1203 - FRANQUE

Natural de Benguela, seria descoberto pelo Benfica, ainda a jogar em Angola. A viagem para Lisboa, levá-lo-ia a ser integrado nas “escolas” das “Águias” e a partilhar o balneário com nomes como João Alves, Jordão ou Shéu. Nesses primeiros anos, ao destacar-se no sector mais recuado das jovens equipas “Encarnadas”, Alfredo Franque ver-se-ia puxado para os trabalhos das camadas de formação da Federação Portuguesa de Futebol. Com os sub-18 nacionais, seria orientado por Peres Bandeira na discussão da edição de 1971 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Participaria em 4 das 5 partidas disputadas por Portugal na fase final e, como um dos titulares na derradeira peleja do certame disputado na antiga Checoslováquia, ajudaria a selecção a chegar ao 2º lugar do pódio.
Apesar de ser tido como um praticante promissor, a verdade é que na altura de subir a sénior, o defesa-esquerdo não veria emergir as esperadas oportunidades. Ao não conseguir mais do que marcar presença na equipa de “reservas” do Benfica, Franque encontraria no Boavista de 1972/73 a ocasião de apontar à estreia na 1ª divisão. Já um ano volvido sobre a sua chegada à “Cidade Invicta”, o regresso do lateral a Lisboa encetaria uma das ligações mais importantes da sua carreira. Contratado pelo Atlético, a passagem do jogador pelo emblema do popular bairro “alfacinha” começaria pelo escalão secundário. A promoção conseguida no final da campanha de 1973/74, devolvê-lo-ia às lides primodivisionárias e estabeleceria o atleta como uma digna personagem dos principais palcos do futebol luso. Aliás, os seus desempenhos, lado-a-lado com uma atitude de louvar, levá-lo-ia a ser visto como um digno exemplo para colegas e adversários e, por essa razão, chegaria a envergar a braçadeira de capitão dos alcantarenses.
Apesar da descida do Atlético em 1977, a qualidade patenteada por Franque levá-lo-ia a fugir à despromoção. Seguir-se-ia a passagem de 1 temporada pelo Marítimo, marcada pela estreia dos “Insulares” na 1ª divisão. Depois viria a ligação ao Estoril Praia. Curiosamente, seria pelo emblema sediado na “Linha de Cascais” que, na época de 1979/80, o lateral canhoto disputaria a última campanha no escalão maior. Sem razão para ver beliscada a sua habilidade competitiva, o certo é que o jogador, após a acompanhar o conjunto “canarinho” na queda ao 2º patamar, acabaria empurrado para uma nova etapa da caminhada profissional. Sem mais regressar ao degrau máximo, o seu trajecto tornar-se-ia um pouco mais errante. Juventude de Évora, Benfica de Castelo Branco, União de Tomar, União de Leiria, o regresso ao Atlético, Futebol Benfica e, para terminar, o Atlético da Malveira, tornar-se-iam nos emblemas dessa fase mais “saltitante”.
Afastado dos labores de praticante desde o final dos anos 80, Franque não abandonaria a modalidade. Sempre pronto a honrar o desporto que, durante mais de duas décadas preencheu a sua vida, o antigo defesa tem colaborado, assumindo o papel de dirigente, com o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol.

1202 - KATSOURANIS

Depois da estreia, contava apenas 16 anos de idade, na equipa principal do Panachaiki, Kostas Katsouranis, fruto de uma normal inexperiência, demoraria ainda um par de anos até conseguir afirmar-se no conjunto da cidade de Patras. Todavia, a qualidade demonstrada durante esses primeiros anos a disputar o escalão máximo grego, daria logo a entender um futuro auspicioso para o médio. Para confirmar essa projecção, a temporada de 1998/99, a terceira do jovem atleta como sénior, revelá-lo-ia como titular. Com o lugar no “onze” a permitir uma maior visibilidade, a avaliação feita às suas exibições divulgariam um atleta muito completo.
Multifacetado, o seu posicionamento no miolo do terreno de jogo permitir-lhe-ia, não só cumprir na perfeição todas as tarefas defensivas, como mostrá-lo como um futebolista de fino recorte técnico, enorme visão de jogo e até com uma capacidade bem acima da média para aparecer em zonas de finalização. Essas características, após cumpridas 6 temporadas a envergar as cores do Panachaiki, levariam os maiores clubes da Grécia a irem no seu encalço. Com o Panathinaikos e o Olympiacos a tomarem a dianteira, seria, no entanto, o AEK a conseguir convencer o centrocampista a rubricar um contrato.
A mudança para a capital Atenas na temporada de 2002/03, para além de manter Katsouranis como titular, traria para a sua carreira outros reconhecimentos. O primeiro chegaria com a estreia do jogador pela principal selecção helénica. Chamado aos trabalhos da equipa nacional pelo alemão Otto Rehhagel, o particular frente à Suécia, disputado em Norrköping a 20 de Agosto de 2003, marcaria o começo de uma caminhada que terminaria com 116 internacionalizações. Pelo meio, disputaria 2 Mundiais, 1 Taça das Confederações e 3 Europeus. Como é óbvio, no meio de tão importantes torneios, o destaque iria para o Euro 2004 e, com o médio a marcar presença no “onze” inicial, para a vitória da Grécia na final frente a Portugal.
Em 2006/07, depois de ter sido premiado com o título de Melhor Jogador da Liga Grega em 2005/06, o jogador arriscar-se-ia na primeira aventura no estrangeiro. Em 3 anos pelo Benfica ganharia apenas a edição de 2008/09 da Taça da Liga. Ainda assim, o médio deixaria a sua marca no clube. De “Águia” ao peito, o grego pautar-se-ia por valores exibicionais excepcionais e por uma constante presença na equipa. Todavia, os passos iniciais dados com os “Encarnados” fariam emergir um episódio bem caricato. Com a equipa da Luz a marcar presença no Torneio do Guadiana, a primeira pré-temporada do médio ficaria marcada por um remate certeiro, no mínimo, espectacular. Ao disputar uma bola bem longe de qualquer baliza, Katsouranis conseguiria a proeza de marcar um autogolo praticamente do meio-campo!
Com alguns problemas familiares a atormentar o atleta, a sua decisão de regressar à Grécia dar-se-ia no Verão de 2009. No Panathinaikos, voltaria a pautar-se como um futebolista de grandes qualidades e ajudaria a vencer o Campeonato e a Taça de 2009/10. Contudo, seria ao serviço do PAOK, para onde iria depois do arranque da temporada de 2012/13, que, nesse mesmo fim de época, voltaria a arrecadar o prémio de Jogador do Ano da “Superleague”. Já numa fase descendente da sua caminhada competitiva, Katsouranis tentaria nova sorte no estrangeiro. Passaria pelos indianos do Pune City, viveria um interlúdio no Atromitos e, pondo fim à carreira depois da próxima experiência, em 2015 ainda vestiria a camisola dos australianos do Heidelberg United.
Concluído o trajecto nos relvados, o antigo médio passaria a dedicar-se às actividades desenvolvidas nos bastidores da modalidade. Começaria como Coordenador Técnico do Panachaiki, para, mais recentemente, abraçar as funções de Director Desportivo do Niki Volos.

1201 - MANUEL CAMBALACHO

Ao nascer no íntimo de uma família com forte tradições no futebol nacional, sobrinho de Octávio Cambalacho e Osvaldo Cambalacho, a escolha do jovem Manuel pelo “jogo da bola”, a poucos haveria de surpreender. Depois de entrar para as “escolas” do Seixal Futebol Clube, emblema da sua e da terra natal dos aludidos tios maternos, a evolução do atacante logo deixaria destapar um intérprete de boas qualidades. Tal facto, após escalar alguns degraus no crescimento enquanto atleta, seria aferido pela chamada à selecção de juniores da Associação de Futebol de Setúbal. Porém, com o conjunto sediado no Campo do Bravo a militar nos escalões secundários, a sua promoção à equipa principal afastá-lo-ia, durante alguns anos, dos principais palcos do desporto português.
Com os emblemas da Margem Sul a alimentarem a sua preponderância no contexto competitivo nacional, o Seixal haveria de “apontar baterias” a objectivos de monta maior. Nesse sentido, a temporada de 1961/62, com Manuel Cambalacho a sublinhar a sua importância na linha ofensiva do clube, traria o primeiro grande troféu aos escaparates da agremiação e, por conseguinte, ao palmarés do avançado. A edição de estreia da Taça Ribeiro dos Reis, com o extremo-direito a titular, encaminharia o clube para o derradeiro desafio da competição. Numa partida disputada no Estádio do Restelo, os “Rapazes do Bravo” bateriam, por 4-2, os transmontanos do Vila Real e atravessariam o Rio Tejo na posse do recém-criado troféu.
Já na temporada de 1962/63, o Seixal viveria um dos episódios mais importantes da sua existência. Depois de terminar o campeonato no posto cimeiro da Zona Sul da 2ª divisão, a posição na tabela classificativa traduzir-se-ia pela subida de escalão. Com a colectividade e o atacante a estrearem-se no patamar maior, as exibições de Manuel Cambalacho haveriam de receber rasgados elogios. Como um dos titulares e ao marcar presença em 21 jornadas, o extremo tornar-se-ia num dos pilares da dura luta pela manutenção. Conseguida a permanência, o desafio traçado para 1964/65 terminaria de forma antagónica ao da campanha anterior e a descida tornar-se-ia numa fatal inevitabilidade. Ainda assim, momentos houve dignos de figurar, pelo menos, como uma curiosidade. Numa das piores prestações colectivas do ano, a goleada sofrida no Estádio da Luz por 11-3, numa campanha em que o Benfica sofreria apenas 8 golos “caseiros”, destacaria o avançado pelos 2 remates certeiros.
Numa vida dedicada ao Seixal Futebol Clube, o avançado, após terminar a caminhada de futebolista, continuaria ligado ao emblema. Durante vários anos dedicar-se-ia às responsabilidades de dirigente, às tarefas de treinador nas camadas jovens e fundaria a equipa de veteranos. Fora dos estádios, faria parte do elenco da Rádio Baía, como comentador desportivo. Para terminar, impossível não fazer referência às homenagens. Primeiro, o galardão entregue pela Federação Portuguesa de Futebol, que premiaria a totalidade de uma carreira competitiva sem punições. Por fim, a distinção da Câmara de Municipal do Seixal que, em 1996, entregaria a Manuel Cambalacho a medalha de Mérito Desportivo.

1200 - FRANCISCO MÁRIO

Seria no Grupo Desportivo de Sesimbra que Francisco Mário, depois de aí concluída a formação como jogador, daria os primeiros passos no universo competitivo sénior. Mesmo com o emblema do Distrito de Setúbal a militar no escalão secundário, o jovem extremo conseguiria evoluir o suficiente para começar a destacar-se como um elemento digno de objectivos de outra monta. Com a estreia no conjunto principal a acontecer na campanha de 1967/68, seriam ainda necessárias algumas temporadas para que surgisse a oportunidade para o merecido salto. Depois de 5 épocas em que veria a sua equipa posicionar, por norma, na metade superior da tabela classificativa da Zona Sul, seria, no entanto, com outras cores que o atacante emergiria no patamar maior do futebol português.
Já como atleta do Clube Desportivo do Montijo, para onde entraria como reforço do plantel de 1972/73, o avançado conseguiria dar os passos iniciais na 1ª divisão. Essa circunstância, que faria dele um dos nomes com participação na estreia do emblema da Margem Sul no escalão máximo, acabaria por justificar, só por si, a inscrição da sua identidade nos anais da colectividade. Porém, o referido facto não seria o único a entregar a Francisco Mário um lugar na história dos aldeanos. As 55 partidas disputadas na principal prova do calendário competitivo luso, para além de provar o seu valor, serviriam também para pôr o atacante no 4º lugar dos atletas com mais partidas disputadas pelo conjunto, no contexto primodivisionário.
Todavia e mesmo tendo em conta o que já foi relatado, acabaria por ser o Boavista a tornar-se no emblema com mais peso na sua carreira profissional. Após a despromoção do Montijo no final da temporada de 1973/74, a qualidade demonstrada nos dois anos anteriores, permitiram a Francisco Mário manter-se pela 1ª divisão. Para ser mais correcto, a sua transferência para o emblema sediado na cidade do Porto, traria muito mais ao atleta do que a continuidade nos grandes palcos. Sob a alçada de José Maria Pedroto, a época de ingresso no Bessa, com a presença do extremo no decisivo jogo da prova, traduzir-se-ia pela conquista da Taça de Portugal de 1974/75. Repetiria a titularidade e o triunfo na campanha seguinte. Porém, o prémio maior desse período passado no Norte do país viria com a chamada à selecção nacional. Ao estrear-se com a “camisola das quinas”, também pela mão do seu treinador nos “Axadrezados”, a peleja frente ao Chipre, realizada a 8 de Junho de 1975 e a contar para a Fase de Qualificação do Euro 76, daria início a uma caminhada que somaria 4 internacionalizações “A” e 1 pelo conjunto “B” de Portugal.
Volvidos 4 anos após a sua entrada no Boavista, a carreira de Francisco Mário tomaria outro rumo. Seguir-se-ia o Varzim orientado pelo técnico António Teixeira e, como melhor classificação de sempre na história do clube, o 5º lugar na tabela de 1978/79. Depois, adicionada mais 1 época a defender os interesses dos “Lobos do Mar”, dar-se-ia o retorno ao distrito de onde é natural e, sem deixar a 1ª divisão, o contrato rubricado com o Amora. Por fim, numa fase a entrar na curva descendente do trajecto competitivo do atacante, o regresso ao Sesimbra e o termo da caminhada no Desportivo de Chaves que, com o fim da temporada de 1984/85, veria realizado o objectivo de subir, pela primeira vez na história, ao escalão máximo.
Após “pendurar as chuteiras” Francisco Mário manter-se-ia ligado à modalidade. Decidir-se-ia pela carreira de treinador e aceitaria alguns convites de emblemas da Margem Sul. A cumprir as funções de técnico, destaque para as suas passagens pelo Amora ou pelo Seixal.

1199 - CUSTÓDIO

Dividida a quase totalidade da sua formação entre o Vitória Sport Clube e o Sporting, seria ainda como elemento das “escolas” do emblema sediado em Guimarães que Custódio começaria a destacar-se dos demais praticantes. Para tal, em muito contribuiriam as chamadas aos escalões jovens da Federação Portuguesa de Futebol. Ao começar a caminhada internacional nos sub-15, seria na categoria imediatamente acima que venceria o primeiro grande troféu. Alguns anos após ganhar o Euro 2000 de sub-16, e numa altura em que já tinha vestido a indumentária sénior dos “Leões”, viria também outro importante triunfo. Com a camisola dos sub-20 de Portugal, o médio, como uma das figuras centrais do conjunto luso, seria de fulcral importância na conquista do Torneio de Toulon de 2003.
Já em Alvalade, a porta aberta pelo técnico László Bölöni permitiria a Custódio subir à equipa principal. Porém, essa partida frente ao Salgueiros, jogo que, para além da estreia sénior, daria ao atleta o direito de celebrar a vitória na edição de 2001/02 do Campeonato Nacional, não garantiria a sua permanência no plantel. Com a saída do treinador romeno, o jovem jogador manter-se-ia a trabalhar com o conjunto “B” dos “Leões”. Só a contratação de Fernando Santos na temporada de 2003/04, possibilitaria reverter esse paradigma. Daí em diante, o centrocampista passaria a ser visto como uma peça essencial da táctica “verde e branca”. Mesmo com o Sporting nem sempre a posicionar-se como o principal candidato aos títulos, o trabalho do médio alimentá-lo-ia como um bom intérprete e como um dos nomes habituais na ficha de jogo. Tal facto permitir-lhe-ia participar na campanha que levaria o clube lisboeta à final da Taça UEFA de 2004/05 e à conquista da Taça de Portugal de 2006/07.
Com rigor, há que dizer que a temporada correspondente à narrada vitória na “Prova Rainha”, não seria, para o médio, a mais prolífera. A perda de preponderância no grupo de trabalho do Sporting precipitaria a sua saída. Com o convite recebido de Leste, Custódio acabaria por aceitar o repto lançado pelo Dynamo Moskva. Porém, a aposta no emblema da capital russa não correria como o esperado e o atleta, com a abertura do “Mercado de Inverno” de 2008/09, retornaria a Portugal. O regresso levá-lo-ia de volta a uma colectividade bem conhecida. No Vitória de Guimarães passaria pouco mais de época e meia e, com a campanha de 2010/11 já em andamento, dar-se-ia a mudança que conduziria um novo impulso à carreira do centrocampista.
Com o Sporting de Braga a imiscuir-se na luta pelas decisões cimeiras, a campanha de entrada de Custódio nos “Guerreiros” coincidiria com a chegada da agremiação minhota à final da Liga Europa. À presença na derradeira partida da prova organizada pela UEFA, seguir-se-iam, na sua caminhada profissional, outros momentos dignos de realce. O primeiro, resultado de uma constância exibicional bem positiva, aconteceria com a estreia do médio na principal selecção portuguesa. Com a primeira internacionalização “A” a acontecer a 2 de Junho de 2012, a partida frente à Turquia, de qualificação para o Europeu, transformar-se-ia em algo de maior monta. Dado o passo inicial, o atleta, chamado ao grupo arrolado por Paulo Bento, marcaria presença na fase final do Euro 2012.
Alguns meses passados sobre o torneio realizado entre a Polónia e a Ucrânia, viria, com o atleta a marcar presença no “onze” da final, a vitória dos bracarenses na Taça da Liga de 2012/13. Essa conquista sublinharia outro momento alto na união de Custódio aos “Arsenalistas”. Na “Cidade dos Arcebispos”, quase sempre revelando bons índices exibicionais, o médio manter-se-ia até meio da temporada de 2014/15. Decidiria, por essa altura, encetar nova aventura pelo estrangeiro. Com a entrada na derradeira fase do seu trajecto competitivo, a ligação aos turcos do Akhisar encaminhá-lo-ia para o termo da carreira de futebolista. Com o final a acontecer em 2016/17, Custódio não ficaria muito tempo afastado da modalidade. Ao aceitar o convite do Sporting de Braga, no Verão de 2017 assumiria o papel de adjunto na equipa “B”. Desde então, tem estado ligado às equipas técnicas do conjunto minhoto, merecendo, na época de 2019/20, a oportunidade de comandar a equipa principal.

1198 - LUDOVICO

Natural da freguesia de Santa Eulália, seria na sede de concelho que Ludovico terminaria a formação como futebolista e daria os primeiros passos no contexto sénior. Como atleta da equipa principal do “O Elvas” CAD, ainda que a disputar o 3º escalão nacional, o jovem intérprete depressa conseguiria destacar-se dos demais colegas de balneário. Com uma boa estatura física e altura suficiente para brilhar no jogo aéreo, ao posicionar no sector mais avançado do terreno de jogo, a crescente evolução do ponta-de-lança permitir-lhe-ia, logo no começo da carreira, galgar consecutivos degraus competitivos.
Após o arranque, na temporada de 1960/61, com a camisola azul e oiro da colectividade elvense, o salto dado, apenas ao fim de um ano, para os “vizinhos” do Campomaiorense, permitir-lhe-ia enfrentar capítulos de outro rigor. Ao passar a disputar a 2ª divisão, a exigência acrescida pela mudança de escalão em nada atrapalharia os desempenhos do atacante. Pelo contrário, Ludovico prosseguiria a caminhada desportiva em bom-tom e a demonstrar que a sua capacidade técnica, para além do revelado no parágrafo anterior, também contava com um bom desempenho de pés. Preparado para voos maiores, a ocasião para demonstrar isso mesmo surgiria com o fim da única campanha feita ao serviço do emblema raiano. A oportunidade emergiria na Margem Sul do Rio Tejo e o avançado passaria a defender os interesses do FC Barreirense.
Com a entrada no emblema que jogava na condição de visitado no antigo Estádio Dom Manuel de Mello, ao jogador abrir-se-iam também as portas da principal competição organizada em Portugal. Contratado como reforço para as pelejas agendadas para 1962/63, seria com a bênção do técnico argentino Mário Imbelloni que o avançado-centro, à 4ª ronda do Campeonato Nacional, haveria de estrear-se na 1ª divisão. Numa época um pouco instável, que contaria com a saída e entrada de vários treinadores, o avançado, mesmo ao não conseguir afirmar-se como titular indiscutível, teria um desempenho louvável. Mantendo-se, nas campanhas seguintes, como um dos melhores marcadores da equipa, Ludovico, muito mais do que estender a sua permanência no clube, tornar-se-ia numa referência do mesmo. Durante meia-dúzia de anos, com algumas descidas e subidas de escalão à mistura, vestiria o listado alvo-rubro com orgulho. Porém, a ligação ao Barreirense conheceria um fim e a separação chegaria com o termo da temporada de 1967/68.
Seguir-se-ia, numa caminhada que, daí em diante, passaria a caracterizar-se por um trajecto mais errante, o vínculo com o Farense. No emblema da capital algarvia, Ludovico participaria num dos momentos mais brilhantes da história da agremiação. Contudo, apesar do contributo dado nas duas e consecutivas subidas de divisão, promoções que levariam o grupo do Sotavento a passar do 3º patamar à estreia nos grandes palcos do futebol luso, o avançado não teria o prazer de regressar ao escalão máximo. Vasco da Gama e Faro e Benfica precederiam o ingresso do atleta, na época de 1972/73, no Esperança de Lagos. Com o intuito de contar com atletas de maior traquejo, a sua contracção teria como objectivo lutas de maior monta. No entanto, uma lesão nas primeiras jornadas da temporada correspondente à sua entrada no grupo de trabalho, deitaria esse intuito por terra. Aliás, a gravidade das mazelas acabariam por impor ao atleta o abandono precoce da actividade futebolística e o “pendurar das chuteiras” aos 30 anos de idade.

1197 - VASCO

Filho de Paulista, figura inesquecível do Desportivo das Aves e que no clube desempenhou o papel de atleta e treinador, Vasco também haveria de merecer esse mesmo estatuto de celebridade. Ao crescer num contexto onde o futebol depressa ascenderia a temática maior, o entusiasmo demonstrado pelo listado branco e encarnado da camisola avense, para além de passar a fazer parte das rotinas do defesa, anos mais tarde também entraria na casa da família Ferreira pela mão do irmão mais novo e conhecido das andanças primodivisionárias, o médio Vítor Manuel.
Voltando ao percurso daquele que ficaria conhecido como um elemento de uma entrega exemplar, a ligação de Vasco ao emblema sediado no concelho de Santo Tirso encetar-se-ia ainda nas camadas jovens. O valor revelado durante esses anos de formação, levá-lo-ia aos juniores do Vitória Sport Clube. Contudo, na altura de enfrentar os desafios lançados às provas do escalão sénior, o atleta, dando corpo a uma paixão que o acompanharia pelo trajecto desportivo fora, deixaria Guimarães para voltar à Vila das Aves.
Com a sua entrada na equipa principal a ocorrer na temporada de 1980/81, seria o patamar terciário do futebol luso a receber o jogador no universo das provas seniores. Com o Desportivo das Aves a revelar ambições maiores, a luta por lugares condizentes com essa avidez competitiva, transformaria o defesa num dos principais intérpretes das lutas travadas pelo clube. Essas contendas, esgrimidas durante alguns anos no escalão acima aludido, teriam o seu momento áureo na temporada de 1985/86. Antes ainda, no final da campanha de 1983/84, o 1º lugar na Serie A da 3ª divisão permitiria a subida de mais um nível. Ainda assim e tendo em conta a justiça e valor dado a essa subida, o que estaria para acontecer na época seguinte surpreenderia até os mais optimistas. Com Vasco a assumir-se como um modelo de abnegação e furor pelas metas colectivas, bastaria um ano mais após a dita promoção para que outro degrau fosse galgado.
Como é fácil deduzir, a chegada do Desportivo das Aves à divisão maior em 1985/86, sendo essa a primeira participação na cronologia do cube, coincidiria com a estreia de Vasco na prova mais importante do futebol português. Sob a alçada do Professor Neca, timoneiro da subida e da referida “première”, a experiência primodivisionária do defesa, em termos pessoais, traduzir-se-ia em 10 presenças em campo. Ainda assim, mesmo tendo em conta a modesta participação, o seu estatuto de figura impar da história do emblema nortenho não sairia beliscado. A prova disso mesmo viria com a sua incontestada permanência na colectividade. Nesse sentido, a grande curiosidade prender-se-ia com o abandono prematuro das lides de jogador. O atleta, que também chegaria a envergar a braçadeira de capitão, tomaria a decisão de terminar a caminhada de praticante no final da campanha de 1988/89, numa altura em que contava apenas com 27 anos de idade.
Apesar da retirada precoce, Vasco não deixaria de vez os labores do desporto. Já como treinador de futsal, colaboraria com o Desportivo das Aves e também lideraria a equipa técnica do conjunto feminino da Associação Recreativa Restauradores Avintenses. Aliás, esta sua ligação à modalidade de pavilhão serviria de inspiração para o crescimento de outra estrela. Pisko, a sua filha, joga actualmente (2021/22) como universal no Grupo Nun´Álvares e, com inúmeras internacionalizações, continua a representar as cores de Portugal.

1196 - ROLANDO

Tendo passado por algumas colectividades de cariz bairrista, seria nos juniores do FC Porto que Rolando viria a terminar a formação. Ao chegar a sénior, a falta de espaço no plantel “azul e branco” e a preocupação com o seu crescimento desportivo, levá-lo-ia, na temporada de 1962/63, a vestir a camisola do Salgueiros. Um ano volvido após a entrada no conjunto sediado no bairro portuense de Paranhos e aferida a evolução do jovem jogador como positiva, o fim do “empréstimo” daria corpo ao regresso do atleta ao Estádio das Antas.
De volta aos “Dragões” para a campanha de 1963/64, a presença do técnico Janos Kalmar não daria grandes oportunidades ao jogador para demonstrar as suas qualidades. Seria a troca do treinador húngaro pelo brasileiro Otto Glória que mudaria esse cenário. Ao ocupar um lugar no meio-campo, o jogador começaria a participar nas pelejas colectivas com maior frequência. Já a época seguinte, revelaria Rolando como um elemento mais afeito à titularidade e, por essa razão, com maior preponderância nos feitos colectivos. Um desses exemplos, seria a presença na edição de 1964/65 da Taça dos Vencedores das Taças. Com o atleta escalonado para o “onze” inicial, a 1ª mão da 1ª eliminatória listaria os franceses do Olympique de Lyon como adversários e, na partida disputada em Portugal, traria a primeira vitória dos portistas nas competições europeias.
Resultado desse singrar, também a Federação Portuguesa de Futebol passaria a ver o seu nome como um dos possíveis seleccionáveis. Com uma chamada à equipa “B” lusa a acontecer em Novembro de 1964, Rolando ainda teria que aguardar mais alguns anos até ser incluído nos trabalhos do conjunto principal. A primeira internacionalização “A” surgiria numa partida para a Fase de Qualificação do Mundial de 1970. Chamado pelo seleccionador José Maria Antunes, numa altura em que também jogava habitualmente como defesa, entraria em campo frente à congénere helénica. Depois do desafio disputado na Grécia a 11 de Dezembro de 1968, a sua carreira seria ainda presenteada por outras convocatórias, somando, num total conseguido durante a sua caminhada competitiva, 8 participações com a mais importante “camisola das quinas”.
Também no FC Porto a sua importância cresceria com o avançar do tempo. Ao passar 12 temporadas ao serviço do clube, depois de disputadas 305 partidas oficiais e com a vitória na edição de 1967/68 da Taça de Portugal a embelezar-lhe o palmarés, Rolando, cuja monta levá-lo-ia a envergar a braçadeira de capitão, mais do que garantir, veria como justa a sua entrada para o rol de figuras com um lugar na história dos “Dragões”. Já o fim da ligação aos “Azuis e Brancos” surgiria com a transferência do atleta, em 1975/76, para o Paços de Ferreira. Seguir-se-iam, em passagens que não durariam mais do que 1 ano, Penafiel e Freamunde. Por fim, a marcar o derradeiro capítulo da sua caminhada como futebolista, a integração no plantel do Avanca.
Depois de “pendurar as chuteiras” no final da temporada de 1979/80, Rolando manter-se-ia na modalidade. Ligado às tarefas de treinador nas camadas jovens do FC Porto, também no Departamento de Futebol desempenharia outras funções. Nos desempenhos de técnico, destaque ainda para a sua passagem pelo comando do Marinhense.

1195 - FREITAS

Depois de começar a jogar futebol no Lusitano do Lobito, a viagem para Portugal, com o intuito principal de continuar os estudos, levá-lo-ia até ao Belenenses. No Restelo, ainda que tido como um jogador com pouca capacidade técnica, Freitas conseguiria impor-se no centro do sector mais recuado. Com a chegada aos “Azuis” a acontecer na temporada de 1967/68, a sua dedicação, rigor táctico e força física seriam suficientes para fazer dele um elemento importante no seio do plantel lisboeta.
Ao dividir, durante as duas primeiras campanhas, as presenças em campo com outros colegas, a época de 1969/70 mostraria o defesa já como um dos titulares. Daí em diante, Freitas tornar-se-ia num dos grandes pilares dos sucessos do colectivo. Ao configurar-se como uma figura nuclear de um Belenenses a lutar, muitas vezes, pelos lugares cimeiros da tabela classificativa, o atleta assumir-se-ia também como um dos nomes habituais nos trabalhos da selecção nacional. Com a estreia pela principal equipa de Portugal a acontecer a 10 de Maio de 1972, essa partida de qualificação para o Mundial de 1974 frente ao Chipre, serviria de arranque a uma caminhada na qual acumularia um total de 9 internacionalizações “A” e 1 participação pelo conjunto “B” luso.
Ao fim de 9 temporadas a defender o emblema da “Cruz de Cristo”, depois de 212 jogos no escalão máximo, das participações com a “camisola das quinas” e da presença, no Maracanã, com as cores da selecção do Mundo, Freitas aceitaria um novo desafio para a carreira. Com José Maria Pedroto no comando técnico do FC Porto, a época de 1976/77, a da chegada do atleta à “Cidade Invicta”, ficaria marcada pela conquista da Taça de Portugal. Depois desse primeiro grande título, seguir-se-iam uma série de conquistas que abrilhantariam, ainda mais, os escaparates do clube e o currículo do jogador. A campanha imediata assinalaria o fim de 19 anos sem a conquista, por parte dos “Dragões”, da prova maior do calendário futebolístico nacional. À vitória no Campeonato de 1977/78, juntar-se-ia a vitória na edição seguinte da referida prova. Por fim, no que ao palmarés do defesa diz respeito, há ainda que fazer referência ao triunfo na Supertaça Cândido de Oliveira de 1981/82.
Já numa fase marcadamente descendente do trajecto competitivo, Freitas teria ainda tempo para outras duas camisolas. Depois de em 1983/84, ainda na 1ª divisão, representar o Portimonense, a passagem pelo Sporting de Espinho na campanha de 1984/85, significaria o fim da sua história como futebolista. Sem deixar a Costa Verde, logo após “pendurar as chuteiras”, o antigo defesa assumiria o papel de treinador dos “Tigres”. Nas funções de técnico, viveria algumas experiências no seu país natal, as quais marcariam a sua memória com momentos arrepiantes – “(…) quando estive a treinar em Angola um avião que nos transportava caiu mas conseguimos escapar “*. Mais tarde voltaria a sobreviver a outro acidente de aviação – “(…) o helicóptero caiu porque acabou a gasolina”*! Já de volta a Portugal, juntamente com os filhos, inauguraria a Escola Futebol 115.

*retirado do artigo de Eugénio Queirós, publicado em www.record.pt, a 04/12/2016

1194 - FAUSTINO

Natural de Beja, seria no Desportivo local que Faustino, na temporada de 1961/62, daria os passos iniciais no contexto competitivo sénior. Ainda posicionado como extremo-esquerdo, o jovem atleta, com exibições bem positivas, logo conseguiria prender a atenção de emblemas a disputar a 1ª divisão. A mudança dar-se-ia no final da época de estreia na equipa principal bejense e, ao deixar para trás o Baixo Alentejo, ligar-se-ia ao Barreirense.
A transferência para o emblema estabelecido na Margem Sul do Rio Tejo, como já foi destapado, teria o condão imediato de levar o atacante aos palcos maiores do futebol português. Mesmo sem conseguir agarrar a titularidade durante os primeiros anos, ainda assim, a sua evolução projectá-lo-ia como um atleta de qualidades superiores. Essa certeza chegaria com a campanha de 1965/66. Depois de uma passagem pela 2ª divisão, o regresso do Barreirense ao escalão máximo, revelaria Faustino como um elemento preparado para os desafios primodivisionários. Porém, e apesar de garantir um lugar no “onze” em grande parte das jornadas, a verdade é que o final da temporada terminaria com o clube relegado. A descida, faria com o atleta decidisse cambiar de rumo e essa mudança, em definitivo, marcaria o seu trajecto no futebol.
Ao abraçar um novo projecto na época de 1966/67, o jogador estaria longe de imaginar que a sua entrada no plantel do União de Tomar viesse a assumir-se de tão grande importância. Ainda que a mudança para o novo emblema tivesse como significado directo o retorno ao escalão secundário, até esse, entendido como, passo atrás, faria com que o nome do atleta ficasse inscrito na história da colectividade nabantina. A explicação é simples e prende-se com a estreia das cores dos ribatejanos na 1ª divisão. Ora, a temporada de 1968/69, para além do novo e brilhante capítulo na linha de vida da agremiação, confirmaria o que já era bem claro. Essa evidência, toda ela amarrada à importância de Faustino no desenho táctico da equipa, sublinhar-se-ia pelos números alcançados por si. Mantendo-se como um dos elementos mais assíduos do “onze”, o agora transformado em defesa-central passaria a ser visto como uma das peças mais proeminentes do colectivo. Mesmo com uma estatura bem baixa para a posição, o seu 1,68m de altura não seria impeditivo da realização de muitas e boas exibições. As suas prestações mantê-lo-iam como um elemento nuclear e estenderiam o seu laço ao clube por largos anos.
As 13 temporadas a envergar a camisola do União de Tomar, 6 das quais na 1ª divisão, transformariam Justino no futebolista com mais jogos disputados pelo colectivo, naquele que é o patamar mais alto do futebol luso. Essas 152 partidas, a juntar às muitas esgrimidas no 2º escalão e restantes provas nacionais, sublinhá-lo-iam como uma figura histórica. Para além destes factos, outras curiosidades marcariam a sua passagem pela “Cidade dos Templários”. Uma delas prender-se-ia com a presença de duas das maiores figuras do desporto luso. A partilhar o balneário com Eusébio e Simões em 1977/78, Justino, ao repetir o papel de interino nas funções de treinador, teria ainda a oportunidade de orientar as duas “estrelas”. Todavia, por altura dos aluídos acontecimentos, o termo da sua ligação ao clube enquanto praticante estava próximo e o ano de 1979 marcaria esse final.
Nas épocas seguintes, numa carreira que chegaria perto dos 40 anos de idade, Justino teria ainda a ocasião para vestir a camisola de outras colectividades. Mormente a disputar as competições “distritais”, destaque para a passagem pelo Alvaiázere.