822 - CASTANHEIRA

Após ter dividido a formação entre o Desportivo de Chaves, emblema da sua cidade natal, e o Sporting de Braga, é nos “Guerreiros” que Castanheira faz a transição para a categoria sénior. Com um longo percurso nas selecções jovens portuguesas, o médio era encarado com uma das grandes promessas do clube. Jogador combativo e com excelentes qualidades técnicas, era no miolo do terreno que melhor conseguia demonstrar o seu valor. Apesar de ter tido, naquelas que seriam as duas primeiras temporadas com o plantel principal, algumas dificuldades em impor-se, a entrega com que encararia o dia-a-dia de trabalho acabaria por resultar na conquista de um lugar de destaque no grupo.
A partir de 1998/99, a sua terceira época como sénior, a influência do seu futebol levá-lo-ia a ser um dos atletas mais chamados à ficha de jogo. Numa temporada algo conturbado para os minhotos, durante a qual 4 treinadores seriam nomeados, Castanheira teria um papel fulcral na manutenção da equipa na metade superior da tabela classificativa. Daí em diante o seu papel manter-se-ia inalterado e, resultado de tal importância, o centrocampista voltaria a ser chamado aos trabalhos da selecção nacional, desta feita para os S-21 e “B”.
Tendo, isto só no patamar sénior, vestido a camisola “arsenalista” em 12 temporadas diferentes, Castanheira terá que ser visto, obrigatoriamente, como um dos históricos do clube. Para além disso, não podemos omitir que a sua importância, sem esquecer aquilo que já foi dito, ficaria bem patente noutros aspectos. A nomeação para “capitão” terá, inevitavelmente, que ser sempre mencionada. A “braçadeira” acabaria por ser reflexo, talvez o mais importante, dessa sua relevância. Como conclusão, podemos dizer que, sem qualquer réstia de dúvida, e na construção do caminho para as melhores campanhas do Sporting de Braga até aos dias de hoje, o atleta transformar-se-ia num dos principais pilares.
Após perder algum espaço no seio do conjunto minhoto, Castanheira decidiria que a mudança para outro emblema seria a melhor opção. Ainda por empréstimo, primeiro viria o Leixões. Depois, e com o fim da sua ligação contratual com os bracarenses, o médio daria seguimento à sua carreira noutros emblemas e disputando diferentes escalões no futebol português. Curiosamente, e numa altura em que o fim estava próximo, o atleta apostaria num campeonato estrangeiro. Naquela que foi a sua única experiência fora do nosso país, o centrocampista teria uma curta passagem pelo Doxa.
Ao fim de uma temporada (2012/13) a disputar o campeonato cipriota, o momento de “pendura as chuteiras” chegaria. Contudo, e tendo posto um “ponto final” na sua vida de futebolista, não ficaria muito tempo afastado da modalidade. A época seguinte acabaria por marcar o começo da sua vida como treinador. Convidado pelo Sporting de Braga, o antigo jogador assumiria as tarefas de adjunto. Nessas funções, tem estado ao serviço do clube desde 2013. Com Abel Ferreira ao comando dos “Guerreiros”, Castanheira mantém-se como um dos membros da equipa técnica bracarense para 2017/18.

821 - MÁRCIO SANTOS

A sua caminhada pelas camadas jovens haveria de ser recheada de sucesso. Todavia, muito para além das conquistas conseguidas com as camisolas do Sporting e da Selecção Nacional, em Márcio Santos estava depositada a esperança de vir a ter uma grande carreira. Contudo, a transição para o patamar sénior acabaria por mostrar uma realidade um pouco diferente daquela que seria espectável e o jovem atleta não conseguiria atingir o nível exibicional anteriormente demonstrado.
Em 1996, numa altura em que o Lourinhanense era o clube “satélite” do emblema de Alvalade, a inclusão do guardião na equipa da região do Oeste foi encarada com normalidade. Tendo em conta a esperança depositada nos craques saídos das escolas leoninas, os anos aí passados eram vistos como uma maneira dos novos atletas ganharem experiência competitiva. No caso de Márcio Santos, e sendo corroboradas pelas inúmeras chamadas às diferentes “Equipas das Quinas”, todas essas temporadas seriam vistas como um bom investimento.
Se mais provas fossem necessárias para sublinhar o seu potencial, então, a aposta feita pelo Real Madrid serviria para calar qualquer “Velho do Restelo”. É certo que o jogador seria colocado no Castilla, a equipa “b” dos “Merengues”. Ainda assim era o colosso mundial a investir nele e, tal facto, só poderia ser visto como um bom agoiro. O pior é que a passagem por Espanha pouco acrescentaria à sua evolução. Depois viria o seu regresso a Portugal. Nessa volta reapareceriam os escalões secundários e, excepção feita aos anos em que vestiu as cores da Académica de Coimbra e Estrela da Amadora, os patamares inferiores do nosso futebol acabariam por preencher o seu percurso futebolístico.
Felgueiras e a, já referida, “Briosa” seriam os primeiros clubes a contratar o guarda-redes após o seu regresso ao nosso país. Apesar de um “arranque” um pouco envergonhado, a verdade é que as prestações de Márcio Santos continuavam a demonstrar que as suas qualidades estavam bem presentes. Nesse percurso, e ainda ao serviço do emblema beirão, chega ao seu currículo a 1ª divisão. No entanto, e ao contrário daquilo que tinha prometido nas épocas anteriores, essa campanha de 2002/03 não serviria para conseguir afirmar-se com um atleta de topo. Com Hilário e Pedro Roma a disputar um lugar na baliza, as oportunidades que mereceria seriam insuficientes para conseguir permanecer no clube. A sua transferência, na época seguinte, para o Estrela da Amadora, viria ainda alimentar a esperança de conseguir impor-se na mais importante competição nacional. Contudo, pouco mudaria e, aquele que tinha sido visto como um dos intérpretes de maior potencial no futebol português, acabaria vetado à discrição dos escalões inferiores.
Depois de quase uma década a cirandar por emblemas mais modestos, eis que a temporada de 2012/13 poria um ponto final na defesa das balizas. Tendo “pendurado as luvas” ao serviço do Loures, pouco tempo perderia e, sem conseguir afastar-se da modalidade, abraçaria em definitivo outras funções. Curiosamente a sua experiência como treinador vinha dos seus tempos como atleta. Em paralelo com a sua carreira de guardião, Márcio Santos já orientava equipas de jovens futebolistas. Esse traquejo fez com que o convite do Recreativo do Libolo, ainda que a um nível de exigência bem distinto, fosse encarado com alguma normalidade. No emblema angolano, e diferente do que já tinha feito até então, o antigo internacional “luso” aceitaria as funções de treinador de guarda-redes. É com essas responsabilidades que em 2015/16 chega ao Belenenses. Esta época (2017/18), e após ter auxiliado diferentes técnicos, mantém-se na equipa técnica dos da “Cruz de Cristo”, ajudando Domingos Paciência.

820 - MEYONG


Saído de uma família muito numerosa, Meyong e os seus irmãos eram grandes adeptos do “desporto rei”. Todavia, a enorme paixão que nutria pela modalidade não era suficiente para fazer frente à autoridade do seu progenitor. Sendo filho de um professor, tudo o que estivesse relacionado com os estudos era, obrigatoriamente, imposto como uma prioridade. Nesse sentido, só com o falecimento do seu pai é que o futebol tomou uma importância maior na sua vida.
O Tonnerre Yaoundé foi o primeiro emblema a ir no seu encalço. Oferecer-se-iam para pagar todas as despesas relacionadas com a sua alimentação e estudos e a sua mãe, a passar por algumas dificuldades financeiras, daria a bênção a tal convite. Depois, pouco mais de uma época após o seu ingresso no clube, apareceria o Canon Yaoundé, emblema onde prosseguiria a sua formação. Ainda nesses primeiros anos, com idade de júnior, o avançado receberia um convite vindo do estrangeiro. Através de N’Kono, antigo guarda-redes da selecção dos Camarões e seu empresário, Meyong é transferido para o Ravenna. A adaptação a uma nova realidade seria bastante difícil e a grande mudança acabaria por não vir de Itália.
 Após ter sido aconselhado ao Vitória de Setúbal, o atacante muda-se para Portugal. Na cidade da Foz do Sado, o atleta vai disputando os dois escalões de topo do nosso futebol. Mesmo com o clube a manter-se nessa alternância, a sua qualidade não passaria despercebida. Por cá começa a cotar-se como um dos bons interpretes a jogar nos nossos estádios. Já no seu país, a evolução demonstrada leva-o a ser chamado aos Jogos Olímpicos de 2000, onde, ao lado de craques como Geremi ou Eto’o, ganharia a medalha de ouro.
É também em Setúbal que encontra um dos homens mais relevantes do seu percurso profissional – “É o treinador mais importante da minha carreira, o homem que me ensinou a maioria das coisas que sei. A verdade é que eu subia sempre de rendimento quando era treinado por ele. Lembro-me que treinávamos muito com ele aqui em Setúbal. Melhorei muito com ele, física e tacticamente”*. Anos mais tarde, Jorge Jesus haveria de voltar a trabalhar com ele no Sporting de Braga e Belenenses. Passagens importantes, por certo. Contudo, e para falarmos de momentos cruciais, temos que referir a sua primeira época no Restelo. Ora, depois de 6 temporadas ao serviço do emblema sadino, e de, na última dessas campanhas, ter ajudado à vitória na Taça de Portugal, eis que Meyong passa a vestir de Azul. Com os da “Cruz de Cristo”, na época de 2005/06, o avançado conquista para o seu currículo uma das grandes proezas a nível individual. Apesar do fraco desempenho colectivo, os 17 golos que conseguiria concretizar levá-lo-iam ao topo da lista dos Melhores Marcadores do Campeonato.
Tal feito levá-lo-ia a ser transferido para a “La Liga”. Já ao serviço do Levante, Meyong é chamado a participar num dos grandes torneios internacionais para selecções. Ainda assim, a sua presença na CAN 2006, naquilo que foi a sua afirmação no clube, não iria acrescentar grande valia. Pouco utilizado na sua primeira temporada em Espanha, é já na segunda época, e depois de ter jogado uma partida pela colectividade de Valência, que é cedido ao Albacete. No entanto, nem com o referido empréstimo a sua vida passa a correr melhor. É então que surge a proposta para regressar a Lisboa… “Pior a emenda que o soneto”! Após ter jogado por 2 emblemas em 2007/08, o jogador, segundo as regras da FIFA, estaria impossibilitado de vestir outra camisola. Ora, a participação num encontro do Campeonato Nacional pelos da “Cruz de Cristo”, valer-lhe-ia um valente castigo e a suspensão daí resultante.
É Jorge Jesus que, na partida de Lisboa para o Minho, o leva para o Sporting de Braga. Com os “Guerreiros”, Meyong volta a passar por momentos gloriosos. Vence a Taça Intertoto em 2008/09, ajuda o grupo a atingir o 2º lugar no Campeonato de 2009/10 e, numa final frente ao FC Porto, disputa o derradeiro encontro da Liga Europa de 2010/11. Todavia, a pouca utilização a que seria vetado nas últimas temporadas com os da “Cidade dos Arcebispos”, levá-lo-ia a voltar a Setúbal na abertura do “Mercado de Inverno” de 2012. É depois desse regresso que surge então o convite do Kabuscorp. No emblema angolano volta a merecer grande destaque. No decorrer das 3 temporadas que aí passaria, conseguiria, para além da vitória na liga de 2013, sagrar-se o melhor marcador do Girabola em todas essas campanhas.
Os derradeiros anos da sua carreira como futebolista passá-los-ia, como não poderia deixar de ser, ao serviço do Vitória de Setúbal. Já após ter decidido deixar os relvados na temporada passada, Meyong decidiria abraçar novas funções na modalidade. Como um dos “homens” de José Couceiro, o antigo internacional camaronês começa agora (2017/18) a dar os primeiros passos como treinador.


*retirado da entrevista de David Marques, publicada em http://www.maisfutebol.iol.pt, a 25/06/2017

819 - FIGUEIREDO

Ainda que um produto das escolas do Belenenses, a sua relação com o emblema do Restelo haveria de ser um pouco peculiar. Tendo terminado a sua formação já na segunda metade da década de 70, o empréstimo ao Lusitano de Évora, como para tantos outros jovens atletas, seria uma quase inevitabilidade. Ora, os primeiros anos como sénior, e numa altura em que já tinha sido chamado à selecção nacional s-18, passá-los-ia no Alentejo. A disputar os escalões secundários, Figueiredo, mostra ter as qualidades de alguém bem mais experiente, conseguiria afirmar-se como um bom guarda-redes.
Usado regularmente pelo emblema eborense, é já na temporada de 1982/83 que o jogador regressa à “casa-mãe”. Com a descida dos da “Cruz de Cristo”, a primeira da história do clube lisboeta, Figueiredo voltaria a enfrentar a 2ª divisão. Aliás, a sua estreia no nosso principal escalão dar-se-ia apenas duas temporadas volvidas e ao serviço de outra colectividade. Com a sua transferência para o Rio Ave, é então em Vila do Conde que o guardião faz a sua estreia nos grandes palcos do futebol português. Tendo iniciado essa campanha de 1984/85 na condição de suplente, Félix Mourinho, também seu treinador no Belenenses, entregar-lhe-ia a custódia das balizas já na recta final do Campeonato.
No evoluir da sua carreira, a temporada em que, pela primeira vez, conseguiria merecer grande destaque, seria a de 1986/87. Como titular indiscutível, muito mais do que afirmar-se como um atleta primodivisionário, Figueiredo haveria de ser elevado à condição de favorito do emblema vila-condense. As boas exibições levá-lo-iam, naquilo que seria a segunda metade do seu percurso como futebolista profissional, a mantê-lo na disputa pelas principais provas nacionais. Portimonense e Famalicão seriam os clubes que se seguiriam nessa senda e aqueles que precederiam o regresso a uma casa bem conhecida. De volta ao Estádio do Restelo, talvez tenha visto nessa nova passagem a chance de agradecer ao clube o facto de o ter lançado no mundo do desporto. É verdade que teria mais oportunidades do que naqueles primeiros anos da sua carreira. Ainda assim, e nessas 4 épocas (1991/92 a 1994/95) teria que partilhar o lugar com Pedro Espinha ou Tomislav Ivkovic.
Após ter posto um ponto final no seu percurso como atleta ao serviço do Famalicão, Figueiredo volta a aparecer no futebol nas tarefas de técnico. Vitória de Setúbal, Belenenses e Sintrense acabariam por anteceder a sua contratação pelo Olhanense. No Algarve, conheceria o homem que mudaria a sua carreira de treinador. Tendo aí começado a trabalhar com Sérgio Conceição, é, desde então, um dos elementos da sua equipa. Nesse sentido, e depois de ter passado por uma série de outros emblemas, o antigo futebolista começou a esta temporada (2017/18) a ajudar Iker Casillas, José Sá, Vaná… os guarda-redes do FC Porto.

818 - ZÉ NANDO

Com o percurso formativo intimamente ligado ao FC Porto, é na temporada de 1985/86, numa altura que ainda era júnior, que o seu nome aparece na ficha de jogo da equipa principal. Apesar de, nessa 14ª jornada do Campeonato Nacional, ter estado sentado no banco de suplentes, a verdade é que Zé Nando nunca mais haveria de ter outra oportunidade de “Azul e Branco”.
Com diversas internacionalizações conseguidas nas jovens selecções nacionais, tendo, inclusive, participado na fase final do Campeonato Europeu S-16 de 1985, o jovem atleta seria incapaz de convencer os responsáveis dos “Dragões” a integrá-lo no plantel. Com as portas do Estádio das Antas fechadas, o esquerdino, que podia jogar na defesa ou mais avançado no campo, decide tentar a sua sorte com outras cores. Começa pelo Desportivo das Aves e, naquelas que foram as suas 4 primeiras temporadas, mantem-se a disputar os escalões secundários do nosso futebol. A 1ª divisão chega à sua carreira na temporada de 1991/92. Já depois de ter também envergado as cores de Famalicão, Varzim e Académico de Viseu, é pelo conjunto de Barcelos que Zé Nando enfrenta a mais importante competição nacional.
Sem nunca passar um longo período ao serviço do mesmo emblema, curiosidade que haveria de caracterizar a primeira metade do seu percurso profissional, a presença de Zé Nando no patamar máximo também não seria a mais constante. No entanto, a temporada de 1995/96 alteraria, pelo menos um desses paradigmas. Sem grande espaço num Felgueiras orientado por Jorge Jesus, o defesa opta por deixar o emblema do Vale do Sousa e passa a integrar o plantel da Académica de Coimbra.
A referida mudança levaria a que o atleta conseguisse, finalmente, manter-se num só emblema por mais tempo. De forma completamente contrária às épocas precedentes, o jogador fixa-se na “Cidade dos Estudantes” e aí permanece anos a fio. A sua devoção ao clube conimbricense seria de tal ordem que, ao cabo de algumas temporadas, passaria a ser visto como uma das referências do plantel. Ao serviço da “Briosa”, só na condição de atleta, Zé Nando participaria em 8 campanhas. Já em 2003, terminado o seu tempo de futebolista, inicia a sua caminhada como técnico. Nessas funções começa por orientar as camadas jovens, passando, alguns anos cumpridos, a colaborar com a equipa principal.
Apesar de algumas experiências como técnico-principal, caso da passagem pelo Tourizense em 2008/09 (à altura o “satélite” da Académica), uma boa parte da sua carreira tem sido feita como adjunto. Na selecção do Burkina Faso, auxiliando Paulo Duarte, o antigo jogador teria tarefa idêntica.  Outra excepção aconteceria aquando da sua ida para o Médio Oriente. No Catar ficaria à frente dos destinos do Al-Shahaniva, período esse que antecederia a sua vinda para Portugal. De regresso aos Campeonatos Nacionais, Zé Nando volta a juntar-se a Manuel Machado. Já depois de, na Académica, ter trabalhado com o referido treinador, este ano (2017/18) apresenta-se como um dos elementos que compõem a equipa técnica do Moreirense.

817 - PEDRO SILVA

Conseguir manter-se no plantel do Palmeiras após ter saído da formação do clube, poderia ter sido um bom prenúncio para si. Contudo, e após alguns anos sem conseguir impor-se no Palestra Itália, o jovem atleta começa uma longa caminhada de empréstimos. Nesse contexto, e sempre a disputar o maior escalão brasileiro, Pedro Silva acabaria por passar por diversas colectividades. Com diferentes sortes, as referidas cedências levá-lo-iam a atravessar o país de Norte a Sul e a vestir as camisolas de Figueirense (2003), Vitória Bahia (2004), e Internacional de Porto Alegre (2005). Nos dois últimos emblemas, o lateral acabaria por ajudar à conquista dos respectivos Estaduais. Ainda assim, e com as vitórias no Campeonato Baiano e no Campeonato Gaúcho a embelezarem-lhe o palmarés, o regresso à “casa-mãe” seria mais uma vez adiado.
É nesse sentido que o defesa tem a sua primeira experiência no estrangeiro. Mais uma vez cedido pelo Palmeiras, Pedro Silva acabaria por aterrar na Europa. Em Portugal, mais concretamente na cidade de Coimbra, o jogador veste as cores da Académica. Com os “Estudantes” a disputar a 1ª divisão, a temporada de 2005/06 até correria de forma bastante positiva. Chegar-se-ia a falar na aquisição do seu “passe” por parte do clube beirão. No entanto, o preço exigido pela sua transferência, incomportável para os cofres do emblema português, levaria a que os responsáveis da “Briosa” recuassem na intenção de, em definitivo, o juntar ao plantel.
O Iraty foi a solução encontrada para o seu regresso ao Brasil. Todavia, a sua passagem pelo Estado do Paraná seria bem curta. O Santos, com Vanderlei Luxemburgo ao leme, apostaria na sua contratação. De volta a São Paulo, ao invés de aproveitar a oportunidade dada, Pedro Silva vê-se envolvido em algumas polémicas com o seu treinador. Aliás, esse tipo de episódio não seria caso isolado na sua carreira e, nos anos vindouros, outros exemplos de indisciplina seriam difundidos pela imprensa desportiva. Nesta senda, também a sua saída para o Corinthians, em razão da já referida contenda, não traria grandes resultados desportivos. Em sentido oposto, os jornais voltariam a veicular problemas de insubordinação. A direcção do emblema paulista, através de um comunicado oficial, relataria que o defesa, sem qualquer autorização, havia abandonado o estágio da equipa. Resultado: processo disciplinar e novo “empurrão porta fora”.
Mesmo sabendo do comportamento do atleta, o Sporting recebe-o de braços abertos. A aposta no lateral-direito, que também sabia colocar-se no lado oposto do campo, era de tal forma evidente que, logo no jogo da Supertaça de 2007/08, aparece como um dos titulares. Os “Leões” conseguiriam conquistar o troféu, mas Pedro Silva começa aí um calvário de lesões. Após ter saído aleijado aos 10 minutos desse encontro, e já depois de concluída a recuperação, o defesa volta ao boletim clínico. Desta feita bem mais grave, a mazela levá-lo-iam ao bloco operatório e a uma longa paragem.
Apesar deste começo atribulado, as épocas que se seguiriam seriam proveitosas para si. Como um dos principais trunfos de Paulo Bento, o atleta conseguiria vencer a oposição de Abel para a direita da defesa e acabaria por recuperar o posto. Mas muito mais do que a disputa por um lugar no “onze” inicial, a temporada de 2008/09 ficaria marcada por mais um momento controverso. Na final da Taça da Liga, encontro disputado frente ao Benfica, um “penalty” muito discutível resultaria no empate para os “Encarnados” e na expulsão de Pedro Silva. Os “Leões” acabariam derrotados na resolução por grandes penalidades e, já na cerimónia de entrega de prémios, o jogador haveria de recusar a sua medalha, arremessando-a para o meio do relvado.
A chegada de Paulo Sérgio a Alvalade marcaria o fim do seu caminho em Lisboa. Dispensado pelo novo treinador, o defesa acabaria por ser emprestado ao Portimonense. Com a despromoção dos algarvios no final dessa época de 2010/11, o atleta decide ser a altura certa para regressar ao seu país. Mais uma vez no Brasil, o lateral acabaria por entrar na derradeira fase do seu percurso como desportista. Após vestir as cores do Novo Hamburgo, ABC, ASA Arapiraca e CSA, eis que chega a hora de “pendurar as chuteiras”. Ainda assim, o antigo futebolista não ficaria muito tempo afastado da modalidade e, no decorrer desse ano de 2014, volta a Portugal para começar a sua carreira de treinador. Como técnico tem desempenhado as funções de adjunto. Desde então no Portimonense, e a cumprir idênticas tarefas, Pedro Silva começou esta temporada (2017/18) como um dos ajudantes de Vítor Oliveira.

816 - DEMBELÉ

Depois de ter andado diversos anos a cirandar por emblemas amadores dos subúrbios parisienses, é já numa altura em que poucos acreditariam numa mudança radical desse paradigma que surge uma nova oportunidade para Siramana Dembelé. Com passagens por Villiers-le-Bel, Saint-Denis e FC Les Lilas, é na época de 2002/03 que é posta em cima da mesa a primeira proposta para assinar um contrato profissional. Apesar dos 25 anos de idade, as suas qualidades fariam com o Olympique Alès, à altura no 3º escalão francês, decidisse apostar na sua aquisição. Muito forte fisicamente, mas sem descurar a parte mais técnica, as capacidades do médio faziam dele um bom reforço para as manobras defensivas, tal como para as atacantes.
A melhor prova que Dembelé era um jogador com capacidades para enfrentar desafios maiores viria logo nos anos seguintes. Ainda que sem abandonar os patamares secundários, as boas exibições que conseguiria fariam com que clubes com mais tradição no futebol gaulês começassem a vê-lo com outros olhos. Cannes e Nîmes seriam os emblemas seguintes no seu percurso futebolístico. No entanto, o grande salto da sua carreira, aquele que o levaria a disputar uma competição de topo, seria dado pela mão de um antigo internacional português.
Contratado pelo Vitória de Setúbal para a temporada de 2005/06, Norton de Matos faz uma grande aposta no mercado francês para reforçar o seu plantel. É então que, por entre nomes como os de Gregóry Lacombe, Mamadou Diakité ou Oumar Tchomogo surge também a transferência do médio. Mais uma vez, Dembelé supera todas as expectativas. Tendo conseguido agarrar a titularidade com relativa facilidade, pouco tempo após a sua chegada a Portugal surge uma proposta de outro clube de renome na Europa. Com o “mercado de Inverno” aberto, é do Standard Liège que vem o novo convite. Numa altura em que o emblema belga tinha nos seus quadros alguns nomes bem conhecidos do futebol “luso”, casos de Jorge Costa ou Almani Moreira, é a presença de Sérgio Conceição que, anos mais tarde, iria mudar a vida do jogador.
Voltemos ao Standard Liège… Seria por este emblema que Dembelé ganharia os troféus mais importantes da sua carreira. Em 2007/08, sob o comando de Michel Preud’Homme, ajudaria à conquista da “Pro League”. Já na temporada seguinte, e com Laszlo Bölöni como treinador, o médio participa na vitória da Supertaça. Curiosamente, a disputa desse último troféu representaria a derradeira partida com as cores do emblema belga. Antes do fecho do “mercado”, o atleta assinaria pelo Maccabi Petah Tikva e mudar-se-ia para Israel.
É no clube israelita, no final da campanha de 2008/09, que decide pôr um ponto final na sua carreira de futebolista. Já em 2010 volta ao Standard, para ocupar a posição de treinador-adjunto. É nesse regresso à Bélgica que reencontra Sérgio Conceição, também ele um dos assistentes de Dominique D’Onofrio. Todavia, com a contratação do ex-atleta português para técnico-principal do Olhanense, o francês decide segui-lo. É partir desse momento que antigo centrocampista passa a ser um dos fiéis escudeiros do internacional “luso”. Desde então, já representou Académica, Sporting de Braga e Nantes, para, no início desta temporada (2017/18), ser apresentado como um dos elementos da equipa técnica do FC Porto.

815 - JORGE SIMÃO

Com a formação feita no Estrela da Amadora, a transição de Jorge Simão para o patamar sénior transformar-se-ia numa desilusão. Sem espaço na equipa da “Linha de Sintra”, que em meados dos anos 90 era presença assídua no nosso principal escalão, a solução para prosseguir a sua carreira acabaria por passar pelo ingresso no Real de Massamá.
No entanto, o que poderia ter sido um episódio transitório, no sentido de ganhar algum traquejo, tornar-se-ia na regra do seu percurso. Ao invés de regressar ao emblema que o tinha formado, Jorge Simão, e durante os anos que haveriam de compor a sua passagem pelos relvados, acabaria por quedar-se pelas divisões secundárias. Ainda assim, o que passou a ser a sua rotina futebolística foi incapaz de o desviar de um objectivo maior. Em paralelo com o seu trajecto nos “campos da bola”, e crendo que o seu lugar seria a elite do desporto nacional, o médio começa a investir noutras vertentes.
Estudante de Ciências do Desporto na Faculdade de Motricidade Humana, o atleta, ainda em tenra idade, aposta também nos Cursos de Treinador. Tendo feito todo esse investimento, e com a consciência que a sua vida de jogador dificilmente escaparia à sombra dos emblemas mais modestos, Jorge Simão decide aceitar novo desafio. Com 27 anos, abandona as obrigações de atleta e passa a abraçar as tarefas de treinador. Depois de, como centrocampista, ter vestido as cores de Real, Atlético do Cacém, Fanhões ou Carregado, 2003 torna-se num momento de viragem na sua vida.
Como técnico, naquela que foi uma mutação precoce, também começa por baixo. O regresso ao Atlético do Cacém, e apenas como adjunto, é o primeiro passo para essa mudança. Aliás, os primeiros anos nessas funções não seriam fáceis para si. Com muita coragem, trabalho e resiliência Jorge Simão começa a superar alguns obstáculos e a abrir outras tantas portas. É na temporada de 2013/14 que surge, então, uma grande oportunidade. Após ter passado pelo Estrela da Amadora em 2008/09 e ter sido assistido Mitchell van der Gaag no Belenenses, é do Atlético que surge o convite para passar a treinador-principal.
No emblema do bairro de Alcântara assume o papel onde viria a destacar-se. Subindo a pulso, começa a ganhar competências que o fazem apontar a desafios cada vez maiores. Na época seguinte, e depois de ter deixado o Mafra no caminho da promoção, o Belenenses endereça-lhe novo desafio. O convite é impossível de recusar e Jorge Simão não só faz a sua estreia na 1ª divisão, como leva os da “Cruz de Cristo” aos lugares de acesso às provas da UEFA. Curiosamente, e com o apuramento para as competições europeias a embelezar-lhe o currículo, dá-se a sua saída do Restelo. Seguem-se Paços de Ferreira e Desportivo de Chaves. Em ambos os clubes, o seu trabalho excede todas as expectativas. Esse sucesso leva António Salvador, Presidente do Sporting de Braga, a propor-lhe o lugar que tinha sido de José Peseiro. A meio de 2016/17, Jorge Simão muda-se de Trás-os-Montes para o Minho. Contudo, o desafio não corre de feição e o treinador, após não conseguir atingir os objectivos traçados por si, apresenta a demissão.
Sem orientar qualquer clube desde a 30ª jornada da campanha passada, Jorge Simão, à 6ª ronda desta nova época (2017/18) seria apresentado com as cores do Boavista. Para já, e com poucos desafios decorridos desde a sua nomeação, fica o registo para uma estreia de sonho. Aquele que substituiu Miguel Leal haveria de arrancar no comando dos “Axadrezados” com uma vitória caseira frente aos “Tetra- Campeões”, o Sport Lisboa e Benfica.

814 - ABEL

Formado nas “escolas” do Penafiel, as qualidades de Abel fariam com que conseguisse destacar-se dos demais colegas da “formação”. Rápido, com boa técnica e assertivo nas missões ofensivas e defensivas, o jovem atleta caracterizava-se pela elegância com que abordava todos os lances do jogo.
Tendo a sua estreia na equipa sénior ocorrido no decorrer da temporada 1997/98, à segunda campanha no referido patamar já Abel era um dos principais esteios da equipa duriense. Ainda que a disputar os escalões secundários dos nossos campeonatos, o defesa rapidamente começa a merecer a atenção de outras colectividades. O potencial exibido era de tal forma evidente que o Vitória de Guimarães, um dos maiores emblemas do nosso futebol, decide apostar na sua contratação para a época de 2000/01. Logo à chegada à “Cidade Berço”, ele que era apenas uma esperança, torna-se numa das principais apostas do clube. Numa época bastante conturbada, sublinhada pelas várias mudanças de treinador, o lateral haveria de conseguir manter a constância exibicional, conquistando a um lugar no “onze” inicial.
Já na campanha seguinte, e ainda sob o comando de Augusto Inácio, o atleta, muito para além de manter o estatuto de titular, conseguiria ser chamado aos trabalhos da selecção “B” de Portugal. Curiosamente, é ainda sob a batuta do antigo internacional “luso”, que o jogador começa a perder algum espaço no seio do plantel vimaranense. Também a chegada de Jorge Jesus pouco alteraria essa sua condição. É então que ocorre uma reviravolta na sua carreira. Ao trocar o Vitória de Guimarães por um dos seus maiores rivais, Abel passa a vestir as cores do Sporting de Braga. No novo clube, rapidamente consegue recuperar a sua cotação e, no espaço de temporada e meia, volta a ser um dos laterais de maior valor na Liga portuguesa.
Tendo ficado evidente esse próximo passo, o novo capítulo da carreira de Abel só poderia ser escrito ao serviço de um dos denominados “3 grandes”. Essa mudança ocorreria a meio da temporada de 2005/06 e a experiência seria de tal forma agradável que, aquilo que tinha começado como um empréstimo, transformar-se-ia na compra em definitivo do seu “passe”. Com Paulo Bento à frente do Sporting, e mesmo com a chegada de novos treinadores, a sua presença nas fichas de jogo manteve-se bastante elevada. Também em termos de títulos, esta fase seria a mais prolífera. As vitórias na Taça de Portugal (2006/07; 2007/08) e na Supertaça (2007/08; 2008/09) seriam os momentos mais altos do seu percurso como atleta.
Quando já tinha completado os 32 anos de idade, uma grave lesão precipita o fim da sua carreira como futebolista. A rotura dos ligamentos cruzados, numa altura em que também se falava da sua passagem para os quadros técnicos do clube, faz com que Abel responda positivamente ao convite do então Presidente Godinho Lopes. O antigo defesa passa a desempenhar tarefas nas “camadas jovens” e, como treinador-principal dos juniores “leoninos”, consegue conquistar o Campeonato Nacional de 2011/12.
Já depois de ter sido dispensado por Bruno de Carvalho de treinador da equipa “B” do Sporting, Abel aceita idênticas funções no Sporting de Braga. Desde 2014 ao serviço dos “Guerreiros do Minho”, as prestações medíocres da principal equipa “arsenalista” na temporada transacta (2016/17) levariam a que assumisse o comando desse grupo. A primeira experiência, ainda que interinamente, levá-lo-ia a vencer os “Leões” em pleno Estádio de Alvalade. Já mais para o final da temporada, em substituição de Jorge Simão, assumiria o cargo em definitivo e já com olhos postos nos desafios desta nova época (2017/18).

EQUIPAS TÉCNICAS 2017

O começo de mais uma temporada renova os desafios de clubes e dos seus responsáveis. É acerca desses, daqueles que todos os dias trabalham no campo com os jogadores, que falaremos durante este mês. Assim, e durante todo Outubro, dedicaremos o nosso tempo às “Equipas Técnicas”.