1445 - HEITOR

Tendo, durante o percurso formativo, transitado do Guarani para o Ponte Preta, seria no emblema de Campinas que, depois de ajudar à conquista do título sub-20 paulista de 1982, Heitor Camarin Júnior seria promovido ao plantel sénior de 1983. Seria também durante o último ano referido que o lateral acabaria chamado, pela selecção brasileira de sub-20, a disputar dois importantes certames. Após ajudar a vencer o Sudamericano, o jovem atleta viria também a ser convocado à disputa do Campeonato do Mundo da categoria. No torneio organizado no México, ao lado de Dunga, Bebeto ou Jorginho e de outros nomes bem conhecidos do futebol luso como Aloísio, Guto ou o guardião Hugo, o defesa faria parte do “onze” inicial escolhido para a final e, frente à Argentina, auxiliaria a “Canarinha” a conquistar o ceptro mundial.
No que diz respeito à sua carreira clubística, o emblema seguinte seria o Flamengo. Com a entrada na Gávea em 1983, Heitor passaria a partilhar o balneário com Mozer, Carlos Alberto, Zico, Leandro, Júnior, Baltazar, entre outros grandes nomes do futebol brasileiro. Todavia, num grupo de tanto valor, as oportunidades não seriam muitas e a mudança para o Náutico serviria para dar maior traquejo ao defesa. Na colectividade sediada no Recife, as exibições conseguidas, mormente em partidas a contar para o “Brasileirão”, levariam o Vasco da Gama a olhar para si como um bom reforço. Nesse sentido, pouco tempo depois da mudança para o Estado de Pernambuco, surgiria a transferência para os “Cruzmaltinos” e, num emblema com origens lusas, seguir-se-ia a cobiça de emblemas sediados em Portugal.
Após aceitar o convite do Vitória Sport Clube, a mudança para Guimarães dar-se-ia na temporada de 1986/87. Orientado pelo conterrâneo Marinho Peres, ainda que pouco utilizado, o defesa teria a oportunidade de entrar em campo em algumas partidas a contar para a Taça UEFA. Numa competição em que o emblema minhoto chegaria aos quartos-de-final, as pelejas disputadas na eliminatória agora mencionada, revelariam Heitor, muito mais do que desacertado, com um enorme azar. Frente aos germânicos do Borussia Mönchengladbach treinado por Jupp Heynckes, o lateral seria chamado às duas mãos. Porém, em ambos os jogos, que ditariam o afastamento do conjunto luso, teria a infelicidade de marcar um autogolo. Aliás, muitos afirmariam que seria esse infortúnio a carimbar a sua saída do clube. A verdade dificilmente a saberemos, mas o certo é que a temporada seguinte apresentar-lhe-ia outra camisola.
Com a chegada ao Nacional da Madeira a ocorrer na temporada de 1987/88, seria a disputa do escalão secundário a dar a Heitor a chance de entrar na história da colectividade insular. Membro integrante do conjunto a carimbar, nessa mesma época, a subida de escalão, a consequência maior desse passo inicial emergiria com o arranque dos “Alvinegros” nas contendas da 1ª divisão. Seguir-se-iam, após a estreia colectiva nos contextos primodivisionários, outro par de campanhas na companhia dos “grandes”. Porém, a descida do clube no final do Campeonato Nacional de 1990/91, precipitaria a sua saída e a transferência para os rivais do Marítimo.
Nos “Leões do Almirante Reis” a partir de 1991/92, Heitor voltaria a trabalhar sob as ordens do treinador que o tinha recebido no Nacional. Com Paulo Autuori no comando técnico, o lateral manteria a preponderância revelada em temporadas anteriores. Pautando-se como um dos habituais titulares, o defesa tornar-se-ia num dos pilares de uma página histórica para o conjunto da ilha da Madeira. Sempre a afrontar os lugares cimeiros da tabela classificativa, o colectivo funchalense conseguiria terminar a campanha de 1992/93 no 5º posto do Campeonato Nacional. Já depois de uma abordagem feita pelo Benfica no sentido de contratar o atleta, mas rejeitada pelo Marítimo, o jogador acompanharia os “Verde-rubro” na estreia nas competições de âmbito continental. Na eliminatória inicial da Taça UEFA, frente ao Royal Antwerp, o brasileiro entraria em campo na 2ª mão, mas nem o golo por si concretizado seria suficiente para eliminar o agremiado belga.
Ainda como atleta do Marítimo, Heitor participaria em outros momentos merecedores de destaque. Nesse sentido, muito para além de, no calendário para 1994/95, repetir a presença na Taça UEFA, ainda no mesmo ano seria a Taça de Portugal a trazer uma novidade para a sua carreira. Curiosamente, a presença na final da competição apelidada como a “Prova Rainha”, na qual entraria de início e de onde sairia o Sporting como vencedor, marcaria o fim da sua caminhada como atleta.
Após “pendurar as chuteiras”, numa caminhada que sublinharia a sua habilidade para os lances de bola parada, mormente os livres-directos, Heitor passaria a dedicar-se a outras actividades. O antigo atleta, dono de um forte pontapé e que, com 35 golos marcados em Portugal, findaria o trajecto desportivo no segundo lugar dos defesas que, no Campeonato Nacional, mais golos somaria, passaria a ocupar o seu tempo nas actividades agrícolas. Mais tarde surgiria a política e depois de experimentar as tarefas de vereador, acabaria eleito como o Perfeito de Laranjal Paulista.

1444 - YUSTRICH

Seria ainda durante a sua experiência a defender as redes do Andarahy Athlético Club que Dorival Kniper, pela parecença com o argentino, também guarda-redes, Juan Elias Yustrich, ganharia a alcunha pela qual ficaria conhecido no mundo do desporto.
De uma estampa física impressionante, com cerca de 1,90m de altura e um arcaboiço muscular invejável, seria no Flamengo que o jovem guardião prosseguiria a carreira “entre os postes”. Desde a temporada de 1935 até à campanha de 1944, o atleta não conheceria outro emblema. Depois da estreia, pela mão do treinador Flávio Costa*, numa partida a contar para o Estadual Carioca, o jogador, nos anos sequentes, manter-se-ia como um dos elementos utilizados com boa regularidade. Porém, as duas últimas campanhas de ligação ao “Mengão” empurrá-lo-iam para um período em que seria ofuscado pelos colegas de posição. Na disposição de dar outro rumo à caminhada competitiva, aceitaria o convite de outro emblema e sem deixar a “Cidade Maravilhosa” transferir-se-ia para o Vasco da Gama.
Seria já com 4 Campeonatos do Rio de Janeiro no palmarés que Yustrich deixaria o Bairro da Gávea para, sem sair da mesma urbe, assinar contrato com o Vasco da Gama. A curta experiência com os “Cruzamaltinos”, por empréstimo do Flamengo, como que serviria de interlúdio para os anos cumpridos com o América-RJ**. Já depois de “pendurar as luvas” no ano de 1950, com o empurrão dado pela conclusão do curso de Educação Física, o antigo guarda-redes passaria a abraçar as funções de técnico e daria os primeiros passos de uma carreira com vários sucessos, mas recheada de polémicas.
Como treinador, muito para além da constatada competência, Dorival Yustrich também ficaria conhecido como um indivíduo de trato difícil, quezilento e autoritário. Porém, os resultados apresentados, maior parte das vezes desculpariam o temperamento agressivo e arrogante. Tendo encetado a caminhada, em 1951, ao serviço do Atlético Mineiro, seriam muitos os emblemas a requisitar os seus serviços. Numa extensíssima lista, de onde conseguiremos retirar nomes como os do Cruzeiro, América de Minas Gerais, Siderúrgica, Coritiba, Corinthians, Flamengo, Bangu e até a selecção “canarinha”, os maiores destaques viriam com os títulos ganhos, nomeadamente, os 4 Campeonatos Mineiros ou a Taça Guanabara.
Também além-fronteiras, Yustrich haveria de ter a oportunidade de demonstrar a sua mestria e, nesse sentido, seria contratado pelo FC Porto para a temporada de 1955/56. Na“Cidade Invicta” encontraria um plantel que, para além das contratações por si aconselhadas, casos de Jaburú e Gastão, contava igualmente com Acúrsio, Miguel Arcanjo, Virgílio, Eleutério, Monteiro da Costa, Pedroto, Carlos Duarte, Teixeira, Perdigão ou Hernâni. Logo nessa campanha da sua chegada, ao dar corpo ao enorme potencial do grupo de trabalho sob a sua alçada, o técnico brasileiro conseguiria algo de inédito na existência da agremiação portuense e com a vitória no Campeonato Nacional, à qual juntaria o triunfo na Taça de Portugal, entregaria ao palmarés colectivo dos “Dragões” a primeira “dobradinha” da história.
Porém, o feitio exageradamente tirânico, também no FC Porto, como em outros episódios ocorridos ao longo da sua carreira, iriam pô-lo na porta de saída. Após várias contendas com diferentes elementos do plantel “azul e branco”, seria o confronto com Hernâni, tendo o mesmo, no final de um jogo, chegado à peleja física, que, pela pressão do grupo de trabalho, iria culminar com a sua partida no termo da temporada de 1956/57 e com o consequente regresso ao Brasil.

*treinador com 2 passagens pelo FC Porto
**há fontes que indicam o fim da sua carreira após a saída do Vasco da Gama, para, em exclusivo, passar a dedicar-se aos estudos

1443 - NANDO

Nascido na histórica vila de Sintra, Ângelo Fernando Conceição Santos, popularizado como Nando, começaria a senda no futebol sénior como atleta a integrar o plantel de 1981/82 do Sintrense. Apesar de ver reconhecidas as suas qualidades, a verdade é que, após esse primeiro passo, ainda demorariam mais alguns anos para que o atleta conseguisse dar o salto para uma colectividade com maiores ambições. Antes ainda, viria a temporada de 1984/85, cumprida nas “distritais” da Associação de Futebol de Lisboa, ao serviço do Sporting de Lourel. Depois, finalmente, surgiria o convite do Estoril Praia e a curta passagem pela Amoreira e que serviria de trampolim para uma carreira de enorme valia.
A época no emblema da Linha de Cascais serviria, essencialmente, para sublinhar Nando como um lateral-direito de grande apetência física, com uma resistência espantosa e que defensivamente, como em acções ofensivas, muito mais do que cumpridor, somava aos movimentos colectivos uma importância impagável. Nessa evolução, seria a apresentação como reforço do Farense que, na campanha de 1986/87, serviria para a estreia do defesa no patamar maior do futebol luso. No Algarve, lançado pelo técnico Dinis Vital, o lateral, com as exibições individuais a cimentarem tal estatuto, ganharia o rótulo de atleta de cariz primodivisionário. Um par de anos volvidos sobre a sua chegada aos “Leões de Faro”, nova oportunidade surgiria e a transferência para o Vitória Sport Clube serviria para confirmar tudo o que aqui vem sendo dito sobre as suas habilidades.
Com a chegada a Guimarães a acontecer na temporada de 1988/89, Nando, como um jogador com bom traquejo e ao dar continuidade ao trabalho e resultados alcançados no Sul do país, facilmente conseguiria impor-se como um dos titulares. Já as novidades surgiriam com a presença do Vitória Sport Clube em competições que, na caminhada do defesa, emergiriam pela primeira vez. No contexto da UEFA, especificamente na Taça dos Vencedores das Taças, o lateral jogaria em ambas as mãos da eliminatória inaugural, que acabaria por ser vencida pelos neerlandeses do Roda. Por outro lado surgiria a participação na Supertaça e, tendo também marcado presença nas duas partidas agendadas para a prova de âmbito nacional, o resultado seria diferente e a colectividade minhota levaria para os seus escaparates o respectivo troféu.
No resto da caminhada feita por Nando ao serviço do Vitória Sport Clube, pouco haveria de mudar em termos desportivos. Tido como um dos principais esteios das manobras tácticas idealizadas pelos diferentes treinadores à frente dos vimaranenses, seria um episódio para além dos relvados que iria, de alguma forma, abanar essa constância. Na preparação da temporada de 1990/91, com os “Conquistadores” a viajar para o Brasil, uma folga no estágio de pré-época terminaria com um incidente gravíssimo – “Vínhamos a regressar ao hotel (…) quando, de repente, havia duas vias e a gente passou ao lado de um carro e sem querer a gente passou por uma poça e molhámos o carro dele. Então, aquilo passou-se de repente, ele pegou numa espingarda, mandou um tiro para dentro do carro e acertou-me a mim. Foi só por isso. Não houve palavras, não houve nada. Foi simplesmente, acho eu, pela água ou não era para a gente e acertou em nós”*.
Os capítulos seguintes a ter deixado a “Cidade Berço” transformar-se-iam, mesmo sem abandonar o cenário primodivisionário, num percurso um pouco mais errante. Surpreendentemente, até pela preponderância revelada até então, Nando, para a temporada de 1991/92, seria emprestado ao Sporting de Braga. Na campanha seguinte e já com o Campeonato Nacional em andamento, dar-se-ia a transferência para o Gil Vicente. Depois viriam a época passada ao serviço do Famalicão e aquela que, com as cores do Beira-Mar, acabaria por tornar-se na última campanha cumprida no principal patamar do futebol Português.
No escalão secundário, Nando ainda cumpriria outra temporada no plantel da aludida colectividade de Aveiro. Já numa fase descendente da sua caminhada enquanto futebolista, o destaque para os regressos primeiro ao Sintrense e posteriormente ao Sporting de Lourel.

*retirado da reportagem da RTP, a 17/07/1990, publicada em https://arquivos.rtp.pt

1442 - JUANITO

Natural de Baleizão, João Maria Oliveira Cruz, acarinhado no contexto futebolístico como Juanito, dividiria o percurso formativo entre o Zona Azul e o Desportivo de Beja. Médio-ofensivo de grande habilidade técnica e com um entendimento do jogo bem acima daqueles que com ele partilhavam o balneário, desde cedo começou a ser alvo de cobiça por parte de outros emblemas. Depois de abortada, por razões familiares, a transferência para a Académica de Coimbra, seria a vez do jovem jogador tentar a sua sorte no “O Elvas”. Nos treinos feitos na histórica cidade raiana, o atleta agradaria ao treinador Carlos Cardoso e a mudança para os “Azuis e Ouro” dar-se-ia na temporada de 1986/87.
Tido como um praticante com uma enorme margem de progressão, Juanito, mesmo tendo em conta o cenário primodivisionário onde daria os primeiros passos enquanto sénior, conseguiria ser utilizado com bastante regularidade nessa época de estreia. Seria esse destaque que o levaria, no âmbito da selecção de “esperanças”, aos trabalhos sob alçada da Federação Portuguesa de Futebol. No entanto, a sua progressão nos anos vindouros não teriam o crescimento projectado e na campanha de 1987/88, a trabalhar inicialmente com Mário Nunes e depois com Vieira Nunes, o médio eclipsar-se-ia.
A descida do seu emblema na última temporada mencionada, contrariamente ao que a qualidade do jogador faria prever, afastá-lo-ia de vez do patamar maior do futebol luso. Após mais 3 épocas a actuar pela agremiação elvense, Juanito, na única experiência cumprida fora do Alentejo, integraria o plantel de 1991/92 do Louletano. Seguir-se-iam o ano passado com as cores do Campomaiorense e o regresso às exibições caseiras no Campo Demétrio Patalino. De volta à camisola “azul e ouro”, para fazer parte do grupo de trabalho a enfrentar as competições agendadas para 1993/94, o médio-ofensivo encetaria aí um percurso de 8 campanhas consecutivas ao serviço do “O Elvas” que, muito mais do que transformar a colectividade raiana na mais representativa da sua caminhada enquanto desportista profissional, torná-lo-iam num dos nomes icónicos da história do clube.
Daí em diante, Juanito, numa fase descendente da sua carreira, mas com força suficiente para prolongá-la por mais meia dezena de anos, ainda teria fôlego para envergar as camisolas d’ “Os Avisenses”, do Amarelejense e, por fim, do Alandroalense. Já depois de “penduradas as chuteiras” na temporada de 2005/06 e tendo, nessa mesma campanha, experimentado as funções treinador, o antigo jogador decidiria, em exclusivo, abraçar as tarefas de técnico. Nessa nova senda, o “O Elvas”, quer nas camadas jovens ou como adjunto na equipa principal, mais uma vez emergiria como o emblema mais representativo da sua carreira. As excepções iriam para as passagens pelo Calipolense e pelo Borbense.
Paralelamente ao futebol, Juanito é dono de uma papelaria na povoação que o adoptaria e onde decidiria radicar-se com a família, ou seja, a cidade de Elvas.

1441 - PEDRO MIGUEL

Ao cumprir grande parte do percurso formativo no emblema da sua terra natal, seria já como atleta do FC Porto que o defesa viria a terminar essa etapa. Porém, Pedro Miguel Ferreira, por altura de subir ao escalão sénior, veria a gigantesca concorrência por um lugar no sector mais recuado dos “Dragões” a afastá-lo da equipa principal. Seguir-se-ia, como resultado da falta de espaço nas Antas, o regresso à UD Oliveirense e a disputa, na temporada de 1986/87, do Campeonato Nacional da 3ª divisão.
Apesar de afastado dos principais holofotes, as suas qualidades depressa dariam a entender que o lugar que Pedro Miguel merecia estava mais acima. Passada apenas uma temporada sobre o retorno a Oliveira de Azeméis, o defesa-central receberia um novo convite e acabaria a mudar-se, sem sair do distrito de Aveiro, para o Feirense. Ao subir um degrau competitivo, passaria, no Estádio Marcolino de Castro, a participar nas pelejas do 2º escalão. Já sob a batuta do treinador Henrique Nunes, o jogador integraria o grupo de trabalho que, na campanha de 1989/90, devolveria os “Fogaceiros” ao convívio com os “grandes”. Num plantel com nomes bem conhecidos do futebol português, casos de Pedro Martins, Resende, Valido ou Morgado, o atleta faria a sua estreia na 1ª divisão. Contudo, e apesar da boa utilização, os desempenhos colectivos seriam insuficientes para evitar a despromoção e o regresso ao patamar secundário, com o fim da última temporada mencionada, emergiria com uma inevitabilidade.
Meia-dúzia de anos a representar o Feirense, a juntar, na época de 1993/94, a mais uma passagem pela UD Oliveirense, dariam ao jogador traquejo suficiente para ser visto, por outros emblemas, como uma boa aposta. Nesse sentido, seria o Beira-Mar a apresentá-lo como um dos reforços para a temporada de 1994/95. Tendo à frente da equipa técnica Rodolfo Reis, seu treinador nos juniores do FC Porto, esse reencontro, muito mais do que devolver Pedro Miguel às contendas da prova maior do calendário futebolístico português, serviria para sublinhar o defesa-central como um praticante de gabarito primodivisionário. Mesmo com o emblema sediado na cidade de Aveiro, com termo da campanha aludida no início do parágrafo, a descer de divisão, as suas prestações serviriam para dar continuidade ao bom trajecto no escalão máximo luso. Pela primeira vez na sua caminhada sénior, o passo seguinte seria dado fora do distrito que, até então, tinha apadrinhado a sua carreira profissional e o atleta viajaria até ao Sul do país para envergar a camisola do Farense.
No emblema algarvio a partir da temporada de 1995/96, Pedro Miguel, ao serviço dos “Leões de Faro” viveria, na minha singela opinião, os anos mais consistentes da sua carreira como desportista de alta-competição. A trabalhar sob a alçada de Paco Fortes, a entrada do jogador no Estádio São Luís coincidiria com primeira participação da colectividade do Sotavento nas provas de contexto continental. Com o sorteio correspondente à 1ª eliminatória da Taça UEFA a indicar o Olympique Lyonnais como o adversário do conjunto português, o defesa-central acabaria chamado pelo técnico catalão à 2ª mão da mencionada ronda, da qual a agremiação gaulesa emergiria como vencedora.
Os dois anos seguintes mostrá-lo-iam como um dos esteios do alinhamento táctico do Farense. Pior surgiria no par de temporadas seguintes, em que o atleta acabaria por perder a preponderância revelada anteriormente e que culminaria, com o termo da campanha de 1999/00, com o fim da sua carreira como praticante. Curioso é também o registo patente no “site” oficial da Federação Portuguesa de Futebol e que o dá, numa altura em que o antigo defesa até já havia encetado a sua caminhada como treinador, como elemento do plantel de 2001/02 da UD Oliveirense. Pondo de parte tal curiosidade, tem sido como técnico que Pedro Miguel vem mantendo a ligação à modalidade. Já com uma longa carreira, mas sem que da 1ª divisão surgisse qualquer oportunidade, o grande destaque dessa caminhada, para além das passagens pelo comando do Feirense, Leixões ou Varzim, terá de ir, sem sombra de dúvida, para os muitos anos cumpridos à frente da UD Oliveirense.

1440 - CURADO

Apesar de dividir os anos de formação entre a Académica de Coimbra e “Os Conimbricenses”, seria o regresso à “Briosa” que, na temporada de 1939/40, levaria António Henriques Curado a encetar a caminhada sénior. Integrado nos trabalhos da equipa principal, esses primeiros anos, com a forte concorrência a deixá-lo para segundo plano, seriam bastante difíceis para o jogador. Mesmo a disputar a 1ª divisão, o defesa, ao fim de 3 campanhas, em que aferiria a frequência da sua utilização como fraca, tomaria a decisão de mudar de emblema. A firmeza de tal resolução não levaria o atleta para muito longe do conjunto estudantil e, no entanto, na empurrá-lo-ia na direcção do maior opositor, o União de Coimbra.
A mudança para o Campo da Arregaça na campanha de 1942/43, como faria prever a enorme rivalidade entre os dois emblemas, ficaria envolta numa boa polémica. Curado, ao cumprir o objectivo da transferência, haveria de conquistar um lugar como titular e, com isso, passar a jogar com bastante regularidade. Logo nessa época de arranque com a nova camisola, tal como na seguinte, o defesa depressa conseguiria afirmar-se como um dos melhores elementos do conjunto, com as suas exibições a alavancar o agremiado beirão até à disputa da Fase Final de Apuramento à 1ª divisão. Ainda assim, em nenhuma das campanhas, a União de Coimbra conseguiria a almejada subida. Já as melhores prestações colectivas aconteceriam na edição de 1943/44 da Taça de Portugal, onde os da “Cruz de Santiago” cairiam apenas nos quartos-de-final da prova e aos pés do Vitória Sport Clube.
Curiosamente, seriam as exibições frente ao emblema da “Cidade Berço” a mudar o rumo da sua carreira. Impressionados com os seus índices exibicionais, os responsáveis pelo emblema vimaranense convidariam o jogador a mudar-se para o Minho. Sendo que uma das poucas maneiras de forçar a saída de um atleta teria de ter como fundamentação a contratação como funcionário público, logo o referido emprego emergiria da Câmara Municipal de Guimarães. Já a transferência desportiva levá-lo-ia, na campanha de 1944/45, a regressar à 1ª divisão. Sob a alçada do antigo internacional Alberto Augusto, o defesa manteria o estatuto de titular, trazido da antiga equipa e, como tal, começaria a ser aferido como um dos melhores intérpretes do conjunto. Nas épocas seguintes, 5 no cômputo, nada viria a alterar-se no seu contexto competitivo e, para além de juntar ao currículo os mencionados anos no convívio com os “grandes”, Curado, como um “artista” duro, intrépido, mas leal, conseguiria sublinhar-se como um nome de indubitável cariz primodivisionário.
Numa altura em que já era capitão de equipa e depois de várias vezes convocado, mas não utilizado, para os jogos da selecção nacional, Curado, deixaria a cidade de Guimarães para voltar a Coimbra. Mais uma vez com as cores da Académica, o defesa, que também podia posicionar-se em posições do sector intermediário, entraria, por assim dizer, na segunda parte da caminhada desportiva. Com o regresso à Beira Litoral a acontecer na temporada de 1949/50, o jogador tornar-se-ia num dos principais nomes da “Briosa”. Ao lado de craques como Bentes, Mário Torres, Melo, Capela, Mário Wilson, Azeredo ou Pérides, o atleta cumpriria outros 7 anos nas contendas do escalão maior e, desse modo, tornar-se-ia, fruto dos seus desempenhos, tornar-se-ia num dos grandes nomes do futebol estudantil.
Termina a carreira de futebolista, Curado ainda teria algumas passagens pela modalidade, mormente nas funções de treinador. Paralelamente surgiriam outras actividades, com especial destaque para as colaborações em diversos periódicos ou para os vários livros que viria a escrever durante a vida.

1439 - FALÉ


Um ano antes de, em definitivo, mudar a sua morada para a cidade Évora, já Carlos Falé havia prestado provas com as cores do Juventude. Por falta de consentimento dos pais, o jovem praticante acabaria por regressar à sua terra natal e aos desafios agendados para o Redondense. No entanto, a qualidade dos índices exibicionais apresentados em todos os desafios faria com que outro emblema alentejano voltasse à carga e, já convencidos os progenitores da oportunidade oferecida ao filho, seria obtida a permissão para que o jogador fosse transferido para o Lusitano Ginásio Clube.
Ao entrar no novo emblema na temporada de 1951/52, Falé seria inicialmente integrado na equipa de juniores. Visto como uma grande promessa, o jovem atleta poucas partidas faria como elemento das camadas de formação do conjunto eborense. Depois dessa breve passagem, o jogador seria rapidamente promovido às “reservas” para, pouco tempo depois e ainda no decorrer da época da sua chegada, passar a jogar na categoria principal. Já a partilhar o balneário com os principais nomes da colectividade, casos de Dinis Vital, José Valle, Di Paola, Polido ou Flora, o jogador faria parte do grupo de trabalho que, sob a alçada do técnico argentino Anselmo Pisa, levaria o Lusitano de Évora, pela primeira vez na história, à 1ª divisão. Ainda assim, mesmo vendo reconhecidas as suas habilidades para jogar na defesa ou no sector intermediário, só alguns anos depois da estreia é que conseguiria assumir-se como um elemento fulcral no desenho táctico da agremiação alentejana. A mudança de paradigma aconteceria com o encetar da campanha de 1955/56 e já como uma aposta do treinador Severiano Correia.
Daí em diante, Falé, muito mais do que aferido como uma das principais figuras do emblema eborense, passaria a ser tido como um dos grandes nomes do futebol português. Nesse sentido, começaria a ser cobiçado por colectividades de outra monta, nomeadamente o Sporting. Curiosamente, a relação do jogador com os “Leões” havia sido iniciada algum tempo antes e por razão de uma grave lesão. Operado e tendo a recuperação ocorrido sob a supervisão dos responsáveis médicos do emblema lisboeta, o futebolista, como forma de agradecimento, acabaria por vestir o listado leonino, num gesto habitual para altura, por ocasião da inauguração do Estádio de Alvalade. Porém, mesmo tendo em conta as boas relações de ambos os clubes, os directores da colectividade alentejana não aceitariam a proposta vinda da capital e o jogador, com a transferência declinada, manter-se-ia com as cores dos “Geraldos”.
Outra prova da sua qualidade emergiria com as chamadas à selecção militar. Ao lado de estrelas como Coluna, Manuel Oliveira, Rocha, Galaz ou os seus colegas de equipa Vital e José Pedro, o atleta defrontaria países como a França, a Turquia, os Países Baixos ou o Egipto. Ainda assim, os maiores destaques da sua carreira ficariam indubitavelmente associados aos 16 anos passados com o Lusitano de Évora. Durante esse extenso período, há que sublinhar as 14 temporadas consecutivas que passaria entre os “grandes”. Nesse contexto competitivo, temos igualmente as 271 partidas disputadas na 1ª divisão e que fariam dele, ainda hoje o fazem, o 3º jogador com mais jornadas cumpridas pelo emblema alentejano, no patamar maior do futebol luso.
Já a terminar a carreira, Falé ainda aceitaria o convite do Grupo União Sport. Depois de 3 temporadas a actuar no emblema de Montemor-o-Novo, o jogador decidiria “pendurar as chuteiras”. Contudo, não abandonaria a modalidade e, já como treinador, orientaria as equipas de juniores do Lusitano de Évora e os seniores do Calipolense
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1438 - ZECA

Ao começar a carreira no Ferroviário de Lourenço Marques, Zeca rapidamente começaria a ser aferido como um praticante seguro defensivamente e, apesar da posição no sector mais recuado da equipa, como um jogador com um índice técnico elevado. Em balneários onde também chegaria a marcar presença o seu irmão mais novo, o avançado Abel Miglietti, o jogador depressa haveria de habituar-se à glória dos títulos. Seriam essas conquistas, das quais haveria de ser um dos principais pilares, que acabariam por catapultá-lo como uma das estrelas do futebol moçambicano e, ao perseguir o sucesso de tantos outros nomes, o passo seguinte na sua caminhada desportiva seria dado em Portugal.
Após ter ajudado a vencer os Campeonatos de Moçambique de 1963 e de 1965*, não demoraria muito tempo para que Zeca fosse convidado por um dos “grandes” do cenário desportivo luso. Ao entrar primeiramente para o conjunto de “reservas”, a época de 1968/69 apresentaria o defesa à equipa principal do Benfica. Como um praticante tarimbado, o atleta adaptar-se-ia com alguma facilidade à nova realidade competitiva. Actuando preferencialmente no centro do sector mais recuado, mas também com boas performances à esquerda, seria pela mão de Otto Glória que faria a estreia nas principais provas do espectro competitivo português. Logo nessa temporada de arranque, arrecadaria para o palmarés pessoal a “dobradinha”. Nos anos seguintes, ao destacar-se na dupla com Humberto Coelho, seguir-se-iam outros títulos e o currículo do jogador ficaria colorido, para além do rol já aludido, com outros 2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal.
Com a ligação às “Águias” a terminar numa campanha cujos seus desempenhos seriam afectados por uma grave lesão, as temporadas de 1972/73 e a de 1973/74, sempre a disputar o escalão máximo, seriam, respectivamente, passadas com as cores do Atlético orientado por Ted Smith e do Oriental treinado por Pedro Gomes. A suceder às épocas a envergar as cores das duas agremiações “alfacinhas”, Zeca seria desafiado pelos responsáveis do União de Tomar a enfrentar, pelos nabantinos, as pelejas primodivisionárias. Ao entrar no emblema ribatejano em 1974/75, o defesa  trabalharia com outra grande figura do universo benfiquista, o antigo internacional Artur Santos e partilharia o balneário com figuras emblemáticas do futebol português, casos de Raul Águas, Florival, Bolota, Pavão ou N’Habola.
Apesar de conseguir manter-se com um dos titulares a abrilhantar as jornadas do patamar maior do futebol luso, a 14ª posição do União de Tomar no termo da edição de 1975/76 do Campeonato Nacional e, já depois de disputada a Liguilha, a consequente despromoção, levaria o jogador a dar outro rumo à caminhada profissional. Já a caminho da veterania, Zeca, para os dois anos seguintes, escolheria o Vila Real como a nova colectividade. Seria também durante esse período que o futebolista daria, tão habitual para a época, um salto até ao futebol norte-americano. Ao lado de Malta da Silva e do acima mencionado Florival, o defesa integraria o grupo de trabalho dos New England Oceaneers e participaria nas contendas desportivas, agendadas para a época de 1977, da American Soccer League.
O que restaria da sua carreira competitiva, passada no Norte de Portugal e na disputa das divisões inferiores, seria comprida entre o Bragança, o Mogadourense e ainda o Freamunde. Depois de “penduradas as chuteiras”, Zeca voltaria ligar-se à modalidade, nomeadamente como técnico. Nas funções de treinador, destaque para a sua passagem por agremiações sediadas no Arquipélago dos Açores.


*algumas fontes dão o Campeonato de 1965 como não terminado (https://www.rsssf.org/tablesm/mozchamp.html
)

1437 - LOBO

Mais uma vez, e começa a parecer fado, escolhi escrever a biografia de um atleta que, sem saber de antemão, iria revelar-se, em boa parte da carreira, um verdadeiro mistério. Nesse sentido, de Joaquim Lopes Lobo, natural de Vieira de Leiria, posso dizer-vos que encontrei como referência a um primeiro emblema, sem contudo encontrar a(s) correspondente(s) temporada(s), a sua passagem pelo Sport Lisboa e Marinha.
Mais consistente surgiu-me a informação da sua integração no plantel do Belenenses de 1965/66. Com os “Azuis”, o defesa-esquerdo, a trabalhar às ordens do brasileiro Jorge Vieira, terá feito, na campanha ainda agora referida, a estreia na 1ª divisão. Será dessa mesma época a única de 3 internacionalizações que, através da deficiente comunicação encontrada no “site” oficial da Federação Portuguesa de Futebol, consegui confirmar como pertencente ao currículo do atleta. A partida, disputada a 23 de Maio de 1966, frente à Bulgária, fez parte do calendário agendado para o Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Nessa ficha de jogo, que nos dá a conhecer José Maria Canhoto como “timoneiro”, podemos ainda encontrar nomes que haveriam de singrar no desporto luso, casos de Damas, Rebelo, Camolas ou Brasfemes.
Também no escalão máximo do futebol português, parece ser certa a sua passagem pelo Atlético Clube de Portugal de 1966/67. Na colectividade sediada no bairro lisboeta de Alcântara, o defesa terá dado continuidade à sua caminhada primodivisionária. O pior, no que ao conhecimento diz respeito, emergiu dos anos seguintes. Num somatório de dados contraditórios, omissos e, acima de tudo, muito confusos, as poucas coisas que consegui aferir foram as experiências do atleta com as camisolas do Salgueiros e, na tão habitual passagem por África e pelo Serviço Militar Obrigatório, as jornadas feitas com o emblema do Sporting de Lourenço Marques.
Com a chegada da temporada de 1972/73, e avante no tempo, quero pensar nos dados encontrados, em diversas fontes, como fidedignos. Com essa ideia presente, posso asseverar-vos a chegada de Lobo ao Estádio do Bessa como reforço para a temporada mencionada no encetar deste parágrafo. Num grupo de trabalho comandado por Aymoré Moreira e com nomes como Bernardo da Velha, Mário João, Taí, Acácio Casimiro, Barbosa ou Moinhos, o defesa-canhoto conseguiria erigir aquela que, em prestações pessoais, terá sido a época de maior constância na sua carreira como futebolista. Daí em diante, ainda que tendo perdido alguma da preponderância inicial, o atleta manter-se-ia como um elemento de boa presença no plantel dos “Axadrezados”. Os grandes destaques terão de ir para as duas últimas épocas realizadas pelo jogador ao serviço do conjunto com os jogos domésticos disputados na “Cidade Invicta” e para as prestações colectivas na Taça de Portugal. Já com José Maria Pedroto à frente das “Panteras”, a equipa portuense chegaria, consecutivamente, a 2 finais. Quanto a Lobo, esse contexto glorioso, apesar da única presença na derradeira contenda da competição ter-se cingido à segunda edição aqui aludida, traria ao seu palmarés as vitórias nas edições de 1974/75 e 1975/76 da apelidada “Prova Rainha”.
O resto do seu trajecto competitivo seria feito, exclusivamente, nos patamares secundários. Após a transferência para a União de Leiria na temporada de 1976/77, Lobo, com um par de campanhas cumpridas na agremiação da “Cidade do Lis”, arrepiaria caminho para o Rio Maior. Seguir-se-iam, com experiências como treinador-jogador à mistura, as passagens por Vieirense, Marinhense e, num regresso ao emblema da terra natal, o fim da carreira com o termo da época de 1982/83.

1436 - CAÍCA

Ao transitar do Comércio e Indústria ainda em idade de formação, num negócio que envolveria a compra de equipamentos para a popular colectividade fundada na cidade de Setúbal, seria nas “escolas” do Vitória Futebol Clube que Carlos Alberto Martins Pereira, popularizado no mundo do futebol como Caíca, viria a concluir o percurso formativo.
Com a subida ao conjunto sénior a acontecer em 1972/73, a falta de presenças em campo não impediria o jovem praticante de manter o lugar no plantel às ordens de José Maria Pedroto. Como um elemento sério no trabalho apresentado e com prestações a demonstrar uma valentia e desempenhos acima da média, a concorrência por um lugar no “onze”, numa equipa que contava com nomes ilustres no cenário desportivo português, casos de Octávio Machado, Carriço, José Maria, Carlos Cardoso, José Mendes, Matine, Jacinto João, Rebelo ou Torres, começaria a ser quebrada na campanha de 1974/75. Com a estreia na 1ª divisão do Campeonato Nacional a acontecer, pela mão de José Augusto, à 8ª jornada da última temporada referida, o médio, frente a Académica de Coimbra encetaria uma caminhada que cimentaria a sua carreira como a de um atleta em grande medida ligado ao emblema a jogar em casa no Estádio do Bonfim. Daí em diante, independentemente dos homens à frente das diferentes equipas técnicas dos “Sadinos”, Caíca tornar-se-ia num dos futebolistas habitualmente inscritos nas fichas de jogo. Tanto nas provas nacionais, como nas pelejas agendadas para os calendários além-fronteiras, onde há a destacar a Taça Intertoto de 1975/76, o jogador, na segunda metade da década de 1970, participaria nos mais importantes momentos da agremiação setubalense e com isso inscrever-se-ia na história do Vitória Futebol Clube como uma das suas notáveis figuras.
Apesar do forte laço a unir Caíca ao emblema vitoriano, a separação entre o atleta e a colectividade a exibir-se com o listado vertical verde e branco findaria com o termo da temporada de 1979/80. Mesmo ao pautar-se como um dos habituais titulares da equipa, a transição para a época seguinte levaria o jogar a dar outro rumo à sua caminhada competitiva. Essa resolução levá-lo-ia, sem abandonar as contendas primodivisionárias, a optar pelo Portimonense orientado por Manuel Oliveira. Depois da passagem de 1 ano pelo conjunto com sede no Algarve, seguir-se-iam, numa fase da sua carreira caracterizada pela enorme errância, o Rio Ave e o Belenenses. Em Vila do Conde, apesar de pouco utilizado pelo também setubalense Mourinho Félix, o médio participaria no histórico 5º lugar alcançado, pelo emblema da caravela, na edição de 1981/82 do Campeonato Nacional. Já a sua presença no Restelo, onde voltaria a trabalhar sob as ordens do último treinador mencionado, iniciaria as suas prestações no escalão secundário. Nesse patamar, destaque ainda para os seus desempenhos com as camisolas da União de Leiria e com as cores do Amora, onde, com o fim da campanha de 1984/85, viria a “pendurar as chuteiras”.