1193 - TINAIA

Ainda uma criança, viajaria para Portugal para ingressar nas “escolas” do FC Porto. Apesar das dificuldades de deixar Cabo Verde em tão tenra idade, a verdade é que Tinaia, a cada degrau subido na hierarquia dos escalões formativos “Azuis e Brancos”, rapidamente demonstraria qualidades bem acima da média. Como um elemento, ainda que franzino, mas dono de uma técnica surpreendente, o jovem atleta depressa seria perfilado como uma das maiores esperanças do clube. O estatuto de “estrela”, auferido desde tenra idade, seria sublinhado na temporada de 1993/94, pelo concretizar de uma transferência que até ao mais atento deixaria boquiaberto. Pela mão do empresário Manuel Barbosa, o médio de propensões ofensivas, deixaria a “Cidade Invicta” e, depois de atravessar a fronteira, acabaria por dar entrada num dos maiores emblemas mundiais.
Ao lado de Zeferino, seu colega nas jovens equipas dos “Dragões”, Tinaia, não mais do que um adolescente, passaria a representar o Real Madrid. Integrado nas “escolas” do emblema castelhano, depressa daria sinais que a sua contratação estaria longe de ser um erro. Em 1995/96, a partilhar o balneário com Guti ou com o avançado português Agostinho, encetaria trabalhos com a equipa “b” dos “Merengues”. Mesmo ao enfrentar novos desafios, o jovem, mas virtuoso intérprete, continuaria a destacar-se como um bom elemento. Já numa altura em que o conjunto maior dos “Blancos” era orientado por Fabio Capello, as suas exibições começariam a chamar a atenção do “allenatore” e a presença nos treinos da primeira equipa tornar-se-ia numa constante.
A saída do treinador italiano no final da temporada de 1996/97, faria cair por terra a promessa de Tinaia vir a integrar o plantel principal, na época seguinte. O médio veria igualmente recusada a intenção do técnico em levá-lo consigo para o AC Milan. Falar-se-ia também na saída do esquerdino para o Valência, mas, declinada a proposta, o jogador manter-se-ia pela capital espanhola. Com o avançar dos anos, a oportunidade do médio subir à equipa “A”, nunca ganharia corpo. Já na campanha de 1999/00, o jogador seria “emprestado” a um emblema do escalão secundário. Com Silas como companheiro de balneário, o atleta passaria a envergar a camisola do Elche. “Sol de pouca dura”, pois o fim da ligação ao Real Madrid e o regresso a Portugal acabariam por surgir no horizonte da sua carreira.
Mais uma vez com Zeferino como companheiro de “aventuras”, Tinaia, para a temporada de 2000/01, rubricaria uma ligação contratual com o Alverca. No novo emblema, o médio estrear-se-ia na 1ª divisão do Campeonato Nacional. Nem sempre como um elemento incontestável do “onze”, ainda assim vestiria as cores da colectividade ribatejana por 4 temporadas. Com 3 dessas passadas a disputar o escalão máximo português, nem o novo capítulo da sua caminhada profissional daria grandes frutos. A prova disso mesmo, e de uma carreira brilhante que nunca passaria de uma ideia vaga, sublinhar-se-ia com a metade final do trajecto competitivo do centrocampista. De volta a Espanha, as únicas oportunidades que conquistaria seriam dadas por agremiações de cariz mais modesto. Antes ainda de uma longa etapa a representar conjuntos dos “regionais” galegos e que terminaria em 2019, destaque para as passagens do atleta pelo Pontevedra e pelo Logroñes.

1192 -ROÇADAS

 

Descoberto pelo Torreense por conta das suas habilidades no futebol de salão, Jorge Roçadas, atleta de propensões ofensivas, depressa começaria a destacar-se nas camadas jovens do emblema sediado na Região do Oeste. No entanto, com o padrasto a conseguir para ele um emprego na construção da refinaria de Sines, a decisão de mudar de residência levá-lo-ia a trocar de colectividade. Com qualidades intrínsecas para a prática da modalidade, os responsáveis pelo Vasco da Gama acabariam por abrir-lhe as portas do clube. Com o seu ingresso a acontecer na segunda metade da década de 70, o Alentejo litoral, sem fugir à militância nos escalões inferiores, tornar-se-ia, nos anos subsequentes, na sua nova casa.
Em 1981/82, o Portimonense acolhê-lo-ia como um dos reforços para a nova campanha. A disputar a divisão maior do futebol português, Roçadas, mesmo com uma primeira temporada ainda que um pouco discreta, não precisaria de muito mais tempo para conseguir afirmar-se como um dos bons intérpretes do conjunto “alvinegro”. As suas prestações, 2 anos após a chegada ao Barlavento, levaria o técnico Manuel de Oliveira, antigo treinador do médio-ofensivo no referido clube algarvio, a apostar na sua contratação dessa feita para o Vitória Futebol Clube. A ligação do atleta ao emblema da cidade de Setúbal, com a época de 1985/86, ao serviço do Marítimo, a marcar um intervalo nesse laço, serviria para elevar o seu valor. Com a cotação em alta, chegariam as oportunidades de, pelas categorias de sub-21 e de olímpicos, envergar a “camisola das quinas”. Por outro lado, o crescente estatuto auferido dentro do plantel “sadino”, faria com que a braçadeira de “capitão” fosse entregue à sua responsabilidade.
Outro aspecto curioso da experiência em Setúbal, seria o apreço que acabaria por granjear de Malcolm Allison. Esse respeito, ou admiração, levaria o treinador a tentar colocá-lo num dos principais emblemas britânicos. A ideia consumar-se-ia na temporada de 1989/90 e com o Sheffield Wednesday a receber o jogador. Porém, a passagem pelo principal patamar inglês não correria de feição. Após algumas participações na equipa de “reservas” e com a época ainda a dar os primeiros passos, Ron Atkinson, o “manager” dos “Owls”, dispensaria o atleta. Ainda assim, a passagem por “Terras de Sua Majestade” não ficaria por aqui e “Big Mal” abrir-lhe-ia as portas do modesto Fisher Athletic, a colectividade que, por essa altura, o antigo técnico do Vitória Futebol Clube orientava.
O regresso a Portugal, longe daquilo que a sua caminhada desportiva faria adivinhar, não levaria Roçadas de volta aos emblemas primodivisionários. Com a oportunidade a emergir dos escalões inferiores, União de Santiago e a irmanação, bem mais longa, com a Sanjoanense, assinalariam os anos seguintes. Já numa fase marcadamente descendente no seu percurso competitivo, viria o contrato com o São Roque e o fim da carreira com a entrada na metade final da década de 90.

1191 - VALTER

Descoberto por responsáveis do Sporting Clube de Portugal, ao integrar as camadas de formação do emblema leonino, depressa seria reconhecido no guarda-redes capacidades para alimentar um futuro promissor. Nesse sentido, as chamadas às jovens selecções portuguesas serviriam para confirmar tudo aquilo que dele era esperado. Com a “camisola das quinas” conseguiria várias internacionalizações nos escalões actualmente denominados como sub-18 e sub-21 e faria parte do grupo de atletas que, em 1974, disputaria a fase final do Torneio Internacional de Juniores da UEFA.
Seria na época seguinte à do certame ainda agora aludido que Valter acabaria chamado a integrar o plantel principal dos “Verde e Brancos”. No entanto, a tomar conta da baliza do Sporting estava um senhor que dava pelo nome de Vítor Damas. A presença do craque, como é de fácil dedução, inviabilizaria a presença em campo de qualquer disputante. A falta de jogos durante a campanha de 1974/75, levaria o guardião a deixar Alvalade para, com o intuito de ganhar experiência, abraçar um “empréstimo” ao Sporting de Braga. Ainda assim, e tendo em conta as diversas partidas disputadas pelos “Arsenalistas”, o regresso do jogador a Lisboa pouco mais traria ao seu currículo do que presenças no banco de suplentes. Mesmo ao conseguir conservar um lugar no plantel dos “Leões” desde 1976/77 até a campanha de 1978/79, a verdade é que o guarda-redes não teria a habilidade para conquistar mais oportunidades e a sua ligação ao clube terminaria com a transferência para o Portimonense.
Sem nunca abandonar a 1ª divisão, a mudança para o Algarve revelaria um praticante que, apesar da forte concorrência enfrentada em anos anteriores, talvez tivesse merecido mais algumas chances. Daí em diante, pelas qualidades demonstradas a cada desafio superado, Valter sublinhar-se-ia como um jogador granjeador dos palcos maiores do futebol português. Esse estatuto ficaria ainda mais visível, com a aquisição do seu “passe” pelo Sporting de Braga. Um ano após a chegada ao Portimonense, o emblema minhoto, por ventura acicatado pela memória da sua entrega, decidir-se-ia pelo retorno do guardião ao seio do plantel. De volta ao Norte do país a partir da campanha de 1980/81, o jogador, como um dos pilares da equipa, aproveitaria os anos passados com os “Guerreiros” para ajudar o conjunto a alcançar objectivos bem lisonjeiros. O primeiro desses episódios, apesar da derrota frente ao Sporting, chegaria com a presença na final da Taça de Portugal de 1981/82. Já na época imediata, surgiria a participação na Taça dos Vencedores das Taças e, mais uma vez com os “Leões” a levar a melhor, viria com a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira.
As 5 temporadas na “Cidade dos Arcebispos” precederiam a sua contratação pelo Estrela da Amadora. No emblema da “Linha de Sintra” desde 1985/86, ainda que afastado do papel preponderante vivido no Minho, Valter faria parte dos conjuntos que escreveriam alguns dos mais importantes capítulos da história do emblema “tricolor”. Depois de, em 1988/89, ter participado na estreia do clube na 1ª divisão, a campanha seguinte traria ao seu percurso outro momento inolvidável. Mesmo sem ter entrado em campo, a sua presença, em algumas eliminatórias, no banco de suplentes, inscrevê-lo-ia no rol de atletas que participariam na caminhada até à vitória na Taça de Portugal de 1989/90.
Os últimos anos da sua carreira enquanto futebolista, já afastado dos grandes palcos, levá-lo-iam a representar Amora, Fanhões e Oriental. Aliás, seria no histórico emblema lisboeta que Valter Onofre abraçaria outro papel no desporto. Como treinador de guarda-redes, tem feito da sua experiência uma ferramenta muito útil para orientar novos atletas. Com uma extensa carreira nas referidas funções, passaria também pelas equipas técnicas de Estrela da Amadora, Trofense, Olhanense, Casa Pia, Torreense e, já nesta época de 2021/22, aceitaria o convite endereçado pelo Lusitânia de Lourosa.

1190 - COENTRO FARIA

Já aqui falamos, por diversas vezes, de atletas que, por tanto mudarem de emblema durante a carreira, encaixam na perfeição no desígnio de um “globetrotter”. Coentro Faria, avançado cuja formação ficaria dividida entre o arranque de caminhada na CUF e os derradeiros anos já com as cores do Benfica, acabaria por tornar-se num desses intérpretes.
Depois de passar alguns anos nas fileiras juniores dos “Encarnados”, ao atacante seria dada a oportunidade de experimentar as competições seniores. Com o emblema da “Luz”, no sector mais ofensivo, recheado de excelsas figuras, a exemplo José Torres, Artur Jorge, Nené ou Eusébio, seria o Portimonense a dar ao futebolista a oportunidade de subir de escalão. Mesmo com a colectividade algarvia a militar na 2ª divisão de 1969/70, a projecção feita para a sua evolução mantê-lo-ia ligado à elite do futebol luso. Prova disso mesmo, seria a convocatória do avançado aos trabalhos das jovens selecções nacionais. Ao lado de “promessas” como António Oliveira, Laranjeira, Vítor Pereira ou Fraguito, Coentro Faria, num desafio marcado para Março de 1970, apareceria como um dos nomes chamado aos, agora designados, sub-18 de Portugal.
A verdade é que, mesmo ao ver reconhecidas qualidades superiores, o seu trajecto afastá-lo-ia dos principais palcos do desporto nacional. Após deixar o Portimonense, os anos seguintes prenderiam o avançado aos escalões secundários. Nesse sentido, o Clube Desportivo de Gouveia, intercalada a sua passagem pelo emblema serrano com o Serviço Militar Obrigatório, o destacamento para Angola e os anos a representar o FC Moxico, tornar-se-ia na colectividade mais representativa desse período inicial. Já em 1975/76, após o regresso à agremiação inscrita na Associação de Futebol da Guarda, surgiria a oportunidade de, durante um ano, representar o Sporting da Covilhã. No entanto, seria a mudança para o Montijo que permitiria ao atleta dar novo salto na carreira e tornar a temporada de 1976/77 na da sua estreia na 1ª divisão.
Como já aqui foi destapado, o percurso competitivo de Coentro Faria caracterizar-se-ia por constantes mudanças de emblema. Barreirense, Vitória Futebol Clube, Juventude de Évora e Estoril Praia, com a colectividade alentejana como a única a impedir o seu acesso ao contexto primodivisionário, tornar-se-iam nos emblemas que coloririam a melhor fase do seu trajecto profissional. Longe ainda de dar por terminada essa caminhada competitiva, mas já num tempo que podemos caracterizar como descendente, as apostas do avançado ainda o levariam a representar outros históricos do desporto nacional. Estrela da Amadora e Ginásio de Alcobaça antecederiam as passagens pelo Cova da Piedade, Neves e o fim da carreira de futebolista no Portosantense.
Também como treinador, Coentro Faria tem alimentado a sua paixão pelo futebol. Sem nunca ter conseguido chegar ao patamar máximo, o técnico, aferido pelo Nível IV UEFA Pro, tem trilhado um percurso pelos escalões secundários. Mesmo afastado dos principais escaparates, a sua carreira tem sido louvada, de forma quase unanime, pela seriedade e competência. Com uma longa experiência no cargo, destaque para as passagens pela antiga 2ª divisão “B” e, por entre as habituais mudanças de emblema, o trabalho desenvolvido em agremiações como o Praiense, Juventude de Évora, Lusitânia de Lourosa, Caldas ou, já mais recentemente, à frente do União de Montemor.

1189 - VAN HOOIJDONK

Alguns anos após ter conseguido entrar para as “escolas” do NAC Breda, Pierre van Hooijdonk, ainda a actuar como médio-direito, veria os responsáveis do clube a apontá-lo como um elemento sem talento. Como consequência de tal avaliação, ser-lhe-ia indicada a porta de saída daquele que era o emblema da sua predilecção. Já como atleta do VV Steenbergen, colectividade amadora estabelecida na sua terra natal, o jovem atleta seria mudado para posições mais avançadas no terreno de jogo. No lugar de ponta-de-lança, começaria a destacar-se pela força, sentido posicional e um apurado “faro” para o golo. O aperfeiçoamento de tais características, com o relato das exibições produzidas pelo atacante a chegarem a emblemas de outra monta, levá-lo-ia a nova mudança e ao serviço do RBC Roosendaal a partir da campanha de 1989/90, ganharia um lugar nos escaparates profissionais do futebol holandês.
Ainda que na 2ª divisão, a sua prestação e, principalmente, os golos conseguidos, levariam o NAC Breda, para a época de 1991/92, a endereçar-lhe um novo convite. De volta ao clube que, anos antes, tinha dado o avançado-centro como um elemento excedentário, a carreira do atleta começaria a ganhar uma projecção bem diferente. Primeiro, na temporada de 1993/94, viria a estreia no escalão máximo neerlandês. Já na temporada seguinte, numa partida disputada frente ao Luxemburgo a 14 de Dezembro de 1994, chegaria a primeira internacionalização com a selecção “A” do seu país. Finalmente, como pináculo dessa etapa, surgira o interesse de um dos históricos do desporto europeu e a transferência para o Celtic Football Club.
A mudança para o futebol escocês a meio da temporada de 1994/95, sublinharia o avançado como um protagonista de cariz superior. Nesse sentido, van Hooijdonk não tardaria muito para entrar no coração dos adeptos do emblema de Glasgow. Apesar de uns primeiros meses algo discretos, seria dele o golo que, ainda na campanha da sua chegada, levaria o Celtic, numa vitória por 1-0 frente ao Airdrieonians, a triunfar na final a Taça da Escócia. Já na época seguinte, o avançado, com 26 remates certeiros, consagrar-se-ia como o Melhor Marcador da Liga. Todavia, um veiculado desentendimento entre o jogador e o dono do clube, empurraria o atleta para o banco de suplentes. A contenda manter-se-ia durante o desenrolar da época de 1996/97 e terminaria apenas com a saída do avançado para o Nottingham Forest.
Após a estreia na Premier League em Março de 1997, van Hooijdonk conseguiria cimentar-se como um elemento habitual nas convocatórias dos Países Baixos. Mesmo com a descida do Nottingham Forest ao segundo escalão inglês, o seu nome seria integrado pelo seleccionador Guus Hiddink na lista de atletas a disputar o Mundial de 1998. Com a insígnia da Casa de Orange ao peito, os anos seguintes trariam à carreira do atacante mais participações em certames de renome. Depois do 4º lugar conseguido no Campeonato do Mundo organizado em França, o avançado marcaria também presença no Euro 2000 e Euro 2004. Terminado o torneio disputado em Portugal, ainda vestiria por uma última vez a camisola do seu país, passando a contabilizar um total de 46 internacionalizações.
Numa carreira que conheceria várias mudanças de rumo e diversos emblemas, à experiência em Inglaterra seguir-se-ia o Vitesse e o Benfica. Em Portugal, com as “Águias” a atravessar uma fase conturbada da sua história, a temporada de 2000/01 terminaria com a agremiação lisboeta na 6ª posição do Campeonato. Ainda assim, van Hooijdonk conseguiria amainar os desaires colectivos com uma campanha excepcional, durante a qual atingiria a marca de 23 golos concretizados, em todas as competições. Como viria a ser noticiado, mesmo tendo em conta os números produzidos pelo avançado, o reiterado pedido, levado a cabo pela direcção liderada por Manuel Vilarinho, para que deixasse o clube, faria com que o atleta procurasse a sorte noutras paragens. No Feyenoord ganharia a edição de 2001/02 da Taça UEFA e, nesse mesmo ano, o troféu de Melhor Marcador do Campeonato holandês. Já a passagem pelos turcos do Fenerbahçe acrescentaria ao seu currículo as vitórias na Süper Lig de 2003/04 e 2004/05.
Com o fim da carreira como futebolista a aproximar-se e após novas passagens por NAC Breda e Feyenoord, Van Hooijdonk relembrado também pela maneira sublime de marcar livres-directos, “penduraria as chuteiras” em 2007. Ao não querer afastar-se da modalidade durante muito tempo, iniciaria a sua carreira como técnico. Nas funções de adjunto, sob a alçada de Guus Hiddink, representaria a selecção da Turquia. Trabalharia também com os sub-21 do Feyenoord e, na mesma categoria, com a equipa nacional neerlandesa.

1188 - DURAND

Natural do Barreiro, seria no Luso Futebol Clube que Augusto Esteves Durand, com passagens pelas equipas de juvenis e de juniores, completaria a formação. Com a sua evolução no desporto a ser tida como bastante auspiciosa, os responsáveis pelo Sporting, para a temporada de 1953/54, decidir-se-iam pela contratação do jovem jogador. No entanto, com a mudança para o emblema lisboeta, o melhor que o defesa conseguiria, seria a participação nos desafios dados à categoria de “reservas”. Durante as épocas seguintes, não disputaria qualquer outra partida oficial para além das listadas ao conjunto secundário “verde e branco”. Com a falta de utilização na equipa principal a pôr em causa o seu crescimento, depois de atravessado um longo “deserto”, a solução encontrada para a sua carreira acabaria por ser a saída.
Após uma curta passagem pelo Torres Novas na temporada de 1956/57, Durand decidiria voltar a representar um dos emblemas com sede no Concelho no Barreiro. Porém, dessa feita, o regresso à terra natal levá-lo-ia a envergar uma camisola diferente. No Grupo Desportivo da CUF, a sua contratação e posterior integração no plantel principal, sublinharia o defesa como um verdadeiro reforço. Lançado pelo treinador Cândido Tavares na 9ª jornada, o desenrolar da campanha de 1957/58, para além de dar azo à estreia do atleta no principal escalão do futebol português, faria com que o seu nome começasse a aparecer nas fichas de jogo, com uma frequência bem mais do que aceitável.
Como um dos elementos mais utilizados do plantel alvi-verde, a sua importância no seio do grupo de trabalho também serviria de sustento para alavancar alguns dos momentos mais relevantes da história do clube estabelecido na Margem Sul. Depois de ajudar a atingir o 4º lugar na tabela classificativa de 1961/62, a campanha de 1964/65, com o 3º posto alcançado no Campeonato Nacional, representaria a melhor classificação de sempre na vida do emblema. Após tal feito, ao conjunto do Lavradio ser-lhe-ia dada a oportunidade de participar na edição do ano seguinte da Taça dos Clubes das Cidades com Feira. Ao entrar directamente na 2ª ronda da competição, à colectividade portuguesa calharia em sorte disputar a eliminatória com o poderoso AC Milan. Todavia, nem a presença no plantel italiano de “estrelas” como Giovanni Trapattoni, Cesare Maldini, Gianni Rivera ou Karl-Heinz Schnellinger, assustaria a agremiação lusa. Na 1ª mão, disputada no recém-inaugurado Estádio Alfredo da Silva, Durand marcaria presença no “onze” que derrotaria os milaneses por 2-0. Repetiria a chamada à equipa titular na volta disputada em Milão e, na partida de desempate, que ditaria o afastamento da CUF.
Depois de 11 temporadas a defender as cores da CUF, o vínculo de Durand com o emblema barreirense conheceria o fim com o término da temporada de 1967/68. Sem que tenha conseguido confirmar tal informação, há relatos que dão conta de um regresso do atleta, antes de “pendurar as chuteiras” definitivamente, ao Luso Futebol Clube. Já o que é certo, é a sua ligação a outra colectividade da região. Com mais paixões no desporto para além da prática do futebol, o antigo defesa também ficaria conhecido pela sua participação nas rotinas do Clube Naval Barreirense. No emblema dedicado às modalidades náuticas, daria azo à sua faceta de dirigente, chegando mesmo a ocupar o lugar de Presidente.

1187 - OSVALDINHO

Com a chegada de António Feliciano ao Desportivo de Beja, uma das primeiras arremetidas do antigo internacional português e figura de monta da história do Belenenses, seria a criação de uma “escola” de futebol. Firmino Baleizão da Graça Sardinha acabaria como um dos elementos seleccionados para integrar tal projecto. Porém, para além de endereçar o convite ao jovem praticante, o ex-defesa trataria também de arranjar-lhe uma alcunha. Ao encontrar no seu semblante, principalmente na tez trigueira, semelhanças com o antigo craque leonino Osvaldinho, o técnico colar-lhe-ia uma nova identidade e, daí em diante, esse passaria a ser o seu “nome de guerra”.
Com o percurso formativo concluído e a passagem, na temporada de 1963/64, para o conjunto principal do Desportivo de Beja, os primeiros passos nas competições seniores, ainda que na 2ª divisão, seriam suficientes para avaliar o jovem esquerdino como um atleta promissor. Esse potencial seria também aferido por um negociante nortenho que, apesar da actividade na cidade alentejana, mantinha fortes ligações ao Minho e, principalmente, a uma das grandes colectividades da região. Aconselhado aos responsáveis do Vitória Sport Clube, Osvaldinho seguiria até à “Cidade Berço” para fazer alguns testes. Agradado com as provas prestadas, o técnico argentino José Valle daria a bênção para a sua contratação e a campanha de 1964/65 marcaria o arranque da união do jogador com a equipa sediada em Guimarães.
Mesmo estimadas as suas qualidade desportivas como francamente positivas, a verdade é que vida de Osvaldinho em Guimarães estaria longe de ser fácil. Preterido por elementos bem mais experientes, as duas primeiras temporadas no Vitória permitir-lhe-iam apenas a presença em meia dúzia de partidas na equipa principal. Aliás, essas 6 entradas em campo seriam todas registadas durante a época de chegada ao clube. Tal escassez, com o Serviço Militar Obrigatório a acelerar o processo, faria com que a vida do jogador mudasse de rumo. Integrado no CICA nº1 (Centro de Instrução de Condução Auto), a mudança para a cidade do Porto levá-lo-ia a ser “emprestado” ao Boavista. Depois acabaria destacado para São Tomé e Príncipe, onde também envergaria as cores do Benfica local.
O regresso a Guimarães daria conta de um futebolista com traquejo suficiente para assegurar um lugar no “onze” titular da equipa. A época de 1969/70 revelaria um intérprete de cariz combativo, incansável e com uma enorme percepção táctica do jogo. Podendo desempenhar diferentes funções na estratégia de grupo, como tantas vezes faria no sector intermediário, seria, no entanto, na lateral-esquerda que melhor evidenciaria as suas capacidades. Dessa época em diante, mesmo com a passagem de diferentes treinadores pelo comando técnico do Vitória, Osvaldinho passaria a ser tido como um dos elementos mais importantes do conjunto minhoto e um dos melhores a actuar em Portugal. Esse estatuto seria sublinhado pela chamada à principal selecção nacional. Sob a alçada de José Maria Pedroto, o defesa estrear-se-ia a 13 de Novembro de 1974, num “particular” com a Suíça. Conseguiria também marcar presença no embate frente a Inglaterra, a contar para a qualificação do Euro 76 e, desse modo, embelezar a carreira com 2 internacionalizações “A”.
Mesmo tendo sido veiculado o interesse de Benfica, Sporting e FC Porto, Osvaldinho manter-se-ia por Guimarães. Após várias épocas na “linha da frente” vimaranense, a temporada de 1977/78, bem mais discreta que as anteriores, decretaria o fim da ligação entre o Vitória e o atleta. Seguir-se-ia, como derradeira campanha no contexto primodivisionário, a sua passagem de um ano pelo Marítimo. Já de volta ao Minho, onde fixaria morada, tempo ainda para representar o Gil Vicente e, em experiências que, por diversas vezes, o levaria a conciliar os deveres de atleta com os de treinador, chegariam ao currículo do defesa emblemas como Felgueiras, Prado ou Valenciano.
Já depois de retirado das lides do futebol, Osvaldinho passaria a dedicar-se à gestão da sua pastelaria.

1186 - ABRANTES MENDES

Apesar de um pouco injustiçado por uma memória colectiva, em tantos aspectos, fraca, Abrantes Mendes, com uma extensa e aguerrida dedicação ao clube, terá de ser visto como um dos grandes símbolos da história do Sporting Clube de Portugal. Com o laço aos “Leões”, para além da inicial faceta de adepto, a começar como futebolista das camadas jovens, aquele que ficaria conhecido como o “Avançado Doutor”, inscreveria o seu nome nos anais da colectividade lisboeta, nas mais variadas formas.
Já desvendados os primeiros passos, a ligação com o futebol seria, de longe, a mais marcante entre Abrantes Mendes e o emblema leonino. Com a estreia na categoria principal a acontecer na segunda metade da década de 1920*, o atacante, rapidamente, passaria a ser tido como um dos principais elementos do plantel “verde e branco”. Logo na época de 1926/27, o extremo-direito marcaria presença em todas as partidas oficiais disputadas pelo Sporting. Daí em diante, as suas exibições seriam de fulcral importância para os sucessos do colectivo. Em termos de títulos, nesses anos em que conseguiria destacar-se como titular, há que fazer referência às conquistas do Campeonato de Lisboa de 1927/28 e de 1930/31. Mais tarde, já numa fase diferente do seu trajecto competitivo, o avançado também deixaria o cunho nas vitórias do Campeonato de Portugal de 1935/36, do Campeonato de Lisboa de 1936/37 e do Campeonato de Lisboa de 1938/39.
Como tem vindo a ser destapado no galgar deste texto, a carreira desportiva de Abrantes Mendes teria duas fases distintas. Na primeira, mais intensa, para além de acumular participações no futebol e em diferentes disciplinas do atletismo, o extremo-direito chegaria à selecção nacional e, com a “camisola das quinas”, conseguiria 2 internacionalizações. Já a segunda parte dessa caminhada e a intermitência que a caracterizaria, ficaria marcada pela convivência do futebol com os afazeres da sua vida profissional que, após a conclusão do Curso de Direito, haveriam de retirar ao jogador uma boa fatia das horas disponíveis.
Com o tempo mais limitado, ainda assim faria questão de manter bem acesa a paixão pelo clube. Mesmo depois de retirado da prática do futebol, onde alguns registos dão conta, nesses derradeiros anos, das suas participações com as cores do Carcavelinhos e “reservas” do Sporting, a sua ligação passaria a alimentar-se de outras formas. Como “olheiro”, diz-se dele a responsabilidade pela descoberta e contratação de uma outra lenda leonina, o avançado João Martins. Como técnico, passaria pelos escalões de formação, pelas tarefas de adjunto da primeira categoria e ao assumir as funções de treinador-principal, levaria os “Leões” à vitória na Taça de Portugal de 1945/46.
Porém, seria como dirigente dos “Verde e Branco” que viveria uma das histórias mais curiosas. Para além de ser o Secretário-Técnico da equipa que, na época de 1963/64, viria a ganhar a Taça dos Vencedores das Taças, Abrantes Mendes ficaria ligado à tentativa de “compra” de um dos maiores astros de sempre da modalidade. Conta-se que no início de 1964, terá viajado até ao Brasil para um encontro com os responsáveis do Santos. Com Pelé a atravessar uma fase polémica no emblema sediado no Estado de São Paulo, a conjuntura terá sido interpretada como a ideal para a contratação do internacional “canarinho”. Contudo, as boas exibições do avançado em partidas disputadas por essa altura, fariam com que a proposta do Sporting fosse recusada e o emissário regressasse a Lisboa de “mãos vazias”.

*No livro “Almanaque do Leão” – Rui Miguel Tovar; Topbooks; 2016 – na página 734, encontra-se uma referência à estreia de Abrantes Mendes, como sendo a “25/10/1925 (Vit. Setúbal, 2-0 no Campo Grande)”. Já na página 100 da mesma publicação, onde é esmiuçada a informação sobre a dita partida, o nome do avançado não consta, aparecendo a primeira referência à sua participação num jogo, a 17 de Outubro de 1926 (pag. 104).

1185 - QUIM

Tido como um jovem promissor, Quim, ao mesmo tempo que ia superando os desafios lançados ao percurso feito nas “escolas” bracarenses, conseguiria, com as cores das jovens selecções lusas, sublinhar o seu talento futebolístico. Ao envergar a “camisola das quinas” em todos os escalões desde os sub-15, o guarda-redes exaltar-se-ia como um dos grandes nomes do futuro do Sporting de Braga. Em 1993/94, na época em que, pela primeira vez, conseguiria sentar-se no banco de suplentes da equipa sénior minhota, a vitória, como titular por Portugal, no Europeu de sub-18, vincá-lo-iam como um dos valores seguros para os anos vindouros.
Mesmo com um destino auspicioso e ao manter-se sempre no plantel, a verdade é que a transição para o patamar sénior, empurraria Quim para um “deserto” exibicional bastante longo. Tapado por elementos mais experientes, o guardião, salvo raras excepções, ficaria muito tempo afastado dos relvados. Com a estreia pelo conjunto principal do Sporting de Braga a acontecer na campanha de 1994/95, essa partida, correspondente à 32ª jornada do Campeonato Nacional, não teria continuidade. Nas épocas seguintes, o registo de desafios cumpridos mantê-lo-ia preso à condição de suplente. Tal estatuto só viria a ser alterado na campanha de 1997/98, mas a partir desse momento, o atleta, para além de agarrar a titularidade, destacar-se-ia como um dos esteios da equipa.
Com o lugar conquistado no “onze” “arsenalista”, o seu nome, ao manter-se habitual nas convocatórias dos sub-20 e sub-21, passaria a ser cogitado também para a selecção “A”. A estreia de Quim com a mais importante camisola de Portugal, aconteceria em Agosto de 1999, pela mão de Humberto Coelho. Esse “particular” disputado frente a Andorra, marcaria, no Estádio do Jamor, o arranque de uma caminhada que adicionaria ao currículo do atleta 33 internacionalizações. Nesse trajecto, teria como momentos de exponente máximo, as chamadas às fases finais dos grandes certames de equipas nacionais, com destaque para a presença do guarda-redes no Euro 2000, Euro 2004 e Mundial de 2006.
Como um dos melhores à baliza a actuar no nosso país, Quim, de forma natural, começaria a ser veiculado como possível reforço de equipas de outra monta. Com o Benfica a ganhar a corrida pela sua contratação, a transferência do jogador para a “Luz” coincidiria com a chegada de Giovanni Trapattoni ao comando técnico dos “Encarnados”. Feliz coincidência, pois, essa temporada de 2004/05 permitiria ao guardião, logo na época de estreia com a camisola das “Águias”, sagrar-se campeão nacional. Para além do título alcançado sob a alçada do aludido treinador italiano, o guarda-redes, na passagem por Lisboa, acrescentaria ao palmarés pessoal uma boa série de troféus. À edição de 2005/06 da Supertaça Cândido Oliveira, seguir-se-iam a Taça da Liga de 2008/09 e 2009/10 e, na última campanha mencionada, nova vitória no Campeonato.
Curiosamente, depois da época de 2009/10 como titular, o atleta seria informado que o contrato que o ligava ao Benfica não seria renovado. Ao que, à altura, foi veiculado, o treinador Jorge Jesus, que tinha mantido o futebolista como um dos membros indiscutíveis do “onze” inicial, afinal não apreciava as suas características físicas, aferindo o 1,84m do guardião como pouca altura para o desempenho das funções “entre os postes”. Com a “separação”, o jogador regressaria a Braga. Porém, numa época em que veria Artur Moraes, Felipe, Marcos, Cristiano e Mário Felgueiras igualmente na disputa por um lugar, Quim terminaria o ano sem contabilizar qualquer aparição em campo. Ainda assim, teria o orgulho de fazer parte do grupo que levaria o emblema minhoto à final da edição de 2010/11 da Liga Europa.
Com mais 2 temporadas de bom nível ao serviço dos “Guerreiros” e a Taça da Liga de 2012/13 ganha, os 37 anos de idade precipitariam o encetar de um novo capítulo na sua carreira profissional. Com a ligação rubricada com o Desportivo das Aves, o “keeper”, ao fim de 19 anos no patamar máximo do futebol luso, experimentaria a 2ª divisão. Ainda assim, a sua caminhada não conheceria o fim sem o regresso ao escalão principal. Depois de 4 temporadas em que o clube não conseguiria a tão almejada promoção, a campanha de 2017/18 assinalaria o retorno do emblema sediado no concelho de Santo Tirso ao convívio com os “grandes”. No entanto, desenganem-se aqueles que pensaram na subida como o pináculo da tal temporada. Para o fim estaria reservado um feito único. Com a comparência na derradeira partida da “Prova Rainha” garantida, Quim seria chamado ao “onze” por José Mota e, coisa que não tinha conseguido aquando das presenças no Jamor por Benfica e Sporting de Braga, subiria à tribuna presidencial para, na condição de “capitão”, erguer a Taça de Portugal.
Terminado o trajecto como futebolista, a época de 2018/19 marcaria o início do antigo internacional noutras funções. Começaria, sem deixar o Desportivo da Aves, como Director das Relações Institucionais, para, já mais recentemente, abraçar os propósitos de treinador de guarda-redes.