1336 - VITAL

Antes ainda de Dinis Vital, guardião com a carreira ligada ao Lusitano de Évora, ao Vitória Futebol Clube e também à selecção nacional, já o seu irmão mais velho brilhava no desporto português. Eduardo Vital, cuja ligação à modalidade viria, anos mais tarde, a ser reforçada pelo seu filho Francisco Vital, começaria a caminhada competitiva na popular colectividade, o Sport Clube Grandolense. Ainda ao serviço da modesta agremiação, surgiria o convite do Sporting, recusado por questões alicerçadas para além dos rectângulos de jogo. Em seguida, “empurrado” pelo Serviço Militar Obrigatório, seria o Onze Unidos do Montijo, já na disputa dos “nacionais”, a revelá-lo como um avançado-centro prolífero e a catapultá-lo para os principais palcos à disposição do “jogo da bola”.
Depois da agremiação alentejana e após um par de anos passados com a camisola do também mencionado clube aldegalense, Vital treinaria e agradaria aos responsáveis do Benfica. No entanto, a época de 1947/48 apresentá-lo-ia à 1ª divisão com cores diferentes das envergadas pelas “Águias”. Ao dar preferência a outro convite, a estreia no patamar máximo do futebol luso não intimidaria o atacante. Aliás, o atleta, que até tinha começado a carreira habituado a posicionar-se como extremo-direito, terminaria a campanha ao serviço do Atlético Clube de Portugal, como o marcador máximo da equipa sediada no popular bairro lisboeta de Alcântara e, com os mesmos 23 golos do benfiquista Julinho, como um dos melhores marcadores do Campeonato Nacional.
Tamanho desempenho, a salientar uma boa agilidade e uma técnica ímpar com a bola nos pés, levaria emblemas de outra monta a irem no seu encalço e a solicitação mais tentadora surgiria no Norte de país. Apesar da mudança para o FC Porto, a falta de entendimento entre o emblema “azul e branco” e a colectividade da Tapadinha, com um castigo aplicado ao jogador pela entidade reguladora das provas portuguesas, faria com que o atacante passasse boa parte da época de 1948/49 afastado das fichas de jogo. Sanado o conflito, Vital passaria a exibir-se pelos “Dragões”. Embora com menos brilho que nas campanhas anteriores, ainda assim, o avançado conseguiria sublinhar-se como um elemento de muita importância para as campanhas portistas. Paralelamente ficaria também ligado a algumas efemérides, como ter sido dele o primeiro remate certeiro no Estádio das Antas ou ainda ter concretizado, no Campeonato, o golo 1000 do emblema nortenho.
Após uma época mais modesta, Vital mudar-se-ia para o Minho. Com o Sporting de Braga a pelejar-se no principal escalão português de 1952/53, o avançado conservar-se-ia como um elemento preponderante para as metas traçadas ao grupo de trabalho. Todavia, numa fase descendente da carreira e cumpridas duas temporadas pelo emblema da “Cidade dos Arcebispos”, seria o Tirsense e o escalão secundário a dar continuidade ao trajecto competitivo do atleta. Finalmente, naquele que viria a tornar-se no derradeiro capítulo da sua carreira, surgiria ao caminho o regresso à 1ª divisão e o plantel de 1957/58 do Caldas.

1335 - VÍTOR MADEIRA

Nascido no seio de uma família em que quatro dos seus irmãos também construíram carreira no futebol, Vítor Madeira entraria para as “escolas” do Desportivo de Beja. Depois de completar o percurso formativo na agremiação da sua terra natal, seria também no emblema do Baixo Alentejo que o avançado daria os primeiros passos nas competições seniores. Aliás, na etapa inicial da carreira, o jogador não sairia da província acima referida e o Vasco da Gama, de começo na mesma 3ª divisão e mais tarde no 2º escalão, completaria essa jornada inaugural.
Com a colectividade sediada em Sines a disputar a Zona Sul do escalão secundário de 1976/77, as exibições de Vítor Madeira, atacante que podia posicionar-se a ponta-de-lança, a extremo ou mesmo no apoio ao elemento mais avançado em campo, seriam suficientes para nele repararem equipas de outra monta. Com o Vitória Futebol Clube a perfilar-se como a melhor opção para a caminhada profissional do atleta, a sua mudança para a cidade de Setúbal dar-se-ia na temporada de 1977/78. Mesmo com a subida de patamar, a verdade é que o jogador não deixaria atemorizar-se pelo acréscimo de exigência das provas e na margem norte do Rio Sado, destacar-se-ia no plantel como um dos mais inscritos na ficha de jogo e igualmente como um dos elementos mais prolíferos no capítulo da finalização.
Tanto com Fernando Vaz, o seu primeiro treinador no Vitória, como sob a alçada dos técnicos seguintes, Vítor Madeira, tirando excepcionais ocasiões, conseguiria conservar o estatuto de mais utilizado. Durante 5 temporadas, com um curto intervalo nas férias, onde “fez uma perninha” na América do Norte ao serviço dos canadianos do First Portuguese, o avançado seria muito importante no cumprir dos objectivos colectivos dos “Sadinos”. Porém, apesar do destaque na equipa de Setúbal, o atacante, na campanha de 1982/83, decidiria mudar de camisola. No Estoril Praia a desafio de Mário Nunes, também ele com um passado competitivo ligado ao Desportivo de Beja, o aludido treinador teria também um papel significativo noutra etapa do trajecto do jogador e a sua mudança para a Ilha Madeira surgiria por convite do técnico.
Com o Marítimo a pelejar-se na 2ª divisão, o objectivo da subida cumprir-se-ia já com Vítor Madeira como parte do grupo de trabalho. Após essa época de estreia nos “Verde-rubros”, o regresso ao patamar máximo, sem deixar o Funchal, dar-se-ia na temporada de 1985/86. Ainda assim, o apelo daquele que viria a tornar-se no emblema mais representativo da sua carreira, faria com que o avançado voltasse a uma casa bem conhecida. De novo no Estádio do Bonfim, como reforço para a campanha de 1986/87, ajudaria o grupo liderado pelo inglês Malcolm Allison à promoção ao degrau maior do futebol português.
Depois de outras 4 temporadas em Setúbal e numa etapa de transição no futebol, Vítor Madeira assumir-se-ia como treinador-jogador do Vasco da Gama. Ainda em Sines daria continuidade à carreira de técnico, caminhada que já levou o antigo praticante a orientar diferentes conjuntos como o Alcochetense ou o Ferreirense.

1334 - SCOPELLI

Alejandro Scopelli integraria a principal equipa do Estudiantes de La Plata no final da década de 1920 para, quase de imediato, passar a destacar-se numa linha ofensiva que, tal a qualidade apresentada em campo, seria baptizada como “Los Profesores”. “El Conejo”, alcunha pela qual ficaria conhecido durante a sua carreira de futebolista, apresentar-se-ia como um interior de elevada capacidade técnica e de uma excepcional leitura de jogo. Esses predicados levá-lo-iam a ser chamado à selecção argentina e a fazer parte do grupo de trabalho que, em 1930 e frente ao Uruguai, perderia a final da edição inaugural do Campeonato do Mundo, mas, por outro lado, venceria a edição de 1937 da Copa América.
O crescimento ostentado durante os primeiros anos da carreira, faria com que do outro lado do Oceano Atlântico começassem a pensar nele como um bom reforço. De Itália surgiria o convite mais apetecível e na temporada de 1933/34, o avançado seria apresentado como reforço da AS Roma. No “Calcio”, Scopelli continuaria a mostrar-se como um intérprete de elevadas performances e, por razão da ascendência italiana, acabaria por ser convocado à equipa nacional transalpina. Sob a orientação de Vittorio Pozzo, o atacante, a 17 de Fevereiro de 1937, seria chamado ao “amigável” frente à França, naquela que acabaria por ser a sua única internacionalização pela “Squadra Azzurra”.
Depois da experiência em Itália, Scopelli ainda regressaria ao país natal, para representar o Racing Club Avellaneda. Porém, os objectivos traçados para a carreira levá-lo-iam a regressar à Europa. Pouco tempo após retornar à Argentina, o avançado daria início a um novo périplo pelo “Velho Continente”. Em França, a partir da campanha de 1937/38, o atleta começaria por envergar as cores do Red Star, para, no ano a seguir ao da sua chegada, passar a vestir a camisola do Racing Paris. Porém, com o rebentar da 2ª Guerra Mundial, a preocupação com o evoluir do conflito empurraria o jogador para um país neutral e ao lado dos conterrâneos Óscar Tarrio e Horácio Tellechea, o atacante, na temporada de 1939/40, passaria a apresentar-se como elemento do Belenenses.
No conjunto das Salésias, de início apenas como atleta e alguns meses após a chegada a Lisboa, a juntar as tarefas de jogador com as de treinador, Scopelli transformar-se-ia num dos nomes históricos dos “Azuis”. Logo nessa primeira época, já a acumular as referidas funções, encaminharia a sua equipa para a final da 2ª edição da Taça de Portugal, perdida para o Benfica. Manter-se-ia nessa mistura de trabalhos durante o ano seguinte e ainda nas passagens pelos argentinos do Unión de Santa Fé pela Universidad de Chile. Exclusivamente a desempenhar o papel de técnico, o antigo avançado ainda voltaria a Portugal por diversas vezes e, para além do Belenenses, para orientar o FC Porto e, com mais uma presença no derradeiro “match” da “Prova Rainha”, à frente do Sporting. Com os “Leões” viveria ainda outro episódio caricato e, ao empatar com o Belenenses na derradeira jornada do Campeonato Nacional de 1954/55, roubaria o título aos “Azuis” e entregaria o troféu ao Benfica.
No resto da longa carreira enquanto treinador, Alejandro Scopelli, conhecido pela sua mestria táctica, teria também a oportunidade de treinar em países como o México ou a Espanha. Com os maiores destaques merecidos às passagens pelo Valência, onde venceria a Taça das Cidades com Feira de 1961/62 e a de 1962/63, o seu palmarés ficaria igualmente preenchido com as vitórias na Liga Chilena pela Universidad de Chile e na Taça do México com as cores do América.
Para terminar, não posso deixar de recordar a história do anel oferecido pelo Belenenses, ainda no seu tempo de jogador. Adorno que dizia nunca tirar e que, pelas suas palavras, representava a ligação à colectividade lisboeta, jurada como a mais apaixonante da sua vida no futebol.

1333 - BÖLÖNI

Seria na equipa principal do Târgu Mures que László Bölöni, na temporada de 1970/71, haveria de conseguir estrear-se como sénior. Depois dessa campanha inicial, ainda a vogar pelo segundo escalão, o médio, ao lado dos companheiros, passaria a disputar a 1ª divisão romena. Durante várias épocas, destacar-se-ia como um futebolista de grande técnica e com uma capacidade estupenda para entender e organizar o jogo. Essas qualidades haveriam de pô-lo no caminho das selecções do seu país. Com a estreia pelos “AA”, a 24 de Setembro de 1975, a acontecer numa partida frente à Grécia, a carreira do atleta colorir-se-ia com 102 partidas feitas pela Roménia. Nesse percurso, destaque para a sua presença no Euro 84, onde jogaria frente a Portugal, e para o facto de, por altura de “pendurar as chuteiras”, ainda deter o recorde de internacionalizações feitas com as cores da sua nação.
Voltando ao percurso clubístico, os 14 anos ao serviço do Târgu Mures e os 2 troféus de Melhor Jogador do Ano levariam o atleta a ser visto como um dos grandes intérpretes do futebol romeno. Tal estatuto faria com que um dos maiores clubes do país começasse a olhar para o médio como um bom elemento. Com o jogador a ser apresentado pelo Steaua Bucaresti como reforço para a temporada de 1984/85, a sua integração num dos bons planteis europeus da altura, encaminhá-lo-ia para a conquista de várias e importantes competições. Claro está, para além das vitórias em 4 edições do Campeonato e em 3 Taças da Roménia, seriam as provas organizadas sob a égide da UEFA a sublinhá-lo como um dos nomes em destaque na modalidade. Nesse sentido, é impossível esquecer as fabulosas campanhas cumpridas com os “homens do exército” e que encaminharia o atleta para um par de títulos. Com presença a titular em ambas as partidas, primeiro chegaria a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1985/86, ganha frente ao FC Barcelona. Já na época seguinte surgiria a peleja na Supertaça, dessa feita com triunfo perante o Dynamo de Kyiv.
O resto da sua carreira, com o Bloco de Leste já mais aberto ao Ocidente, seria cumprido em emblemas da Bélgica e da França. Com o Racing Jet de Bruxelas a encabeçar a lista, seriam os franceses de Créteil e do Orléans a preencher os derradeiros capítulos da sua caminhada enquanto futebolista. Contudo, mesmo retirado das lides de praticante, László Bölöni não haveria de ficar afastado por muito tempo dos balneários. Ao aceitar o convite do Nancy, o antigo médio encetaria aí a senda como técnico. Após vários anos aos comandos do referido emblema gaulês, onde orientaria Afonso Martins e Mustapha Hadji, surgiria a oportunidade de ocupar o lugar de seleccionador da Roménia. De seguida, como muitos o recordam, viriam as duas temporadas com o Sporting. Em Alvalade a partir de 2001/02, o destaque emergiria com a “dobradinha” logo na campanha de chegada e com a vitória Supertaça Cândido Oliveira do ano seguinte. Igualmente impossível de esquecer, será o facto de ter sido sob a sua alçada que Cristiano Ronaldo viria a estrear-se na equipa principal dos “Leões”.
Ainda como treinador, numa carreira que já vai bem longa, László Bölöni teria a oportunidade de treinar em vários países. Nesse sentido, há que salientar o Campeonato e as 2 Supertaças ganhas pelo Standard Liège. Da mesma maneira não podemos olvidar os regressos a França, onde ficaria à frente de Rennes, AS Monaco e Lens ou ainda as experiências no Médio Oriente com o Al Wahda dos Emirados Árabes Unidos ou com o Al-Khor do Catar. Do seu percurso fazem também parte emblemas como o PAOK, o Panathinaikos, o Antwerp e o Gent. Actualmente (2022/23) o romeno apresenta-se como “timoneiro” do Metz.

1332 - PORTELA

Tendo parte do percurso formativo feito ao serviço do Ericeirense, seria nas “escolas” do Atlético Clube de Portugal que Jorge Portela completaria a referida etapa. Também no emblema do popular bairro lisboeta de Alcântara faria, na temporada de 1983/84, a estreia no patamar sénior. Os anos seguintes passá-los-ia a disputar os escalões secundários. Ainda assim, as suas exibições seriam mais do que suficientes para chamar a atenção de colectividades de maior monta e o lateral-direito, depois de em miúdo já ter praticado atletismo na colectividade alfacinha, chegaria a Alvalade como reforço para a campanha de 1988/89.
Ao serviço do Sporting, apesar de ser visto como uma opção válida para fazer concorrência ao brasileiro João Luís, a verdade é que ao fim de duas temporadas na equipa principal leonina, o defesa poucas oportunidades tinha conseguido almejar. Com 10 partidas oficiais feitas com a camisola verde e branca, a opção encontrada para o desenrolar da sua carreira seria encontrada mais a sul. Com o Farense interessado na contratação de Portela, o jogador acabaria apresentado no Estádio de São Luís e juntar-se-ia ao plantel de 1990/91.
A transferência chegaria em boa hora, pois a mudança para o Algarve daria ao atleta as chances que a qualidade demonstrada nos primeiros anos da caminhada profissional já merecia. Como um defesa-lateral incansável e de uma força superior, Portela rapidamente conseguiria afirmar-se como um dos bons intérpretes das provas futebolísticas portuguesas. Nesse sentido, seria já com o estatuto de elemento primodivisionário bem sublinhado que o jogador, peça fundamental no esquema táctico idealizado pelo catalão Paco Fortes, contribuiria para os objectivos de um dos mais fortes colectivos na história da agremiação sediada no Sotavento. Claro está, os maiores destaques emergiriam com o termo da temporada de 1994/95 e, resultado do 5º lugar obtido na tabela classificativa do Campeonato Nacional, com a qualificação para a Taça UEFA do ano seguinte.
 Curiosamente, mesmo nunca tendo perdido o estatuto de titular e com a referida prova continental no horizonte, Jorge Portela, no defeso estival de 1995, viria a mudar de emblema. Aliás, a ligação com o Campomaiorense, inicialmente a disputar a 1ª divisão, marcaria o começo da derradeira fase da sua carreira enquanto praticante. Com a despromoção do emblema alentejano no final da temporada de 1995/96, o lateral-direito ainda acompanharia a sua equipa no trajecto pelo escalão secundário e depois de adjuvar os “Galgos” na vitória da divisão de Honra e de, por consequência, ajudar o conjunto a regressar ao convívio com os “grandes”, o atleta decidir-se-ia pelo término da caminhada competitiva.
Apesar de “penduradas as chuteiras”, Jorge Portela não romperia a ligação com a modalidade. Ao iniciar a carreira de treinador nas camadas de formação do Campomaiorense, a caminhada como técnico levá-lo-ia também a orientar emblemas como o Farense, Louletano, Operário de Lagoa, Almancil ou até os brasileiros do Grêmio Inhumense. Destaque também para o desempenho das tarefas como Coordenar-técnico, em especial os anos passados ao serviço da Associação Desportiva Geração de Génios.

1331 - EDMUR

Filho de Edmur, goleador brasileiro e nome histórico do futebol português e do Vitória Sport Clube, Edmur Filho, ainda que no percurso formativo, também teria a sua passagem pelo emblema da “Cidade Berço”. No entanto, no que diz respeito ao percurso sénior, seria com outra camisola que mais brilharia. Antes ainda, o traquejo ganho ao serviço de outros clubes, como nos conta a temporada de 1978/79, a defender as cores da Associação Recreativa São Martinho, onde chegaria a partilhar o balneário com a antiga estrela da CUF, o avançado Capitão-Mor.
Depois da referida experiência na agremiação sediada no concelho de Santo Tirso, seguir-se-ia na caminhada do médio, ainda na disputa da 3ª divisão nacional, as duas campanhas feitas pelo Moreirense. Já o Atlético de Valdevez de 1981/82, onde haveria de encontrar outro nome histórico do futebol luso, Rui Casaca, representaria para a sua carreira a subida de mais um degrau nos escalões do desporto português. Finalmente a temporada de 1982/83 e a chegada àquele que viria a tornar-se no clube mais importante da carreira de Edmur.
A primeira passagem do médio pelo Desportivo das Aves encetaria uma ligação que, alguns anos depois, empurraria o jogador para um dos momentos de maior monta na sua caminhada competitiva. Pelo meio surgiria ainda o desafio lançado pelo Gil Vicente, mas seria a época de 1984/85 que traria ao percurso do atleta o tal episódio referido no começo deste parágrafo.
Com o listado vertical vermelho e branco, sob o comando do Professor Neca, Edmur, como um dos principais intérpretes do feito, contribuiria para a estreia do clube fundado na Vila das Aves nas pelejas do escalão máximo. Também na aludida campanha primodivisionária, o seu nome manteria a importância no seio do grupo de trabalho. Como um dos titulares indiscutíveis, como provam as 28 presenças no “onze” inicial, seria uma das mais relevantes peças do “xadrez” idealizado pela equipa técnica avense. Infelizmente, mesmo num plantel que contava com nomes como o do guarda-redes Silvino, Vasco, Luís Filipe, José Augusto ou Alain Thiriart, o esforço posto em campo pelo colectivo seria insuficiente para manter a equipa no convívio entre os “grandes”.
A descida ao cabo da temporada de 1985/86, num interregno de um par de anos, levaria Edmur a optar pelo Vizela, para, na época seguinte, rubricar um contrato com o Felgueiras. Esse novo capítulo na caminhada do jogador não mais levaria o centrocampista ao degrau maior da principal competição nacional. Todavia, o mencionado passo não conseguiria afastá-lo, em definitivo, do Desportivo das Aves. Com a campanha de 1988/89 a representar o regresso do atleta ao clube que viria a tornar-se na agremiação mais representativa do seu rumo futebolístico, seria também essa nova ligação que encetaria os últimos passos da senda competitiva do médio, com o fim a chegar no término de 1990/91.
 
PS: Segundo a informação retirada do "site" da Federação Portuguesa de Futebol, Edmur, na temporada de 1992/93, terá sido inscrito pelo Pevidém

1330 - BARRIGANA

Ainda em idade adolescente, Frederico Barrigana haveria de ingressar no Unidos do Montijo. Dizem que terá experimentado várias posições, mas o maior destaque viria a merecê-lo com as exibições à baliza. Dono de um bom físico e destemido como só os da sua posição sabem sê-lo, o jovem guarda-redes acabaria por chamar a atenção de uma das maiores equipas da capital. No entanto, a mudança para o Sporting Clube de Portugal, como reforço do plantel de 1942/43, reduziria o jogador a uma escolha secundária. Com Azevedo a ocupar a titularidade e com o grupo de trabalho a contar ainda com os préstimos de João Dores, o atleta veria o treinador Joseph Szabo a empurrá-lo para as “Reservas”.
Um ano após a mudança da Margem Sul para Lisboa, um episódio curioso viria a mudar radicalmente o destino desportivo do guarda-redes. Mais a Norte, o misterioso desaparecimento de Béla Andrasik, mais tarde revelado como um espião a trabalhar para os ingleses, faria com que os dirigentes do FC Porto lançassem um repto urgente aos directores leoninos para que cedessem um dos seus guardiões menos utilizados. Sem grandes hipóteses nos “Leões”, Barrigana acabaria por ser o escolhido e aceite o novo desafio, viajaria para a “Cidade Invicta”.
A entrada no FC Porto levá-lo-ia à estreia na 1ª divisão. Rapidamente conseguiria um lugar de destaque no plantel “azul e branco” e pouco tempo depois da sua chegada ao emblema nortenho, já era um dos nomes habituais no “onze” dos “Dragões”. O estatuto de titular mantê-lo-ia durante a dúzia de anos em que vestiria a camisola portista. Pelo meio, o brilhantismo de uma carreira internacional em que, ironicamente, viria a destronar o sportinguista Azevedo. Nesse campo, a estreia pela selecção principal, já depois de uma partida pelo conjunto “B” luso, surgiria a 21 de Março de 1948. A esse desafio frente a Espanha, orientado por Virgílio Paula, seguir-se-iam mais 11 presenças. Todavia, nessa caminhada, um jogo destacar-se-ia dos demais e uma das pelejas frente a França, levaria um jornalista a apelidar o segundo guardião a representar Portugal na história portista, como o “Mãos de Ferro”.
Mesmo com a ligação ao FC Porto a chegar ao final com o termo da temporada de 1955/56, a fidelidade do jogador para com o clube levá-lo-ia, bem no auge da carreira, a recusar um convite bem tentador feito pelos responsáveis dos brasileiros do Vasco da Gama. Ainda assim a união com os “Azuis e Brancos”, tal como destapado no início do parágrafo, conheceria o fim. Seguir-se-iam 3 campanhas a envergar as cores do Salgueiros, inicialmente a esgrimir-se no 2º escalão do Campeonato Nacional e após a subida, na disputa da 1ª divisão de 1957/58.
Após deixar a guarda das redes, Barrigana teria ainda algumas experiências como treinador, caminhada na qual também faria parte de equipas técnicas do FC Porto.

1329 - REIS

Seria na União de Coimbra que Fernando Reis encontraria a oportunidade para encetar a caminhada no universo primodivisionário. Com os da “Cruz de Santiago” a disputar o patamar máximo do futebol português na temporada de 1972/73, o avançado, apesar de jovem, tornar-se-ia numa das figuras do plantel com maior utilização. Ainda assim, com os resultados colectivos abaixo do esperado, o jogador, finda a referida campanha, acompanharia a agremiação conimbricense na descida de divisão e, desse modo, ficaria afastado dos principais palcos lusos durante algumas épocas.
Após outras 2 temporadas com a União de Coimbra e uma a servir de interlúdio com as cores do Lusitânia de Lourosa, a campanha de 1976/77 e a transferência de Reis para o Sporting de Espinho, trariam novos horizontes à carreira do atacante. Inicialmente ainda a disputar o segundo escalão, o jogador seria de fulcral importância no retorno dos “Tigres da Costa Verde” ao convívio com os “grandes”. Com a época seguinte à da sua chegada ao Estádio Comendador Manuel Violas a representar o aludido regresso à 1ª divisão, é certo que demoraria um pouco mais para que o atleta conseguisse cimentar o seu percurso como o de um elemento pertence à elite desportiva. Tal, com uma nova e curta passagem pelo universo secundário, viria a acontecer já em 1979/80 e, daí em diante, seguir-se-iam meia dúzia de anos sem abandonar a principal competição do panorama futebolístico português.
Com as 5 temporadas passadas ao serviço do Sporting de Espinho a fazer da colectividade sediada no distrito de Aveiro uma das mais representativas da sua caminhada competitiva, não é menos verdade a relevância de outros emblemas no percurso do atleta. Para o caso, sempre em pelejas de 1ª divisão, há então que fazer referência a outras duas experiências vividas pelo jogador. Primeiro, com a entrada no Estádio do Bonfim a acontecer na campanha de 1981/82, surgiria o Vitória Futebol Clube. Não menos importante, num regresso à “Cidade dos Estudantes”, viria a sua inclusão como reforço do plantel de 1983/84 da Académica de Coimbra.
Já numa fase descendente da sua carreira como futebolista, Reis teria ainda tempo para envergar as cores de outras agremiações. Com a União de Leiria, Marinhense e o Mirense a perfilarem-se como os derradeiros capítulos dessa jornada final, seria no emblema de Mira de Aire que o avançado faria a transição para os novos desafios lançados ao seu trajecto no desporto. Ao abraçar as tarefas de técnico, depois dessa primeira experiência como treinador-jogador, o antigo praticante daria continuidade à sua senda nos patamares secundários e passaria por diversos conjuntos, com especial destaque para os anos vividos à frente de colectividades como o Moreirense, Recreio de Águeda ou ainda, pela ligação mais extensa, o Sporting de Pombal.