499 - HERRERA

Deixámos para último "post" do mês, aquele que foi o mais badalado e, entre os adeptos, o mais popular seleccionador deste último Mundial. Claro que a ligação do treinador do México com a modalidade, não vem apenas do torneio disputado no Brasil. Herrera também foi jogador de futebol.
Dentro de campo, apesar de ter começado como atacante, a posição que o destacaria como profissional haveria de ser a de defesa direito. Tendo começado no Atlante, a carreira do antigo internacional mexicano haveria de ser feita, integralmente, por emblemas do seu país natal. Santos Laguna, Querétaro e Neza FC também compõem o percurso deste antigo futebolísta. Contudo, para ser correcto e ir de encontro àquilo que já aqui disse, há que referir que, na sua vida dentro dos relvados, ainda houve uma quinta camisola. A "verde" do México terá sido, e sem dúvida continua a ser, o seu maior orgulho. Mas como em quase tudo, aquilo que de bom tem uma coisa, também tem, em iguais proporções, algo de negativo. Ora, para si, o que de decepcionante teve a sua selecção prende-se, exactamente, com aquilo que agora o tornou globalmente famoso, isto é, um Mundial de futebol! A história conta-se assim. Em vésperas do certame organizado pelos Estados Unidos (1994), o nome de Herrera era um dos mais certos nas previsões para a convocatória da equipa nacional do México. Tendo sido um dos mais utilizados durante a fase de qualificação, esta sua assiduidade a juntar à velocidade, garra e coragem que mostrava em todos os desafios, faziam dele, à partida, um dos eleitos. O pior é que, uns tempos antes de ser sabida essa chamada, Herrera, no fim de uma partida que opunha o Atlante ao Leon, haveria de, depois de provocado verbalmente, agredir um adepto. Dizem que esse momento seria determinante para a relação entre o lateral e o seleccionador à altura, Miguel Mejía Barón. Se foi esta, ou não, a causa do desentendimento entre os dois, não o sei. O que é certo é que na altura de ser revelar a lista de eleitos para o Mundial, o nome de Herrera não fazia parte.
20 anos depois deu-se a sua estreia, naquele que é o maior certame de futebol do planeta. O México haveria de ter uma passagem positiva, com a qualificação para os oitavos de final e, acima de tudo, com exibições de "encher o olho". O mais giro é que num grupo pontuado com nomes como os de Hernandez, Márquez, Guardado ou Giovani dos Santos, haveria de ser o seleccionador que captaria a maior parte das atenções. A razão? Muito simples e prende-se com a maneira efusiva como Miguel Herrera haveria de viver cada momento do jogo. Gritos, expressões extasiantes, saltos e toda uma panóplia de festejos, foram a sua imagem de marca durante o torneio. Surpresa? Claro que não! Ou melhor, só para quem antes nunca o tinha visto em exibição!!!
Todo este seu estilo colérico de ser, juntamente com a maneira sábia como consegue aproximar-se de público e jogadores, têm sido a chave do seu sucesso. Foi assim à frente do América, clube pelo qual venceu o Campeonato "Clausura 2013", e tem sido assim desde que, interinamente, assumiu funções na selecção. Sim, "interinamente"!!! É que Herrera, aquele que agora é um dos predilectos no planeta do futebol, era para ter comandado o México apenas no "play-off" de acesso ao Mundial!!!

498 - PRANDELLI

Tendo feito a sua estreia ao serviço da Cremonese, foi nas divisões secundárias do "Calcio" que Prandelli jogou os primeiros anos como sénior. 4 temporadas com o emblema da cidade de Cremona, bastariam para que da "Serie A" reparassem num jovem médio defensivo que, sem mostrar muita exuberância, conseguia ser determinado, bravo e, sendo esta a sua melhor arma dentro de campo, inteligente.
O Atalanta acabaria por ser o tal emblema que, preparava-se a temporada de 1978/79, o apresentaria ao escalão máximo do futebol italiano. Nos de Bergamo, as suas exibições, logo ao fim de um ano, mostraram que as qualidades que o atleta possuía não o deixariam ficar num emblema que, sendo um dos históricos daquele país, não ambicionava a tanto quanto outros. Por essa razão, Prandelli não demorou a dar novo passo na sua carreira. Essa nova mudança levá-lo-ia, desta feita, a Turim. Na Juventus, ao contrário daquilo que, por certo, seria o seu objectivo inicial, nunca conseguiria ser um dos titulares indiscutíveis. Marco Tardelli, antigo internacional transalpino, terá sido um dos principais responsáveis pelo seu afastamento do "onze inicial". No entanto, Prandelli sempre foi conhecido como um jogador modesto e que, muito para além de qualquer vedetismo, gostava de ajudar as equipas por onde passava. Essa sua postura, fê-lo vestir a camisola da "Vecchia Signora" durante 6 temporadas. Ora, essa meia dúzia de anos foi permitindo a Prandelli colorir o seu currículo com imensos títulos. 3 "Scudetto" (80/81; 81/82; 83/84), 1 Taça de Itália (82/83), 1 Taça dos Vencedores das Taças (83/84) são alguns dos valores dessa lista sua lista de troféus. Faltam ainda referir duas conquistas. A primeira é a vitória na Taça dos Vencedores das Taças de 1983/84, frente ao FC Porto. A outra é a Taça dos Campeões Europeus de 1984/85, cuja final, onde jogou os derradeiros minutos, seria marcada pelo triste episódio que ficou conhecido como a "Tragédia do Heysel Park".
Já depois de ter jogado os últimos anos no Atalanta, onde o fim da sua carreira ficaria marcado pelas sucessivas lesões ao nível dos joelhos, Prandelli enveredou pela vida de técnico. Com uma primeira década discreta, ainda assim de bom nível, seria a sua chegada à Fiorentina (2005/06) que o elevaria à classe de treinador de topo. Durante o tempo que aí passou, mesmo tendo visto a sua equipa envolvida no "Calciopoli", conseguiria pôr os de Florença a lutar pelos lugares cimeiros da tabela classificativa. Todo esse seu trabalho, teria como reconhecimento máximo a entrega do prémio de "Treinador do Ano da Serie A", em 2008.
Foi como conhecedor profundo do futebol italiano, que Prandelli assumiu o leme da "Squadra Azzurra". Em 2010, quando a nomeação teve lugar, a Itália vinha da ressaca do Mundial da África do Sul, onde não tinha ido além da fase de grupos. A responsabilidade do novo seleccionador era a de recuperar uma equipa que, ainda quatro anos antes, tinha sido campeã do mundo. O primeiro teste não correria mal de todo, com os italianos a chegar à final do Euro 2012. Já no que diz respeito a este último Mundial, a história foi bem diferente. A Itália, com a eliminação na primeira fase, quedar-se-ia como uma das desilusões do torneio. Prandelli, como tantos outros treinadores que passaram pelo Brasil, acabariam por ver o seu futuro marcado pelo desemprego!!!

497 - HODGSON

Como jogador, a sua carreira seria, usando o melhor eufemismo de que me lembro, discreta. Até começou num dos emblemas com tradição em Inglaterra. Mas assim que acabou a formação no Crystal Palace, imediatamente se viu no caminho dos escalões inferiores.
Tonbridge Angels, Gravesend & Northfleet, Maidstone United, Ashford Town, Carshalton Athletic e, até, os sul-africanos do Berea Park serviram como sua "morada"! Nomes desconhecidos, é certo! Contudo, tão anónimos quanto o era, à altura, o de Roy Hodgson!
Como é óbvio, dinheiro não é coisa que esteja a associado a clubes amadores! Ora, como a "vontade" não é suficiente para pagar as contas, o jovem defesa teve que fazer pela vida. Assim, ao mesmo tempo que ia “espalhando magia” pelos relvados, Hodgson aplicava-se nos estudos. Chegou a professor de Educação Física e, paralelamente, acabaria por tirar o curso de treinador.
Foi esta última apetência que o levou à Suécia, corria o ano de 1976. Por sugestão do seu antigo colega de escola, Bob Houghton, treinador que levou o Malmö FF à final da Taça dos Campeões Europeus de 1979, o Halmstad oferecer-lhe-ia um contrato de trabalho. Sem qualquer currículo, Hodgson revelava-se como uma aposta arriscada. Contudo, cinco anos depois da sua chegada, tudo estava mudado. Para isso bastou-lhe uma coisa: inverter o destino que a sua equipa tomava. Dois Campeonatos, 1976 e 1979, foram mais que suficiente para tornar uma equipa que lutava pela permanência, numa das melhores daquele país. Claro, para Hodgson também a sua fama mudou… e de "grande risco" passou a "certeza".
Já depois de uma passagem pelo Bristol City, onde, numa primeira fase adjuvou o seu amigo Bob Houghton e, de seguida, comandou a equipa, Roy Hodgson regressou à Suécia. Começou no Oddevold, passou para o Örebro e, finalmente, assinaria pelo Malmö FF. Aqui, a sua chegada serviria para relembrar o seu estatuto de estrela. Afastado há uns anos da ribalta, e com isso, beliscada a sua imagem, 5 Campeonatos consecutivos e a vitória em 2 Taças, devolver-lhe-iam o brilho.
Apesar de tudo, Roy Hodgson continuava a ser um ilustre desconhecido. No mundo do futebol o seu nome raramente era falado e só os mais atentos sabiam da sua existência. Foi uma dessas pessoas que o chamou para o comando da Suíça. A partir desse momento a vida profissional de Roy Hodgson começou a mudar. Apurou a sua selecção, algo que não acontecia há cerca de 30 anos, para um Mundial; entre os adeptos daquele país, o feito transformou-o numa divindade; e, depois, com a passagem aos 1/8 final do EUA 94, começou a ser tido com outro respeito.
Hoje em dia, talvez falte ao técnico britânico uma constância de títulos para que possa ser, em definitivo, um nome consensual no futebol. É certo que momentos de louvável valor, não lhe faltam na sua carreira. Já nem digo os que viveu na Suécia. Falo, por exemplo, das duas finais da Taça UEFA (Inter e Fulham) em que já esteve presente, ou ainda o título de "Manager" do ano para a Liga Inglesa (Fulham, 2010).
Talvez tenha sido isso, um reconhecimento unanime, que Hodgson procurou quando assinou pela selecção inglesa. Contudo, as coisas não têm corrido de feição para o técnico. Se, por um lado, todos louvam o trabalho que tem feito ao nível da renovação e lançamento de novos atletas, por outro, faltam os resultados no campo desportivo. Isso mesmo ficou provado neste último mundial. A Inglaterra, que no último Europeu ainda chegou aos 1/4 final, no certame realizado no Brasil, quedou-se pelo último lugar do seu grupo. Pior ainda são os números, onde 1 empate e 2 duas derrotas ilustram, e de que maneira, a paupérrima prestação dos "Three Lions".

496 - HALILHODZIC


Ser criado a cerca de uma centena de metros do clube da sua terra, fez com que Halilhodzic aí quisesse dar os primeiros pontapés na bola. Mas para o rapaz, muito mais que a paixão que tinha pela modalidade, havia outras prioridades. Os estudos estavam primeiro, e como isso implicava mudar-se para a cidade mais próxima, acabaria por abandonar o FK Turbina Jablanica sem nunca realizar uma partida oficial.
Ora, a mudança de escola leva-o a Mostar. Aí, matriculado em Electrotecnia, dá continuidade ao seu percurso académico, sem, contudo, deixar o "bichinho da bola" morrer. Sem nunca almejar ser profissional, mas, por outro lado, com o irmão a insistir para que fosse fazer alguns treinos ao emblema onde jogava, o jovem decide arriscar. Agrada e acaba por ficar.
Já no Velez Mostar, clube com forte tradição no campeonato jugoslavo, Halilhodzic começaria pelas camadas de formação. Terminada esta fase, instalou-se na principal equipa, onde acabaria por ser tornar num dos atacantes mais importantes. Com um ano de interrupção, onde, por empréstimo, vestiu as cores do NK Neretva, Halilhovic jogou 10 anos pelo emblema da, agora, Bósnia-Herzegovina. Foram 10 temporadas de grande nível, à custa das quais conseguiria a estreia na selecção da Jugoslávia e a presença no seu primeiro grande certame internacional, o Euro 76.
Foi já depois desta participação que seria chamado a representar o seu país no primeiro Europeu s-21. Mais uma vez se destacaria ao vencer, para além do torneio em si, os prémios de Melhor Jogador e de Melhor Marcador. O curioso é que por esta altura já o ponta-de-lança contava com 26 anos de idade!!! Como é que é possível?! Simples! Nesta edição disputada entre 1976 e 1978, os regulamentos permitiam a inclusão de 2 atletas de idade superior à do dito escalão.
A seguir a ter vencido a Taça do seu país, e já numa idade em que não é muito normal fazerem-se apostas em atletas vindos de outras paragens, o Nantes decide contratá-lo. Chega a França já com os 30 anos à vista. No entanto, isto não o inibe de continuar a mostrar aquilo que sempre tinha feito anteriormente. Instala-se na frente de ataque e, na temporada seguinte, para além de se sagrar o melhor marcador do campeonato, ajuda o Nantes a conquistar a "Ligue 1". O feito dessa época de 1982/83, pelo menos no plano pessoal, voltaria a repeti-lo dois anos depois. No total, foram 5 temporadas no  "La Beaujoire", durante as quais, tal como já tinha feito no Velez Mostar, volta a reafirmar o seu faro para o golo.
A carreira de treinador iniciou-a dois anos depois de, no PSG, ter posto um ponto final na vida de futebolista. Regressaria à Bósnia e ao Velez Mostar, mas a decisão acabaria por se revelar, muito mais do que errada, trágica. Como sabemos, foi no início dos anos 90 que rebentou a escalada de violência nos Balcãs. Muitas vítimas trouxe tal conflito. Mortos, feridos e desalojados foram aos milhares. Um deles foi Halilhodzic que, depois de ter sido ferido em Mostar, receberia mais uma série de ameaças. Com a vida em perigo decide abandonar a região, vendo, logo de seguida, a sua residência ser pilhada e incendiada.
Depois deste episódio triste, Halilhodzic deu continuidade a sua carreia em França. Contudo, seria já à frente do Raja Casablanca que as suas vitórias mereceriam destaque. Conquista, em 1997, tanto o Campeonato de Marrocos como a Liga dos Campeões Africana e, com isso, acaba por ver a sua cotação a subir em flecha.
Apesar da sua carreira não ser muito pródiga em troféus, excepção feita ao já referido e à vitória na "Coupe de France" de 2003/04 (PSG), Halilhodzic ganhou a fama de conseguir bons resultados com parcos recursos. Foi isso mesmo que demonstrou no segundo Mundial em que participou. Depois de, na condição de jogador, ter estado em Espanha (1982), repetiu a presença, neste ano de 2014, no Brasil. Como seleccionador da Argélia, com um grupo do qual fizeram parte alguns conhecidos do futebol português - Halliche (Nacional e Académica); Yebda (Benfica); Nabil Ghilas (Vizela, Moreirense e FC Porto); Slimani (sporting) - Halilhodzic conseguiu algo nunca antes alcançado: a passagem aos 1/8 de final das "Raposas do Deserto".

495 - SCOLARI

Quando falo em legado, refiro-me àquilo que nos é deixado, àquilo que nos é transmitido por outros. Para alguns de nós, tal definição, como um destino já traçado, não poderia ser levado menos à letra. Vejamos um exemplo. Benjamin Scolari foi jogador do Aimoré e posicionava-se em campo como defesa central. Já o seu filho, um tal de Luiz Filipe, escolheria para se iniciar - ou teria sido empurrado?! - a posição de defesa central... no Aimoré!!! Bem, não sei se conseguiram entender as semelhanças! Adiante!
Pois é, aquele que hoje é um dos nomes incontornáveis do futebol mundial, também foi jogador. É normal que a sua carreira não tenha sido muito badalada, já que as suas habilidades dentro de campo também não eram assim tão extraordinárias. O que também não é menos verdade, é que aquilo que lhe faltava em jeito era compensado por uma grande vontade. Foi esse seu querer que o levou ao Caxias.
No emblema do Rio Grande do Sul, Scolari conheceria os palcos mais importantes do "Brasileirão". A maneira aguerrida como enfrentava cada lance, mas, principalmente, aquilo que dentro de campo era reconhecido como uma verdadeira voz de comando, eram as suas principais armas. Foi à custa delas que se manteve durante vários anos no dito emblema; contudo, seria à custa da última que se faria treinador.
Já depois do Caxias e de curtas passagens pelo Juventude e Novo Hamburgo, Scolari chega ao CSA de Alagoas. É aí que decide "pendurar as chuteiras", e, sem que o soubesse, dar início a uma carreira de enorme sucesso. Por esta altura, estávamos no início do anos 80 e o nome de Luiz Filipe Scolari pouco peso tinha no desporto. No entanto, os anos vindouros alterariam, radicalmente, esse cenário. Posso dizer que tudo começou a mudar em 1991. É certo que, até então, já tinha vencido o Campeonato Alagonano com CSA (1982) e o Campeonato Gaúcho com o Grêmio (1987); é certo que tinha conquistado, ao serviço do Al Qadisiya (Kuwait), a Kuwait Emir Cup de 1989... mas a verdadeira mudança, essa, aconteceria ao "leme" do Criciúma.
No emblema de Santa Catarina, Scolari venceria a Copa do Brasil. Com o título nacional, a ideia que os dirigentes tinham de si, alterou-se. Chegou, já depois de mais uma passagem pelo médio oriente, a vez do Grêmio voltar a apostar nele. Em boa hora o contratariam, pois se da sua primeira passagem por Porto Alegre pouco mais há a dizer, já da segunda há muito mais do que conversa!
Num plantel onde pontuavam nomes como os de Jardel (FC Porto, Sporting e Beira-Mar), Paulo Nunes (Benfica), Carlos Miguel (Sporting) e, ainda, Emerson (Milan), Danrlei (Beira-Mar) ou Nildo (Gil Vicente), Scolari conseguiria conquistar o seu primeiro grande troféu internacional. A Taça dos Libertadores de 1995, a juntar a uma série de outros títulos nacionais, era a confirmação de que "Filipão" era um treinador de gabarito. Para quem, ainda assim, duvidou das suas capacidades, o técnico voltaria a mostrar que nada no seu percurso era sorte. Desta feita no Palmeiras, venceria mais uma vez a dita competição (1999), provando que a "mão de ferro" com que geria os seus planteis eram a principal razão do seu sucesso.
Já com um percurso invejável, é em 2001 que Scolari assume as rédeas da "Canarinha". O objectivo desenhado para esta nova aventura, tinha tanto de inequívoco como de ambicioso... nada mais, nada menos, que o "Penta" para a selecção brasileira! O primeiro passo deste trajecto, seria conseguido com a qualificação para o Mundial do ano seguinte. Já na Coreia e Japão, bastaram 7 vitórias, em 7 partidas, para que Scolari escrevesse o nome do Brasil como o primeiro país a conseguir 5 títulos mundiais de futebol.
O que veio a seguir aproximou Scolari de todos nós. Portugal, à beira de organizar o Euro de 2004, precisava de um técnico de incontestável categoria. Se a escolha do brasileiro, desportivamente, parecia a mais acertada, o que ninguém estaria à espera era de tudo o resto! Ora, para mal dos nossos pecados, a "Equipa das Quinas" perderia o Europeu frente à Grécia; dois anos passados, conseguiríamos o 4º lugar no Mundial da Alemanha. Contudo, Scolari haveria de ser muito mais do que o futebol esgrimido nas "quatros linhas". Para a memória fica a maneira como conseguiu reunir um país à volta da sua equipa; ficam as bandeiras à janela ou as procissões atrás do autocarro! Também é impossível esquecer episódios como o passado com o sérvio Dragutinovic -  "Ele ia bater no menino [Quaresma] e eu defendi-o" - ou a conferência de imprensa, após assegurar a qualificação para o Euro de 2008 - "(...) e o burro sou eu?!".
Ainda no decorrer do torneio organizado entre a Suíça e a Áustria, Scolari é anunciado como o novo treinador do Chelsea. A experiência seria curta, pois desentendimentos com o dono do clube londrino, Roman Abrahmovic, levariam à dispensa do técnico. Curiosamente, este despedimento dá inicio a uma fase menos brilhante da sua carreira. A mesma, continua no Azerbeijão (Bunyodkor), tem uma passagem desastrosa pelo Palmeiras, até que, em 2013, mais uma vez assume o papel de seleccionador do Brasil. O pior é que a desilusão foi enorme. Todos pensaram que o "mentor" do "Penta" seria, também ele, o "timoneiro" do "Hexa". É verdade, as coisas até começaram bem!!! Mas depois veio a Alemanha e afastamento nas meias-finais por 7-1!!! Logo de seguida a partida dos 3º/4º lugares e, frente à Holanda, nova derrota por 3-0!!! Deste modo, Scolari serviria de exemplo a uma máxima bem antiga: no futebol, rapidamente se passa de bestial a besta!

494 - LAMOUCHI

A sua primeira experiência como profissional dar-se-ia na Segunda Divisão francesa. Ao serviço do Olympique Alès, Lamouchi começaria a destacar-se no meio campo pelo seu jogo acutilante, a maneira como entendia toda a dinâmica ofensiva da equipa e, até, pelos seus golos. Foi então que, no Verão de 1994, Guy Roux, mítico técnico gaulês, entendeu que o atleta seria um excelente reforço para o sector intermediário do seu grupo. No Auxerre, Lamouchi rapidamente passou de mais uma opção dentro do plantel para um elemento fulcral. Titular, a força que acabaria por trazer para dentro do relvado, seria, posso dizê-lo, o principal motor para aquilo que o emblema sediado na Borgonha, perseguia já havia uns anos. A tão almejada "Ligue 1" acabá-la-iam por vencer terminada a temporada de 1995/96. A este título juntariam, igualmente, a "Coupe de France"... e para Lamouchi, o melhor prémio da época seria a estreia pela principal selecção francesa e a presença no Euro realizado em Inglaterra.
Quatro anos após a sua estreia no principal escalão francês, e com mais uma Taça no currículo, a Intertoto de 1997/98, Lamouchi acaba por encetar uma nova aventura. A tal mudança leva-o ao Mónaco e ao emblema com o mesmo nome do Principado fundado pela família Grimaldi. Aí, ainda que com menor preponderância que no seu antigo clube, acaba por conseguir a conquista de mais troféus para a sua carreira. Ao lado de nomes bem conhecidos do futebol português, casos de Pontus Farnerud (Sporting); Pablo Contreras (Sporting; Sp. Braga) e do nosso internacional Costinha, Lamouchi acabaria por vencer a Liga Francesa de 1999/00.
O título ganho acaba por servir de empurrão para o centrocampista. Assim, o novo capítulo que aqui enceta levá-lo-ia a outro campeonato e à "Serie A" italiana. Primeiro ao serviço do Parma, onde chega a vencer a Taça de Itália e onde se cruza com Sérgio Conceição, depois no Inter e por fim com as cores do Genoa, a sua passagem pelo "Calcio" acaba por ficar, longe de ser negativa, um pouco aquém das espectativas.
O regresso ao seu país natal dá-se em 2004 e numa fase já final da sua vida de futebolista. A experiência no Marseille acaba por ser apenas um interlúdio para um final, pelo menos no campo financeiro, brilhante. No Qatar, depois de representar Al-Rayyan, Umm-Salal e Al Kharaitiyat, Lamouchi decide pôr um ponto final na sua carreira.
Após de ter "pendurado" as chuteiras, a paixão que sempre nutriu pela modalidade não o deixou ficar afastado da mesma durante muito tempo. Foi por essa razão que, em 2012, aceitou o desafio de orientar a selecção da Costa do Marfim. Apesar de ter ao seu serviço uma série de jogadores de topo mundial, as prestações de Sabri Lamouchi à frente dos "Éléphants", não podem ser classificadas como positivas. Tanto na última CAN (2013), onde não passou dos quartos-de-final, como no Mundial que ainda agora terminou (2014), onde se quedou pela fase de grupos, a Costa do Marfim acabaria por desiludir.
Apesar deste começo desastroso, e ter perdido o emprego logo a seguir ao desaire no Brasil, Lamouchi continua a alimentar um sonho... o de, um dia, orientar os "Le Bleu"!

493 - NIKO KOVAC

Nascido na Alemanha, mas de ascendência croata, seria na sua cidade natal que Niko Kovac conheceria o seu primeiro emblema. E se foi no Hertha Zehlendorf que começou, seria no Hertha Berlin que o antigo médio se consolidaria como jogador profissional.
Ora, em 1991, quando esta mudança de clube ocorreu, ainda o seu nome não passava de uma promessa e, ainda assim, algo remota. Já cinco temporadas depois, o cenário era completamente diferente. Por esta altura, Niko Kovac já tinha optado por representar o país das suas origens. O "trinco", internacional pela Croácia, era agora um elemento importante no meio-campo da sua equipa. Batalhador, nunca virava a cara a uma qualquer disputa. E se esta, pode dizer-se, era a sua principal característica, também a sua capacidade de passe ou, até, a sua visão de jogo, eram de igual saludar.
O pior para o atleta é que o Herta Berlin, apesar de ser um nome histórico por terras germânicas, teimava em não largar o segundo escalão dos campeonatos por aí realizados. Incompatível esta relação, a de um jogador de "primeira" com uma equipa de "segunda", é então que na equação surge a transferência para o Bayer Leverkusen. Resolvido o problema, a carreira de Niko Kovac prosseguiu conforme fazia sentido, ou seja, no patamar mais elevado da "Bundesliga". O engraçado é que, para além da estreia entre os "grandes", também esta época de 1996/97 marcaria algo de novo na sua vida desportiva: Niko, pela primeira vez, havia de partilhar o balneário com alguém com o mesmo apelido... o seu irmão Robert Kovac.
Com o passar dos anos, e já como um dos habituais no primeiro escalão alemão, ao médio continuava a faltar algo para embelezar o seu currículo, os títulos. Esse objectivo consegui-lo-ia, já depois de uma passagem de duas épocas pelo Hamburger, com a chegada a Munique. Na Baviera, apesar de conquistar os primeiros grandes troféus da sua carreira - 1 Campeonato (2002/03); 1 Taça da Alemanha (2002/03); 1 Taça Intercontinental (2001/02) – o atleta haveria de perder o estatuto que granjeara até então. Sem ser titular indiscutível e já a entrar na veterania, Niko Kovac volta a mudar de rumo. Se num primeiro momento abandona o Bayern para regressar ao Herta Berlin, já para a recta final da sua carreira a escolha acabaria por incidir sobre o Red Bull Salzburg.
É já na Áustria que as suas funções no futebol mudam. Larga os relvados e lança-se como treinador. Começa nas camadas jovens do Red Bull, passa a adjunto da equipa principal e, em 2013, é convidado pela Federação Croata a assumir o comando dos s-21 daquele país.
O que ele não sabia, é que este seu novo papel pouco duraria. Com a incapacidade da Croácia se qualificar directamente para o Mundial do Brasil, Igor Stimac, o seleccionador, acabaria por ser demitido. Na sequência deste despedimento, e, talvez na pressa de arranjar alguém que o substituísse a tempo de disputar o "play-off" de acesso ao torneio, Niko Kovac seria, interinamente, nomeado.
Foi passada essa eliminatória que o antigo “capitão” da selecção conseguiu chegar ao seu 3º Mundial (também esteve no Mundial de 2002 e no de 2006). Com os seus pupilos a quedarem-se pela Fase de Grupos, não podemos dizer que tenha feito um brilharete. No entanto, é de acreditar que, para além da "Cara de Mau" que apresentou em todas as conferências, Niko Kovac tenha muito mais a oferecer como técnico... a ver vamos!!!

492 - DESCHAMPS

Nascido no País Basco, mais precisamente em Baiona, seria no emblema local que Deschamps daria os primeiros passos no mundo do futebol. Ora, por esta altura, já a ideia do "rugby", desporto que tinha praticado até então, tinha sido saído da cabeça do jovem atleta. Em boa hora se deu a troca, pois a habilidade que o médio mostrava para a bola redonda era bem superior à que tinha mostrado com a oval. Tanto assim era que os "olheiros" do Nantes, uns anos passados, aconselharam-no aos técnicos do clube. A mudança de contexto, de uma colectividade amadora para uma estrutura profissional, era o sinal do que estava para vir: uma carreira cheia de sucessos.
É verdade que os primeiros anos como sénior, não lhe trouxeram títulos. Contudo, o pragmatismo que mostrava dentro de campo, indicava, para quem quisesse ver, que ali estava, muito para além de um jogador excepcional, um líder. Quem não enjeitou a oportunidade de contar com tamanho atleta, foi uma das melhores equipas francesas e, porque não dizê-lo, europeias do início dos anos 90. Por esta altura, o Marseille, que dominava o futebol gaulês, perseguia algo muito específico e, acima de tudo, muito mais ambicioso: um troféu internacional. Ora, na temporada de estreia de Deschamps na equipa da região de Provence (1989/90), este intuito haveria de esbarrar no Benfica e... na mítica "mão de Vata"!!! Já passados uns anos, após uma curta passagem pelo Bordeaux (empréstimo), seria o próprio Deschamps, agora com o estatuto de Capitão de equipa, a erguer, na edição de 1992/93, aquela que foi a primeira "Champions" ganha por um clube francês.
Após esta conquista europeia (o título seria retirado posteriormente, devido a um caso de corrupção), a juntar a duas Ligas Francesas, o estatuto de Deschamps tinha outro peso. A prova dessa inflação é que de outros campeonatos, começaram a vê-lo como um verdadeiro alvo a contratar. De entre outras propostas é de Itália que surge aquela que seria a mais tentadora. A mudança torna-se inevitável e o jogador lá segue para a Juventus. No "Calcio", o "trinco" francês continua na mesma senda de sucesso. 3 "Scudetto", 1 Taça e 2 Supertaças de Itália, são os números de 5 épocas a jogar pela equipa de Turim, que se completam com a Liga dos Campeões de 1995/96 e a Supertaça Europeia e Taça Intercontinental do ano seguinte.
Por esta altura, devido a suspensão de Cantona e posterior purga de alguns dos elementos mais antigos nos "Bleus", já Deschamps capitaneava a sua selecção. As mudanças perpetradas por Aimé Jacquet, na ressaca da "não qualificação" da França para o Mundial de 1994, haveriam de dar boas indicações. As meias-finais do Euro 96, acabariam por ser isso mesmo, ou seja, uma espécie de prelúdio para o que viria a seguir, com Deschamps, e companhia, a vencerem o Mundial de 1998 e, logo de seguida (já o médio representava as cores do Chelsea), o Euro 2000.
Depois do torneio organizado pela Bélgica e Holanda, pouco mais houve de Deschamps como jogador. Terminada a sua carreira, em 2001, após uma derradeira temporada no Valencia, de imediato o antigo internacional abraçou as funções de técnico. Começaria no Monaco, onde o seu ponto mais alto, pode dizer-se terá sido a presença na final de 2004 da "Champions", perdida, como bem se recordam, para o FC Porto. A seguir veio a Juventus, onde após o escândalo do "Calciopoli", Didier Deschamps teria um papel importantíssimo na recuperação do prestígio desportivo da "Vecchia Signora". Já os títulos, se não contarmos com a Taça da Liga ganha ao serviço dos monegascos, vieram, quase em catadupa, no seu regresso a Marselha. Venceu 1 Campeonato, 2 Taças da Liga e 2 Supertaças, mas, acima de tudo, conquistou, por mérito próprio, o direito de decidir o destino da equipa nacional do seu país. Foi nesse papel, o de seleccionador, que se apresentou neste Mundial (2014). Corajoso, ao deixar de fora nomes como o de Nasri, Deschamps cairia nos quartos-de-final, aos pés de uma poderosa Alemanha. Apesar de ficar aquém das suas próprias expectativas, a promessa de um futuro brilhante para os seus pupilos, acabaria por dar força ao treinador - "Embora a nossa aventura no Brasil termine aqui e estejamos tristes, desapontados e frustrados, seguiremos em frente. Espero que esse grupo de jogadores possa continuar junto por muito tempo. As coisas são realmente promissoras".

491 - SUSIC

Vindo das escolas do clube, chega aos seniores um jovem médio que demonstrava, para além de grande propensão ofensiva, uma enorme queda para os golos. Os primeiros anos com a equipa principal, sem que grande admiração provocasse, foram os de adaptação. Já o salto para a fama, igualmente sem coincidências, acabaria por acontecer paralelamente a uma das melhores prestações do FK Sarajevo, nos finais dos anos 70. O segundo lugar no Campeonato jugoslavo de 1979/80 e, para o atleta, o prémio de melhor marcador e de jogador do ano, acabariam por, definitivamente, lançar Susic para o estrelato.
É certo que nesta minha inicial apreciação, talvez tenha exagerado num determinado aspecto. É que Susic, antes dos prémios já aqui referidos, não era um desconhecido no futebol da Península Balcânica. Longe disso, em 1977, já o médio-atacante havia sido chamado à selecção "A" do seu país, passando a ser um dos nomes habituais nas convocatórias.
Ora, o primeiro grande palco que pisaria, haveria de ser o Mundial de 1982. Em Espanha, a Jugoslávia, com nomes comos os de Halilhodzic, o do nosso conhecido Ivan Pudar (Sp. Espinho e Boavista) ou o dos irmãos Vujovic, haveria de sofrer um pequeno desaire, acabando por não passar da 1ª Fase de Grupos. Contudo, para Susic, o tal tropeção, seria a oportunidade certa para se lançar noutras aventuras.
Tendo jogado todos os minutos do torneio organizado por "Nuestros Hermanos", pelo menos aqueles em que a sua equipa participou, acabaria por chamar a atenção do PSG. Foi, então, nesse Verão de 1982 que Susic se mudaria para a capital francesa. A verdade é que esta mudança, não seria apenas de clube ou de residência. Para o médio, este novo contrato representaria muito mais. Não falo apenas das vitórias colectivas... porque as houve!!! Refiro-me ao facto de se ter imortalizado na história de um dos actuais grandes emblemas da Europa. A razão é simples e conta-se de maneira igual, ou seja, seria a sua classe, a sua maneira de pensar o jogo, e, porque não, os seus golos, os principais motores do primeiro Campeonato Francês ganho pelo emblema parisiense (1985/86).
Depois de quase uma década no PSG, que lhe valeu o título de "Melhor de Sempre" no clube, de participações no Euro 1984 e Mundial de 1990, Susic termina a sua carreira, aos 37 anos de idade, com uma derradeira temporada ao serviço do Red Star 93. Voltou à ribalta do futebol, quando, no ano passado, assegurou a primeira presença de sempre da Bósnia-Herzegovina num grande certame internacional. Para o antigo jogador, que, embora com passagens discretas, já conta com alguns anos de experiência como técnico, a qualificação dos seus pupilos para o Mundial do Brasil, acabaria por ter uma importância muito acima das desportivas - “O país está arrasado por problemas políticos e económicos. É lógico que isso se reflecte no nosso futebol, mas ir ao Brasil ajudará nas duas direcções. Essa equipa une as pessoas. Há alguns anos, você não poderia imaginar bósnios, sérvios e croatas torcendo pela equipa, o que mudou agora”.

490 - CAPELLO

Tal como outros que por aqui já passaram, Capello também vem de uma família onde o futebol era figura diária. O seu pai, por exemplo, era o treinador da sua primeira equipa, o AC Pieris. Já o seu tio, Mario Tortul, que também começou no mesmo clube, foi um notável futebolista que fez carreira em diversos emblemas italianos (Sampdoria; Triestina; Padova; etc), tendo, inclusive, representado a "squadra azzurra". Assim sendo, para o jovem Fabio pouco mais havia a fazer do que dar seguimento ao legado que lhe haviam deixado. A responsabilidade era muita, mas o jovem atleta soube cumprir a sua missão... aliás, excedeu-se um bocadinho!!!
É verdade, o nome de Fabio Capello será, para sempre, tido como um dos maiores no "calcio". A razão é simples: como jogador foi brilhante; como treinador, ainda melhor!!!
Começou, como já o referi, no AC Pieris. Ainda nos escalões de formação, o SPAL ganha a corrida ao AC Milan e contrata-o para as suas escolas. Termina a sua carreira nos juniores com a conquista do Campeonato Nacional da categoria, estreando-se de seguida pela equipa principal. Apesar de não ser muito rápido, a sua excelente leitura de jogo, a capacidade de passe e a valentia que punha na altura dos desarmes, faziam dele um médio acima da média. Por essa razão, ainda no modesto SPAL, Fabio Capello havia de ser chamado aos trabalhos dos s-23 italianos.
Ora, como executantes de qualidade é o que os clubes grandes procuram, não tardou muito até que emblemas maiores começassem no seu encalço. Quem ganhou a corrida haveria de ser a Roma, que assim levaria o jovem talento para a capital. Nos "Lupi", Capello assumiria, logo desde o início, um papel fundamental na estratégia do sector intermediário. Nos três anos que por lá permaneceu, nunca haveria de conseguir o "scudetto", no entanto haveria de ser aí que ergueria o seu primeiro grande troféu, a Taça de Itália de 1968/69.
O Campeonato consegui-lo-ia, sim, aquando da sua mudança para a cidade de Turim. Na Juventus para além das 3 vitórias na "Serie A" (1971–72; 1972–73; 1974–75), Capello cimentou a notoriedade que até aí vinha conquistando. Muito dessa fama haveria de ser consolidada pelas campanhas europeias que a "Vecchia Signora" faria, com o destaque para as finais da Taça das Cidades com Feira (1971) e da Taça dos Campeões Europeus (1973), perdidas, respectivamente, para Leeds Utd e Ajax.
No entanto, e apesar de ser reconhecido como um dos melhores médio-centro da altura, os problemas físicos que, recorrentemente, afectavam os seus joelhos fariam com que os responsáveis da Juventus, 6 anos após a sua chegada ao clube, se decidissem pela sua venda aos rivais do Milan. A primeira temporada na capital da moda transalpina (1976/77), mostraria um Capello em forma e, como já o fizera antes, de enorme influência no desenrolar do jogo. Contudo, os anos que se seguiram confirmariam as piores previsões feitas e, diminuído pelas lesões, o médio apagar-se-ia progressivamente.
No final da época de 1979/80, com mais 1 Campeonato (1978/79) e 1 Taça de Itália (1976/77) no seu currículo, Capello deixa os relvados para passar ao leme das camadas jovens dos "Rossoneri". Só passou a assumir funções na equipa principal, excepção feita a 1986/87, altura em que por lá teve uma breve passagem, quando no Verão de 1991, Berlusconi decide prescindir dos serviços de Sacchi. Os resultados desta aposta não demorariam a aparecer. As mudanças perpetradas por Capello, tanto no plano táctico como na composição do plantel, acabariam por tornar o Milan numa das melhores equipas do mundo, na primeira metade dos anos 90.
4 "Scudetto", 3 "Supercoppa", 1 Taça dos Campeões Europeus e 1 Supertaça UEFA, não foram motivo suficiente para, aquando do convite do Real Madrid, segurar o treinador em Milão. A proposta de fazer uma equipa competitiva vinha agora da capital espanhola e, como só ele sabe, Capello não deixou os créditos por mãos alheias. Venceu a "La Liga" de 1996/97, mas apenas ao fim de uma temporada decide voltar ao seu país.
"Não voltes ao lugar onde já foste feliz", foi a máxima que Capello esqueceria neste seu regresso. Talvez por isso mesmo, esta nova passagem pelo Milan, sem grande motivo para destaque, duraria apenas um ano.
Ora, de seguida assina pela Roma. O objectivo de tornar uma equipa, que não vencia o Campeonato há cerca de década e meia, num conjunto de campeões, não era tarefa fácil. Mais uma vez, Capello não se deixaria atemorizar pelas dificuldades e, depois de construir um balneário onde, em 2001, conviviam nomes como os de Cafú, Totti, Delvecchio, Montella, Balbo e Batistuta, conquistaria o 3 "Scudetto" da história da Roma.
Não estando farto de vencer, chega a vez de conquistar o Campeonato à frente de uma velha conhecida. Na Juventus também ganha, mas o despoletar do escândalo que ficou conhecido como "Calciopoli" revoga todos os títulos à equipa de Turim.
Já depois de mais uma passagem pelo Real Madrid, onde, já sem espantar ninguém, volta a conquistar a "La Liga", Capello enceta uma nova etapa no futebol, a de seleccionador. Começa pela equipa nacional inglesa. Ao seu comando, ele que, na condição de jogador já tinha marcado presença na edição de 1974, consegue a qualificação para o África do Sul 2010. Repete a faceta para o Euro de 2012, mas por a F.A. querer retirar a braçadeira de capitão a John Terry, Capello acaba por se demitir antes da fase final.
Esta última edição, a do Mundial de 2014, fez-se apresentar no Brasil, como o homem à frente da equipa russa. Ao contrário daquilo que é habitual consigo, o percurso da sua selecção foi muito desapontante. Tão mau foi, com a Rússia a quedar-se pela fase de grupos, que da Duma exigiram a sua presença, para uma explicação do acontecido.

489 - FERNANDO SANTOS

Terminada a formação no Benfica, Fernando Santos tem uma primeira experiência como sénior nas "Reservas" da "Luz". O pior é que na equipa principal, para a posição que maior parte das vezes ocupava em campo, a de central, estavam nomes como os de Humberto Coelho ou Rui Rodrigues. Sem espaço nas "Águias", Fernando Santos acaba por rumar ao Estoril, convidado por Jimmy Hagan, entretanto afastado do comando técnico dos "Encarnados".
É verdade que para quem vem de um dos ditos "Grandes", ir parar à Terceira Divisão pode não ser muito animador. No entanto, o convite feito pelos "Canarinhos", nesse ano de 1973, acabaria por ser muito vantajoso para Fernando Santos. Admirados?!!! A razão é simples! É que por essa altura, o atleta também era um afincado estudante de Engenharia Electrónica e Telecomunicações e o facto de os treinos serem à noite permitiu-lhe conciliar (e terminar) o curso, sem ter que abandonar o futebol.
Dois anos após o começo desta nova aventura, já Fernando Santos se mostrava na Primeira Divisão. Mas se dentro de campo, apesar da sua maior propensão para defesa, vogava por quase todas as posições, já no que diz respeito ao emblema envergado, era fiel ao Estoril. Foram 6 temporadas com os da "Linha", até que, para a temporada de 1979/80, surge o convite do Marítimo - "Foi uma opção profissional. Tinha de ir à procura de melhores condições financeiras. Na altura pensava que ia fazer uma carreira no Marítimo. No ano seguinte decidi voltar"*.
O regresso ao continente é precedido de uma série de convite de outros clubes do escalão maior, como o Belenenses e o Vitória de Guimarães. Contudo, a preferência do defesa acabaria por recair no Estoril (entretanto na Segunda Divisão), até porque seria daí que as suas exigências seriam atendidas. Quais? A de conseguir trabalhar como Engenheiro, ao mesmo tempo que continuava na prática futebolística!
Com emprego, arranjado pelo clube, no Hotel Palácio, Fernando Santos treinava à noite. Continuou assim durante mais uns anos, até que um dia, convidado por Fidalgo, assumiria as funções de adjunto, tornando-se num caso raro no futebol do Séc. XX, o "jogador-trabalhador-treinador"!!!!
Foi após terminar a carreira como jogador que Fernando Santos decide enveredar pela de técnico principal. Começa, como não poderia deixar de ser, por pegar no leme do Estoril. A etapa que se seguiu, 7 anos após esse início, leva-o ao Estrela da Amadora. Na Reboleira o seu trabalho começa a ser reconhecido entre a classe de treinadores, maioritariamente por conseguir as melhores classificações da história do clube. Tal notoriedade leva Jorge Nuno Pinto da Costa a deslocar-se pessoalmente a sua casa. A razão?! Simples! O convite para a recta da final daquilo que ficaria conhecido como os "Anos do Penta".
Depois de conquistar esse 5º, e consecutivo, título nacional para o FC Porto, Fernando Santos ainda permanece mais dois anos com os "Dragões". Não consegue repetir o Campeonato, mas vence 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças.
Com a reputação em alta, "O Engenheiro do Penta", epíteto pelo qual ficou conhecido após a sua aventura pela "Invicta", enceta uma nova fase da sua vida, que o leva a alternar a morada entre a Grécia e Portugal. Durante esses anos (começou em 2001 e, por agora, ainda se mantem) Fernando Santos treinou os principais emblemas dos dois países referidos. Por cá, passou pelo Sporting e pelo Benfica, tornando-se no primeiro treinador português a comandar todos os três "Grandes". Já no "país da democracia" veria o seu estatuto equiparado ao de uma qualquer estrela.... é que, para além de vencer por 4 vezes o título de treinador do ano, foi considerado o Melhor Treinador da 1ª década do Séc. XXI.
Agora, e desde 2010 quando assumiu funções, Fernando Santos é o seleccionador da equipa nacional helénica. No Euro 2012 conseguiu chegar aos 1/4 de final e neste Mundial, o de 2014, apesar de já ter sido eliminado pela Costa Rica nos "oitavos", conseguiu a proeza de, pela primeira vez na história dos gregos, conseguir passar da fase de grupos.



* da entrevista a Rui Miguel Tovar, Jornal i

SELECCIONADORES NO BRASIL

Havíamos de deixar passar uma edição de um Mundial sem o assinalarmos no "Cromo sem caderneta"???!!! Claro que não!!!
É verdade que, ainda há uns meses, demos um primeiro passo nesse sentido, mas agora vai ser mesmo a sério!!! Assim, para comemorarmos o certame de futebol mais importante a nível planetário, vamos dar a conhecer, ou a recordar, a carreira daqueles que têm nas mãos os destinos das equipas nacionais. Por essa razão, neste mês de Julho, vamos falar de "Seleccionadores no Brasil".


Ver também: Carlos Queiroz; Klinsmann