu comportamento alimentaria alguma polémica e as notícias veiculadas pelos jornais, sobre injustificados atrasos e absentismo poriam em causa, durante a derradeira campanha com a Académica, o seu profissionalismo.
Talvez pela razão acima referida, o defeso estival de 2005 marcaria a saída de Tixier da “Briosa” e a sua inclusão no plantel da União de Leiria. No conjunto da “Cidade do Lis”, o atleta, durante temporada e meia manter-se-ia como um dos jogadores em destaque e, inclusivamente, começaria a ser falado para reforçar o plantel de um dos “grandes” do futebol português. Curiosamente, seria também especulado o interesse da Federação Portuguesa de Futebol em contar consigo para os trabalhos da selecção. No entanto, nada disso viria a concretizar-se. Com o Lens igualmente interessado no seu concurso e com a proposta do emblema francês a sobrepor-se à do FC Porto, o regresso do defesa ao país natal, mesmo em sentido contrário ao da sua veiculada vontade, acabaria por acontecer.
Na Ligue 1, para além do Lens, Tixier vestiria outra camisola. Estrear-se-ia, a meio da temporada de 2006/07, pelo emblema da região de Pas-de-Calais. Depois, já ao serviço do Le Havre, passaria pela 2ª divisão gaulesa e, ainda a envergar as cores deste último clube, voltaria ao escalão máximo. Seria também pela altura do regresso à principal competição francesa que, mais uma vez, começaria a ser veiculado o interesse de um dos maiores emblemas portugueses, na sua contratação. Repetindo-se a história, a transferência para o Benfica orientado por Jorge Jesus, seu antigo treinador na União de Leiria, cairia por terra e a temporada de 2009/10 levaria o defesa a juntar-se aos suíços do Neuchâtel Xamax.
No campeonato helvético, Tixier ver-se-ia envolvido noutra controvérsia. Apesar de ser um dos mais utilizados no plantel, a agressividade patente no seu desempenho e alguns cartões vermelhos serviriam de justificação para que os responsáveis do emblema suíço, com a temporada de 2009/10 ainda a decorrer, tomassem a decisão de romper a ligação com o atleta. Seguir-se-ia, após alguns meses de hiato competitivo, a sua ligação ao Nantes. Mas, como o próprio viria a reconhecer, o cansaço causado pela vida da alta-competição, faria com que, ao fim de um ano, o atleta pedisse a rescisão de contrato. Ainda assim, o defesa continuaria a alimentar a sua paixão pelo futebol e, em agremiações de cariz mais discreto, daria, por mais algumas épocas, azo à prática do futebol.

1182 - BASTOS

Produto da “formação” do Sporting Clube de Portugal, por onde passaria por alguns patamares, Bastos depressa demonstraria qualidades excepcionais para a prática do futebol. Essa avaliação seria corroborada, corria o seu último ano de júnior, pela chamada aos trabalhos das jovens equipas da Federação Portuguesa de Futebol. Com a “camisola das quinas”, no escalão sub-18, participaria no Torneio Internacional de Juniores de 1968 e, ao entrar em todas as partidas do certame organizado, na fase final, em França, contribuiria para o 3º lugar do conjunto luso.
Não tardaria muito para que o Sporting chamasse o defesa-central à equipa principal. Aliás, a época seguinte à da referida competição de selecções, marcaria o começo da caminhada de Bastos como sénior. Porém, e mesmo tendo em conta os atributos revelados em anos anteriores, a sua afirmação seria tudo menos fácil. Com o plantel de 1968/69 a contar com a presença de elementos como José Carlos, Alexandre Baptista ou Armando Manhiça, o jovem atleta poucas oportunidades teria para entrar em campo. A dificuldade em conquistar um lugar em Alvalade, sublinhar-se-ia ainda mais nas temporadas seguintes. O jogador apenas voltaria a envergar a camisola leonina na campanha de 1972/73. Pelo meio, para além do tempo afastado das competições oficiais, a passagem, por empréstimo, pelo Farense e a presença na partida de estreia do emblema algarvio, na 1ª divisão.
Mesmo com uma boa participação nos embates calendarizados para o colectivo, Bastos, na época de 1972/73, ficaria aquém do protagonismo alcançado daí em diante. Por outro lado, a referida temporada começaria a enriquecer o palmarés do defesa. Com presença no “onze” inicial, alinhado para a final pelo treinador Mário Lino, o jogador incluiria a conquista da Taça de Portugal no currículo. Já como titular, a temporada subsequente traria ao atleta, e aos seus colegas, a vitórias no Campeonato Nacional e, mais uma vez, na apelidada “Prova Rainha”.
Curiosamente, seria numa época sem títulos que Bastos acabaria por despertar a atenção de emblemas estrangeiros. Após completar a temporada de 1973/74, mantendo-se como um dos principais intérpretes da táctica leonina, surgiria o interesse do Real Zaragoza. Com a transferência concretizada, o defesa-central mudar-se-ia para Espanha, onde, no emblema da província de Aragão, chegaria a partilhar o balneário com o avançado Rui Jordão. Começaria por disputar o principal escalão de “nuestros hermanos”, mas nunca alcançaria destaque suficiente para conseguir tornar-se num dos indiscutíveis do plantel. Após 3 campanhas a envergar as cores dos “Blanquillos”, com a última já no patamar secundário, dar-se-ia o seu regresso ao Sporting, o retorno à titularidade e mais uma boa série de troféus.
Os 5 anos seguintes, de volta a Portugal e sempre de “Leão” ao peito, significariam para o atleta o enriquecimento do palmarés desportivo. A conquista do Campeonato Nacional de 1979/80, a “dobradinha” de 1981/82 e a Supertaça de 1982/83, sublinhariam o estatuto de figura histórica, que já tinha ganho com todos os anos passados de “verde e branco”. No entanto, antes ainda de terminar a carreira como futebolista, a ligação do defesa ao emblema lisboeta conheceria um interregno. Nesse sentido, passaria pelo Marítimo e, finda a temporada de 1984/85, depois de vestir a camisola do Barreirense, chegaria a altura de “pendurar as chuteiras”. Já como treinador, orientaria diversas equipas nos escalões secundários. Anos mais tarde, um novo convite levá-lo-ia a regressar ao Sporting. Em Alvalade trabalharia como adjunto por vários anos, destacando-se as épocas vitoriosas ao lado de Augusto Inácio e Laszlo Bölöni. Noutras funções, colaboraria também com o Departamento de Prospecção leonino.

1181 - JOAQUIM ROCHA

Nascido em Castelo de Paiva, ainda em criança, acompanharia a família na mudança para o Brasil. No novo país, onde os pais passariam a depositar a esperança por uma vida com melhores condições, Joaquim Rocha alimentaria a sua paixão pelo futebol. Superaria, com boa avaliação, os desafios lançados aos diferentes patamares do seu percurso formativo. Já no início da década de 70, fruto das boas qualidades entretanto desenvolvidas, seria no histórico Corinthians que o avançado daria os primeiros passos no patamar sénior. A chegada ao contexto profissional no emblema paulista, levá-lo-ia, não muito tempo depois, a equacionar um convite vindo da Europa. Tido como um elemento que, apesar de não exibir um físico impressionante, era habilidoso com a bola nos pés, seria o repto lançado pelo Sporting a sustentar o seu regresso a Portugal.
Com a entrada em Alvalade a ocorrer na época de 1971/72, Joaquim Rocha integrar-se-ia num balneário que, para só o sector mais ofensivo, contava com Lourenço, Marinho, Dinis, Chico Faria e, principalmente, com o argentino Hector Yazalde. Tão forte concorrência, faria com que, na campanha de chegada e também nos anos vindouros, poucas fossem as oportunidades conquistadas pelo atacante. Mesmo pouco utilizado, a habilidade que demonstrava ditaria, por mais alguns anos, a sua continuidade de “Leão” ao peito. Durante essas 4 temporadas, destaque para a de 1973/74 e para o enriquecimento do seu palmarés, com as vitórias no Campeonato Nacional e na Taça de Portugal.
Seguir-se-ia na sua caminhada competitiva, a Académica de Coimbra. Na “Cidade dos Estudantes”, Joaquim Rocha, finalmente teria a ocasião para provar a qualidade do seu futebol. Para além de uma técnica bem acima da média, o atleta, resultado de um bom entendimento do jogo, também demonstraria ser exímio nas movimentações. Tais predicados, levá-lo-iam a assumir-se como um elemento de enorme importância e, a partir da segunda campanha com as cores da “Briosa”, como um dos nomes imprescindíveis no alinhar da equipa inicial.
Curiosamente, quando o avançado, para além de titular, era também um dos principais goleadores da equipa, o término da campanha de 1977/78 ditaria o fim da ligação do jogador com o conjunto beirão. No Académico de Viseu daria continuidade ao seu trajecto primodivisionário e depois da experiência na referida agremiação, seria o Vitória de Guimarães a dar novo tónico à carreira do atacante. No Minho, como um dos principais elementos do colectivo, ajudaria às boas classificações no Campeonato Nacional, contribuindo, com a sua constância exibicional, para o 4º lugar na tabela classificativa de 1981/82 e para o consequente apuramento do clube para a Taça UEFA disputada no ano seguinte.
O Penafiel e a temporada de 1983/84, com Joaquim Rocha a participar em todas as jornadas do Campeonato, marcariam, depois de 13 campanhas na 1ª divisão, o adeus do avançado ao escalão máximo português. Seguir-se-iam, sempre nos patamares secundários, as passagens por diversos emblemas e o final da carreira enquanto futebolista, já em 1988, com as cores do Torralta. Depois de “pendurar as chuteiras”, manteria a residência no Algarve e, ao mesmo tento que exercia funções na área da hotelaria, continuaria a alimentar a paixão pelo futebol. Durante vários treinaria equipas dos “regionais”, tendo, posteriormente, trabalhado como adjunto do Esperança de Lagos.

1180 - RUI MARQUES

Apesar do percurso formativo feito no Benfica, seria a ida para a Suíça que lançaria a carreira de Rui Marques no patamar sénior. A experiência nos helvéticos do FC Baden, colectividade distante das mais emblemáticas do país, ainda assim teria o condão de dar ao defesa nascido em Angola visibilidade suficiente para conseguir dar o salto para Alemanha. No escalão principal da Bundesliga, as exibições com as cores do SSV Ulm levá-lo-iam a subir novo degrau na carreira e a temporada de 2000/01 marcaria a sua transferência para o Hertha de Berlim.
Na capital germânica, o defesa-central não conseguiria conquistar as oportunidades desejadas. A falta de jogos faria com que a sua caminhada, a meio da campanha de chegada, passasse a ser equacionada de forma diferente. A alternativa encontrada, encaminhá-lo-ia para um empréstimo e, com o interesse demonstrado pelo Stuttgart, abrir-se-iam as portas para uma boa solução. Após alguns meses cedido, já com os responsáveis do emblema sediado no Estado de Baden-Württemberg convencidos das suas qualidades, a época de 2001/02 selaria, de forma definitiva, a ligação entre o atleta e o emblema do sudoeste da Alemanha. Ainda assim e apesar de ser chamado a jogo com alguma frequência, Rui Marques não seria capaz de afirmar-se como um titular indiscutível. Apesar de tudo, os 3 anos e meio passados com a camisola dos “Die Schwaben”, durante os quais também partilharia o balneário com Fernando Meira, trariam ao jogador momentos inolvidáveis e a vitória na edição de 2002/03 da Taça Intertoto acabaria por abrilhantar o seu currículo.
Ao perder protagonismo no Stuttgart, a campanha de 2004/05 marcaria o seu regresso a Portugal. Com o acordo rubricado com o Marítimo, Rui Marques faria a estreia na 1ª divisão. Porém, a escolha do defesa revelar-se-ia pouco acertada. Sem protagonismo nos “Insulares”, ao fim de um ano de ligação, clube e atleta chegariam a um acordo para a rescisão do contrato. Seguir-se-ia o interesse do Ipswich Town e do Leeds United. A escolha pelo emblema de Yorkshire levá-lo-ia a mais um recomeço atribulado. Ultrapassado por outros colegas nas escolhas para o “onze”, mais uma vez o central viveria momentos complicados. Sem espaço em Elland Road, a passagem pelo Hull City e a presença, por Angola, no Mundial de 2006, dariam um novo ânimo à sua caminhada desportiva.
Depois de, com as cores dos “Palancas Negros”, ter estado no Campeonato do Mundo organizado na Alemanha, Rui Marques, finalmente, conquistaria um lugar no sector mais recuado do Leeds United. A partir desse momento, também a presença nas listas de arrolados aos trabalhos da selecção do seu país, tornar-se-ia numa constante. Por Angola, para além da chamada ao certame já referido, o defesa seria convocado para a disputa das edições de 2008 e de 2010 da CAN. Com o crescimento internacional a ser acompanhado pelas exibições no clube, as partidas feitas pelo emblema do norte de Inglaterra encaminhá-lo-iam em direcção ao coração dos adeptos. Mesmo sem ter vestido a camisola dos “Peacocks” no escalão máximo, a sua atitude fá-lo-ia a ser tido como um membro exemplar. Nesse sentido, chegaria a envergar a braçadeira de capitão e, 5 anos após a sua chegada, passaria a ser recordado como um elemento de cariz histórico.
A temporada de 2009/10 assinalaria o fim de uma carreira que, no derradeiro capítulo, também ficaria marcada por algumas lesões. Hoje em dia, Rui Marques mantem-se ligado à modalidade. Ainda que longe dos relvados, o antigo defesa começaria a assumir novas funções e tem trabalhado na prospecção de novos talentos.

1179 - SISKA

Por sugestão de Akös Teszler, à altura treinador do FC Porto, chegaria à “Cidade Invicta”, para reforçar o lugar à baliza dos “Azuis e Brancos de 1924/25, o guarda-redes húngaro Mihály Siska. Com 18 anos e vindo do Vasas de Budapeste, a contratação do jovem atleta imediatamente daria azo a uma acesa polémica. Numa altura em que o futebol português era ainda alimentado por um romântico amadorismo, o pagamento de 1000 escudos mensais ao futebolista haveria de inflamar tanto as hostes de adeptos, como algumas facções da imprensa.
Retirando as celeumas relatadas, as exibições do guardião, em jeito uníssono, depressa fariam de si um dos grandes pilares dos desempenhos colectivos. A estreia num jogo oficial dar-se-ia numa partida do “regional” portuense e logo como uma particularidade digna de registo. Nessa primeira jornada, o FC Porto calharia bater-se com o Progresso. O resultado de 6-1, em jeito de rescaldo, daria à vitória dos “Dragões” um toque de evidente superioridade. Contudo, o sexto e derradeiro golo dos “Azuis e Brancos” tornar-se-ia noutro ponto de destaque do referido embate, pois, na sequência de uma jogada corrida, o mesmo seria concretizado pelo guarda-redes magiar.
Para além da aludida conquista do Campeonato do Porto, e da repetição da vitória nas 8 edições seguintes, o seu palmarés acabaria enriquecido com o triunfo do FC Porto em 2 Campeonatos de Portugal, o primeiro realizado na campanha da sua chegada ao contexto desportivo luso e o segundo nas disputas calendarizadas para a época de 1931/32. No entanto, muito para além dos troféus ganhos nas 9 campanhas em que carregaria ao peito a insígnia portista, a sua fama alimentar-se-ia das excepcionais prestações que, de desafio em desafio, conseguiria erigir. Essas exibições, resultados de qualidades extraordinárias para o desempenho das funções de “keeper”, valer-lhe-iam o epíteto de “meio-team”. Tal importância, mesmo sem ter alcançado qualquer internacionalização pelo seu país, levá-lo-ia a ser aferido como um dos melhores da Europa na sua posição e a ser chamado a jogo pela selecção do Porto.
Tendo a sua naturalização acontecido em 1926, Mihály passaria a responder pelo nome Miguel. Porém, mesmo com o novo “passaporte”, a sua entrada nos planos da equipa nacional portuguesa acabaria também por nunca ocorrer. O que aconteceria, e de forma natural, seria a sua inscrição em vários capítulos da história do FC Porto. Apesar da carreira interrompida pela doença, Siska continuaria ligado ao devir do clube e da modalidade. Afastado das lides de futebolista no final da temporada de 1932/33, anos mais tarde assumiria o cargo de treinador-principal. Com o encetar de funções a suceder em 1935, nas funções de “timoneiro”, ao incutir vontade lutadora e instinto vencedor aos seus discípulos, levaria os “Azuis e Brancos” às vitórias nos Campeonatos Nacionais de 1938/39 e 1939/40. Mas a maleita que afectava a sua função pulmonar, acabaria, de forma idêntica, por subtrair à sua vida o banco de suplentes. Passaria, então, a trabalhar como funcionário-administrativo, na secretaria do FC Porto.
Já com uma festa de homenagem marcada, a 25 de Outubro de 1947 Siska viria a falecer vítima de um tumor nos pulmões. A partida realizar-se-ia na mesma, contando com a presença da equipa do Benfica e a receita do jogo, a rondar os 100 contos, reverteria para a subsistência da sua viúva.

1178 - JACINTO

Elemento das camadas de formação das “Águias”, Jacinto seria chamado aos trabalhos das jovens selecções portuguesas. Como atleta das “escolas” do Benfica, conseguiria 7 internacionalizações pelos sub-18 lusos. Acabaria chamado a participar na edição de 1969 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA, mas, apesar das expectativas criadas em seu redor, alicerçadas pela carreira feita com a “camisola das quinas”, a transição para o patamar sénior afastaria o defesa da equipa principal “encarnada”. Portimonense, na temporada de 1969/70, seguido da transferência para o Marinhense, marcariam, desse modo, os seus primeiros anos como profissional.
Mesmo sendo algo normal a falta de chances dadas aos jogadores vindos dos juniores, o longo período passado longe do patamar principal tornar-se-ia num elemento surpresa. Seria já na época de 1976/77 que o jogador, finalmente, teria a oportunidade de estrear-se na 1ª divisão. Contratado pelo Leixões ao conjunto sediado na Marinha Grande, o lateral, com o largo traquejo ganho nos anos passados no escalão secundário, acabaria por não estranhar o salto competitivo e conseguiria agarrar-se a um lugar no sector mais recuado dos matosinhenses. Porém, e apesar de uma campanha, em temos individuais, aferida como positiva, a descida do conjunto do Estádio do Mar, levá-lo-ia, por atacado, de volta aos patamares inferiores. Curiosamente, a experiência seguinte, com o Famalicão, edificar-se-ia praticamente do mesmo modo. Entraria para o conjunto minhoto em 1978/79, para disputar o degrau máximo do futebol nacional. Alcançaria a titularidade e realizaria uma campanha mais do que agradável. Porém, no final da temporada, a despromoção da equipa não levaria o atleta de regresso a andanças antigas, mas ao FC Porto.
Nas Antas, sob a alçada do treinador José Maria Pedroto, Jacinto apenas disputaria a Supertaça. Sem grande espaço na equipa “azul e branca”, no decorrer da temporada de 1979/80, o defesa voltaria ao Famalicão e ao 2º patamar. Já em termos do Campeonato Nacional da 1ª divisão, seria a passagem pelo Sporting de Espinho a permitir ao atleta, em termos consecutivos, o mais longo período a disputar a competição portuguesa de maior monta. Vestiria a camisola dos “Tigres” a partir de 1980/81 e, por 2 anos sucessivos, tal como já tinha conseguido anteriormente, asseguraria diversas presenças no “onze” inicial.
O que restaria da sua carreira desportiva, acabaria por ser trilhada longe dos “palcos” principais. Com o regresso ao Leixões em 1982, Jacinto iniciaria nova caminhada pelas divisões inferiores. Nessa senda, envergaria as camisolas de Académico de Viseu, Tirsense, Infesta e, já nos “regionais” da Associação de Futebol do Porto, a do Atlético Bougadense.

1177 - WANDO

Seria descoberto pelo Vasco da Gama durante uma partida entre as selecções jovens de Brasília e do Rio de Janeiro. Acabaria a formação nas “escolas” do emblema “carioca” e, resultado de uma evolução positiva, depressa começaria a apontar para outros destinos. A oportunidade, contava apenas com 19 anos de idade, surgiria na temporada de 1982/83. De Portugal surgiria o convite do Sporting de Braga e a mudança sublinharia uma atleta de um virtuosismo estonteante.
Na colectividade minhota, a velocidade, apurada nos tempos em que praticava atletismo, o drible fácil, que permitia a Wando ultrapassar os adversários, rapidamente dariam ao extremo-canhoto um lugar no desenho táctico dos “Arsenalistas”. Orientado pelo treinador Juca, o atacante terminaria a campanha de estreia em Portugal como um dos atletas mais utilizados no plantel e marcaria presença em ambas as partidas da Supertaça, perdida para o Sporting. A época seguinte serviria, tendo o jogador participado em todas as jornadas do Campeonato Nacional, para asseverar a sua ascensão. Tal crescimento abrir-lhe-ia as portas de um novo desafio e o Estádio “da Luz” tornar-se-ia na sua nova “casa”.
Com o desafio de substituir Fernando Chalana, entretanto transferido para o Bordeaux, a temporada de 1984/85, mesmo com uma boa frequência em presenças em campo, serviria para a adaptação de Wando a uma realidade competitiva mais exigente. Já bem ajustado, o avançado, com inscrição regular no “onze” titular, continuaria a dar o seu contributo para a conquista de novos títulos. Nesse sentido, as 4 épocas de “águia ao peito”, seriam bem proveitosas. Logo na campanha de chegada a Lisboa, o esquerdino ajudaria à conquista da Taça de Portugal. Disputaria e conquistaria as duas edições seguintes da “Prova Rainha” e, em 1986/87, com a vitória no Campeonato, gravaria a “dobradinha” no palmarés pessoal. Porém, seria o derradeiro ano passado com o Benfica que acabaria por oferecer à sua carreira um dos momentos mais gloriosos. A presença na final de 1987/88 da Taça dos Clubes Campeões Europeus, mesmo perdida para ao PSV Eindhoven, inscrever-se-ia na sua caminhada como um marco e o desempate por grandes penalidades tornar-se-ia num capítulo inolvidável – “Estávamos sentados e o Veloso falou: «Eu vou lá, dou uma paradinha, o guarda-redes vai para um canto e eu chuto para o outro.» E eu disse: «Vai, Veloso, vai!» Eu não queria era bater! «Vai, Veloso…" O Álvaro fez coro: «Vai, Veloso, vai!» E o Veloso foi: fez uma paradinha, mas o guarda-redes não se mexeu; ele chutou e o Van Breukelen defendeu a bola”*.
Seguir-se-ia, no trajecto do atleta, uma fase mais errante e, com isso, a passagem por diversos emblemas. Ainda em Portugal, Wando vestiria as camisolas do Vitória de Setúbal, Marítimo e, após uma “ponte” feita no Calheta, viria a experiência ao serviço dos turcos do Konyaspor. Depois, consumar-se-ia o regresso ao Brasil, a passagem pelo XV de Jaú e o terminar da caminhada enquanto desportista profissional. Com o fim da carreira, Wando transformar-se-ia num agente multifacetado. Investe no ramo imobiliário, abriria uma creche, inauguraria uma escola de futebol, passaria a colaborar com vários clubes na prospecção de novos talentos e ainda ajuda à gestão da carreira de jovens atletas.

*retirado da entrevista conduzida por João Sanches, publicada a 07/02/2019, em www.slbenfica.pt

1176 - JORGE SOARES

Durante vários anos dividiria a actividade desportiva entre o futebol e, com marcas de cariz nacional, o atletismo. No “jogo da bola”, começaria pelas camadas jovens do Messejanense, emblema da sua terra natal, para depois passar para o Aljustrelense. A representar as cores do emblema “mineiro”, Jorge Soares chegaria à selecção de Beja. Ao disputar o Torneio Interassociações, seria descoberto por Fernando Pires (Fanã) e, pela mão do afamado adjunto de Paco Fortes, acabaria por entrar para as “escolas” do Farense.
No Algarve terminaria a formação e, ainda no decorrer da temporada de 1989/90, seria chamado ao conjunto principal dos “Leões de Faro”. Os bons índices competitivos, que faziam dele uma das grandes promessas da equipa, levá-lo-iam também aos estágios das jovens selecções nacionais. Sem conseguir qualquer internacionalização, chegaria a treinar com o grupo que, em 1991, ganharia o Mundial sub-20. Acabaria, numa altura em que já começava a ser uma presença assídua no “onze” do Farense, por ter a oportunidade de representar os sub-21 de Portugal e de, nessa categoria, ajudar a vencer a edição de 1992 do Torneio Internacional de Toulon.
Cada vez mais uma figura de relevo na estratégia do Farense, o defesa-central começaria a ser cogitado por outros emblemas, como um possível reforço. Apesar de algumas abordagens, Jorge Soares manter-se-ia no plantel dos algarvios por largos anos. Durante esse período, depois de fazer parte do grupo que, na sua época de estreia enquanto sénior, atingiria a final da Taça de Portugal, o atleta acabaria também por participar noutro dos mais importantes momentos da história da colectividade sediada na cidade de Faro. Em 1994/95, como um dos mais utilizados durante o Campeonato Nacional, ajudaria ao 5º posto da tabela classificativa e à qualificação para as provas continentais. Já no ano seguinte, na primeira participação do clube na Taça UEFA, entraria em campo em ambos os embates frente aos franceses do Olympique Lyonnais.
Aferido como um dos bons centrais a jogar em Portugal, Jorge Soares seria contratado pelo Benfica para a temporada de 1997/98. Apesar de uma primeira campanha em que, na “Luz”, jogaria amiúde, algumas avaliações menos boas, uma grave lesão na época seguinte à sua chegada a Lisboa e a preferência do treinador Graeme Souness por outros atletas, ditariam a saída do jogador. No Marítimo a partir da campanha de 1998/99, o defesa recuperaria a titularidade e, acima de tudo, o estatuto de atleta de valor. No emblema insular, onde também participaria nas competições organizadas pela UEFA, passaria 5 temporadas e sempre com bons níveis exibicionais. Ainda no Funchal, seguir-se-ia o União da Madeira, o regresso aos escalões inferiores e a entrada na última fase da sua carreira.
Com os derradeiros anos a aproximarem-se, seria o listado vermelho e branco do Louletano que acolheria o fim da carreira do central, enquanto futebolista. Já a preparar os anos após a saída da alta-competição, Jorge Soares regressaria à escola e concluiria os estudos superiores em Educação Física. Passaria, então, a repartir o seu tempo entre as tarefas de professor e a gestão das “escolas” de futebol abertas no Algarve, em parceria com o seu antigo colega de balneário, Jorge Portela.