394 - SUAZO

Praticamente da mesma idade, David Suazo e o seu primo Maynor Suazo começariam em paralelo as suas carreiras de futebolista. Mas nesses tempos, em que ambos já jogavam num dos principais emblemas do seu país, o Olimpia, quem se destacava era Maynor. Por essa mesma razão, quando a selecção S-20 das Honduras assegurou a presença no Campeonato do Mundo de 1999 dessa mesma categoria, David não era, nem de perto nem de longe, um dos nomes cogitados para o torneio disputado na Nigéria. Foi, então, que o seu primo pediu a José Herrera, o seleccionador, para que observasse melhor as qualidades de David. Assim foi... e agradou de tal modo que embarcou para África com a braçadeira de capitão!
O Mundial, com três derrotas em três jogos, poderia não ter sido uma grande montra para os atletas hondurenhos. No entanto, David Suazo, já com o seu estilo portentoso bem vincado, marcaria metade dos golos obtidos pela sua equipa, o que seria suficiente para que Óscar Tabárez nele reparasse.
Por essa altura, o conceituado técnico uruguaio trabalhava na Serie A italiana. À frente dos destinos do Cagliari, não teve dúvida que o jovem avançado, que ali despontava à sua frente, era um valor seguro, se não para o presente, pelo menos para um futuro muito próximo. Levou-o consigo. E se a sua primeira época no “Calcio”, dentro do que são os resultados esperados para uma adaptação a um contexto completamente diferente, até foi fraca, a partir daí todo o cenário mudou. Temporada após temporada, o seu físico poderoso, a velocidade estonteante, técnica e a capacidade goleadora que ia mostrando, dar-lhe-iam, não só o epiteto de "Pantera", mas, acima de tudo, transformá-lo-iam num dos activos mais valorizados do clube e num dos atletas mais acarinhados pela massa adepta do emblema da Sardenha. Nas oito épocas que por lá ficou - entre 1999/00 e 2006/07 - vários foram os desafios superados e barreiras que conseguiria quebrar. Ultrapassaria o record de golos numa só temporada, deixando para trás a antiga estrela do clube, Gigi Riva; seria eleito como o melhor estrangeiro a actuar em Itália; e teria, ele próprio, o orgulho de envergar a braçadeira de capitão.
Com o crescer das suas exibições, viria a ambição de outros clubes em o ter no seu seio. Milan e Inter colocar-se-iam em boa posição no intento de o contratar... mas claro, entre rivais, nada melhor de que uma boa polémica para apimentar todo o processo. Primeiro foram os "Rossoneros" a anunciar oficialmente a sua contratação, com o Presidente do Cagliari a confirmar a transferência. Mas pelo que se sabia, dias antes, um acordo, pelo menos de forma apalavrada, tinha sido selado com os "Neroazzurri". O representante do atleta veicularia que não havia validade qualquer na suposta ligação com o Milan. Mas seria o avançado a pôr, definitivamente, um ponto final em toda esta confusão, quando veio a público dizer que mantinha o acordo com o Inter - "Prometi e não fugi ao acordo que tinha com eles”.
A sua passagem pela cidade de Milão, se à partida já não se adivinhava nada fácil, veio confirmar que a concorrência de craques como Ibrahimovic, Julio Cruz, Adriano ou Crespo, era forte demais, dando a Suazo poucas oportunidades para mostrar o seu valor.
Com o "Scudetto" no currículo, mas com o banco de suplentes como o melhor dos cenários para o seu futuro, o atacante decide mudar de ambiente e, por empréstimo, viajar até Portugal. Com a camisola do Benfica, com uma grave lesão pelo meio, a sua prestação também não foi a melhor. Mesmo assim, Suazo haveria de ter conseguir um lugar na história das "Águias", não tanto pela primeira Taça da Liga conquistada pelo clube (2008/09), mas porque foi dele a autoria do golo "Encarnados" 5000, no Campeonato.
O resto da sua carreira, à excepção da presença no Mundial 2010 na África do Sul, pautou-se, muito por culpa do agravamento de problemas a nível de um dos joelhos, por um crescendo declínio da sua, outrora invejável, condição física. Suazo, em Março deste ano (2013), acabaria, de forma muito emocionada, por anunciar o fim da sua vida desportiva - "Sinto-me muito agradecido por tudo aquilo que foi a minha carreira futebolística (...). Estou contente comigo mesmo, por tudo aquilo que consegui".

393 - CLINT

Numa altura em que pareceu moda os jogadores de Trinidad e Tobago virem para Portugal, Clint, igualmente para a Académica, chegaria como mais um dos reforços para o ataque. Ele que no seu país natal se habituara, pelo United Petrotrin, a lutar por títulos, enfrentava agora, com a sua chegada a este lado do Atlântico, uma realidade completamente diferente da vivida por si até então, a Divisão de Honra. Foi neste contexto de escalões secundários que o avançado viveu nos anos que se seguiram ao da sua estreia por relvados lusos.
Apesar de ter chegado a contribuir, em 1992/93, para a subida do Vitória de Setúbal ao patamar maior do nosso futebol, Clint só pisaria esses mesmos palcos três anos depois, representava à altura o Felgueiras. Mais uma vez acompanhado do seu conterrâneo Leonson Lewis (tinham partilhado o balneário na "Briosa"), essa temporada de 1995/96, não correria de feição para o pequeno atacante. Não sendo uma das escolhas prioritárias de Jorge Jesus, ainda assim, Clint, saindo maioritariamente do banco de suplentes, acabaria por fazer os jogos suficientes para que de Inglaterra reparassem nas suas capacidades.
Não tendo uma estatura imponente, terá sido a sua velocidade a cativar os responsáveis técnicos do Barnsley. A prova da confiança nele depositado, reflectia-se na sua constante presença na lista titular da equipa inglesa. Rapidamente, com a maneira apaixonada como se entregava aos desafios, conquistou os adeptos. Contudo, aquilo que o transformaria, para sempre, como um dos heróis do clube seria o segundo golo conseguido, no final dessa temporada de 1996/97, frente ao Bradford, e que selaria em definitivo a subida à "Premier League".
Depois de acompanhar o Barnsley na sua aventura primodivisionária, e de novo com eles ter vivido a tristeza da despromoção, o internacional tobaganho, entrou numa fase da sua carreira, digamos em tom de eufemismo, "sui generis". A vaguear pelos escalões inferiores, inclusive por colectividades amadoras, Clint, entre 1998/99 e 2005/06 (8 épocas), representaria 13 clubes diferentes.
Já depois de terminada a carreira de futebolista, Clint, sempre ligado à modalidade que mais o apaixonou, foi abraçando outras funções. Como técnico, para além de orientar o North East Stars FC, teve também o prazer de ser chamado para treinador adjunto da Selecção Olímpica do seu país, a qual disputou a qualificação para os Jogos de Londres 2012. Paralelamente, abriu a sua escola de formação, a "Clint Marcelle Football Academy".

392 - KIROVSKI

Facilmente nos lembramos de um punhado de jogadores que, apesar da sua inquestionável qualidade, nunca tiveram grande sorte no caminho que traçaram. Já outros, apesar de mais discretos na hora de "jogar à bola", parecem ter conseguido estar no local certo à hora certa. Um desses casos é Jovan Kirovski.
Desde muito novo considerado como um dos jogadores mais promissores a nível planetário, o ainda adolescente, viu-se a caminho de Inglaterra como uma das apostas do Manchester United. Acabando a formação sob o olhar atento de Sir Alex Ferguson, a sua passagem para a equipa principal acabaria por nunca acontecer em concreto. Ainda assim, o jovem atacante começava, por essa altura, a ser uma das figuras habituais nas convocatórias da equipa nacional norte-americana. Em 1994, com 18 anos apenas, faz a sua estreia, e em 1996 é chamado para disputar os Jogos Olímpicos, realizados, nesse ano, na cidade de Atlanta.
Apesar de a sua estadia em Inglaterra ter ficado bem aquém do que dele era esperado, o Borussia Dortmund, uma das equipas mais fortes no panorama futebolístico em meados de 90, decide continuar a acreditar no seu potencial valor. Mais uma vez não sai da sombra de outros craques, como Karl-Heinz Riedle, Stéphane Chapuisat, Lars Ricken ou o português Paulo Sousa. No entanto, como já havíamos referido, o avançado parecia saber (ou teve apenas sorte) escolher as suas cores como ninguém... é que logo no ano da sua estreia pelos alemães, 1996/97, estes haveriam de se consagrar, e Kirovski também, como os vencedores da Liga dos Campeões.
Foi depois da sua inglória passagem pela Alemanha, onde ainda vestiu as cores do Fortuna Köln e onde ainda venceria uma Taça Intercontinental, que o Sporting, acabado de se sagrar campeão, acha que é a altura certa para reforçar o sector mais ofensivo com nomes de gabarito internacional... e Kirovski haveria de ser uma dessas escolhas!!! Novamente sem relevância desportiva no clube, o atleta americano acaba por ser, mais uma vez, abençoado na sua escolha. É que no final da temporada onde, entre equipa principal "Verde e Branca" e "BB", nem uma dezena de partidas disputaria, Kirovski pôde acrescentar ao seu currículo mais um troféu, desta feita a Supertaça portuguesa de 2000/01.
Os anos que se seguiram nada mais trouxeram de relevante à sua vida profissional. Finalmente, e já depois de regressar a Inglaterra, onde envergaria as cores de Cristal Palace e Birmingham, Kirovski volta ao seu país natal. Digo "finalmente", não por uma questão jocosa ou de cariz depreciativo, mas porque foi a partir desta altura que, por fim, o avançado conseguiria mostrar as suas tão esperadas capacidades.
Após representar equipas como os Colorado Rapids, São José Earthquakes e L.A. Galaxy, Jovan Kirovski, depois de nesta última ter "pendurado as chuteiras", faz, hoje em dia, parte do "staff" técnico do dito emblema californiano.

391 - PETER HINDS

Seria no ano do seu 4º aniversário (1966) que os Barbados sairiam debaixo da soberania britânica. No entanto, como se tornou habitual nos anos que se seguiram à independência deste pequeno país situado na zona mais oriental das Caraíbas, o crescente fluxo migratório em direcção à antiga metrópole, fizeram com que a sua família deixasse o seu país natal para procurar nova vida em Inglaterra.
Por certo, seria muito mais romântico dizermos que, já por esta altura, era o futebol a sua grande paixão, mas, sinceramente, não sabemos. O que é verdade, é que os seus primeiros registos como futebolista sénior aparecem já depois de Peter Hinds ter deixado a Armada Britânica. Foi então depois de pendurada a farda militar que o avançado começou a jogar à bola de forma, digamos, mais organizada. Depois de, nos escalões amadores do seu país de acolhimento, ter vestido a camisola de clubes como o Enfield ou os Bishop Auckland, surge então a sua primeira aventura no estrangeiro.
Por esta altura na sua vida, para Peter Hinds, mormente por razão das suas antigas funções, viajar já não era uma grande novidade. Já a nível desportivo, esta sua nova etapa, haveria de lhe trazer mudanças significativas... ou não fosse a mesma levá-lo ao profissionalismo e, ainda por cima, ao Japão!!! No Fujita Kogyo (actualmente conhecido por Shonan Bellmare), Peter Hinds rapidamente passaria do estatuto de desconhecido para herói do clube nipónico e, acima de tudo, da divisão maior daquele país.
Terá sido esse estatuto de "nova estrela" que levou o Dundee United, nome maior no futebol escocês, a apostar em si. Assim, no começo da temporada de 1989/90, o ponta-de-lança regressa às ilhas britânicas. Claro que manter o estatuto de vedeta não lhe foi fácil. Aliás, as suas prestações pelos "The Terrors", que ainda assim o fizeram estrear-se nas competições europeias, rapidamente o puseram a caminho do banco de suplentes.
Terá sido para contrariar este novo contexto na sua carreira que, passado um ano após a sua chegada, aceita uma nova proposta vinda do estrangeiro. Desta feita por empréstimo, o atacante parte para uma nova aventura que o põe na rota de Portugal. No Marítimo, a sua primeira temporada corre de feição, com o atleta a conseguir impor nas áreas adversárias o seu poderio físico e capacidade finalizadora, acabando por se tornar no principal artilheiro "Verde-Rubro". Mas se o Campeonato de 1990/91, acabaria por revelar um Peter Hinds goleador, o que viria estava bem longe do esperado e as épocas seguintes (91/92 no Marítimo; 92/93 no Gil Vicente) mostrariam um jogador bem mais apagado e perdulário.
Os últimos anos como jogador, isto depois de um interregno durante o qual ninguém parece ter sabido do seu paradeiro, levá-lo-iam às Ligas da Irlanda do Norte. Depois de representar emblemas como o Ards, PSNI, Brantwood ou Knockbreda, Peter Hinds abraçou, também em contexto amador, a carreira de treinador.

390 - FERNANDO AGUIAR

Depois de, com dois anos apenas, ter, juntamente com a sua família, emigrado para o Canadá, este natural de Chaves, haveria de ter a sua primeira grande paixão no desporto, influenciado, por certo, pela cultura da nação que o adoptou, através do hóquei no gelo. Chegou praticar a dita modalidade com sucesso, mas um dia o seu primo, de partida para uma férias em Portugal, perguntou-lhe se o queria substituir na sua equipa de "soccer". Fernando Aguiar concordou. Foi então fazer os respectivos testes e tendo agradado ao treinador, por lá ficou... a jogar a ponta-de-lança!!!
Depois de passar por alguns clubes canadianos - Oshawa, onde se sagraria campeão, ou os Toronto Blizzard -, Fernando Aguiar, por essa altura já feito "trinco", haveria de ter a oportunidade de se treinar à experiência no Marítimo. Mais uma vez conseguiria convencer os responsáveis técnicos da sua utilidade dentro do plantel, e, mesmo sem ser muitas vezes chamado ao "onze", por lá ficou durante a temporada de 1994/95. A meio surge a convocatória da equipa nacional canadiana, e Fernando Aguiar, que até já tinha representado, noutras categorias, o seu o país de acolhimento, faz a sua estreia pela selecção principal. A partida, curiosamente, seria frente a Portugal no mítico torneio "SkyDome", de onde, se ainda bem se lembram, a "Equipa das Quinas" sairia com o troféu.
De seguida, depois do pouco sucesso com a camisola "Verde-Rubra", a sua carreira haveria de sofrer um pequeno deslise, e os anos que se seguiriam passá-los-ia militando nas divisões secundárias portuguesas. Contudo, a sua atitude na vida sempre foi idêntica à vivida dentro dos relvados e o médio-defensivo, lutador como ninguém, acabaria por ver recompensada a sua perseverança quando, na época de 1999/00, o Beira-Mar consegue a promoção ao escalão máximo do nosso futebol. A partir daí conseguiria, ao mais alto nível, mostrar as suas qualidades, as quais faziam dele um praticante pouco, ou mesmo nada, elegante no trato da bola, mas essencial na recuperação defensiva da mesma.
Terão sido essas suas características - agressividade dentro de campo; abnegação; poder físico; capacidade de desarme - que fizeram com que o Benfica quisesse, mesmo já tendo o jogador à altura 29 anos, apostar no seu contributo.
Não só para ele, adepto das "Encarnados" desde pequeno, mas para toda a sua família (a mãe chegou a ser Presidente da Casa do Benfica de Toronto), esse momento haveria de ser um concretizar de um grande sonho. À "Luz" chegaria num momento de transição. O clube tinha recentemente acabado de sair de uma das piores fases da sua história e a chegada de um novo Presidente anunciava mudanças. Mas se a primeira temporada (2001/02) acabaria com um empréstimo à União de Leiria, já a sua segunda passagem, sob o comando de José Camacho, teria outro sabor, com Fernando Aguiar a ser um dos mais utilizados e, principalmente, pela vitória na Taça de Portugal dessa época, a de 2003/04.
Curiosamente, talvez não tanto se atendermos à sua idade (32 anos), essa partida do Jamor marcaria o fim da vida de "Águia" ao peito. Tenta então a Suécia, mas uma lesão no menisco, faz com a sua passagem pelo Landskrona pouco mais de insignificante tenha sido.
Regressa a Portugal e depois de representar Penafiel e Gondomar, decide-se pelo fim da carreira.
Hoje em dia abandonou o futebol, do qual diz ser "como a política" e no qual "é preciso ter cunhas e puxar o saco o máximo". Afastou-se e preferiu uma actividade completamente diferente - é, juntamente com a sua esposa, proprietário de um cabeleireiro.

389 - ALEX

A primeira aparição digna de registo por parte de Alex, remonta ao Mundial de S-20 na antiga União Soviética. Já por esta altura, 1985, o avançado nascido na Guiana, mas de nacionalidade canadiana, era uma das promessas do futebol do seu país. Por essa razão, a sua estreia na principal equipa da sua selecção não tardou, aliás aconteceu no ano seguinte. Curioso também, é a sua participação, em paralelo com o "futebol de 11", no primeiro Mundial de futsal, disputado em 1989 na Holanda.
Nos tempos que seguiram, Alex, apesar das suas incontestáveis qualidades ofensivas, haveria quedar-se apenas pelos, pouco representativos, campeonatos canadianos. A verdade é que a sua veia goleadora, tornava equipas como os Hamilton Steelers, os Toronto Blizzard ou ainda os Supra de Montréal, pequenas demais para si. Assim não foi de estranhar, talvez apenas por ser tardia, a aposta que surgiria do West Ham. Nessa temporada os de Londres, apesar da inequívoca ambição de subirem de escalão, militavam apenas na segunda liga inglesa. Nada dista conjuntura parecia desmotivar o ponta-de-lança... muito pelo contrário! Este cenário era o ideal para que Alex, agora já com 25 anos de idade, pudesse, definitivamente, afirmar-se no, mais do que merecido para si, futebol europeu. No entanto esse objectivo ficaria bem longe de ser alcançado. Com a concorrência de internacionais como a do inglês Clive Allen, ou a do escocês David Speedie, Alex veria a ambição muito comprometida, jogando somente cerca de uma mão cheia de partidas.
Quando já se previa um cabisbaixo regresso ao Canadá, surge então, em jeito de segunda oportunidade, o Marítimo. No Funchal, Alex haveria de dar uma reviravolta à sua carreira. Logo na época de estreia, 1993/94, entra em campo frente ao Antwerp, naquela que seria a primeira participação dos insulares nas provas da UEFA. Na segunda temporada é dos principais autores da caminhada até ao Jamor, a qual, infelizmente para os "verde-Rubro" acabaria numa derrota por 2-0 frente ao Sporting.
Alex, com seu forte jogo de cabeça, sentido posicional de excelência e um faro para o golo bem acima da média, facilmente passou de desconhecido para um dos predilectos dos adeptos e massa associativa dos madeirenses. Muito para acima disso, Alex ficará nos registos do emblema por ter conseguido, nas 6 temporadas em que por lá esteve, tornar-se no melhor marcador de sempre da sua história.
Alex, já na fase descendente da sua carreira, regressaria ao Norte do continente americano, mas desta feita aos Estados Unidos. À sua espera estava um contrato na "Major League Soccer" com os Kansas City Wizards, clube onde terminaria a sua vida de futebolista, e onde, actualmente, joga um dos seus filhos - o internacional pelos Estados Unidos, Teal Bunbury.

388 - LATAPY

Desde tenra idade que a sua habilidade levou-o a ser chamado aos trabalhos dos escalões jovens da selecção de Trinidad e Tobago. O "Pequeno Mágico", alcunha pela qual ficou conhecido no seu país natal, desde cedo revelaria uma grande empatia com a bola. A sua técnica apurada e uma visão de jogo excepcional, aliados a uma capacidade de passe milimétrica, rapidamente fizeram dele um dos melhores a actuar no seu país, título que conquistaria por 4 vezes durante a sua carreira.
Já depois de ter recusado, em prol de continuar a praticar profissionalmente a modalidade que o apaixonava, um convite para estudar nos Estados Unidos, Latapy assina pelos jamaicanos do Portmore United. É, então, por essa altura que o seu agente entrega aos responsáveis da Académica uma cassete de vídeo com partidas disputadas por si. Os dirigentes do emblema de Coimbra não hesitam e imediatamente fecham o negócio.
Na "Briosa" encontra-se com o técnico Vítor Manuel. Depois de uma fase inicial de normal adaptação, o treinador português rapidamente entende o poderio do médio, entregando-lhe o comando da equipa dentro de campo - "Aos 21 (idade de Latapy aquando da sua chegada a Portugal) este homem compreendeu o que eu conseguia fazer e mudou o sistema de jogo da equipa para se enquadrar com a minha maneira de jogar. Eu tinha o papel do "jogador solto"."
Terá sido, por ventura, esta sua capacidade de liderar todo um "onze", que fez com o FC Porto visse nele alguém com qualidades, mais do que suficientes, para integrar o seu plantel. Em 1994/95, depois de 4 temporadas com os "Estudantes", Latapy segue para Norte, para a cidade do Porto.
Habituado a ser titular indiscutível, como seria esperado, Latapy vai encontrar outro cenário no Estádio das Antas. Sem conseguir entrar na equipa inicial de uma forma regular, o médio ofensivo, ainda assim, mantem-se como um dos atletas mais utilizados. Nesses dois anos de "Dragão" ao peito, contribui para a conquista de dois Campeonatos e, acima tudo, torna-se no primeiro futebolista tobaguenho a participar na Liga dos Campeões.
A sua segunda aventura europeia dá-se, já depois de ao serviço do Boavista, ter vencido uma Taça de Portugal, a de 1996/97, e a Supertaça do ano seguinte. Na Escócia começa ao por vestir a camisola do Hibernian. Depressa se torna num dos favoritos dos adeptos, mas tudo muda quando, por razão de uma noite de copos com o seu conterrâneo Dwight Yorke, é apanhado pela polícia a conduzir bêbado. Na sequência do incidente, acabaria também, devido à quebra dos regulamentos internos do clube, por ser despedido.
No entanto, nem tudo pareceu perdido e em jeito de segunda chance, é a essa sua dispensa que faz com que o Rangers o contrate. Ironia da vida, logo no decorrer do seu primeiro ano de contrato, o holandês Dick Advocaat é despedido e é contratado para o seu lugar Alex McLeish, o mesmo que o havia mandado embora do "Hibs". Não é fácil de adivinhar que a vida do "número 10" não ficou, em nada, facilitada. O desfecho era previsível, e com a desculpa de que o plantel precisava de "sangue novo", Latapy seria posto na lista dos jogadores a preterir.
Seguiu-se, depois ainda do Dundee Utd, o Falkirk. Por esta altura, sem grandes emoções na sua vida profissional, Latapy haveria, no entanto, de ter ainda uma enorme alegria. Com a fase de qualificação para o Mundial de 2006 a decorrer, a intervenção de Dwight Yorke leva Latapy a revogar a sua decisão, tomada anos antes, de abandonar a selecção. A sua contribuição acabaria por ser preponderante e os "Socca Warriors", depois de disputado o "play-off" de acesso, atingiriam a fase final do dito certame, onde Latapy, com 37 anos, se torna no 2º jogador mais velho do torneio.
Já no início deste defeso (2013/14), Latapy, no seguimento da sua carreira como treinador, a qual já o levou ao comando de Trinidade e Tobago, aceitou o convite de Petit. É hoje um dos seus adjuntos, naquele que é o seu regresso a Portugal e, neste caso concreto, ao Boavista.

387 - LEWIS

Tendo também seu pai sido jogador de futebol, Lewis, desde tenra idade, começou a ter contacto com a modalidade. As idas regulares ao estádio para a assistir às partidas do seu progenitor, o ajudá-lo a arrumar o saco com o equipamento, foram acalentando ao jovem o sonho de um dia seguir as pegadas daquele que haveria de ser o seu primeiro ídolo. Começou como guarda-redes, mas a insistência do seu pai para que passasse a jogador de campo, levá-lo-ia, mais tarde, a optar pelo ataque.
Atleta possante, mas sem nunca por isso perder aquela que era a sua melhor característica, a velocidade, Lewis, rapidamente, começa a dar nas vistas naquele que era o universo futebolístico tobaguenho de meados dos anos 80. Com a maioridade ainda há pouco transposta, o extremo chega a selecção nacional do seu país e cumpre um dos seus desejos de menino, alvo, tanta vez, das suas preces - "Quando ainda era um jovem jogador, lembro-me que havia noites em que rezava na minha cama: «Senhor, se eu pudesse apenas jogar pela equipa nacional, eu porto-me bem.»".
O segundo grande passo na sua carreira aconteceu quando um seu compatriota, e companheiro de aventuras desportivas, o aconselhou aos jamaicanos do Portmore United. Latapy, nome bem nosso conhecido, via assim chegar ao clube um amigo. O mais engraçado é que dali, os dois, partiriam para nova aventura, desta feita uma bem maior, desta feita o destino era Portugal.
Com o objectivo de confirmar as habilidades de Latapy, os responsáveis da Académica pedem ao seu agente para ver alguns vídeos. É nessa altura que reparam que numa das alas da equipa jamaicana também jogava um jovem com imenso potencial. O pedido especial é então feito, e de Coimbra vem a proposta, não de comprar só o médio ofensivo, mas de trazer ambos os atletas. Assim foi feito e em 1990 Lewis atravessa o Atlântico para experimentar o futebol europeu.
Com as normais dificuldades de adaptação, tanto em termos de estilo de vida como a nível de métodos de treino, Lewis lá se foi aguentando... e, digamos, até muito bem!!! Afinal, sempre foram 13 anos da sua vida que por cá passou. Envergou a camisola de diversos emblemas, como: a da, já referida, Académica; a do Felgueiras; a do Desportivo de Chaves; a do Estrela da Amadora; a do União de Lamas e a do Boavista. Aliás, seria ao serviço das "Panteras" que Lewis venceria um dos mais importantes títulos da sua carreira, a Taça de Portugal de 1996/97.
Depois do regresso definitivo ao seu país natal e de no W-Connection Football Club, colectividade onde havia chegado a sénior, ter decidido por um ponto final na sua carreira, Lewis abraçou novas funções no desporto que desde sempre o apaixonou, começando, desse modo, a treinar as camadas jovens do dito clube.

386 - NEGRETE

Dono de um considerável rol de golos extraordinários, haveria de ser o tento marcado nos oitavos-de-final do Mundial de 1986, frente à Bulgária, que, definitivamente, o revelaria aos olhos do mundo do futebol.
Conta-se que antes do começo da dita partida, Negrete confessaria a um colega de equipa que aquele haveria de ser o dia em concretizaria o golo que lhe abriria as portas da Europa. Javier Aguirre, muito para além de seu confidente nos momentos que antecederam a partida, haveria, também ele, de ser uma preciosa ajuda na concretização desse sonho, quando, à entrada da grande área, e ao receber a bola passada por Negrete, instantaneamente a devolve a este. Depois, veio um esplendoroso e espontâneo "pontapé de moinho", que ao bater o antigo guardião do Belenenses, Borislav Mihaylov, acabaria por abrir o marcador no Estádio Azteca (assista aqui ao vídeo).
Se foi este ou não o verdadeiro móbil para que Presidente João Rocha, logo nesse imediato defeso, usou para o ir contratar ao UNAM ("Pumas"), nunca haveremos de saber! O que é verdade, é que o antigo médio-ofensivo assinou pelo Sporting no Verão de 1986.
Com um passado desportivo, onde, por exemplo, se incluía a conquista de um Campeonato Mexicano e uma série de internacionalizações pelo seu país, Manuel Negrete era, à altura da sua chegada a Alvalade, um atleta bem rodado. Contudo, ao contrário do esperado para alguém com a sua experiência dentro do campo, o centrocampista encontraria enormes dificuldades em se adaptar ao futebol europeu.
Se, por um lado, a sua capacidade técnica elevada era, de longe, a sua melhor arma, por outro, a sua fisionomia franzina fragilizava-o. Demasiado exposto ao, tão típico deste lado de cá do Oceano Atlântico, forte contacto físico, Negrete ver-se-ia impedido de mostrar toda a sua habilidade. Assim, passado pouco tempo após a sua chegada, Negrete voltaria a partir. Ainda teve, por sinal bem mais efémera, uma passagem pelo Sporting Gijon. No entanto, pouco mais fez para justificar o estatuto de estrela com que havia chegado, à excepção, talvez, do golo conseguido, ainda em Portugal, frente ao Barcelona, a contar para segunda ronda da Taça UEFA de 1986/87 (assista aqui ao vídeo).
Depois de regressado ao México e de aí, durante mais uns bons anos, ter representado uns quantos emblemas do seu país natal, Negrete, já com 37 anos de idade, decide por um ponto final na sua vida nos relvados. Apesar deste fim, o agora ex-jogador, manter-se-ia ligado ao desporto e, maioria de razão, à modalidade que sempre praticara. Deste modo ocupou cargos como o de Director Desportivo da UNAM, dirigiu a "Asociación de Futbolistas Profesionales" (neste caso, ainda enquanto jogava), foi treinador do Atlante e, bem mais importante, seria nomeado "Subsecretario del Deporte".

385 - EARL

Com as portas de Portugal a serem abertas pelo convite da Oliveirense, Earl Jude Jean, seu nome completo, haveria de, primeiramente, vogar pelas divisões secundárias do nosso futebol. Só depois do emblema de Oliveira de Azeméis, de mais um ano ao serviço da União de Coimbra e de mais duas temporadas a envergar o verde e branco da camisola do Leça, é que o avançado nascido nas Caraíbas, teria a oportunidade de se mostrar nos grandes palcos nacionais. Essa sua primeira, e exclusiva, experiência na Primeira Divisão, coincidiria também com o único ano em que Felgueiras viria uma das suas colectividades desportivas chegar ao mais alto nível do futebol português.
Apesar das expectativas que o atingir desse patamar deverá ter criado, principalmente no que diz respeito ao querer dos jogadores em catapultar as suas carreiras, o conjunto do Tâmega, com Jorge Jesus ao leme, acabaria por não ir além da ante-penúltima posição na tabela classificativa. Contudo, essa temporada de 1995/96, mesmo não tendo o atleta sido uma das escolhas principais dentro do plantel, iria servir para Earl conseguir projectar as suas qualidades noutras Ligas profissionais dentro do "Velho Continente".
Apesar de ter uma estatura bem pequena, mas dono de uma velocidade bem acima da média, as suas correrias pelas alas do relvado, maioritariamente pela extrema direita do mesmo, levaria o internacional e capitão por St. Lucia, a prosseguir a sua profissão por terras de sua majestade. O contrato assinado com o Ipswich, clube habituado à Premier League, no entanto, à altura, a militar no segundo escalão britânico, levou Earl, a almejar outros horizontes. Mais uma vez o sonho não haveria, pelo menos para si, ganhar corpo, e após ter apenas participado numa partida, Earl seria cedido ao Rotherham.
Já depois de, ao lado de algumas das estrelas maiores a actuar em Inglaterra, por exemplo Dwight Yorke, ter, num particular, representado uma selecção caribenha, o atacante, ao transformar-se numa das estrelas do Plymouth, conseguiria dar um novo impulso à sua vida.
É verdade que os bons desempenhos pela equipa do Sul de Inglaterra levá-lo-iam ao Hibernian, mas na "Premier" da Escócia, com pouco mais de uma mão cheia de jogos, mais um vez, numa carreira em constantes altos e baixos, Earl voltaria a quedar-se pelas sombras.
Daí em diante regressaria às Caraíbas, mas desta feita a Trinidade e Tobago, onde acabaria por "pendurar as botas" e daria também os primeiros passos como treinador de futebol.

ESTRELAS DA CONCACAF

Terminada há dias mais uma edição da Gold Cup (o equivalente ao "Europeu" da confederação da América do Norte, Centro e Caraíbas), conquistada pelos Estados Unidos, lembramo-nos de que também por Portugal já passaram alguns jogadores nativos dessa mesma região do globo terrestre. Uns com mais destaque, outros com menos, ou uns com mais história do que outros, todos eles, sempre à sua maneira, espalharam o seu brilho pelas nossas provas futebolísticas. É para recordamos alguns desses atletas, que Agosto será dedicado em exclusivo às "Estrelas da CONCACAF"!!!