1240 - GAÚCHO

Com alguns anos de carreira sénior e passagens pelos Estudantes de Timbaúba ou Ypiranga, seria como atleta do Sport Recife que Eric Freire Gomes, mais conhecido no mundo do desporto por Gaúcho, chamaria a atenção do Estrela da Amadora. Em abono da verdade, o ponta-de-lança já anteriormente tinha despertado a cobiça de outra colectividade portuguesa – “Antes de eu vir para Portugal, eu estive – muitas pessoas não conhecem essa história – eu estive no FC Famalicão, à experiência. Passei lá uns 15 ou 16 dias, mas o treinador, o Francisco Vital, ele falou para mim que não ia ficar comigo porque eu não era um ponta-de-lança «trombador»”*
Decorrido o episódio aludido no parágrafo anterior, o avançado, inicialmente por empréstimo, chegaria ao Estrela da Amadora para reforçar o plantel de 1996/97. Com 23 anos de idade, e depois de ter trabalhado com a equipa do Sport Recife que, em 1996, acabaria por vencer o “Estadual” Pernambucano, a sua entrada no contexto competitivo português viria acompanhada de fortes expectativas. Mesmo tendo em conta a falta de um físico impressionante, Gaúcho não desiludiria. Astuto e ágil, o atacante confirmar-se-ia como um goleador nato. Logo na temporada de entrada no Campeonato Nacional, os 16 golos por si concretizados levá-lo-ia ao 3º posto da tabela dos Melhores Marcadores. Curiosamente, as épocas seguintes desenrolar-se-iam de forma mais discreta e uma certa incompatibilidade com o treinador, levariam o jogador a uma passagem pelos espanhóis do Ourense – “(…) quando o Jorge Jesus assumiu o Estrela da Amadora, então eu não concordava muito do jeito, do estilo dele trabalhar, de «descomunicar», sabe? Então foi um choque muito grande, do jeito dele falar com os jogadores, eu não aceitava, não dava para mim e também nunca falou comigo como falava com outros jogadores, com todo o respeito. Então aquilo foi um choque muito grande e eu, cheguei a um momento que falei com o presidente para arranjar um clube para mim(…)”*.
Meia temporada depois, Gaúcho retornaria ao emblema da “Linha de Sintra”. Voltaria para uma campanha de 1999/00, em muitos aspectos, brilhante. Com 21 remates certeiros, o atleta, mais uma vez, subiria ao 3º posto do pódio dos goleadores do Campeonato e regressaria ao “radar” de um dos “grandes” do futebol luso – “No primeiro ano no Estrela falava-se do Sporting, o presidente acertou tudo verbalmente, mas não saí. No segundo, quando o Nelo Vingada era adjunto do Souness, estive perto do Benfica, só que, uma semana depois de me contactarem, foi despedida a equipa técnica. A terceira vez foi quando marquei 21 golos. Ia para o Porto se o Fernando Santos não metesse um travão. Não quis levar mais jogadores do Estrela, além do Jorge Andrade e do Chainho”**.
A mudança de emblema surgiria em 2001/02 e na direcção da Ilha da Madeira. No Marítimo, depois de, pelo Estrela da Amadora ter participado na edição de 1998/99 da Taça Intertoto, Gaúcho entraria nos “Verde-rubros” numa campanha de Taça UEFA. Ao repetir as “performances” de anos anteriores, o avançado brindarias as provas, agendadas nesse primeiro ano no Funchal e nos seguintes, com mais um alargado rol de golos. Aferido pelos números faustosos dos seus desempenhos, o avançado conservar-se-ia como um dos melhores intérpretes a actuar em Portugal e o ano de 2004 haveria de trazer à sua caminhada a aventura nos sul-coreanos do Busan i.Cons.
Já com a barreira dos 30 anos de idade ultrapassada, na temporada de 2004/05, mais uma vez, voltaria a Portugal e ao serviço do Rio Ave enfrentaria mais duas temporadas de 1ª divisão. Seria ao serviço do emblema de Vila do Conde que Gaúcho superaria a marca dos 100 golos no escalão máximo. Seguir-se-iam, já a disputar os patamares secundários, Feirense, Beira-Mar, Moreirense e o regresso ao Brasil, com a ideia de já não retornar às actividades de futebolista. No entanto, Nivaldo, antigo jogador com passagens pelo Benfica, Vitória de Guimarães e Portimonense, conseguiria convencer o atleta a vestir a camisola do Santa Cruz, com a qual, em 2009, venceria a Copa Pernambuco e sagrar-se-ia no Melhor Marcador da prova.
Depois de retirado, Gaúcho repartiria o seu tempo em diversas actividades. Para além da criação de uma empresa de transportes, ainda no Brasil ficaria ligado à fundação de uma “escola” de futebol e, à abertura de um salão de cabeleireiro. Ao mudar a residência para Santa Maria da Feira, o antigo futebolista voltaria a investir noutro salão. Daria também mais alguns passos na carreira de treinador e acrescentaria ao currículo experiências a orientar o União de Lamas “b” e a Associação Desportiva Escolinha Rui Dolores.

*retirado da entrevista conduzida por Afonso Viana Santos, publicada em https://bolanarede.pt, a 14 de Março de 2022
**retirado da entrevista conduzida por Matilde Rocha Dias, publicada https://www.publico.pt, a 18/03/2006

1239 - CARLOS PEREIRA

Depois de fazer toda a formação de “Leão” ao peito, a chegada ao escalão sénior acabaria também por acontecer em Alvalade. Todavia, a forte concorrência para o lado canhoto da defesa, traria ao jovem atleta sérias dificuldades para, no final da década de 1960, conseguir fixar-se na primeira equipa. Entre as várias participações nas “reservas”, até à estreia no escalão máximo ao serviço do plantel de 1969/70 do União de Tomar, só na temporada de 1972/73, já com 23 anos de idade, é que Carlos Pereira conseguiria vestir o listado verde e branco do conjunto principal do Sporting Clube de Portugal.
Com o treinador Ronnie Allen a atribuir-lhe um lugar no “onze”, mesmo com a saída do técnico inglês, Carlos Pereira manter-se-ia como uma das escolhas para o alinhamento inicial. Assumindo-se como um dos elementos de maior relevância no grupo de trabalho, e já com Mário Lino aos comandos leoninos, participaria e contribuiria para a vitória do Sporting, frente ao Vitória de Setúbal, na Taça de Portugal. Na época seguinte, continuaria a alimentar o estatuto de titular. Mais uma vez, seria de fulcral importância para os títulos conquistados e, nesse sentido, adicionaria ao palmarés pessoal a “dobradinha” de 1973/74.
Com Baltasar a assumir-se na posição de lateral-esquerdo, Carlos Pereira acabaria por perder algum protagonismo no plantel do Sporting. Esse facto levaria o jogador a deixar o emblema “alfacinha” para prosseguir a carreira com outras camisolas. Estoril Praia e o habitual interregno na North American Soccer League, ao serviço dos Rochester Lancers, acabariam por preencher os dois anos seguintes à saída do defesa de Alvalade. Seguir-se-ia, na temporada de 1977/78, o início da ligação ao Belenenses. No Restelo, tal como nas experiências anteriores, o esquerdino voltaria a pautar-se como um elemento que, sem ser exuberante, mereceria elogios pela segurança e pela lealdade. Aliás, a sua rectidão em jogo tornar-se-ia num dos grandes motivos de destaque da sua caminhada competitiva. Durante 15 anos não teria qualquer castigo disciplinar e, por essa razão, seria agraciado com o Cartão de Mérito Desportivo.
Com os 5 anos em que defenderia os da “Cruz de Cristo”, Carlos Pereira acumularia no currículo um total de 11 temporadas no escalão maior do futebol português. Seria ainda inscrito pelo Pêro Pinheiro na temporada de 1982/83, para, depois da passagem pelo emblema sediado no Concelho de Sintra, dar por terminada a carreira como futebolista. Passaria, então, a dedicar-se a outras funções. Sem abandonar a modalidade, ele que, durante a época de 1981/82, tinha tido uma primeira experiência como treinador-jogador dos “Azuis”, começaria, em exclusivo, a assumir-se como técnico. Nessa caminhada trabalharia por vários anos com as camadas jovens do Sporting, onde, na prospecção, já há muito brilhava o seu irmão, Aurélio Pereira. Mais tarde, assumiria também o comando dos seniores do Alverca, primeiro na subida do emblema ribatejano à divisão de Honra e, em 2001/02, aquando de uma das passagens do clube pela 1ª divisão. Regressaria ainda aos “Verde e Branco” para, como adjunto de Paulo Bento, ajudar à conquista de 2 Taças de Portugal e 2 Supertaças Cândido de Oliveira.
Para finalizar, uma curiosidade: Carlos Pereira é pai da cantora Rita Redshoes!

1238 - APARÍCIO

Ao acompanhar, ainda em criança, a mudança dos pais para França, seria em emblemas gauleses que António Aparício daria continuidade à paixão pelo futebol. Após encetar o trajecto como praticante sénior, o seu currículo, durante várias temporadas, alimentar-se-ia das experiências vividas em diversas colectividades do país de acolhimento. Já com 25 anos de idade, depois de descoberto pelos responsáveis do Vitória Futebol Clube, regressaria a Portugal e, para a temporada de 1984/85, acabaria apresentado como um dos reforços do plantel “sadino”.
Sem ser um intérprete de predicados técnicos exuberantes, Aparício apresentar-se-ia como um atleta sagaz, com a capacidade de estar presente no lugar certo, no momento exacto. Esse atributo, aprimorado pelos anos trazidos das ligas gaulesas, afeririam o avançado como um elemento de grande utilidade ao grupo sediado no Estádio do Bonfim. Mesmo tendo em conta a sua competência, a verdade é que o avançado, durante a campanha de chegada a Setúbal, não conseguiria convencer o treinador Manuel de Oliveira a institui-lo como um dos habituais titulares. Ainda assim, a sua qualidade jamais seria posta em causa. Após duas campanhas um pouco discretas, as épocas seguintes fariam emergir números bem mais faustosos e as suas exibições transformá-lo-iam num dos futebolistas mais relevantes do Vitória.
A importância conquistada no clube, teria como reflexo a chegada do avançado aos trabalhos das equipas à guarda da Federação Portuguesa de Futebol. Com um trajecto durante o qual inscreveria partidas feitas pelos sub-21 e pelo conjunto olímpico, Aparício também teria a oportunidade de envergar a principal “camisola das quinas”. Chamado por Juca à Fase de Qualificação para o Euro 88, o jogador seria escolhido para disputar a partida forasteira frente a Malta. Com a peleja agendada para o Ta'qali National Stadium, a 20 de Dezembro de 1987, o atacante, na condição de suplente, entraria no decorrer do jogo. Contribuiria para a vitória por uma bola a zero e, desse modo, acrescentaria ao seu currículo 1 internacionalização “A”.
Após meia-dúzia de temporadas ao serviço do Vitória Futebol Clube, a sua ligação com a colectividade da margem norte do Rio Sado, na condição de futebolista, chegaria ao fim. Ainda na disputa da 1ª divisão, na temporada de 1990/91, seguir-se-ia a passagem pelo Sporting de Braga. A experiência no Minho marcaria, para o avançado, o final da caminhada primodivisionária. Depois, já na derradeira fase da carreira, os patamares secundários chegariam para preencher o seu quotidiano competitivo. Nacional da Madeira, Montijo, Leixões, Seixal e o Clube Recreativo “O Grandolense” acabariam por plenificar essa última etapa.
Perto de completar 39 anos de idade, decidiria “pendurar as chuteiras”, sem, contudo, deixar a modalidade. A ligação de Aparício ao “jogo da bola” conheceria ainda outros capítulos. Ao ter o primeiro teste como técnico aquando da passagem pela agremiação de Grândola, uns bons anos mais tarde aceitaria o convite para orientar os juniores do Vitória. Noutros papéis, destaque também para o cargo de director “sadino” ou ainda para o papel desempenhado na Associação Nacional de Treinadores de Futebol.

1237 - MOREIRA


Ainda como atleta das “escolas” do Salgueiros, onde faria a quase totalidade da sua formação, as qualidades demonstradas levariam os responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol a convocá-lo aos trabalhos das jovens selecções lusas. Depois da primeira internacionalização, ocorrida em 1997 pelos sub-16, o guardião passaria a ser um dos nomes com presença habitual nas convocatórias. Passaria por todos os escalões e, em Julho 1999, juntar-se-ia ao grupo que, orientado por Agostinho Oliveira, venceria o Campeonato Europeu de sub-18.
Seria na temporada imediatamente a seguir à conquista mencionada no final do parágrafo anterior, que o guarda-redes acabaria por mudar a sua vida para Lisboa. Na campanha de 1999/00, com Jupp Heynckes no comando técnico das “Águias”, começaria por integrar os planos da equipa principal, acabando, na primeira metade da época, por fixar-se como o suplente de Robert Enke. Tapado pelo jogador alemão, e ainda com a concorrência de Carlos Bossio e Nuno Santos, só no conjunto “b” é que conseguiria algumas oportunidades para jogar. No ano seguinte, o plantel secundário dos “Encarnados”, na totalidade das partidas disputadas por si, voltaria a preencher o calendário competitivo do atleta e só em 2001/02 é que Moreira veria esse paradigma a começar a alterar.
A época de 2002/03 e também a seguinte desenrolar-se-iam já com Moreira como dono de um lugar no “onze” benfiquista. A titularidade levá-lo-ia a ser visto como um dos pilares da conquista da Taça de Portugal de 2003/04. No Estádio Nacional, frente a um FC Porto a atravessar uma fase áurea, o guarda-redes alinhar-se-ia como um verdadeiro baluarte e ajudaria as “Águias” a erguer o troféu. O êxito conseguido no Jamor empurrá-lo-ia, de forma natural, para o Europeu de sub-21 e, imediatamente a seguir, para a convocatória arrolada por Luiz Felipe Scolari. Como um dos três guardiões escolhidos para a disputa do Euro 2004, o atleta, mesmo sem ter entrado em campo no certame organizado em Portugal, faria parte do grupo que levaria a “Equipa das Quinas” até à final, mas que, em Lisboa, acabaria por perder, frente à Grécia, a derradeira peleja do torneio.
Depois de ter participado nas Olimpíadas de 2004, a contratação de Quim por parte do Benfica, levaria o jogador a perder algum do protagonismo amealhado nas épocas anteriores. Com o lugar à baliza dividido entre os dois guarda-redes, os “Encarnados”, orientados por Giovanni Trapattoni, haveriam de pôr fim a um longo jejum de 11 anos sem ganhar o Campeonato. Alguns meses após os festejos relativos ao título nacional, com Moreira a entrar em campo alinhado no “onze” inicial, chegaria ao palmarés do atleta a vitória na edição de 2005/06 da Supertaça Cândido de Oliveira. Contudo, essa última conquista como que marcaria o início de uma das piores fases da carreira do guardião. Assolado por graves lesões, poucas seriam as vezes que acabaria escolhido para titular. A excepção a essa “travessia no deserto” aconteceria apenas na temporada de 2008/09, durante a qual conseguiria alinhar num bom punhado de jogos. Esse regresso a uma realidade competitiva mais regular, levá-lo-ia a ser chamado à principal selecção portuguesa e a 12 de Agosto de 2009, num particular com o Liechtenstein, acabaria por alcançar a primeira internacionalização “A”.
O fim da ligação entre o atleta e o emblema da Luz chegaria em 2011. Seguir-se-iam algumas experiências no estrangeiro, com Moreira a aventurar-se na “Premier League. Após um ano ao serviço do Swansea, o jogador mudar-se-ia para o Chipre, onde, durante 3 campanhas, defenderia as redes do Omonia. Regressaria a Portugal já na derradeira fase da caminhada competitiva, onde Olhanense, Estoril Praia e Cova da Piedade antecipariam a conclusão da sua carreira enquanto futebolista. No entanto, e apesar de “pendurar as luvas” em 2019, o antigo guardião manter-se-ia ligado à modalidade. Como treinador de guarda-redes, passaria a adjuvar o romeno Lucescu e já conta com passagens pelos sauditas do Al Hilal e pelos gregos do PAOK.

1236 - LIPCSEI

Após cumprir o percurso formativo com as cores do popular Ferencváros, Péter Lipcsei, na temporada de 1990/91, seria promovido à equipa principal do emblema sediado em Budapeste. Visto como uma grande promessa, não tardaria muito até que o médio conseguisse conquistar um lugar no “onze” titular. Tal seria a sua evolução que, logo no início da segunda temporada como sénior, o centrocampista acabaria convocado à equipa nacional. Com as cores da selecção “A” magiar, ele que já tinha um trajecto assente nas camadas jovens do seu país, estrear-se-ia a 11 de Setembro de 1991. O “particular” frente à Republica da Irlanda, quando contava apenas 19 anos de idade, daria o arranque para um percurso longo que, ao durar até 2005, entregaria ao currículo do atleta um total de 58 internacionalizações e 1 golo.
O sucesso pessoal do atleta, até a forma precoce como surgiria, em muito ficaria associado aos bons resultados conseguidos pelo colectivo. Nessa conjuntura, os títulos ganhos pelo Ferencváros, nomeadamente os Campeonatos de 1991/92 e 1994/95, a vitória em 4 edições da Taça e a conquista de 3 Supertaças serviriam, ainda mais, para chamar à atenção para o talento que, para além de emergente, rapidamente passaria a ser visto como uma certeza. A confirmá-lo chegariam também os prémios individuais e, em 1991 e 1995, Lipcsei seria eleito o Melhor Jogador Húngaro do Ano.
É com o palmarés do médio já bem colorido, que os responsáveis do FC Porto tomariam a decisão de apostar na contratação do jogador. À “Cidade Invicta”, o atleta chegaria para reforçar um plantel comandado pelo saudoso Sir Bobby Robson. Nessa temporada de 1995/96, a sua entrega e a inteligência demonstrada dentro de campo, levariam o referido técnico a elegê-lo como um dos seus preferidos e um dos nomes mais vezes inscrito nas fichas de jogo. Ao posicionar-se no vértice mais avançado do triângulo disposto no miolo do terreno, teria um importante papel na conquista do Campeonato Nacional, o segundo da série que ficaria celebrizada como o “Penta”.
O pior viria com a 27ª jornada dessa época inicial, quando uma grave lesão num dos joelhos, muito para além de afastar o atleta até ao final da temporada, afectaria, e de que maneira, a afirmação do médio nos esquemas tácticos das épocas vindouras. Já recuperado, a falta de jogos faria com que o atleta procurasse uma solução para dar continuidade à sua carreira. Numa primeira ocasião, no decorrer da campanha de 1996/97, seria cedido ao Sporting de Espinho para, já na campanha seguinte, ainda por “empréstimo”, regressar ao Ferencváros.
A desvinculação com os “Azuis e Brancos” levaria o médio a rubricar um contrato com o SV Wüstenrot Salzburg (actual Red Bull). No entanto, Lipcsei acabaria por regressar ao clube que o tinha catapultado para o estrelato. Com a terceira passagem pelo Ferencváros a começar em 2000/01, o médio contribuiria em mais 10 temporadas do emblema húngaro. Tamanho trajecto, a aditar aos anos já vividos anteriormente, transformá-lo-iam no nome com mais partidas disputadas pelos “Zöld Sasok”. A somar aos tais 648 jogos, surgiriam ainda outros títulos, com a vitória em 2 Campeonatos, 2 Taças e 1 Supertaça a rematar uma caminhada repleta de êxitos.
Depois de em 2010, quando já contava 38 anos de idade, ter decidido “pendurar as chuteiras”, Lipcsei continuaria ligado ao futebol. Ao mudar de funções, mas mantendo-se nos quadros do Ferencváros, o antigo médio escreveria as primeiras páginas como treinador. Nessas funções, trabalharia vários anos com as camadas jovens do clube. Já em 2017, aceitaria o convite dos dirigentes do Soroksár SC e assumir-se-ia, mantendo-se no cargo ainda na última temporada (2021/22), como o técnico-principal do clube.

1235 - DECO


Após a passagem por vários emblemas durante o período formativo, a sua contratação por parte do Corinthians empurraria o jovem praticante, na temporada de 1996, à estreia no patamar sénior. Contudo, a pouca utilização levá-lo-ia a mudar de rumo, a rubricar uma ligação profissional com o Corinthians Alagoano e a ser “emprestado” ao CSA. Por essa altura, ao participar na Copa de São Paulo, seria observado por Toni, que, nesse ano de 1997, ocupava o cargo de director-desportivo do Benfica – “Lá vi o que todos viram. Um jogador que já tinha uma maturidade técnica e leitura de jogo que iriam fazer dele o grande jogador que foi mais tarde”*.
Com o acordo firmado com as “Águias”, Deco, inicialmente por um “empréstimo”, seguiria viagem na companhia de Cajú, outro atleta que viria a brilhar no futebol luso. No entanto, à chegada a Lisboa, os dois jovens acabariam recebidos por dirigentes do Alverca e encaminhados para o emblema ribatejano. Na colectividade, à altura, “satélite” do Benfica, o médio-ofensivo, apesar da desilusão inicial, conseguiria colorir a campanha de 1997/98 com exibições de qualidade. Porém, os “Encarnados” acabariam por recuar no momento de, em definitivo, contratar o jogador – “O Benfica não aproveitou, porque tinha de exercer a opção de compra pelo meu passe. É aí que entra o Jorge Mendes, que foi fundamental. Em dezembro desse ano [1997], tinha propostas de clubes da I Divisão do campeonato Paulista, entre os quais o Ituano e a Portuguesa Santista. Fiquei na dúvida se devia voltar ao Brasil, porque mesmo estando num clube da II Divisão portuguesa, estava a destacar-me”**.
Rejeitado pelo treinador benfiquista Graeme Souness, seria já pela mão do empresário Jorge Mendes que Deco chegaria ao Salgueiros. Em Paranhos, uma lesão atrapalharia o arranque da temporada de 1998/99. Todavia, e depois de recuperado, poucas jornadas seriam necessárias para aferir a extrema qualidade do atleta. De repente começaria a falar-se na sua transferência para emblemas de outra monta. Algumas hipóteses emergiriam de Espanha, mas seria o FC Porto a ganhar a corrida pelo criativo centrocampista. Mudar-se-ia para as Antas ainda no decorrer da campanha de chegada ao Estádio Engº. Vidal Pinheiro e, sob a batuta do técnico Fernando Santos, contribuiria para a vitória no Campeonato que selaria a conquista do mítico “Penta”.
No FC Porto, onde passaria 5 temporadas e meia, Deco participaria numa das mais gloriosas páginas da história “azul e branca”. Ao título aludido no parágrafo anterior, viria ainda a somar um longo rol de troféus. Outras 2 Ligas portuguesas, 3 Taças de Portugal e 2 Supertaças Cândido de Oliveira, serviriam para compor um ramalhete cujo destaque principal acabariam por ser as conquistas continentais. Nesse campo, já com José Mourinho a orientar o destino dos “Dragões”, o médio seria decisivo para as campanhas estonteantes na Taça UEFA de 2002/03 e na “Champions League” do ano seguinte. Respectivamente, em Sevilha frente ao Celtic, como em Gelsenkirchen contra o Monaco, o atleta seria escolhido pelo “Special One” para o alinhamento inicial. Ajudaria a vencer as duas competições e na final alemã, a que ditaria a vitória na mais importante competição mundial de clubes, ainda brindaria o resultado final com um golo da sua autoria.
Também no percurso da selecção, Deco deixaria a sua marca. Apesar de ter nascido no Brasil, o médio, após a conclusão do processo de naturalização, escolheria representar as cores de Portugal. Curiosamente, a estreia com a principal “camisola das quinas”, a 29 de Março de 2003, aconteceria frente ao “Escrete”. Chamado pelo treinador Luiz Felipe Scolari à peleja agendada para o Estádio das Antas, o centrocampista marcaria 1 golo de livre-directo e contribuiria para a vitória por 2-1. No cômputo da caminhada internacional, acumularia um total de 75 partidas e participaria em 4 fases finais de importantes torneios. Nesse contexto, para além dos Mundiais de 2006 e de 2010 e do Euro 2008, o jogador faria parte do tridente que, no miolo do terreno, conduziria a “Equipa de Todos Nós” à final do Euro 2004. Infelizmente para o grupo de trabalho conduzido pelo já citado técnico “canarinho”, a Grécia destruiria o sonho luso e, na derradeira partida disputada em Lisboa, venceria o torneio.
Seria também o certame organizado em Portugal que anteciparia a partida de Deco para Espanha. Transferido para o FC Barcelona, a caminhada trilhada na Catalunha daria continuidade à senda de sucessos alcançados do lado de cá da fronteira. Com o listado “blaugrana” venceria 2 “La Liga” e 2 Supercopas. Para além dos troféus internos, o médio voltaria a pôr a mão na Liga dos Campeões. Na final da edição de 2005/06, tal como tinha acontecido cerca de 2 anos antes, seria chamado à titularidade e ajudaria à vitória, por 2-1, frente ao Arsenal.
Seguir-se-ia na sua carreira o Chelsea orientado por Luiz Felipe Scolari e onde, no balneário, encontraria colegas como: Hilário, Ricardo Carvalho, Bosingwa, Paulo Ferreira e Ricardo Quaresma. Em Londres, apesar de um trajecto não tão faustoso em termos de títulos, a sua estadia ainda serviria para amealhar uns quantos “canecos”. Em 2 campanhas com os “Blues”, com os primeiros passos dados no Verão de 2008, o jogador conseguiria trazer para o palmarés pessoal a conquista da Premier League de 2009/10, mais 2 FA Cup e 1 FA Comunnity Shield.
Para o capítulo final da sua caminhada enquanto futebolista, Deco escolheria regressar ao Brasil e vestir as cores do Fluminense. Mais uma vez, como em quase todos os capítulos de uma carreira a tantos níveis brilhante, os troféus fariam parte dessa experiência nos “gramados”. Entre as temporadas de 2010 e 2014, e já com algumas mazelas a vincar o peso da idade, o centrocampista ainda conseguiria juntar ao currículo outros 3 títulos, a saber: o “Brasileirão” de 2010 e o de 2012 e o “Estadual Carioca” de 2012.
Depois de retirado da alta-competição, Deco, sem largar a modalidade, passaria a dedicar-se à gestão das carreiras de outros atletas. Nesse sentido, fundaria e passaria a orientar a agência “D20 Sports”, que tem ajudado nomes como Bruno Tabata (Sporting), Fabinho (Liverpool), Raphinha (Leeds Utd), Tiquinho Soares (Olympiakos), entre outros.

*retirado do artigo de João Tiago Figueiredo, publicado a 26/08/2013, em https://maisfutebol.iol.pt
**retirado do artigo publicado a 24/04/2020, em https://maisfutebol.iol.pt

1234 - MALTA DA SILVA

Descoberto no Sports Clube Portugal de Benguela, onde, em simultâneo, chegaria a praticar futebol e basquetebol, Malta da Silva aterraria em Lisboa para representar o Benfica. Para essa temporada de 1964/65, campanha em que as “Águias” alcançariam a 4ª final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, nos comandados do treinador Elek Schwartz, estavam, só para o sector mais recuado, nomes como Germano, Cavém, Jacinto, Raúl, entre outros. Com tamanha e tão ilustre companhia, as oportunidades dadas ao reforço recém-chegado de Angola seriam poucas. Mesmo podendo posicionar-se na direita ou no centro da defesa, a polivalência do jovem futebolista de pouco serviria e, na campanha de entrada na “Luz”, apenas participaria em meia-dúzia de partidas para o Campeonato. Nas campanhas seguintes, igual fado e seria somente no desenrolar da época de 1969/70 que a sua sorte mudaria.
Com Otto Glória de regresso ao emblema da Luz, Malta da Silva, finalmente, teria o ensejo de demonstrar todas as qualidades que, alguns anos antes, tinham feito os responsáveis pelos “Encarnados” interessarem-se pela sua contratação. Com fino recorte técnico, capacidade de passe superior, elegância e, contudo, sem deixar de ser combativo, o defesa começaria a ganhar espaço no seio do plantel. Fixar-se-ia na lateral-direita e conservaria a titularidade, mesmo com a chegada do treinador Jimmy Hagan. Aliás, seria sob a batuta do técnico inglês que mais brilharia. Tal destaque não passaria despercebido aos homens da Federação Portuguesa de Futebol, que começariam a ver em si um elemento capaz de ajudar aos desígnios futebolísticos da nação. A primeira presença em campo com a “camisola das quinas” chegaria, a 17 de Fevereiro de 1971, pela mão de José Gomes Silva. Depois dessa partida frente à Bélgica, calendarizada para a Fase de Apuramento para o Euro 72, o seu nome voltaria a ser chamado a representar Portugal e, no total, somaria 5 internacionalizações “A”.
Após 11 temporadas a representar o Benfica, a ligação entre o clube e o atleta conheceria o fim. Malta da Silva partiria depois de participar em 191 pelejas oficiais, de marcar 1 golo e com o currículo enriquecido pelas conquistas de 7 Campeonatos Nacionais e de 2 Taças de Portugal. Seguir-se-iam o Viseu e Benfica e a viagem em direcção ao “El Dorado” do futebol dos anos de 1970. Entraria para a North American Soccer League em 1977, onde reencontraria a companhia de António Simões, seu antigo colega nas “Águias” e até no, ainda agora referido, emblema beirão. Nos Estados Unidos da América começaria por envergar as cores do San Jose Earthquakes. Passaria também, já na disputa da American Soccer League, pelos Rhode Island Oceaneers. Cumprida a curta vivência do outro lado do Oceano Atlântico, regressaria a Portugal numa fase marcadamente descendente da carreira profissional. Encetaria, então, um trajecto de alguns anos pelos escalões secundários, durante o qual sobressairiam os seus desempenhos como treinador-jogador. Benfica de Castelo Branco, onde contribuiria para uma subida à 2ª divisão, Lusitano de Vila Real de Santo António e Pêro Pinheiro transformar-se-iam nas colectividades do aludido período.

1233 - VÍTOR MANUEL

Oriundo de um lar com vincadas tradições no futebol português, onde o pai e o irmão, respectivamente Paulista e Vasco, almejariam tornar-se figuras maiores da história do Clube Desportivo das Aves, seria também no popular emblema sediado no Concelho de Santo Tirso que Vítor Manuel daria continuidade ao uso familiar. Depois de cumprir a formação com o listado alvirrubro, o médio, corria a temporada de 1988/89, subiria à equipa principal. Mesmo com as dificuldades inerentes a um desafio mais exigente, a sua evolução, um par de anos após a estreia como sénior, levá-lo-ia a assumir no grupo de trabalho um papel de maior monta. Sempre a disputar a 2ª divisão, essa importância, sublinhada pela época de 1992/93, em que, para além da titularidade, também conseguiria destacar-se por uma boa quantidade de golos marcados, levá-lo-ia a ser tido como um bom reforço para colectividades primodivisionárias. Nesse sentido, seria em Lisboa que viria a arranjar nova morada.
Ao serviço do Belenenses a partir da campanha de 1993/94, muito para além dos primeiros passos dados no escalão máximo do futebol nacional, Vítor Manuel manter-se-ia como um centrocampista de bons índices físicos, fortes características defensivas, mas também como um intérprete com bastante criatividade. Essas qualidades dar-lhe-iam um lugar de destaque na época de estreia entre os “grandes”, conseguindo marcar presença em grande parte das pelejas agendadas aos “Azuis”. Curiosamente, a temporada seguinte pautar-se-ia por uma maior discrição e esse facto levaria o atleta a procurar um novo destino.
No Alentejo, as 4 temporadas a envergar as cores do Campomaiorense tornar-se-iam, na minha humilde opinião, no melhor período da carreira de Vítor Manuel. Com 3 campanhas disputadas no patamar máximo, o único ano passado no escalão secundário, entregaria ao currículo do atleta o título de campeão da Divisão de Honra. Claro está que o momento de maior importância vivido com os “Galgos” viria a ser a presença na final da edição de 1998/99 da Taça de Portugal. Ao ser chamado à convocatória pelo treinador José Pereira, a participação do médio no derradeiro desafio da denominada “Prova Rainha” começaria no banco de suplentes. Entraria em jogo ainda com o resultado num empate a zeros. Todavia, a sua presença em campo seria insuficiente para evitar a vitória adversária e, com o “placard” final a marcar 1-0, veria o Beira-Mar a erguer o prestigiado troféu.
Seguir-se-ia na caminhada profissional do atleta a ligação ao Farense. À capital algarvia chegaria na temporada de 1999/00 e para trabalhar com João Alves, um dos técnicos presentes na passagem do jogador pelo emblema de Campo Maior. Mesmo com a saída do referido treinador a meio da sua primeira época em Faro, o trabalho do médio não perderia relevância e Vítor Manuel manter-se-ia como um dos elementos mais utilizados. Ainda assim, no final do segundo ano dar-se-ia o fim da união entre o centrocampista e a agremiação do Sotavento. Mantendo-se na 1ª divisão, a campanha de 2001/02 vivê-la-ia ao serviço do Varzim. Porém, a descida de patamar dos poveiros e um, mais que certo, apelo do coração, levá-lo-ia, em 2002/03, a voltar ao Desportivo das Aves – "Estes nove anos em que estive fora do clube deram-me maturidade e força para poder ajudar mais (…). Entendi que era o momento para regressar. Por isso, aqui estou no máximo dos meus recursos para dar tudo o que sei"*. Ora, a força revelada perante os órgãos de comunicação social, mesmo tendo em conta o retorno ao 2º escalão, daria os seus frutos alguns depois. Em 2006/07, com as cores do emblema da sua terra natal, voltaria à 1ª divisão e no final do Campeonato daria como terminada a caminhada na alta-competição.

*retirado do artigo publicado em www.record.pt, a 08/07/2002

1232 - CANÁRIO

Alentejano da cidade de Portalegre, Carlos Augusto Ribeiro Canário começaria a jogar numa das mais emblemáticas colectividades da sua terra natal. Entraria para as fileiras do Sport Clube Estrela ainda em idade júnior e, terminada a formação, seria ainda na mesma agremiação que subiria à categoria principal. Já como sénior, nas posições mais avançadas do terreno de jogo, o jovem atleta rapidamente conseguiria destacar-se como um intérprete de imensa qualidade, onde a boa técnica e o entendimento superior das manobras tácticas fá-lo-iam destacar-se dos demais colegas.
Ao revelar-se como um excelente jogador, e ainda a disputar a 2ª divisão, não tardaria muito até que emblemas de outra monta começassem a acercar-se dele. Nesse sentido, seria o Sporting Clube de Portugal a convencer o atleta a deixar o nordeste alentejano. Com a entrada no colectivo leonino a registar-se na temporada de 1938/39, os primeiros tempos do jogador em Lisboa não seriam, em termos desportivos, propriamente fáceis. Integrado num grupo recheado de internacionais, a maior experiência dos seus colegas vetá-lo-ia, nas cogitações do treinador Joseph Szabo, a escolha secundária. Ainda assim, o seu inquestionável valor mantê-lo-ia no plantel e aferido como atleta de grande utilidade. Já mudança de paradigma dar-se-ia com a alteração da sua posição dentro de campo e a utilização no meio-campo acabaria por transformar a carreira de Canário, bem como deixaria uma indelével marca no futebol português.
Para aproveitar a sua qualidade de passe e visão de jogo, o já referido técnico luso-húngaro veria na passagem de atleta para o miolo do terreno uma maior utilidade. A alteração, perpetuada após a entrada de outros treinadores, serviria, anos mais tarde, de alimento para uma das linhas avançadas mais conhecidas no futebol luso. Na retaguarda dos afamados “Cinco Violinos”, Canário passaria a ser tido, nas manobras defensivas e ofensivas, como o verdadeiro sustento do virtuosismo escalonados para o ataque. Manter-se-ia assim tido, salvo algumas excepções, durante a grande parte da sua caminhada desportiva. A importância que acabaria por merecer no seio do grupo de trabalho “verde e branco”, resultado de uma titularidade praticamente incontestada, revelar-se-ia também no inúmero rol de títulos colectivos que o Sporting venceria durante os anos de 1940 e o início da década de 1950. Nesse contexto glorioso, em 14 campanhas de “Leão” ao peito, o jogador arrecadaria para o palmarés pessoal, 7 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal, 1 Taça Império, 7 Campeonatos de Lisboa e 1 Taça de Honra.
Também pela selecção nacional, numa altura em que as pelejas entre países eram escassas, Canário trilharia um ilustre caminho. Cerca de um ano antes ter entrado em campo pela equipa “b”, 23 de Maio de 1948 marcaria a sua estreia pelo conjunto principal de Portugal. Depois de, pela mão de Virgílio Paula, ter disputado a primeira partida numa vitória frente à República da Irlanda, a qualidade que pautaria a sua carreira mantê-lo-ia, até 1951, como um elemento habitual nas convocatórias da “Equipa das Quinas”. Ao tornar-se n um detalhe a elevar um trajecto já bem faustoso, Canário acrescentaria ao currículo um total de 10 internacionalizações “A”.

1231 - EVARISTO

Aldeano de gema, figura e “filho” do popular Bairro do Mouco, Evaristo Pinto da Silva entraria para as “escolas” do clube de maior monta da sua terra natal. Terminado o percurso formativo no Clube Desportivo do Montijo, o passo seguinte levá-lo-ia, no início da década de 1970, a ser chamado a representar o plantel sénior da referida colectividade. Começaria por acompanhar o emblema da Margem Sul nas pelejas dos escalões secundários. Porém, esse paradigma rapidamente mudaria e com o emblema a conseguir, com a conclusão da temporada de 1971/72, posicionar-se no 1º lugar da Zona Sul do Campeonato Nacional da 2ª divisão, outras portas viriam a abrir-se para o jovem atleta.
O facto relatado no final do parágrafo anterior, ou seja, a promoção à 1ª divisão e consequente estreia do Montijo no escalão máximo do futebol português, seria mais que suficiente para inscrever Evaristo na história do clube. No entanto, o jogador, ao longo da carreira, mostraria ser muito mais do que uma efeméride ou uma mera estatística. A contribuir para tal, a sua postura dentro de campo tornar-se-ia num exemplo de abnegação e combatividade. Ao posicionar-se no miolo do terreno de jogo, o médio ficaria conhecido pela bravura, rispidez e por um físico e poderio inigualável.
Com a estreia no cenário primodivisionário a acontecer pela mão do treinador argentino Dante Bianchi, a verdade diz-nos que Evaristo, no decorrer dessa época de 1972/73, poucas oportunidades alcançaria no “onze” titular. Porém, e apesar de este facto conseguir ser justificado pela presença de atletas como Rachão ou Raúl Vítor, não é menos correcto dizer-se que a entrega e lealdade que sempre mostrou também contribuiria para cevá-lo como um elemento importante para as metas traçadas ao grupo de trabalho. Assim sendo, e depois de, na Liguilha, ajudar o Montijo a selar a manutenção, a campanha seguinte, já sob o comando do técnico uruguaio José Caraballo, voltaria a revelar o médio como um membro de incontestável utilidade para o plantel.
Durante a quase totalidade da sua carreira desportiva, Evaristo não conheceria outras cores para além do amarelo e verde do Montijo. Com muitas contendas travadas, voltaria, mais uma vez, a ser decisivo para a nova promoção do clube à 1ª divisão. Após 2 temporadas a militar no 2º escalão, a campanha de 1976/77 marcaria o regresso do jogador, e respectiva comitiva montijense, ao convívio com os “grandes”. A aludida época tornar-se-ia, com o fim da mesma e como resultado directo do 14º posto da tabela classificativa, na última presença do médio no patamar máximo. Prosseguira, ainda durante mais uns anos, sem mudar de camisola, mas o defeso estival de 1980, desviá-lo-ia da única agremiação conhecida, até à altura, no seu trajecto competitivo.
A passagem pelo plantel do Barreirense de 1980/81, onde partilharia o balneário com antigos colegas como Gijo, António Jorge e Manuel José, serviria também para, de certa maneira apadrinhar os primeiros passos de Neno e Nunes, futuros internacionais “A”. Seguir-se-iam, numa carreira a passos largos a aproximar-se do fim, o Estrela de Vendas Novas, a vitória na edição de 1981/82 do Campeonato Distrital da Associação de Futebol de Évora e o fim da caminhada como futebolista, ainda ao serviço do emblema alentejano, em 1983.

CROMOS PEDIDOS 2022

Em vésperas de mais um aniversário, voltámos a dar a voz aos nossos leitores. Como tem vindo a ser tradição, elaborámos uma lista de 30 antigos atletas e submetemo-la ao sufrágio daqueles que, ao longo destes (quase) 12 anos, têm vindo a fazer crescer este projecto. Homenageamos, deste modo, as figuras que, desde o tempo dos relatos até às transmissões televisivas, têm feito as nossas delícias e têm alimentado a nossa paixão pelo futebol.
Sabendo da impossibilidade de incluir todos nesta eleição, aqui deixo a lista dos 10 mais votados e, por conseguinte, os nomes a publicar durante o mês de Junho.

Gaúcho (Estrela Amadora) --------------- 9,26% votos
Carlos Pereira (Belenenses) ------------- 7,40% votos
Aparício (Vitória Setúbal) ----------------- 7,40% votos
Moreira (Benfica) --------------------------- 7,40% votos
Lipcsei (FC Porto) -------------------------- 7,40% votos
Deco (Sel. Portugal) ----------------------- 7,40% votos
Malta da Silva (Benfica) ------------------ 7,40% votos
Vítor Manuel (Desp. Aves) --------------- 7,40% votos
Canário (Sporting) ------------------------- 5,56% votos
Evaristo (Montijo) -------------------------- 5,56% votos