39 - PORFÍRIO

Se, por um lado, a escolha de Porfírio prende-se com o facto de acreditar que a equipa por ele dirigida é um dos conjuntos com maior possibilidade de lutar pelos primeiros lugares da 2ª Liga, por outro, a justificação também tem razões no meu imaginário infantil.
Apesar de não ter sido um dos mais mediáticos jogadores do nosso Campeonato, lembro-me perfeitamente de ouvir o seu nome nos saudosos Domingos de relatos radiofónicos. Associando esta memória à das colecções de cromos, decidi ser Porfírio a fechar a temática dos "Treinadores".
E se a sua carreira futebolística não foi das mais estrondosas, representando Académica e Famalicão, o que se seguiu ao "pendurar das chuteiras" é curioso. Digo curioso, pois Porfírio é capaz de já ter feito de tudo um pouco nos bastidores do futebol. Ora vejamos! Foi adjunto de nomes como Abel Braga, Nelo Vingada e José Romão. Já como treinador principal, orientou o Famalicão. Foi também dirigente do Sporting, onde foi campeão. No Trofense também passou pelos corpos directivos, tendo, este ano, passado para o comando da equipa técnica.

38 - INÁCIO

Dividiu a sua carreira de jogador profissional entre três emblemas. No Sporting, onde se formou, ganhou os seus dois primeiros títulos de campeão. No FC Porto, conquistou tudo o que podia: Campeonatos, Taças de Portugal, Supertaças, Taça dos Campeões Europeus, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental. Por fim a selecção. Com esta não alcançou nenhum título, mas envergou a sua camisola no Europeu de França (1984) e no Mundial do México (1986).
Tal percurso fez dele uma das mais emblemáticas figuras do nosso futebol. E se o reconhecimento veio com os títulos, é na paixão e, principalmente, na simpatia com que se entrega, que se fez dele um dos treinadores mais acarinhados do nosso universo futebolístico. No actual papel, teve o seu grande marco quando, em 1999/2000, após 18 anos de sofrimento, devolveu ao Sporting a alegria de comemorar um Campeonato Nacional. Desde então tem deambulado por vários emblemas nacionais e estrangeiros, mas sem grandes conquistas. Enceta, este ano, novo projecto: o de devolver o Leixões à divisão cimeira do futebol português.

37 - RUI GREGÓRIO

Terá a árdua tarefa de fazer com que a crise económica não afecte um "gigante" moribundo; terá a árdua tarefa de devolver o clube à divisão de onde nunca deveria ter saído.
Ora, atendendo à necessidade de ter alguém no comando que faça emergir dos jogadores o que de mais visceral estes deveriam ter, os dirigentes do Restelo escolheram um homem que conseguisse espelhar aquilo que necessita um clube com uma existência tão rica como a do "Os Belenenses", a mística. Rui Gregório, antigo defesa que, saído das “escolas” da colectividade, cumpriu no clube de Belém a maior parte da sua carreira, terá o fardo de incutir nos seus discípulos esse crer.
Como jogador, Rui Gregório teve uma vasta carreira, actuando, para além do Belenenses, no Vitória de Setúbal, Tirsense, Felgueiras, Santa Clara, Desportivo de Chaves e Atlético. Já como treinador, esta é a sua primeira grande experiência. Oxalá consiga devolver aos "grandes" este histórico. Faz-nos falta.

36 - LITOS

Sempre foi conhecido como um "enfant terrible"... terá sido mau feitio?
Às vezes, e admitamos que de valores andamos muito confusos, é muito fácil apontar uma pessoa como tresmalhada, quando ela apenas mostra empenho em defender as suas convicções. Por essa razão ou outra qualquer, a verdade é que o estrelato profetizado por John Toshack, treinador que o lançou no Sporting, nunca passou de um vaticínio. O erro de tal projecção, tem prova em algo muito simples. Com a dúvida que merece, é de minha análise afirmar que a sua melhor época sua melhor época foi logo a primeira como sénior!
Se essa temporada de 1985/86, quando contava apenas com 17 anos, levou-o à principal selecção portuguesa, as seguintes apenas serviram para mostrar um jogador inconstante. Saiu do Sporting em 1992, continuando a sua carreira no Boavista, Sporting de Braga, Estoril Praia, Lusitanos de Saint Maur, Beira-Mar e Atlético.
Como treinador já passou pela 1ª Liga. Agora à frente do Portimonense, Litos já treinou, naquele que é o patamar máximo do futebol português, o Estoril-Praia. Contudo, não conseguiu evitar que o emblema da “Linha de Cascais” fosse relegado.

35 - MANUEL FERNANDES

Diz-se de Manuel Fernandes não saber ganhar ao Sporting! Não sei se alguma vez o fez, mas de uma coisa tenho a certeza: para alguém que diz que "mais do que qualquer golo ou qualquer jogo, o maior momento de glória da minha vida foi aquele em que vesti, pela primeira vez, a camisola do Sporting"*, deve ser de grande angústia ter que lutar contra o clube do seu coração.
Sempre foram 12 anos de "Leão" ao peito. E se acrescentarmos a esse tempo, o passado no Sarilhense, na CUF e no Vitória de Setúbal, temos uma vida de futebolista que rondou as 2 décadas. Ora, numa tão longa carreira, Manuel Fernandes terá muitas histórias para contar. Um dos episódios que recordo com maior estranheza, passou-se no final da época de 1985/86. O avançado, à beira dos 35 anos, tinha acabado de sagrar-se como o Melhor Marcador do Campeonato Nacional. Tudo apontava para a sua convocatória para o Campeonato do Mundo. Porém, contra todas as expectativas, José Torres deixou o ponta-de-lança de fora do México 86.
A sua luta agora é outra. Regressou o ano passado ao comando técnico do Vitória de Setúbal, e, tal como na época transacta, brigará pela permanência do clube sadino na divisão maior do nosso futebol.

*retirado do artigo publicado em http://tesouroverde.blogspot.com, a 08/07/2009

34 - CARLOS BRITO

Emergiu no Boavista, passou pelo Salgueiros e acabou no Rio Ave. Sendo esse a grande parte do seu percurso como futebolista, desde que terminou a carreira de jogador e iniciou a de treinador é habitual, salvo raras excepções, encontrá-lo por Vila do Conde.
Carlos Brito prepara-se para, nesta campanha de 2010/11, começar a sua 10ª temporada à frente do Rio Ave. A sua paixão por este emblema é inquestionável. Tirando curtas passagens por Estrela da Amadora, Boavista Nacional e Leixões, é no Estádio do Arcos que melhor sabe orientar equipas de futebol.
Se o ano transacto, com base nas boas exibições, liderou o seu conjunto ao “título” de surpresa do Campeonato Nacional, vamos ver o que consegue fazer este ano, com este grupo.

33 - JORGE COSTA

Típico formando das “escolas” do FC Porto, Jorge Costa sempre reflectiu o espírito de luta aí incutido. A alcunha, "O Bicho", assentou bem no seu perfil como jogador. Já no papel de treinador, a atitude que mostra não é diferente. Exige dos seus pupilos uma forte entrega, com níveis de intensidade à imagem da sua carreira.
Salvo pequenos períodos, o antigo defesa-central dedicou todo o percurso futebolístico aos “Dragões”. Os “empréstimos”, logo no início da carreira, ao Penafiel e ao Marítimo e o fim no Standard Liège, foram as excepções. Na verdade houve outro interregno na sua passagem pelas Antas. Não nos podemos esquecer do episódio onde, ao ser substituído, atirou com a braçadeira de “capitão” para o chão! Veredicto: meia temporada de castigo nos ingleses do Charlton.
Tirando esse pequeno percalço, Jorge Costa foi um dos jogadores mais emblemáticos do FC Porto. Está associado a diversos momentos históricos do clube. O “Penta” e as vitórias na Taça UEFA de 2002/03, na Liga dos Campeões de 2003/04 e na Taça Intercontinental de 2004/05, fazem dele uma figura mítica.
Começa, nesta campanha de 2010/11, um novo e desafiante ciclo. Vai liderar a Académica de Coimbra e, ainda por cima, terá a difícil tarefa de fazer esquecer André Villas-Boas e Domingos Paciência.

32 - JOKANOVIC

No que ao nosso país diz respeito, este sérvio nascido em Belgrado, tem uma pequena particularidade: só representou, como jogador e como treinador, clubes madeirenses.
Vindo de uma carreira em clubes de menor nomeada na ex-Jugoslávia, casos de FK Zemun, Spartak Subotica e OFK Kikinda, chegou a Portugal para representar o União da Madeira. Depois da despromoção do emblema insular, assinou pelo Marítimo e, por fim acabou, no Nacional.
Também na Choupana, começou a sua carreira de treinador. Primeiro nas camadas jovens e depois como o adjunto que ia cobrindo os despedimentos dos técnicos principais. Depois de, no ano passado ter substituído Manuel Machado, aquando da sua doença. Chegou este ano a oportunidade de ser o único responsável pela equipa. Precisamos que continue a habituar-nos ao futebol ambicioso com que o Nacional tem presenteado o público, nos últimos anos.

31 - VAN DER GAAG

Feito nas escolas do PSV, ao fim 3 épocas de empréstimo (NEC e Sparta de Rotterdam) e outras tantas de pouca utilização, van der Gaag decidiu tentar a sua sorte na Escócia e no Motherwell. Em 2001, já com 31 anos, e depois de mais uma passagem pelo campeonato holandês (3 anos no Utrecht), chegou ao Marítimo.
Se no Funchal fez os últimos anos como jogador, excepção feita ao derradeiro passo dado nos sauditas do Al-Nassr, foi também na Madeira, ao serviço do conjunto B "Verde-rubro", que começou a sua carreira de treinador. Apesar de ainda ir nos primeiros passinhos, já tem algumas histórias para contar. Como a da época passada, em que o Presidente Carlos Pereira, após ter anunciado a sua dispensa por razão dos parcos resultados, viu-o, na última jornada, e em casa do Vitória de Guimarães, qualificar a equipa para as competições da UEFA. Depois do apuramento conseguido em casa do concorrente directo pela “posição europeia”, não houve outro remédio para o dirigente maritimista do que voltar atrás com a palavra, readmitindo o técnico.

30 - PAULO SÉRGIO

Se como jogador a sua carreira, apesar de muitas épocas na primeira divisão, não terá tido grande motivo de destaque, já como treinador, e apesar dos 7 anos de experiência, Paulo Sérgio está a dar os primeiros passos na "alta-roda" do futebol português.
Escolha arriscada a do Sporting. Talvez o treinador compense essa falta de currículo, nota de excepção para a presença na final da Taça de Portugal 08/09 ao serviço do Paços de Ferreira, com a sua faceta destemida. Mostra disso mesmo, foram as suas palavras durante a apresentação aos sócios - "Não quero um discurso lamechas para justificar qualquer insucesso que possa ter. Por isso, digo frontalmente que não chego ao Sporting para encurtar distâncias, mas sim para lutar pelo título.(...). Quero risco e arrojo, ao mesmo tempo que pretendo também que todos pensem dessa forma para alcançarmos os objectivos e metas a que nos propusemos".
Vamos esperar pelo Natal!

29 - DOMINGOS

Quem diria que numa tão franzina figura haveria genica suficiente para torná-lo num dos melhores avançados de Portugal? Domingos foi um artista da agilidade: esquivo, veloz e inteligente; foi, antes de Liedson, um verdadeiro "Levezinho".
Essas qualidades não serviram apenas enquanto jogador e unicamente para o avançado marcar muitos golos. Como treinador serve-se das mesmas artimanhas para conseguir pôr equipas, potencialmente mais fracas, em lugares bem acima do esperado. Ora vejamos: tanto na Académica, como no Sporting de Braga, Domingos teve prestações brilhantes: No Minho acabou por conseguir ombrear, até ao final do Campeonato Nacional, com Benfica. Acabou num honroso 2º lugar e com acesso às eliminatórias da Liga dos Campeões.
O curioso é que terminou à frente do clube que sempre o apadrinhou; terminou à frente do FC Porto, onde fez, praticamente, toda a sua carreira de futebolista e, onde, iniciou o percurso como treinador. Afinal, parece que o "Choramingos" Paciência – alcunha dada pelo "Contra-Informação" - tem valentia suficiente para continuar a comandar o balneário dos bracarenses!

28 - JORGE JESUS

Do filho de Virgolino, antiga glória leonina, quem não tem saudades dos seus inflamados e eruditos discursos? Quem não tem saudade dos apaixonados arrufos com outros colegas de profissão, em que Manuel Machado é o preferido? Ou, quem não tem saudade do, não menos famoso, penteado à Richard Gere?
Mas factos são factos. Podemos até dizer que, apesar de muitos anos na 1ª divisão e de formado no Sporting, a sua carreira de jogador foi discreta. Já como treinador, o seu percurso tem vindo a mostra algo diferente. Depois de ter ganho ao serviço do Sporting de Braga a Taça Intertoto de 2008/09, chegou, com o Benfica, à vitória no Campeonato Nacional.
Meritoriamente, é-lhe reconhecido grande empenho profissional. O facto de ter ganho o campeonato com o clube rival ao do seu coração, pode até ser parca prova disso mesmo. Porém, para aqueles que tenham alguma réstia de dúvida, bastará ir assistir a um qualquer treino ou jogo e ver tudo o que exige dos seus jogadores.
Se o ano passado, na apresentação, jurou o título e cumpriu. Vamos a ver, nesta época de 2010/11, que voo tem para “Águia Vitória".

TREINADORES 2010

Exaltados entre a genialidade de uma qualquer vitória e a bestialidade de uma outra qualquer coisa, são capazes da heresia de ter mais lenços brancos a acenar-lhes do que a Nossa Senhora de Fátima. A eles foi dedicada a famosa "Chicotada Psicológica": reconhecido maneio afrodisíaco que, através do seu principio "Bondage-Freaudiano", incide no cerne do querer de um grupo, excitando de tal maneira os visados que, ao verem o afastamento do seu timoneiro, neles desencadeia um tal mecanismo frenético, ao qual, vulgarmente, se denomina correr.
E assim, no mês em que começam as competições oficiais em Portugal, nada melhor do que dedicar este Agosto aos nossos treinadores.


Aviso - A definição de Chicotada Psicológica é, no seu todo, inclusive pontuação, da minha inteira responsabilidade. Durante a descrição da mesma não foi posta em causa a integridade de nenhum dos intervenientes.