421 - DRAGAN GACESA

Foi ao lado de velhos conhecidos do futebol português que Dragan venceria o grande título da sua carreira. Ele que, pode dizer-se, dividiu a sua carreira em duas etapas, fez dessa primeira parte, talvez, a mais importante. No FK Vojvodina Novi Sad, com parceiros como Vujacic (Sporting), Punisic (Beira-Mar e Farense), Milovac (Salgueiros), Vorkapic (Vitória de Guimarães), Curcic (Farense, Belenenses e Estoril), Bosancic (União da Madeira, Nacional e Campomaiorense) e, ainda, os famosíssimos Sinisa Mihajlovic e Slavisa Jokanovic, o defesa haveria de conquistar o Campeonato da antiga Jugoslávia. Essa temporada de 1988/89, para além do referido título, iria permitir a Dragan, tal como aos restantes seus companheiros, a oportunidade de, na época seguinte, disputar a Taça dos Campeões Europeus. Essa presença, naquela que é a maior competição de clubes organizada pela UEFA, haveria, no entanto, de marcar o final desse período passado a jogar na sua cidade e país natal.
A viagem que se seguida faria, trá-lo-ia para Portugal, mais precisamente à ilha da Madeira. No União ocuparia no plantel, um lugar de grande importância, um excelente reforço. Conseguiu alcançar a titularidade e mantê-la durante os oito anos que passou no Funchal. Transformou-se, por isso, numa das figuras emblemáticas do clube. Claro está que não foram só estes anos que o puseram numa posição de destaque. Todo o futebol que foi exibindo, a sua capacidade no jogo aéreo ou a maneira como conseguia colocar-se no terreno de jogo, fizeram dele um dos bons líberos a actuar no nosso campeonato, somando, na Primeira Divisão, um total superior a 100 partidas disputadas.

420 - RODRIGÃO

Talvez já não se lembrem, mas a primeira vez que Rodrigão mostrou o seu futebol em Portugal, não foi quando em 1993 assinou pelo União da Madeira. Já dois anos antes, o médio tinha passado pelo nosso país. Já se lembram porquê? Pois bem, em 1991 foi por cá organizado o Mundial s-20. Na selecção do Brasil, por entre outras figuras que passariam pelos nossos campeonatos (Paulo Nunes; Ernesto Paulo), estava um tal rapaz que dava pelo nome de Rodrigo Dias Carneiro. Esse jovem promissor, que da formação do Fluminense saltara para os rivais do Flamengo, e que, também, já tinha vestido a camisola do Botafogo, no entanto, precisava de ganhar algum "calo". Como a sua utilização, nesses emblemas "cariocas", não era a esperada para alguém que tanto prometera, surge a decisão de experimentar a Europa como novo destino desportivo. Claro que relacionado com esta sua mudança, não é alheia a vontade do seu antigo seleccionador, Ernesto Paulo, que, entretanto, comandava os destinos do emblema madeirense, já acima referido. No Funchal, parece que precisavam de um médio talentoso, que desse alguma sustentabilidade ao meio do terreno. Em Rodrigão encontraram esse homem. Foi assim que, já depois de ter jogado a tal final de 1991 em Lisboa, o centrocampista "canarinho" voltou a brilhar em Portugal.
O próximo passo na sua carreira deu-o em Braga. No Sporting da "Cidade dos Arcebispos" voltou a assumir-se como um elemento importante para a estratégia do clube. Tal foi a maneira brilhante como se impos que de Espanha, rapidamente surgiram alguns convites. Assim, passado ano e meio da sua chegada ao Minho, Rodrigão parte para disputar a "La Liga" e ao serviço do Sporting Gijon, tentar mostrar aos "Nuestros Hermanos" os seus predicados. Contudo a experiência não correria de feição. Nem na capital das Astúrias, nem tem pouco com a mudança para o Málaga, que por esta altura militava nos escalões secundários espanhóis.
O seu regresso a Portugal, e ao Sp. Braga, clube que já lhe tinha permitido a experiência de jogar nas competições europeias, devolveu o atleta a palcos mais condizentes com o seu estatuto e qualidade. Mas ao contrario do que se esperaria, o médio já não voltaria a conseguir afirmar-se como dantes. Daí em diante voltou ao seu país e parece ter terminado a sua carreira na Arabia Saudita, no Al Hilal. Já agora, alguém sabe onde jogou entre 2001 e 2006? Eu não encontro registo nenhum!!!!

419 - ZIVANOVIC

Estreou-se no Estrela Vermelha de Belgrado corria o ano de 1979. Aí, muito para além de ter participado na Taça dos Campeões Europeus, ficaram para o seu currículo os títulos conquistados pelo plantel onde estava inserido: três Campeonatos jugoslavos (1979/80; 1980/81; 1983/84) e uma Taça daquele país (1981/82). Depois de vogar por outros emblemas do mesmo campeonato, o Vardar Skopje (na actual Macedónia) e FK Sutjeska (no actual Montenegro), Zivanovic tem a sua primeira experiência no estrangeiro, quando assina pelos austríacos do Grazer AK. Por tudo isto, quando, em 1991, o guardião aterra no Funchal, já trazia no seu trajecto uma dúzia de temporadas como futebolista profissional.
O experiente jogador, à altura, prestes a fazer 31 anos, acabava de chegar a Portugal para reforçar o União da Madeira. Se nessa época de estreia no nosso campeonato, o protagonismo na defesa das redes "unionistas" seria repartida com o seu colega Balseiro, daí em diante passou a ser, dentro do campo de jogo, o dono e senhor daquele lugar. 5 anos se passariam, os suficientes para que, ainda hoje, mantenha no clube um estatuto invejável. Passou por 3 das 5 temporadas em que o União participou na Primeira Divisão, é o guarda-redes da história do clube com mais partidas disputadas no escalão máximo do nosso futebol, mas um dos momentos mais curiosos desta sua passagem, nem tem muito a ver com a sua carreira de desportista. Zivanovic seria, por assim dizer, o "padrinho" de outro craque, ou não fosse ele o primeiro a sofrer um golo de Nuno Gomes - "O Artur isolou-se à minha frente. Eu atirei-me para os pés dele, consegui tirar-lhe a bola, mas esta ressaltou. O Nuno, que estava no sítio certo, à hora certa, rematou e fez o golo".
Quando muitos pensariam na reforma, o guarda-redes sérvio, achou que ainda teria muito para dar ao futebol. Assim, em 1996 muda-se para o Nacional. Já sem a elasticidade de outros tempos, mas com uma vontade férrea, Zivanovic foi prolongando a sua actividade. Chegou aos 42 anos e em 2002, quando já assumia em simultâneo a função de jogador e a de treinador de guarda-redes, teve esta estirada em relação à sua longevidade - "Já que não atingi altos patamares ao longo da carreira, vou tentar conseguir um recorde qualquer. Nacional ou internacional."
Depois de guardar as luvas, assumiu-se, definitivamente, como técnico. Esta fase da sua vida, tem-no levado a variadíssimos lugares no Mundo. Se tudo começou no Nacional, e já depois de uma pequena passagem pela Académica, Zivanovic, fazendo parte da equipa de José Peseiro (que conheceu nos "alvi-negros"), já passou por países como a Grécia (Panathinaikos), Roménia (Rapid) e, mais recentemente, pela selecção nacional da Arábia Saudita.

418 - RICARDO JORGE

Já depois de ter passado pelos dois principais rivais dentro da ilha da Madeira, o Marítimo e o Nacional, Ricardo Jorge chegaria ao emblema que, verdadeiramente, o lançaria no mundo do futebol profissional. Assim, após ter terminado a formação nos "Maritimistas" e de ter dados os primeiros passos, como sénior, nos "Alvi-negros", o União da Madeira, começava a temporada 1986/87, abriria as portas ao defesa nascido no Funchal. Seriam três temporadas a vogar na Divisão de Honra, até que a época de 1988/89, a derradeira nesse referido triénio, traria um dos momentos mais importantes na história do União. Com Ricardo Jorge a assumir-se como um dos principais pilares, um dos grandes esteios no último reduto, a equipa que, anos antes o tinha recebido, sagra-se campeão nacional no segundo escalão português. Com este título assegura a promoção à Primeira Divisão, e tal como o clube, Ricardo Jorge, na temporada que se seguiria, faz a sua estreia nos maiores palcos futebolísticos nacionais. A exigência da nova competição e, também, o crescer da concorrência dentro do plantel, faz com o atleta perca alguma preponderância nos escalonamentos do "onze". Apesar dessa "perda" não ser assim tão significativa quanto isso, o passo seguinte na sua carreira, leva-o a viajar para o continente. No Gil Vicente, se o propósito desta mudança era o de ganhar alguma experiência, pouco haveria de ser utilizado. Já o regresso à sua terra natal, traria de volta aos relvados o jogador de que todos os adeptos do União se lembravam, nessa memorável campanha da subida. Ricardo Jorge volta a recuperar um lugar no sector mais recuado da equipa, mas apesar da titularidade na maioria das jornadas, essa época de 1991/92, desportivamente, não seria mais do que uma derrota. O último lugar na tabela classificativa iria castigar Ricardo Jorge, e todo o grupo, despromovendo-os para a divisão imediatamente abaixo.
Apesar de ainda ter voltado a jogar entre os "grandes", a carreira do defesa não mais voltaria a ter um tão grande destaque. Depois de nova promoção, os poucos jogos em que vestiria a camisola amarela e azul, fariam com que o seu percurso no União terminasse definitivamente. O resto da sua vida nos relvados, seria feita de passagens pelo Camacha e Câmara de Lobos. Esses 9 anos seriam passados nas divisões ditas amadoras, e onde, em 2003, já com 39 anos, decidiu ser o tempo certo para "pendurar as chuteiras".

417 - MARCO AURÉLIO

Depois do América, a mudança de Marco Aurélio para o conjunto, também carioca, do Vasco da Gama, faz com que a sua cotação comece a subir em flecha. Se em 1988, ano da sua contratação pelos da "cruz maltina", a sua vida não foi muito facilitada, já as temporadas que se seguiriam fariam dele um dos titulares indiscutíveis da sua equipa, e um dos principais obreiros da vitória no Campeonato Brasileiro de 1989. Bastou mais uma época para que, do lado de cá do Atlântico, outros cenários começassem a congregar-se. Apareceu o União da Madeira e a ideia de vir jogar para a Primeira Divisão portuguesa, agradou ao defesa. No entanto, aquando da sua chegada ao Funchal, e apercebendo-se Marco Aurélio que a dimensão do clube era mais modesta do que por ele esperada, começou a mostrar algumas reticências em relação à mudança. Entende-se perfeitamente o surgimento desta dúvida, principalmente para quem vinha de um clube com a grandeza do Vasco da Gama. Não sabemos se ajudado pela sua inabalável fé, ele que foi um dos maiores impulsionadores do movimento dos "Atletas de Cristo" em Portugal, acreditou que o projecto desportivo que tinha pela sua frente, era válido e uma boa "porta de entrada" na Europa. Com uma entrega sem máculas, o central brasileiro, facilmente conquistou os adeptos "unionistas". Se por um lado, fora dos relvados, a sua simpatia, gentileza e educação eram as suas marcas mais características, já dentro de campo, Marco Aurélio, sem nunca deixar de lado a correcção, pautava-se como um verdadeiro "Imperador". A alcunha que ganharia anos mais tarde, já ao serviço do Sporting, demonstrava bem as suas capacidades. Imperativo na hora de cortar a bola, fisicamente possante, rápido, mas sempre mantendo uma elegância e tranquilidade que, nem sempre, se vê nos da sua posição, Marco Aurélio, durante as 4 temporadas em que esteve na Madeira, comandaria, sem contestação possível, o sector mais recuado do União.
Já depois de aí ter chegado a "Capitão", por indicação de Carlos Queiroz, surge o convite do Sporting. Melhor estreia não poderia ter tido, pois logo nessa temporada, os de Alvalade, que já não venciam nada há 13 anos, haveriam de conseguir erguer a Taça de Portugal de 1994/95. No ano seguinte mais um trofeu, a Supertaça. Mas aquilo que haveria de se tornar característico na passagem de Marco Aurélio por Alvalade, seria a sua consistência exibicional, a qual, mesmo em épocas instáveis como a de 1997/98, com constantes mudanças de treinador - foram apenas 4!!! -, mostrou ser sempre muito alta. Isso, e toda a sua capacidade de conduzir os seus semelhantes, fizeram dele a escolha óbvia para, mais uma vez, envergar a braçadeira de capitão. Com pena dos adeptos, essa condição não durou assim tanto tempo, pois, em Dezembro de 1998, já com 32 anos, Marco Aurélio parte para Itália.
Pelo Vicenza estreia-se na Serie A. Contudo, e apesar da oportunidade que foi viver e jogar o "Calcio", a falta de consistência desportiva do clube, fez com que essa sua presença em Itália o fizesse vogar entre as duas maiores divisões. No entanto, continuou no país durante largos anos. Passou  por outros clubes (Palermo; Cosenza; SPAL; Teramo) e aí, já com os 40 anos bem à vista, "penduraria as chuteiras".
Depois do fim da carreira, regressou ao Brasil. E, se por um lado, abraçou ainda mais a sua igreja, onde se tornou professor bíblico. Por outro, continua ligado ao futebol, onde, como "olheiro", procura o surgimento de novas estrelas para a modalidade.

416 - MILTON MENDES

Nascido no seio de uma família adepta do Vasco da Gama, naturalmente, também ele se fez fã do conjunto fundado por portugueses. Residindo em Criciúma, Estado de Santa Catarina, uma das oportunidades que teve de ver ao vivo a sua equipa, foi quando estes se deslocaram à sua cidade. Foi assim, segundo conta o próprio, que teve a oportunidade de conhecer o seu ídolo de infância, Orlando "Lelé", famoso lateral-direito da equipa carioca - "Abeirei-me dele, enchi-o de perguntas e fiquei boquiaberto com a atenção que ele me dispensou. Respondeu-me a tudo o que eu queria saber, pegou no meu livrinho de autógrafos e deu a todos os outros jogadores(...). Fiquei super feliz". Influenciado, ou não, por este encontro, a verdade é que, passados alguns anos, o próprio Milton Mendes haveria de ocupar, também ele com a camisola do Vasco da Gama, a mesma posição em campo.
Já vinda para Portugal, fez-se pela porta do Louletano. Em fim de contrato e com uma proposta de renovação não muito aliciante, Milton Mendes, que também não era uma das primeiras escolhas no alinhamento "vascaíno", prefere, de maneira a lançar a sua carreira, arriscar a viagem para a Europa, participando no campeonato da Divisão de Honra. No Algarve cumpre 4 temporadas. As suficientes para que, do escalão máximo nacional, nele reparassem. E assim, em 1991, a sua aventura prossegue no Beira-Mar.
Rapidamente, nesta sua primeira época entre os maiores do futebol nacional, o defesa consegue posicionar-se como um dos melhores a actuar na sua posição. Aguerrido a defender, e com técnica suficiente para ser uma arma no apoio aos lances ofensivos dos seus companheiros, o nome de Milton Mendes começou a ser cogitado como umas das possíveis contratações dos denominados "Grandes". Dizendo sempre que: "entre estar no banco de um «grande» ou jogar num clube mais modesto de I Divisão, prefiro a segunda hipótese", o lateral brasileiro foi recusando a ideia de que esta mudança de clube era o seu principal objectivo de carreira. Talvez por isso tenha preferido, no final da temporada de 1991/92, assinar pelo Belenenses.
Apesar do clube do Restelo, nesse ano de regresso à Primeira Divisão, ter rubricado um bom Campeonato (7º lugar), a presença do lateral no "onze" da "Cruz de Cristo", não foi muito frequente. Isto fez com que, mais uma vez, tomasse a decisão de trocar de camisola. A mudança levá-lo-ia até ao Funchal, onde encontraria uma verdadeira "constelação de estrelas", vindas do seu país. Muito para além de jogadores como Marco Aurélio ou Rodrigão, à frente dos destinos do União da Madeira estava o antigo seleccionador brasileiro de s-20 e Olímpico, Ernesto Paulo. Neste contexto mais "familiar", Milton Mendes voltou a ganhar o fulgor nele conhecido. Conquistou a titularidade e, bem depressa, arrebatou, com a sua entrega e dedicação dentro dos relvados, o coração dos associados e adeptos "unionistas". Representou a equipa durante as 3 temporadas seguintes, e só a deixou quando, em 1996, depois da descida do ano anterior, o União falha a promoção.
Ao serviço do Sp. Espinho, joga ainda mais uma temporada na 1ª Divisão. No entanto, o que restaria da sua carreira, haveria de a passar por entre os escalões secundários, em clubes da Madeira. Foi num deles, o Machico, que a sua vida mudaria de rumo. Iniciaria a sua vida como técnico, a mesma que o levou em, 2007/08, a aceitar o convite de Sebastião Lazaroni, para o ajudar no comando do Marítimo. O trabalho por si realizado, fez com que o seu chefe de equipa o levasse para o Catar. Desde então, é no Médio Oriente que Milton Mendes tem dado continuidade às suas tarefas de treinador, primeiro no Catar SC e, mais recentemente, à frente do Al-Shahaniya.

415 - HAJRY

Ao contrário do "cromo" anterior, Hajry não é um dos históricos da vida do União da Madeira. É, contudo, um dos incontornáveis do futebol português, e como teve passagem pelos madeirenses, então, aqui está ele!
Já depois de subir à equipa principal do Raja Casablanca, em 1987, o médio é considerado como o melhor atleta do prestigiado Torneio de Toulon. Sempre à procura de novos craques, o Benfica decide apostar no jovem jogador marroquino. É assim, no início da temporada de 1987/88, que Hajry dá entrada no Estádio da "Luz". Contudo, um forte plantel, onde pontuavam para o meio-campo, nomes como os de Elzo, Shéu ou Nunes, não deram grandes oportunidades ao recém-chegado reforço. Certo, é que durante o campeonato, Hajry poucas vezes vestiu a camisola encarnada. No entanto, com a "Águia" ao peito, haveria de ter a chance de ser o primeiro futebolista do seu país (e por enquanto, o único), a participar numa final da Taça dos Campeões Europeus. A partida, de má memória para os adeptos benfiquistas, haveria de ditar a derrota do Benfica, frente ao PSV. Mas nesse jogo de Estugarda, naquele que foi o desempate por penalties, se há coisa que Hajry se poderá orgulhar, é de ter, frente a van Breukelen, ter concretizado a grande penalidade que lhe calhou marcar.
Já depois desta experiência única, o Benfica, com mais estrangeiros do que era permitido, decide "emprestar" Hajry. Após representar Farense e União da Madeira, e de volta ao emblema da capital do Algarve, o centrocampista enceta uma nova, e a mais importante, etapa da sua carreira nos relvados nacionais. A partir desse Verão de 1990, viriam, então, mais 10 temporadas onde, pelos "Leões de Faro", viveria alguns dos melhores momentos da história do clube. Um deles foi a qualificação, em 1994/95, para as competições europeias, e a participação, na temporada seguinte, na Taça UEFA.
Com uma última época ao serviço do Imortal, e até depois de algumas experiências como treinador, Hajry decide regressar ao "campos da bola". Tal como outras estrelas do nosso futebol (Cadete; Fernando Mendes; Pitico; Mané) veste a camisola do São Marcos, colectividade amadora da Associação de Futebol de Beja - " A ideia é continuar a ser treinador. Em vez de fazer os jogos de veteranos, venho fazer estes jogos, com a mesma alegria que sempre pus no futebol".

414 - NELINHO

Se há figura que pode ser associada aos melhores momentos da história do União da Madeira, então Nelinho é um deles... de certeza!!!
Formado nas escolas do clube sediado no Funchal, ele também nascido na capital madeirense, fez a sua estreia como sénior no Andorinha (sim, esse mesmo... o de Cristiano Ronaldo!!!). O seu regresso ao União, haveria de se fazer nas vésperas da estreia dos insulares no escalão maior do nosso futebol. Já na temporada seguinte, depois dessa vitória no Nacional da Segunda Divisão de 1988/89 e da respectiva promoção, Nelinho, também ele estreante nessas andanças de Primeira Divisão, começa a ganhar preponderância dentro do plantel. Logo à terceira jornada marca, frente ao Boavista, o seu primeiro golo; e com o entrar no último terço do campeonato, assume-se como um dos titulares. No entanto, a época da sua grande afirmação é a de 1990/91. Na lateral da defesa, Nelinho, sem ser um jogador com uma estatura muito surpreendente, mostra, à imagem de tantos outros craques, que o seu 1,70m não o impossibilitaria de mostrar as suas qualidades.
Raçudo, no que ao corte das ofensivas adversárias dizia respeito, e com uma propensão ofensiva que lhe permitia, pela ala dextra, ser um dos apoios atacantes da sua equipa, o defesa direito facilmente começou a mostrar-se como um dos portadores da alma do "União da Bola". Esse reconhecimento é inequívoco. E se mais não houvesse para fazer prova desse mesmo valor, os números de que se fazem a sua carreira, são o bastante demonstrativo do que aqui se tem dito. Assim, para além de mais de uma década a vestir a camisola amarela da equipa principal (onde estão incluídas todas as 5 temporadas na Primeira Divisão), o maior prémio que teve, como recompensa pela entrega demonstrada ao longo de todos esses anos, viria com vestir da braçadeira de capitão.
Depois de concluir a sua carreira futebolística, com passagens por outros emblemas da Madeira (Ribeira Brava e Estrela da Calheta), e de ter, na Universidade da Madeira, concluído uma licenciatura em Educação Física e Desporto, a ligação de Nelinho com o Clube Futebol União, tem sido feita com o assumir de novas funções, como é exemplo a de Director-Desportivo.
Relativamente ao futuro do antigo defesa, não se sabe. Contudo, ainda neste defeso, ouvimos o ex-técnico da equipa, Pedrag Jokanovic, a sugerir o seu nome para ocupar o cargo por ele deixado - "O Nelinho é uma pessoa que está há muito ligada ao clube e percebe muito de futebol. Se eu fosse presidente, era nele que apostava".

413 - UNIÃO DA MADEIRA

Falarmos da fundação do União da Madeira é também falar um pouco da vida de um dos seus grandes rivais, o Clube Sport Marítimo. Assim, segundo reza a história, um grupo de jovens rapazes decide juntar-se para jogar à bola. Sob a protecção do Marítimo, o conjunto, primeiramente denominado Infantil Sport Club, passa a chamar-se Grupo União-Marítimo. Mas se o objectivo deste "casamento" era contribuir na formação de atletas para os "Verde-Rubros", o "divórcio", após a disputa sobre a propriedade de uma baliza, rapidamente aconteceu. A separação dá então origem ao União Futebol Clube, que, mais tarde, mudaria o nome para Clube Futebol União, com data de nascimento a 1 de Novembro de 1913.
Já por essa altura, falava-se na Madeira da necessidade de uma entidade que, de alguma forma, gerisse a pratica do futebol na ilha. José Anastácio Rodrigues Nascimento, antigo dirigente maritimista e um dos fundadores do União, acaba por se tornar numa das figuras de proa dessa ideia, a qual culminaria com a criação, a 28 de Setembro de 1916, da Associação de Futebol do Funchal.
Com a génese deste organismo, começam também os Campeonatos na região. Nas duas primeiras edições a vitória acabaria por sorrir ao Marítimo, mas quando, a 8 de Dezembro de 1918, o União derrota por 2-3, na casa dos próprios rivais, a "Equipa de Honra" "verde-rubra", instala-se então a polémica. O Marítimo contesta a partida, pois, segundo consta, a mesma havia terminado sob condições de visibilidade deficientes. A Associação de Futebol do Funchal, decide invalidar o desfio. E com isto tudo estala a "guerra", cujo resultado seria a paralisação do organismo federativo.
Dois anos depois, sanada a contenda, a prova é reatada. O União faz desta 3ª edição, a de 1920/21, a sua primeira vitória, a qual repetiria em 1927/28. Contudo, esta última conquista teria um sabor especial, pois permitiria a participação do emblema sediado no Funchal, no Campeonato de Portugal. Na prova nacional, a prestação do "União da Bola", alcunha porque ficou famoso, leva-os ao quartos-de-final. Frente ao "todo-poderoso" Benfica, a exibição do União espanta o universo português do desporto, quando bem perto do términus da segunda metade, o resultado se quedava por um surpreendente 3-1. Já nos descontos, a supremacia das "Águias" leva a maior. Os lisboetas conseguem dar a volta ao marcador e acabam por vencer a eliminatória por 3-4.
Tirando as vitórias nas provas organizadas dentro do arquipélago, onde os anos 50 e 60 foram pródigos em conquistas, O União só voltaria à ribalta nacional, quando em 1988/89, para além de alcançar a subida ao escalão máximo português, consegue vencer, em disputa com o Feirense e o Tirsense, o Campeonato da Segunda Divisão. Como é lógico, a estreia, nessa que é a maior prova realizada dentro do nosso território, haveria de acontecer na temporada seguinte. Sem resultados de grande monta, o clube já conta com 5 participações no Campeonato da Primeira Divisão, onde a melhor posição conseguida foi um 10º lugar, em 1993/94.
Desde 1995 que o União tem andado afastado dos palcos maiores do nosso futebol. A sua militância tem-se repartido entre a Divisão de Honra e a Segunda "B". No entanto, o futuro volta a ser risonho, onde o ponto de partida para novos êxitos tem como base o novo complexo desportivo de Vale Paraíso.

CENTENÁRIOS - C.F. UNIÃO

Quando em anos anteriores, tomámos a decisão de homenagear os clubes que atingiram essa notável marca dos 100 aniversários, sempre tivemos à disposição 3 ou 4 nomes. Isso permitiu-nos, em torno dessas colectividades, variar a nossa oferta, no mês escolhido para o merecido tributo. Ao contrário, 2013 apenas nos deu um emblema dessa grandeza e com passagem na Primeira Divisão. Mas se esse facto, numa abordagem inicial, levou-nos a desistir da ideia de assinalar o seu centenário, por outro, rapidamente entendemos que nunca nos livraríamos da sensação de injustiça, por tal discriminação. Assim, e como as excepções podem sempre ser vistas como oportunidades, este mês de Novembro será, exclusivamente, dedicado à história e aos jogadores que passaram pelo Clube Futebol União.