1157 - FRANK RIJKAARD

Filho do também futebolista Herman Rijkaard, Frank acabaria por seguir as pegadas do pai. Ao fazer a última etapa formativa no Ajax, veria o treinador Leo Beenhakker chamá-lo aos seniores da equipa de Amesterdão, quando contava apenas 17 anos de idade. Apresentando-se como um jovem rápido, forte fisicamente, com boa técnica e, apesar da inexperiência no universo profissional, como um elemento emancipado e bastante tranquilo, o impacto da sua inclusão no plantel principal seria imediato.
Após a estreia na jornada inicial do Campeonato neerlandês de 1980/81, na qual marcaria um golo, a sua presença em campo passaria a pautar-se pela constância. Ora como defesa-central ou “trinco”, nos 7 anos seguintes, sempre como figura preponderante nas configurações tácticas da equipa, ajudaria o Ajax à conquista de diversos títulos. Nesse sentido, adicionaria ao seu palmarés 3 Ligas, 3 Taças da Holanda e, na temporada de 1986/87, numa final disputada com os alemães do FC Lokomotive Leipzig, a vitória na Taça dos Vencedores das Taças. Também no plano pessoal o atleta viria o seu esforço premiado com algumas distinções e as 2 Golden Boot ganhas, prémio atribuído por duas publicações desportivas ao melhor atleta das provas holandesas, transformar-se-iam na prova cabal do seu valor individual.
Seria durante essa primeira passagem pelo Ajax, que Frank Rijkaard chegaria à principal selecção do seu país. Chamado a um “particular” frente à Suíça, o dia 1 de Setembro de 1981 marcaria o seu arranque com a camisola laranja dos Países Baixos. Pelo conjunto nacional, num total de 73 internacionalizações, o atleta participaria nos mais importantes certames futebolísticos. Comandado pelo mítico Rinus Michel, o atleta estrear-se-ia nas grandes competições com a participação no Euro 88. Ao lado de craques como Marco van Basten, Ruud Gullit ou Ronald Koeman sairia do torneio organizado na Alemanha Federal como um dos vencedores.
Por coincidência, seria também por altura do referido Campeonato Europeu que Rijkaard viveria um dos momentos mais conturbados da sua carreira. Depois de um desentendimento com Johan Cruyff, seu treinador no Ajax, o atleta acabaria por afirmar que jamais voltaria a trabalhar sob o seu comando. Na sequência do polémico episódio, o médio, à revelia do clube, chegaria a um acordo com o Sporting Clube de Portugal. No entanto, e sem qualquer entendimento entre os dois emblemas, a transferência, já com o jogador a treinar em Alvalade, cairia por terra. Seguir-se-ia, ainda vinculado ao emblema de Amesterdão, o empréstimo do médio ao Zaragoza. Depois, e para pôr um ponto final ao desaguisado, a venda do seu passe ao AC Milan.
Em Itália a partir da temporada de 1988/89, o holandês viveria uma das mais faustosas fases da carreira enquanto praticante. Para além das presenças no Mundial de 1990 e no Euro 92, o seu palmarés sairia fortemente enriquecido. Sempre num papel central, com os “Rossoneri” venceria um extenso rol de troféus. Para além das conquistas internas, com 2 “Scudettos”, 2 Supercoppas e o prémio de Melhor Jogador da Serie A de 1992, o destaque iria para as conquistas internacionais do AC Milan. Sem esquecer as 2 Supertaças Europeias e as 2 Taças Intercontinentais, as 2 vitórias na Taça dos Campeões Europeus acabariam como júbilo maior. Após o brilharete na edição 1988/89, o ano seguinte traria outro triunfo. Frente ao Benfica, seria Rijkaard a concretizar o único golo da partida e, com esse momento, a ajudar o clube milanês a adornar, ainda mais, os seus escaparates.
Já a última fase da carreira enquanto futebolista vivê-la-ia no regresso aos Países Baixos. De novo ao serviço do Ajax, e mesmo tido como um veterano, a verdade é que Rijkaard assumiria um papel deveras preponderante. Como “comandante” de um promissor grupo de jovens intérpretes, no qual estavam incluídos van der Sar, os irmãos de Boer, Seedorf, Davids, Litmanen, Overmars, Kanu, Reiziger, Bogarde ou Kluivert, o experiente jogador seria visto como um farol. O resultado de tal séquito, para além da conquista de mais 2 Ligas e de 2 Supertaças, terminaria com outra vitória na que é considerada, a nível mundial, como a mais importante competição de clubes. Contrariando todas as espectativas, o emblema de Amesterdão ultrapassaria todas as fases da edição de 1994/95 e, numa final frente ao AC Milan, ergueria a 4ª “Champions” da sua história.
Depois da referida vitória, Rijkaard daria por terminada a sua caminhada enquanto atleta. Manter-se-ia ligado à modalidade como treinador e, em 1998, assumiria as rédeas da selecção do seu país, com a qual marcaria presença no Euro 2000. Nas funções de técnico, depois de uma experiência no Sparta de Roterdão, o melhor período passá-lo-ia com o Barcelona. À frente dos catalães, venceria 2 “La Ligas”, 2 Supercopas, a Liga dos Campeões de 2005/06 e, na sequência do título europeu, o prémio de Melhor Treinador do Ano da UEFA, e também os galardões para idêntica distinção, mas atribuídos pela “Onze Mondial” e IFFHS. Por fim, as suas passagens pelo Galatasaray, equipa nacional da Arábia Saudita e o final da sua ligação ao futebol, anunciado em 2014.

1156 - TAÍ

Com passagens pelos seniores do Amarante e também pela Académica de Coimbra, seria com as cores do Boavista que, na primeira metade da década de 70, o jovem atleta começaria a destacar-se. Ainda que com algumas épocas de cariz exibicional intermitente, aos poucos o defesa-esquerdo começaria a assumir-se como um dos elementos mais importantes do plantel “axadrezado”. Já com José Maria Pedroto aos comandos das “Panteras”, a campanha de 1974/75 traria ao seu trilho competitivo um dos grandes marcos do mesmo. Ao defrontar o Benfica no Estádio Nacional, Taí, escalonado como titular, ajudaria o emblema portuense a vencer a Taça de Portuga e a trazer ao seu próprio palmarés o primeiro grande troféu.
A época seguinte à da referida vitória no Jamor, premiaria o jogador com uma nova conquista na apelidada “Prova Rainha”. Porém, para além de vencer o troféu, essa temporada de 1975/76 ficaria gravada como a da estreia de Taí na principal selecção portuguesa. Com as cores nacionais, chamado pelo seu conhecido José Maria Pedroto, o 19 de Novembro de 1975 ficaria marcado como a data da sua primeira internacionalização “A”. O empate 1-1 frente a Inglaterra registaria o começo de uma caminhada que, em outras 3 ocasiões, daria a oportunidade ao atleta de voltar a envergar a “camisola das quinas”.
O passo seguinte da carreira do lateral canhoto, mais uma vez, ficaria ligado a Pedroto. Com a transferência do treinador do Boavista para o FC Porto em 1976/77, Taí, lado-a-lado com o centrocampista Celso, acompanharia o técnico na mudança de emblema. Depois de uma primeira temporada em que o jogador, ao ocupar posição também no miolo do terreno, conseguiria manter-se como um dos nomes habituais no “onze”, o ano seguinte faria emergir um cenário bem diferente. Poucas vezes chamado às disputas dos “Azuis e Brancos”, o final da época levá-lo-ia a procurar outro rumo. Ficariam, como ponto maior dessa passagem pelo Estádio das Antas, o Campeonato Nacional ganho em 1977/78 e as duas presenças na final da Taça de Portugal, com vitória na primeira dessas duas edições.
Retornaria ao Boavista para uma viagem estendida ao longo de mais 4 épocas. Nesse trajecto, logo na etapa inicial, Taí voltaria a marcar comparência no derradeiro jogo da Taça de Portugal, transformando-se, até aos dias de hoje, no único atleta que, na história do futebol português, conseguiu disputar 5 finais consecutivas. Ajudaria as “Panteras” a vencer essa peleja frente ao Sporting e à conquista da Supertaça de 1979/80. Terminaria a ligação aos “Axadrezados” no final de 1981/82 e regressaria ao Amarante. No clube da terra natal e onde também tinha trilhado o seu percurso formativo, daria por terminado um longo percurso como futebolista. Sem sair da referida colectividade, ainda tentaria as tarefas de treinador, mas acabaria por abandonar a modalidade.
Licenciado em Ciências do Desporto, enveredaria pelo ensino de Educação Física. Recentemente, abraçaria um projecto como Presidente do Centro Cultural de Amarante, no qual desenvolveu um programa alicerçado na música e de apoio a crianças com dificuldades de aprendizagem.

1155 - SADAKOV

Com qualidades que o destacavam dos demais colegas, Sadakov, com 16 anos apenas, conseguiria estrear-se na equipa principal do Lokomotiv Plovdiv. Depois da presença em algumas partidas na temporada de 1978/79, a sua evolução aconteceria de forma sustentada. Aos poucos, ainda a disputar a 1ª divisão búlgara, o médio conseguiria afirmar-se como um dos elementos importantes no esquema táctico da sua equipa. No entanto, seria com a despromoção do conjunto sediado nas margens do Rio Maritsa que o seu sucesso passaria a desenhar-se em contornos bem definidos.
A primeira confirmação do seu êxito enquanto praticante de futebol, viria no começo da temporada de 1981/82. Arrolado para uma digressão ao Brasil, Sadakov seria chamado ao “onze” da selecção principal da Bulgária que, a 28 de Outubro, participaria num “particular” frente à congénere “canarinha”. Já o segundo momento especial, durante a referida passagem pelo escalão secundário, aconteceria em 1983. Numa caminhada feita na Taça do Exército Soviético que incluiria a eliminação do “gigante” CSKA de Sófia, o Lokomotiv Plovdiv não só conseguiria atingir a final, como, já no derradeiro desafio da prova, bateria o Chirpan por 3-1.
Apesar de ver o clube a oscilar demasiadas vezes entre os dois principais patamares búlgaros, a habilidade que o médio continuaria a demonstrar em campo levá-lo-ia a cimentar-se como um dos nomes habituais nas convocatórias da equipa nacional. Nesse sentido, seria com as cores da selecção que viveria um dos momentos mais importantes da sua caminhada profissional. Chamado a viajar para o México pelo treinador Ivan Vutsov, Sadakov, ao lado de uma extensa lista de atletas bem conhecidos dos emblemas portugueses, participaria em todas as partidas do seu país na campanha do Campeonato do Mundo de 1986.
De volta aos desafios de âmbito clubístico, o médio, cada vez mais tido como um das estrelas das provas búlgaras, passaria também a ser um dos elementos mais cobiçados do Lokomotiv Plovdiv. Depois de, alguns anos antes, ter visto gorada a transferência para o CSKA de Sófia, emblema com o qual, em 1985, chegaria a ter um pré-acordo rubricado, a oportunidade de conhecer outra colectividade surgiria vinda de um contexto competitivo estrangeiro. Após a queda do Muro de Berlim e no seguimento da aposta dos clubes portugueses em atletas nascidos na Bulgária, o Belenenses abriria as portas a Sadakov.
Ao Restelo chegaria para a temporada de 1989/90 e depressa conseguiria afirmar-se como uma das figuras dos “Azuis”. Porém, a despromoção do emblema lisboeta e a consequente presença na 2ª divisão de 1991/92 alteraria a ideia de uma união que, até esse momento, parecia perfeita. Como veiculado pelos noticiários da altura, Sadakov, juntamente com Galo e Jaime, seriam acusados, pela direcção liderada por Luís Pires, de falta de profissionalismo. Num processo que haveria de surpreender o restante plantel e até o treinador Abel Braga, os três internacionais acabariam afastados do grupo principal e, como castigo, seriam postos a treinar à parte.
Na sequência do polémico episódio, o médio, ainda durante a campanha de 1991/92, acabaria por regressar à Bulgária e ao Lokomotiv Plovdiv. Jogaria no emblema que o tinha formado durante mais 2 temporadas e meia. Ao fim do referido período e com vontade de dar o seu contributo, veria a pretensão de renovar contrato recusada pelos dirigentes. Acabaria por vincular-se aos rivais do Botev Plovdiv e, já em 1996, daria por terminada a sua caminhada como futebolista.
Anos mais tarde, já nas funções de treinador, voltaria àquele que ficaria ligado à sua carreira como o clube mais representativo.

1154 - POLEKSIC

Seria já como um futebolista experiente que Poleksic entraria em Portugal para reforçar o Desportivo de Chaves. Vindo do Hajduk Kula, a chegada ao emblema transmontano na temporada de 1996/97, revelaria um guardião que, apesar do físico imponente, muitas vezes acabaria criticado pela inconstância exibicional. Talvez por essa razão, o atleta montenegrino haveria de encontrar algumas dificuldades em impor-se no “onze” flaviense. Em 2 temporadas participaria em pouco mais do que meia dúzia de pelejas e, em 1998, decidiria mudar o rumo à sua carreira.
A transferência para o Campomaiorense, daria ao guarda-redes uma maior visibilidade. Ao ser chamado a jogar grande parte das jornadas do Campeonato Nacional de 1998/99, Poleksic veria a sua cotação subir. Para melhorar ainda o seu valor, a Taça de Portugal, desse mesmo ano, serviria para que vivesse um dos momentos altos da sua caminhada competitiva. Depois de ajudar os “Galgos” a atingir a final da “Prova Rainha”, o guardião também marcaria presença no derradeiro “match” da competição. No Estádio Nacional do Jamor acabaria escalonado como titular. Porém, não seria capaz de desviar o remate de Ricardo Sousa e, com isso, evitar a vitória do Beira-Mar por 1-0.
Após a primeira temporada realizada com as cores da colectividade alentejana, começariam a emergir alguns emblemas que, de Espanha, passariam a rondar o atleta. No entanto, nenhum dos “namoros” daria a azo a uma união – "Quero esquecer tudo. É verdade que houve uma proposta do Alavés e de outro clube espanhol. Não escondo que desejava actuar nesse campeonato, um dos melhores no Mundo. Mas creio que vou ficar em definitivo no Campomaiorense, esta temporada. O melhor é não falar mais deste assunto"*.
Ironicamente, depois de recusadas as propostas endereçadas da “La Liga”, Poleksic haveria de começar a perder alguma preponderância nas estratégias do Campomaiorense. Depois de 2 temporadas em que, mais uma vez, poucas seriam as vezes em que veria o seu nome arrolado para os desafios das provas nacionais, o guardião regressaria ao norte do país. Como atleta do Sporting de Espinho, ainda que na 2º divisão, o guardião voltaria a destacar-se como um dos elementos mais importantes no grupo de trabalho.
Mesmo com a sua preponderância a ser sublinhada por boas exibições, os “Tigres”, na época 2001/02, transformar-se-iam no derradeiro emblema de Poleksic em Portugal. Após uma única temporada com os da Costa Verde, seguir-se-ia o regresso aos Balcãs. De entre vários clubes representados, destaque para os anos com o FK Indjija. Na agremiação sediada na Província de Vojvodina, o guarda-redes acompanharia o conjunto nas diversas subidas de escalão, na chegada ao patamar máximo e, na temporada de 2010/11, tornar-se-ia no atleta mais velho de sempre a jogar na 1ª divisão sérvia.
Depois de mais um ano ao serviço do Hajduk Belgrado, 2012, com o guardião já bem acima dos 40 anos de idade, representaria o fim da sua carreira de futebolista. Poleksic, manter-se-ia ligado à modalidade, mas em tarefas diferentes. Como treinador de guarda-redes, para além da passagem por alguns clubes, realce para o trabalho realizado nas camadas jovens da selecção sérvia e, desde 2019, nos sub-21 do Azerbaijão.

*retirado do artigo de Nuno Martins, publicado em www.record.pt, a 27/07/1999

1153 - ADEMIR

Ao dar os primeiros passos da carreira desportiva em emblemas mais modestos, os anos ao serviço de Cianorte e Pinheiros levá-lo-iam ao Pelotas. A disputar o “estadual” de 1984 com as cores do emblema sediado no Rio Grande do Sul, Ademir Alcântara, médio-ofensivo de fino recorte técnico, boa visão de jogo e com uma enorme qualidade de passe, alimentaria outra das suas boas qualidades, a de goleador.
Depois de conseguir sagrar-se no Melhor Marcador da referida edição do Campeonato Gaúcho, o atleta transferir-se-ia para um dos históricos emblemas brasileiros. Já como jogador do Internacional de Porto Alegre, as suas exibições levariam até si convites saídos de emblemas europeus. Aceite a proposta do Vitória de Guimarães, o médio, em 1986/87, iria encontrar-se no Minho com um grupo de uma qualidade incrível. Comandados por Marinho Peres, o colectivo da “Cidade Berço”, composto por atletas como Paulinho Cascavel, Nascimento, Adão, Miguel, António Jesus, entre outros, atingiriam, logo na época de chegada de Ademir, o 3º posto no Campeonato Nacional e os quartos-de-final da Taça UEFA.
A temporada seguinte à da sua estreia em Portugal, com o Vitória Sport Clube a chegar à final da Taça de Portugal, também em termos individuais seria positiva para a projecção da carreira do médio. Com o Benfica e o FC Porto em inflamada disputa pelo seu concurso, Ademir acabaria por escolher o emblema lisboeta. Nas “Águias”, após uma campanha de 1988/89 em bom destaque, a chegada de Sven-Göran Eriksson iria contribuir para uma substancial mudança na importância do criativo atleta. Preterido pelo técnico sueco em favor de elementos mais fortes fisicamente, o jogador, no Verão de 1990, seria incluído no rol de jogadores a dispensar.
Ainda assim, a sua experiência na “Luz” teria capítulos de especial glória. Com destaque para a conquista do Campeonato Nacional de 1988/89, Ademir faria ainda parte do grupo que, em 1990, perderia a final da Taça dos Campeões Europeus frente ao AC Milan. Contudo, haveria outro momento de peculiar destaque, aquando da sua passagem pelos “Encarnados”. Com o objectivo de angariar fundos para ajudar as vítimas do incêndio do Chiado, organizar-se-ia um “amistoso” entre os melhores atletas de Portugal e do Brasil, a actuar em emblemas lusos. Chamado ao desafio pelo treinador Paulo Autuori, o médio ajudaria o improvisado “Escrete” a vencer por 2-1.
Boavista e Marítimo seriam os outros dois emblemas representados por Ademir durante os anos em Portugal. Sempre em plano de destaque, após a temporada de 1990/91 com os “Axadrezados”, a mudança do médio para a Madeira traria à sua caminhada outro momento de valor histórico. Com o 5º lugar da tabela classificativa de 1992/93 a dar ao conjunto insular, pela primeira vez na sua existência, o direito a um lugar nas provas europeias, a campanha seguinte levaria o emblema funchalense a participar na Taça UEFA. No embate frente ao Royal Antwerp, o médio seria chamado a jogo, em ambas as mãos. Porém, frente ao conjunto belga, não conseguiria evitar a eliminação da sua equipa.
De regresso ao país natal em 1994, Ademir ainda representaria Mogi Mirim e Coritiba. Em 1996 decidir-se-ia pelo fim da caminhada enquanto futebolista e acabaria também por desligar-se da modalidade. Passaria a dedicar-se a outros negócios e, juntamente com Nenê, seu antigo companheiro de balneário no Vitória de Guimarães, abriria uma empresa de construção civil.

1152 - MARCONI

Chegaria do Sport Recife para, na temporada de 1973/74, reforçar o plantel do Gil Vicente. Já no Minho, às ordens do técnico Joaquim Meirim, o jovem ponta-de-lança começaria a destacar-se como um atleta que, com ambos os pés e com a cabeça, sabia atacar bem a bola. Alto e com uma boa técnica, a panóplia de habilidades que exibia em campo, onde, para além dos golos, também ficaria conhecido pela capacidade de municiar os seus colegas de equipa, alimentar-lhe-iam a ambição para outros voos. Nesse sentido, as 2 campanhas passadas ao serviço do emblema de Barcelos, sempre na 2ª divisão, serviriam para que o Sporting de Braga visse nele um elemento de valor.
A mudança para a capital de distrito em 1975, faria com que Marconi conseguisse estrear-se no principal escalão nacional. Todavia, e com uma primeira temporada em que, como titular, participaria na grande maioria das pelejas do Campeonato, a época seguinte à da sua chegada aos “Arsenalistas”, desenovelar-se-ia em desempenhos mais discretos. Ainda assim, dessa campanha de 1976/77, o avançado haveria de retirar um par de momentos inesquecíveis. O primeiro, a vitória na única edição da Taça da Federação Portuguesa de Futebol e, para terminar o ano desportivo, a chegada dos bracarenses à final da Taça de Portugal.
Regressaria a Barcelos para, com a temporada de 1977/78 ao serviço do Gil Vicente, encetar um longo período a disputar o patamar secundário. Para além dessa travessia longe das principais batalhas do nosso futebol, essas 8 épocas caracterizar-se-iam, igualmente, por outra curiosidade. De forma errante, Marconi mudaria de emblema a cada final de campanha. Lusitânia de Lourosa, Desportivo de Chaves, Recreio de Águeda, Ginásio de Alcobaça, Académica de Coimbra, Riopele e Desportivo das Aves, durante o referido intervalo, acabariam por colorir a caminhada do avançado.
Mesmo na 2ª divisão, as temporadas aí vividas não surgiriam desprovidas de emoção competitiva. Se depois de auxiliar o Ginásio de Alcobaça à conquista da promoção ao escalão maior, não seria escolhido para acompanhar o conjunto da Região Oeste nessa aventura, já com as cores do Desportivo das Aves, após ajudar a idêntico feito, o seu nome não seria riscado do rol de atletas chamados às disputas primodivisionárias. Com tal subida, a temporada de 1985/86 tornar-se-ia na 3ª do atleta ao mais alto nível. No entanto, com a carreira já em fase descendente e com uma grave lesão a atrapalhar os seus desempenhos, em poucos jogos participaria. Seguir-se-ia o Desportivo de Bragança e, muito mais do que assinalar o fim da sua carreira como praticante, a colectividade transmontana transformar-se-ia na etapa de transição para outras tarefas dentro do futebol.
Como treinador, para além do passo destapado no parágrafo anterior, Marconi trilharia os primeiros anos no desempenho de tais funções na 2ª divisão. Mais tarde voltaria a ligar-se ao emblema que o tinha acolhido aquando da sua chegada a Portugal. No Gil Vicente, quase sempre como adjunto, acrescentaria traquejo ao seu currículo. Destaque para a temporada de 1996/97, durante a qual, depois do afastamento de Fernando Festas, passaria, no escalão máximo, a assumir o papel de treinador-principal.

1151 - DUDA

Com a derradeira parte do trajecto formativo a ser cumprido ao serviço do Vitória de Guimarães, seria também por essa altura que Duda começaria a ser chamado aos patamares jovens da selecção nacional. Com entrada nos sub-17, para, de seguida, representar os sub-18 lusos, seria nessa caminhada que venceria o primeiro grande título de uma carreira ainda a dar os passos iniciais. Com o triunfo de Portugal na edição de 1999 do Campeonato Europeu da última categoria referida, também a sua cotação subiria. No entanto, a decisão tomada de seguida, faria emergir o seu futuro em aparente contraciclo.
Na altura de fazer a transição para o universo sénior, a escolha de Duda recairia num emblema do 3º escalão espanhol. Atleta do Cádiz a partir da temporada de 1999/00, a aposta que inicialmente poderia parecer pouco ambiciosa, não tardaria a dar resultados. Depois de uma primeira campanha algo discreta, a época seguinte revelá-lo-ia como um elemento basilar na estratégia do conjunto andaluz. A preponderância assumida, levaria os responsáveis do Málaga a olhar para o esquerdino como um bom reforço. Nesse sentido, a troca de emblemas acabaria por dar ao atleta a oportunidade para conseguir estrear-se no principal patamar da “La Liga”.
Após a temporada de 2001/02 com os “Boquerones” e, depois de ajudar à conquista da Taça Intertoto de 2002/03, já no decorrer da última temporada aludida seguir-se-ia um empréstimo ao Levante. Após um ano de cedência, de volta ao La Rosaleda, Duda aproveitaria o regresso para assumir a titularidade. Como elemento fulcral do “onze”, a regularidade das presenças em campo dar-lhe-ia a estaleca suficiente para voos mais ambiciosos. Surgiria então o Sevilla e mesmo com uma ligeira perda de protagonismo em relação aos seus tempos no Málaga, a verdade é que a presença num plantel com ambições de outra monta, enriqueceria a caminhada profissional do atleta.
Com a transferência o jogador conseguiria acrescentar mais troféus ao seu palmarés. Por outro, para além das conquistas da Copa del Rey e da Taça UEFA de 2006/07 e, por fim, da Supercopa do ano seguinte, as 2 campanhas passadas com os “Blanquirrojos”, cimentadas por um trajecto crescente nos diferentes escalões da selecção, dar-lhe-iam o primeiro desafio com a principal “camisola das quinas”. Daí em diante, Duda passaria a ser um nome recorrente nas convocatórias de Portugal. Com a estreia a acontecer ainda na Fase de Qualificação para o Euro 2008, a chamada de Luiz Felipe Scolari ao embate frente à Bélgica encetaria uma caminhada que acumularia 18 internacionalizações e, já sob a alçada do seleccionador Carlos Queiroz, ficaria também marcada pela presença no Mundial de 2010.
Voltando ao seu percurso clubístico, Duda, depois da experiência sevilhana, mais uma vez envergaria o listado azul e branco do Málaga. Com mais 9 temporadas a somar às passagens anteriores, o médio, que também podia jogar em posições defensivas, tornar-se-ia no atleta com o maior número de partidas realizadas na história do clube. Naquele que, provavelmente, terá sido um dos períodos mais ilustres da existência da colectividade, a participação na Liga dos Campeões e a chegada, na campanha de 2012/13, aos quartos-de-final da competição, registar-se-ia como outro dos marcos do trajecto do futebolista português.
Ao pôr um ponto final na carreira em 2017, Duda acabaria por manter-se ligado ao emblema andaluz. Convidado para integrar os quadros técnicos, o antigo jogador passaria a desempenhar as funções de Observador das camadas jovens.

1150 - ZEZÉ GOMES


Descoberto no Cruzeiro de Belo Horizonte, Zezé Gomes mudar-se-ia para as camadas jovens do Fluminense para, rapidamente, ser chamado aos trabalhos da equipa principal. No entanto, a sua habilidade era inversamente proporcional ao sentido de responsabilidade. Apontado pela imaturidade, as tentações de uma cidade como o Rio Janeiro fariam com que o jovem atleta muitas vezes fugisse às responsabilidades enquanto atleta – “Titular do time de juniores, mais uma vez ele perdeu o horário de treino da manhã porque fora dormir de madrugada e não conseguiu levantar a tempo. Também era mestre em fugir da concentração: na volta, depois de uma boa noitada, bastava escalar o muro e pular a janela, que deixara apenas encostada”*.
Tais atitudes fariam com que os responsáveis pelos “Tricolores” decidissem ceder o médio-ofensivo ao Avaí. Já de volta às Laranjeiras, Zezé Gomes apresentar-se-ia ao grupo como um elemento mais responsável. A mudança comportamental levaria a que o atleta conseguisse, na plenitude das suas capacidades, dar um bom contributo à equipa. Dentro de campo passaria a apresentar-se como um futebolista de elevadas capacidades técnicas, com grande visão de jogo e até com um bom “faro” para o golo. No entanto, passados alguns anos após o regresso ao emblema carioca, os responsáveis pelo clube decidir-se-iam por novos “empréstimos”. Já com um Campeonato do Rio de Janeiro no currículo, seguiria para o Atlético Paranaense, onde também venceria o Estadual. Passaria ainda pelo América-RJ e, num interregno que o levaria até à primeira aventura em Portugal, envergaria as cores do Vitória de Guimarães.
A segunda experiência na Europa, já cedido a título definitivo, seria ao serviço do Sporting de Espinho. Depois das andanças em terras lusas na temporada de 1984/85, a entrada no plantel de 1987/88 dos “Tigres”, daria uma nova alma à caminhada de Zezé Gomes. Mesmo com uma primeira campanha discreta, daí em diante o médio brasileiro começaria a cotar-se como um bom intérprete do nosso Campeonato. Ainda assim, e depois de 2 épocas a disputar a 1ª divisão, a despromoção do conjunto da Costa Verde, levá-lo-ia, por alguns anos, a atravessar o patamar secundário.
União de Leiria, o regresso ao Sporting de Espinho e o Estrela da Amadora fariam parte desse trajecto pelo 2º escalão. Aliás, seria no emblema da Linha de Sintra que Zezé Gomes voltaria a provar a sensação das pelejas primodivisionárias. Na Reboleira, durante a temporada de 1993/94, o médio, ao retornar ao convívio dos “grandes”, jogaria pela última vez na 1ª divisão. Seguir-se-ia o Campomaiorense orientado por Manuel Fernandes e, numa carreira que terminaria em Portugal em meados dos anos 90, outros emblemas de menor monta.

*retirado do artigo de Hideki Takizawa, publicado em “Placar Magazine”, a 27/08/1982

1149 - MELO

Ao terminar a formação no União de Coimbra, seria também no emblema beirão que Joaquim Melo teria a oportunidade de iniciar-se como praticante sénior. Com os primeiros passos a dá-los na temporada de 1967/68, o jovem guardião, nas épocas seguintes, tornar-se-ia num dos suportes das subidas do clube desde a 3ª divisão até ao patamar máximo. Nesse sentido, para a colectividade conimbricense e para o atleta, a campanha de 1972/73 inscrever-se-ia como memorável e permitiria a estreia do conjunto e do futebolista no escalão maior.
Seria a referida última temporada que, com a titularidade de Melo a revelar boas exibições, permitiria um novo salto na sua carreira. Surgiria, então, o convite do Belenenses. A mudança para Lisboa, embora com uma temporada inicial em que não jogaria, confirmaria, nas campanhas subsequentes, um futebolista de cariz primodivisionário. Durante essa passagem de 4 anos pelo Restelo, o guardião acabaria convocado aos trabalhos da selecção nacional. Infelizmente, tal como já tinha acontecido nas chamadas ao escalão de juniores, o jogador não conseguiria estrear-se pela principal “equipa das quinas” e, no currículo, nunca veria inscrita a tão almejada internacionalização “A”.
Em relação às cores nacionais, Melo viria a ter a oportunidade de entrar em campo com a camisola lusa. Tal episódio aconteceria já o guarda-redes fazia parte do plantel do Vitória Sport Clube. Ao mudar-se para Guimarães na temporada de 1977/78, o jogador daria seguimento ao bom trabalho realizado pelo Belenenses. Como titular do emblema minhoto, a presença regular no “onze” levá-lo-ia a ser chamado, em Março de 1978, à equipa “b” de Portugal. No Estádio José de Alvalade, frente à congénere gaulesa, a sua presença entre os postes serviria para selar o “placard” em 1-1.
Com a chegada de Vítor Damas à “Cidade Berço”, o guarda-redes acabaria por perder a preponderância conquistada nos dois primeiros anos. Curiosamente, depois dessa campanha de 1980/81, em que pouco jogaria, os responsáveis pelo Sporting decidiriam apostar na sua presença no plantel para fazer concorrência a Meszaros e, um par de temporadas mais tarde, ao também internacional húngaro, Béla Katzirz. Com tão forte competição por um lugar à baliza, que também incluiria Delgado e Sérgio, Melo poucas oportunidades conseguiria para sublinhar o valor demonstrado em épocas anteriores. Ainda assim, a experiência em Alvalade valeria pelo enriquecimento do seu palmarés e a conquista do Campeonato Nacional de 1981/82 passaria a colorir a carreira do jogador.
Onde voltaria a vencer um troféu seria no Estrela da Amadora. Depois de um regresso ao Belenenses e de uma curta passagem pelo União da Madeira, a entrada no emblema da Linha de Sintra permitir-lhe-ia enriquecer a caminhada desportiva e entrar na história da colectividade. Na Reboleira a partir de 1986/87, a temporada seguinte à da sua chegada terminaria com os “Tricolores” a assegurar a subida, a primeira na existência do clube, ao escalão máximo do futebol luso. Já em 1989/90, ajudaria o conjunto a chegar ao derradeiro desafio da Taça de Portugal. No Estádio do Jamor, na final e na finalíssima, seria chamado pelo treinador João Alves para a “linha da frente” na peleja contra o Farense. A vitória por 2-0, conseguida no segundo encontro, permitiria ao atleta adicionar a conquista da “Prova Rainha” a uma caminhada desportiva bem rica.
Com o encerrar da temporada de 1990/91, e com o jogador a contar 41 anos de idade, dar-se-ia o final da sua carreira que, sem ter conseguido aferir a época em que tal aconteceu, também teria uma passagem pelos canadianos do First Portuguese. De seguida, dedicar-se-ia aos negócios e a uma loja consagrada à venda de artigos desportivos. Em paralelo, numa actividade em que ficaria sobejamente conhecido, começaria a comentar partidas de futebol na rádio e, hoje em dia, é uma presença assídua nos programas da Sporting TV.