839 - ZÉ ANTÓNIO


Tendo terminado a sua formação em meados da década de 90, o jovem central haveria de transitar para o plantel principal do Torreense. Não conseguindo, imediatamente, afirmar-se como titular indiscutível, o defesa logo havia de dar sinais que a sua qualidade era elevada. Tanto assim foi que, logo na sua segunda temporada como sénior, já Zé António era um dos nomes com mais presenças nas fichas de jogo do emblema do Oeste.
A partir dessa data o jogador afirmar-se-ia como um dos pilares do grupo. A importância que assumiria no seio do plantel levaria os responsáveis técnicos da Federação Portuguesa de Futebol a ver nele um elemento capaz de acrescentar valor às equipas nacionais. Em Dezembro de 1997, o defesa faria a sua estreia com a “camisola das quinas”. Integrado nos S-20, e com a dupla Jesualdo Ferreira e Rui Caçador a orientar o conjunto luso, Zé António participaria em diversos torneios internacionais.
Visto como uma promessa do futebol português, rapidamente surgiram interessados na sua contratação. O FC Porto conseguiria convencer o atleta a mudar-se para o Norte do país. No entanto, a falta de espaço no plantel “Azul e Branco” levaria o jogador a vestir outras camisolas. Leça e Alverca, por empréstimo dos “Dragões”, tornar-se-iam no destino do jogador nas épocas seguintes. Todavia, as referidas cedências acabariam por não abrir as portas ao regresso ao Estádio das Antas. Gorada essa hipótese, aquilo que sobrou não foi de todo negativo. Tendo conseguido afirmar-se no principal escalão do nosso futebol, o central, daí em diante, manter-se-ia a disputar a 1ª divisão.
Varzim e Académica de Coimbra também fariam parte desse seu percurso primodivisionário. Apesar das boas prestações em todos os emblemas por onde, até então, tinha passado, seria ao serviço dos “Estudantes” que conseguiria provar que estava pronto para aspirações maiores. No Verão de 2005, acabaria por dar o “salto” que já há muito prometia. Com diversos emblemas no seu encalço, acabaria por preferir o Borussia de Mönchengladbach e mudar-se-ia para a Bundesliga.
Foi a jogar no emblema alemão que Zé António viveu a melhor fase da carreira. Atento às suas qualidades estava também o seleccionador nacional. Luíz Felipe Scolari acabaria por chamar o jogador às partidas de qualificação para o Euro 2008. Apesar da convocatória para os encontros frente ao Azerbaijão e Polónia, o central não chegaria a entrar em campo, não conseguindo, por essa razão, a tão almejada internacionalização pela principal equipa portuguesa.
Também nesse ano de 2007, acabaria por viver a amargura da despromoção. Com o Borussia de Mönchengladbach a disputar o segundo escalão da Alemanha, o defesa, por empréstimo dos germânicos, mudar-se-ia para a Turquia. Já depois dessa temporada de 2007/08 com as cores do Manisaspor, o atleta veria o emblema a alemão a chegar a um acordo para a venda do seu passe. Contudo, na transferência para o Racing de Sanatander a sorte não o acompanharia. Diversos problemas fariam com que não chegasse a jogar na “La Liga”. As divergências com o emblema da Cantábria acabariam do pior modo, com o atleta a acusar a colectividade espanhola de incumprimento contratual e consequente rescisão.
A última parte da carreira de Zé António traria o atleta de volta a Portugal. Primeiro estaria ao serviço do União de Leira. De seguida, e após um ano de interregno, o defesa acabaria por aceitar novo convite do FC Porto. Com o ressurgimento das equipas “B”, o experiente futebolista acabaria por ser contratado com o intuito de servir de exemplo e transmitir os seus conhecimentos aos jovens craques do clube.
Já depois de, em 2015, ter posto um ponto final na sua carreira como atleta, muito tem vindo à baila sobre o seu futuro na modalidade. Tendo sido veiculada uma possível ligação às “escolas” portistas, também viria a público algumas notícias sobre uma eventual entrada na equipa técnica de Jupp Heynckes, aquando da contratação deste pelo Bayern Munique (2017/18).

838 - JANITA

Janita é o reflexo do trabalho feito pelas “escolas” do Torreense. Durante alguns anos, o extremo conseguiria mostrar as suas habilidades no escalão máximo português. Curiosamente, acabaria por nunca o fazer ao serviço do emblema que o formou.
Seria pelos do Oeste, na transição da década de 70 para os anos 80, que Janita faria a estreia no patamar sénior. Manter-se-ia no clube por diversas épocas. No entanto, e durante esse período, acabaria por nunca abandonar os escalões secundários. Ainda assim, e na incapacidade do grupo alcançar a subida à 1ª divisão, as boas exibições que conseguiria rubricar haveriam de catapultar a sua carreira.
Foi então no Salgueiros que o extremo-direito conseguiria estrear-se nos palcos maiores do nosso futebol. A sua contratação por parte do emblema da cidade do Porto, apresentá-lo-ia ao convívio dos “grandes” na temporada de 1983/84. Numa época conturbada, em que os de Paranhos haveriam de contar com 3 treinadores, as prestações do atleta acabariam, de algum modo, por cooperar para o apaziguamento da instabilidade vivida durante essa campanha.
No sentido daquilo que foi o seu contributo para as prestações colectivas, e não sendo o jogador aquilo que possa designar-se como um “titular absoluto”, Janita faria parte da lista daqueles que mais presenças em campo haveriam de contar. O seu estatuto manter-se-ia inalterado nas épocas seguintes. Curiosamente, seria no ano em que mais presenças conseguiria alcançar no Campeonato Nacional que a sua ligação ao clube acabaria por conhecer o fim.
À procura de uma nova direcção, Janita voltaria ao Torreense. Todavia, e ao contrário do que seria espectável, o regresso ao clube não traria à sua carreira a estabilidade que necessitava para o seu futuro como futebolista. A partir dessa temporada de 1986/87 o atleta entraria numa senda errante. Com constantes mudanças de clubes, o atacante, daí em diante, envergaria um incontável número de diferentes camisolas. Com as cores do União da Madeira, ainda conseguiria inscrever o seu nome num plantel primodivisionário. Contudo, a sua passagem pelo Funchal pouco acrescentaria à sua caminhada e, no final da temporada de 1989/90, já estava de volta à rota habitual.
Vilafranquense, Moreirense, Mirense, Marinhense, Rio Maior e Peniche também fazem parte do seu trajecto como futebolista. O fim desse percurso aconteceria já na temporada de 1997/98 e ao serviço do Ponterrolense.

837 - NUNO DAMAS

Não sendo um atleta muito conhecido do público, a verdade é que Nuno Damas chegou a vestir a camisola de dois dos “grandes” de Portugal. O primeiro desses emblemas seria o Sporting, onde, no início dos anos 80, terminaria a sua formação. Seguir-se-ia no seu percurso, por falta de espaço em Alvalade, o Juventude de Évora. A mudança para o Alentejo, ainda que a disputar a 2ª divisão, dar-lhe-ia a oportunidade de fazer a estreia no patamar sénior. Infelizmente para o jogador, que até já tinha sido internacional s-16, pouco mais resultaria dessa experiência. Durante os anos seguintes, com passagens por Ginásio de Alcobaça e Torreense, o defesa manter-se-ia pelos patamares secundários.
Curiosamente, e depois dessa passagem pela colectividade de Torres Vedras, é noutro “grande” que Nuno Damas volta a ter uma chance no escalão máximo nacional. Após uma boa temporada na lateral direita do emblema do Oeste, o Benfica decide contratá-lo. Com Veloso como titular, as oportunidades que o jogador haveria de ter seriam poucas. Ebbe Skovdhal haveria de o usar no meio-campo. Posteriormente à estreia frente ao Vitória de Setúbal, e mesmo com a saída do treinador dinamarquês, Nuno Damas manter-se-ia como uma segunda escolha. Já com Toni ao comando dos “encarnados”, o atleta faria o seu derradeiro jogo de “Águia” ao peito.
Com a saída da “Luz” no Verão de 1988, Nuno Damas ver-se-ia afastado do escalão principal por 3 anos. O regresso seria com as cores daquele que acabaria por tornar-se no emblema mais representativo do seu percurso profissional. De volta também ao Torreense, depois de uma curta passagem pelo Varzim, o defesa consegue para o seu palmarés mais uma temporada na 1ª divisão. Mesmo com a despromoção do clube no final dessa campanha de 1991/92, a ligação manter-se-ia por mais uma época, ao fim da qual o jogador começaria um périplo por diferentes clubes nos escalões secundários. Nacional da Madeira, Peniche e Rio Maior fariam também parte dessa caminhada que, em 1999, conheceria o seu final em nova passagem pelo Ginásio de Alcobaça.

836 - JUAN FORNERI

Tendo o jogador aparecido por cá em meados dos anos 50, seria certo pensar-se que os registos sobre o seu percurso desportivo fossem mais conclusivos. No entanto, tudo aquilo que consegui apurar levou-me a uma série de dúvidas ainda maiores! A primeira: de onde surgiu Forneri? Há quem diga que, antes da sua viagem para a Europa, o médio já tinha jogado pelo Quilmes. Outros, contudo, referem-no numa senda curiosa. Nela, sem ligação a qualquer colectividade, terá andado pelo nosso país a bater de porta em porta, à procura de um novo clube. A verdade, a única que consegui confirmar, é que a primeira aparição deste argentino em Portugal remonta à temporada de 1953/54.
Foi, então, ao serviço do Juventude de Évora que Forneri disputou as primeiras partidas nos nossos campeonatos. Aqui, mais uma dúvida. Há quem o apresente como vindo de um empréstimo do FC Porto. Todavia, a fraca consistência da dita informação faz-me pensar que tal não passa de mais um erro no universo cibernauta.
Continuando… Já após cumprir essa época inicial, outros pretendentes começaram a aparecer. Sendo um atleta de excepcionais qualidades, e com os alentejanos a claudicarem nas derradeiras etapas da luta pela promoção, novo convite haveria de surgir. Com Oscar Tellechea no lugar de treinador, e havendo no balneário outros conterrâneos seus, foi fácil para os responsáveis do Torreense convencer o atleta a mudar-se para o Oeste. Em Torres Vedras assumiria um papel de tremenda importância naqueles que foram os melhores anos da colectividade. Tendo a seu lado Américo Belen e José Maria Pellejero, também eles argentinos, Forneri destacar-se-ia como um dos melhores centrocampistas a actuar em Portugal.
Bom a defender e a atacar, o atleta conseguia ocupar várias posições dentro do terreno de jogo. Essa polivalência, que o levava a ser médio interior ou médio defensivo, seria uma das grandes armas para as boas campanhas do seu clube. Muito para além de ser um titular indiscutível, seriam as suas prestações que ajudariam o Torreense a atingir a final da Taça de Portugal de 1955/56. No entanto, e depois de já ter marcado o golo que, nessa caminhada, ajudaria a eliminar o Sporting, Forneri não evitaria a derrota na derradeira partida da prova. Frente ao FC Porto, o emblema saloio não conseguiria sair do Jamor com a vitória. Dois golos de Hernâni, sem qualquer tento em resposta, fariam com os de “Azul e Branco” levassem o troféu para a “Cidade Invicta”.
Após mais algumas temporadas ao serviço do Torreense, é a partir de 1959 que o seu nome deixa de aparecer nas fichas de jogo dos nossos campeonatos. É também a partir dessa data que em Espanha surge um atleta que, mesmo com algumas diferenças no nome e ano de nascimento, muitos relatam como sendo a mesma pessoa. Contudo, Forneris Ocampo, também conhecido como Juancho Forneri, tem muitas coisas em comum com o jogador que passou em Portugal. Ambos, para além da similaridade do apelido, partilham Juan Carlos como os primeiros nomes; a posição de campo também era a mesma; e, para concluir, há ainda a muito relatada camaradagem que tinha com o antigo atleta do emblema do Oeste, José Maria Pellejero.
Ora, partindo do princípio que Forneri e Forneris Ocampo são o mesmo, então, e já depois de deixar Portugal, pode dizer-se que a carreira do médio terá continuado no sul de Espanha. No Granada, e com o referido Pellejero como companheiro no centro do terreno, o atleta abrilhantaria os campos do escalão máximo espanhol. Tendo, ainda na mesma divisão, representado o Elche, seria no Mallorca que a sua importância seria mais notada. Já um veterano, é nas Baleares que faz a transição dos relvados para o corpo técnico. Durante anos a fio ficaria ligado ao clube. Desempenharia as funções de treinador em todas as camadas; seria chamado a observar jogadores; e, inclusive, faria de roupeiro. A tamanha devoção ao emblema levá-lo-ia a figurar nos anais como um dos seus históricos. Por altura do seu falecimento em 1995, uma partida frente ao Atlético de Madrid seria disputada em sua homenagem.

835 - ANDRADE

Com uma carreira repartida por diversos emblemas, Andrade assumiria um papel de grande importância na história de algumas dessas colectividades.
Tendo, no encetar dos anos 80, terminado a formação no Sporting, a sua transição para o patamar sénior dar-se-ia distante de Alvalade. Possivelmente sem lugar no clube lisboeta, o defesa, mesmo já tendo conseguido algumas internacionalizações pelas jovens selecções portuguesas, acabaria por ir parar ao Alentejo. No Juventude de Évora daria início a um percurso que, durante algumas temporadas, o manteria a disputar a 2ª divisão. Ginásio de Alcobaça, Peniche e a primeira passagem pelo Torreense completariam a etapa inicial do seu percurso profissional.
A estadia na cidade deTorres Vedras como que daria azo à sua estreia no patamar máximo do nosso futebol. Os bons desempenhos conseguidos ao serviço do clube do Oeste levariam a que o Farense decidisse apostar na sua contratação. A temporada passada no Algarve (1986/87), mesmo tendo em conta os resultados do colectivo, reforçaria a ideia de Andrade como um atleta primodivisionário. Com os “Leões de Faro” a não conseguirem a permanência, seria então no Marítimo que o esquerdino asseguraria a continuidade na 1ª divisão.
Os 3 anos vividos no Funchal, somando-os à já referida passagem pelo emblema do Sul do país, dariam ao jogador o período mais longo passado no patamar máximo. Ainda assim, no Verão de 1990, o lateral esquerdo decide regressar ao Torreense. Ainda que de volta ao escalão secundário, Andrade acabaria por ser um dos elementos mais utilizados na campanha seguinte e, desse modo, um dos pilares da promoção à 1ª divisão. Na dita caminhada, o treinador Manuel Cajuda, entendo a importância que tinha no seio do plantel, faria dele o líder da equipa. Com a braçadeira de “capitão”, o defesa ainda acompanharia o grupo em nova descida ao escalão secundário. Já a última época disputada entre os “grandes” aconteceria bem perto do final da sua carreira. Em 1994/95, já após vestir as cores do Sporting de Espinho, é no Sporting de Braga que faz a derradeira campanha pelos palcos maiores do futebol nacional. O fim viria um par de anos depois e com a camisola do Lourinhanense.

834 - FILIPE

Por mais que queiramos o contrário, não é muito normal encontrarmos um jogador que, fora do universo dos “3 grandes”, obtenha visibilidade suficiente para conseguir vingar com a camisola de Portugal. Filipe foi uma dessas excepções.
Pertencendo às escolas do Torreense, seria ainda em júnior que o médio começaria a ser chamado aos trabalhos das jovens selecções nacionais. Batalhador, mas sem deixar de mostrar alguma capacidade técnica, as qualidades de Filipe não escapariam ao “olho clínico” de Carlos Queiroz. Na construção daquela que ficaria conhecida como a “geração de ouro”, o jovem atleta seria convocado para, em 1988, participar na fase final do Euro s-18. No certame organizado na antiga Checoslováquia, o centrocampista, em jeito de prenúncio para vitórias futuras, ajudaria o nosso país a conquistar a medalha de prata.
Cerca de um ano depois, e numa altura em que já decorria a sua primeira temporada como sénior, Filipe volta a merecer a confiança de Carlos Queiroz. A aposta do seleccionador levá-lo-ia, dessa feita, a participar num dos momentos históricos do futebol “luso”. Na Arábia Saudita, fazendo parte de um grupo que tinha nomes como os de João Vieira Pinto, Paulo Sousa ou Fernando Couto, o médio participaria na maior parte dos encontros referentes à fase final do Mundial s-20 de 1989. Sendo um dos mais utilizados, a sua importância seria fulcral na progressão da jovem equipa. Já na derradeira partida do campeonato, seria chamado ao “onze” inicial e ajudaria Portugal a bater a Nigéria por 2-0.
Após a consagração como campeão mundial, aumenta o desejo de outras equipas poderem contar consigo nas suas fileiras. O Sporting acabaria por conseguir convencê-lo a assinar contrato e, no Verão de 1989, dá-se a sua transferência do emblema de Torres Vedras para Alvalade. De “Leão” ao peito, e logo à 2ª temporada, já Filipe conseguia afirmar-se como um dos nomes mais importantes no plantel. Ainda com Marinho Peres no comando ou já com Bobby Robson como treinador, o médio parecia confirmar todo o potencial mostrado até então. Curiosamente, seria a chegada de Carlos Queiroz aos de “verde e branco” que, de alguma forma, iria alterar esse seu estatuto.
Sob a alçada daquele que o tinha lançado na alta-roda do futebol nacional, e numa altura em que já contava com 3 internacionalizações “A”, Filipe começa a perder alguma preponderância na manobra da equipa leonina. No final da campanha de 1995/96, após 7 temporadas ao serviço do clube, a sua ligação ao Sporting chega ao fim. Com a Taça de Portugal de 1994/95 no currículo, o médio deixa Lisboa para seguir para a Madeira. No Marítimo daria início a uma nova fase da sua carreira que, longe do que seria espectável para um futebolista do seu gabarito, caracterizar-se-ia por constantes mudanças de clube e campanhas medíocres.
Vitória de Guimarães e Desportivo de Chaves acabariam por ser os seus últimos emblemas na 1ª divisão. Depois viriam os escalões secundários e a colectividade que, de certa maneira, viria a dar um novo rumo ao seu percurso na modalidade. Já depois de ter posto um ponto final no trajecto como atleta, seria também no Mafra que daria início à caminhada como treinador. Tendo ficado durante várias temporadas no clube saloio, e mais uma ao serviço do Real de Massamá, a experiência conseguida no desempenho das já referidas funções levá-lo-ia a outros patamares. Desde 2011 a trabalhar com a Federação Portuguesa de Futebol, Filipe têm-se destacado nas selecções jovens. Tendo passado por diversos escalões, o antigo jogador é actualmente (2017) o seleccionar dos s-18 portugueses.

833 - JORGE

Com uma carreira ligada maioritariamente ao Torreense, é curioso que a sua estreia no escalão máximo esteja associada a outro emblema. Ora, já depois de, nos regionais “alfacinhas”, ter vestido a camisola do CDUL e de, anos mais tarde, ter dado início à sua história no clube de Torres Vedras, é no centro do país que consegue estrear-se na 1ª divisão. Na Académica de Coimbra, para a temporada de 1984/85, o guardião acabaria por não lograr de muitas oportunidades. Com Marrafa a titular e ainda com o jovem Vítor Nóvoa à sua frente, Jorge acabaria por ser a 3ª escolha para os responsáveis técnicos da “Briosa”. Mesmo não sendo visto como uma prioridade no escalonamento da equipa, o guarda-redes acabaria por ter a sua chance. Num desafio referente à 2ª jornada do Campeonato Nacional, entraria ao minuto 65, numa partida que terminaria com a vitória do Sporting por 2-3.
Depois da fugaz passagem pelos “Estudantes”, voltar ao Torreense faria dele um dos históricos do clube. Esses 7 anos, passados na sua grande maioria a disputar a 2ª divisão e divisão de honra, terminaria num momento memorável para o emblema saloio. Sendo também um dos grandes pilares da campanha de promoção, o guarda-redes haveria de estar presente no regresso da colectividade aos palcos maiores do nosso futebol. No entanto, a sorte não sorriria ao atleta. Mesmo sendo tido como um dos elementos mais influentes no plantel, a prioridade de Manuel Cajuda para a baliza acabaria por ser Elísio. Mais uma vez, Jorge, que até começaria essa temporada de 1991/92 como o dono da camisola nº1, acabaria como segunda escolha e seria chamado à titularidade apenas por 4 ocasiões.
Talvez por não estar contente com a sua condição de suplente, a verdade é que, terminada a referida época primodivisionária, Jorge deixaria o Estádio Manuel Marques. Numa altura em que o seu trajecto como futebolista profissional já fazia adivinhar um fim próximo, o guarda-redes entraria numa fase de verdadeira alternância. Depois de ter assinado contrato com o Lourinhanense, ainda voltaria a defender as redes do Torreense. Essas 2 últimas temporadas no emblema do Oeste ajudariam, na soma de 3 diferentes ocasiões, a um cômputo de 11 anos ao serviço do clube. O final da sua caminhada aconteceria nos finais dos anos 90 e, com mais um regresso, após envergar as cores do já referido emblema da Lourinhã.

832 - TORREENSE

A 1 de Maio de 1917, num tempo em que o desporto estava em franca expansão em Portugal, nascee na zona Oeste uma colectividade que, durante anos a fio, iria dinamizar a prática das mais diversas modalidades. Futebol, basquetebol, atletismo ou ciclismo seriam algumas das bandeiras do, à altura, baptizado como Sport União Torreense.
Claro está que, sendo a adesão repartida por todas as modalidades, houve uma que, pela popularidade atingida durante esses anos, conseguiria chamar a atenção de mais pessoas. O “jogo da bola” rapidamente obteria uma serie de fiéis seguidores. Curiosamente, a inscrição do emblema “saloio” na Associação de Futebol de Lisboa não seria permitida. Sem a devida autorização e com o intuito de competir, os responsáveis do clube optariam por outra solução e o Torreense passaria a disputar as provas da Associação de Futebol de Leiria.
Só muitos anos após a sua fundação é que o ingresso do clube na AF Lisboa voltaria a ser equacionado. Com 7 títulos de campeão nos “regionais” leirienses, conseguidos durante as décadas de 30 e 40, a cotação do Torreense cresceria bastante. O respeito que a colectividade havia alcançado, alicerçado nas referidas conquistas, faria com que os responsáveis pelo organismo “alfacinha” avaliassem e acabassem por anuir a um novo pedido de filiação. Como é compreensível, a popularidade do clube também não parava de aumentar. As boas campanhas conseguidas nos Campeonatos Nacionais muito ajudariam a isso e acabariam por lançar o emblema na senda da divisão maior do nosso futebol.
O desfecho desse crescimento aconteceria no final de 1954/55. Já depois de na derradeira jornada dessa campanha, o clube ter conseguido assegurar a promoção, o início da época seguinte marcaria a estreia da cidade de Torres Vedras na 1ª divisão. Orientados por Oscar Tellechea e com Morais, Joaquim Fernandes ou os argentinos Forneri e Belen a ajudarem à construção de um plantel de boa qualidade, 1955/56 tornar-se-ia na melhor temporada da história do Torreense. Muito para além da 7ª posição alcançada na tabela classificativa do Campeonato Nacional, recorde repetido um ano depois, seria a participação na Taça de Portugal que levaria o conjunto às primeiras páginas dos jornais. Depois de uma caminhada irrepreensível, durante a qual eliminaria os “colossos” Sporting e Belenenses, a qualificação para a final, levá-lo-ia a defrontar o FC Porto. No Jamor, mesmo com o devido louvor pela presença, o jogo não correria de feição para o grupo “saloio” e, com 2 golos de Hernâni, os “Dragões” levariam o troféu para a cidade “Invicta”.
Para além das 4 primeiras temporadas no escalão máximo do nosso futebol, todas elas seguidas, o Estádio Manuel Marques ainda assistiria a mais algumas campanhas na 1ª divisão. O recinto do Torreense, inaugurado em 1925, seria o palco de mais embates primodivisionários nas épocas de 1964/65 e 1991/92. Como é fácil de adivinhar, essas últimas duas participações não correriam de feição e, em ambos os casos, o clube não conseguiria escapar à despromoção.
Hoje em dia (2017/18), dando seguimento a uma história maioritariamente feita nos “nacionais”, o Sport Clube União Torreense disputa o Campeonato de Portugal (3º escalão). Tendo dado passos importantes no sentido de resolver a grave crise financeira em que esteve mergulhado, o responsáveis pelo clube têm agora como principal objectivo aproximar cada vez mais a colectividade das pessoas, da cidade e da região.

CENTENÁRIOS 2017 - TORREENSE

Nunca será demais relembrar certas efemérides e, nesse sentido, os 100 anos de existência de uma colectividade nunca poderão ser esquecidos.
Este ano, naquilo que é o panorama futebolístico nacional, o Torreense atingiu essa memorável marca. É por isso que, para homenagear a fundação do clube saloio, o mês de Dezembro será dedicado aos “Centenários”.

831 - PETER BEARDSLEY


Tendo começado a sua carreira profissional nas divisões inferiores, Peter Beardsley, ainda assim, conseguiria chamar à atenção de emblemas de maior nomeada. Mesmo não possuindo um físico impressionante, a sua técnica apurada, visão de jogo e capacidade finalizadora, levariam o atleta, ao cabo de 3 temporadas, a deixar o Carlisle United. A aposta na sua contratação acabaria por vir do Manchester United. O atacante, que tinha intercalado a sua experiência no já referido clube com passagens pelos canadianos dos Vancouver Whitecaps, chegaria assim ao patamar máximo do futebol inglês.
A sua passagem por Old Trafford acabaria por ficar muito aquém do que o atleta esperaria. Poucas vezes chamado a jogo, no final dessa época de 1982/83, acabaria por ser vendido ao Newcastle. Curiosamente, o emblema que agora abria as portas ao avançado era o mesmo que, alguns anos antes, o tinha dispensado das suas camadas jovens. Desta feita, a história acabaria por escrever-se de maneira bem diferente e St. James Park serviria para catapultar a sua carreira.
Enquanto integrante do Newcastle, Peter Beardsley seria chamado à selecção. Já depois da sua estreia frente ao Egipto e de uma série de outros “amigáveis”, o avançado veria o seu nome arrolado para o Campeonato do Mundo de 1986. Todavia, já por essa altura o avançado era visto como um dos favoritos no clube. Tendo, uns anos antes, assumido um papel de extrema importância no regresso dos “Magpies” ao escalão máximo, o jogador era adorado por todos os adeptos. Claro está que, estando com a cotação em alta, o atleta começaria a ser bastante cobiçado por outros emblemas. Foi nesse sentido que Kenny Dalglish decidiria fazer uma oferta pela sua aquisição. A maquia, recorde nas transferências em Inglaterra, levá-lo-ia para Liverpool.
Tendo chegado a Merseyside no Verão de 1987, o atacante, daí em diante, iria partilhar o balneário com estrelas como Bruce Grobbelaar, John Barnes, Jan Molby, John Aldridge ou Ian Rush. Tamanha “constelação de estrelas” só poderia resultar em diversos títulos. Aquele que seria o período mais prolífero no percurso profissional de Beardsley, acabaria por trazer ao seu currículo 2 Ligas (1987/88; 1989/90), 1 FA Cup (1988/89) e 3 Charity Shields (1988/89; 1989/90; 1990/91). Para além desse rol de troféus, e que atesta bem a importância do avançado durante os anos em que jogaria pelo conjunto de Anfield, seriam as diversas nomeações para o “PFA Team of the Year”.
Mesmo sendo um dos atletas com presença obrigatória na selecção inglesa, tendo sido chamado ao Euro 88 e Mundial de 1990, o seu espaço no Liverpool começaria a diminuir. Preterido por nomes como o do galês Dean Saunders, a solução para a falta de utilização seria a sua saída do clube. Numa transferência que, por certo, pouco agradou à maioria dos adeptos “Reds”, Peter Beardsley acabaria por mudar-se para os rivais do Everton, na temporada de 1991/92. Numa passagem que, no sentido colectivo, não traria grandes motivos de destaque, só o seu regresso ao Newcastle, 2 anos após a sua ida para Goodison Park, é que o devolveria à equipa nacional.
Já depois desse período no emblema do Nordeste, onde chegou a envergar a braçadeira de capitão, a carreira de Beardsley, tendo já há muito ultrapassado a barreira dos 30 anos, entraria numa fase de enorme errância. Bolton Wanderers, Manchester City, Fulham ou até mesmo a sua passagem pelos australianos do Melbourne Knights, preencheriam um percurso que terminaria na época de 1998/99. Já depois de se afastar dos relvados, a vida do antigo internacional continuaria relacionada com a modalidade. Principalmente ligado ao Newcastle, mas também com uma curta passagem pela selecção inglesa, a sua experiência como treinador tem sido construída nas camadas jovens ou como adjunto.

830 - KENNY DALGLISH

Se uma carreira de sucesso é traduzida pelo número de títulos ganhos, então Kenny Dalglish é um dos melhores exemplos de que o êxito. Todavia, para o antigo avançado não foram só os troféus que o levaram ao topo do futebol britânico e mundial. Quase que arrisco a dizer que o atacante escocês, só pela habilidade mostrada dentro de campo, conseguiria sempre assegurar um lugar na história da modalidade.
Ora, tudo começou na zona de Glasgow, de onde é natural. Tendo estudado em diversas instituições na área metropolitana da referida cidade escocesa, seria no âmbito do desporto escolar que Dalglish daria os primeiros passos na prática do futebol. Curiosamente, e ao contrário do que viria a ser durante o percurso profissional, um dos primeiros lugares que ocuparia seria o de guarda-redes. Mais tarde, e já em posições mais adiantadas, as qualidades que mostrava levá-lo-iam a ser chamado aos “Scottish Schollboys”. O destaque aí conseguido faria com que diversos emblemas tentassem a sua contratação. Liverpool e West Ham convidá-lo-iam para prestar provas. No entanto, o jovem atleta não agradaria e a mudança para Inglaterra abortaria em ambos os casos. Pouco tempo depois seria o Celtic a tentar a sua contratação. Engraçado, é que o jovem atleta até era adepto dos rivais do Rangers. Diz-se que no dia em que o emblema de Parkhead mandou a sua casa um emissário, Dalglish, mal soube da sua chegada, terá corrido para o quarto para retirar da parede os “posters” dos seus ídolos!
Apesar da aposta feita, os primeiros tempos de Kenny Dalglish com os “The Bhoys” não seriam fáceis. Para começar, o avançado, ainda em idade júnior, seria cedido ao Cumbernauld United. Depois, e quando o empréstimo estava prestes a ser renovado, o seu pedido para voltar ao clube levá-lo-ia à equipa de “reservas”. Já a sua inclusão no plantel principal, mesmo tendo feito algumas partidas em campanhas anteriores, aconteceria apenas 3 épocas após o referido regresso. A integração em definitivo aconteceria na temporada de 1971/72 e, imediatamente, mostrariam um atleta de excelência.
No cômputo das 7 temporadas em que Dalglish vestiu a camisola verde e branca, o conjunto de Glasgow beneficiou muito da sua pontaria afinada. Os golos conseguidos pelo avançado seriam um dos principais motores para o sucesso do Celtic. No campo das vitórias, é inegável a importância que o atleta acabaria por ter numa série de títulos. 6 Ligas, 5 Taças da Escócia, 2 Taça da Liga e, já no plano individual, o prémio de Melhor Marcador em 1975/76 é o saldo desses anos a jogar pelo emblema escocês.
O seu nome está também associado a uma boa fase da selecção escocesa. É certo que sem ganhar qualquer competição, a qualificação da equipa nacional para diversas fases finais seria o reflexo dessas boas prestações. Já depois de, em Novembro de 1971, ter conseguido estrear-se pelos “AA”, seria a chamada ao Mundial de 1974 que cimentaria o seu trajecto como atleta internacional. Para além do certame organizado na antiga Alemanha Ocidental, a sua presença em mais 2 Campeonatos do Mundo (1978; 1982) ajudá-lo-iam a tornar-se num dos grandes futebolistas dos anos 70 e 80. A acrescentar a essas participações, os 102 jogos feitos por Dalglish com as cores da Escócia, transformá-lo-iam no atleta com mais partidas disputadas pelo seu país.
Com tudo o que já foi dito, e se, ainda assim, a sua carreira estivesse associada apenas ao Celtic e à selecção escocesa, não seria possível dizer-se que a mesma tivesse terminado desprovida de grandes momentos. Claro está que, para justificar o estrelato a que o atacante chegou, falta um pouco mais. Esse “mais” chama-se Liverpool. Nesse sentido, o nome de Kenny Dalglish está, mais uma vez, associado a um dos melhores períodos da história de um emblema. Tendo chegado a Anfield Road para a temporada de 1977/78, e com a responsabilidade de substituir Kevin Keegan, o avançado também contribuiria para elevar os “Reds” à condição de grande potência do futebol europeu. A testemunhá-lo estão os inúmeros troféus ganhos, entre os quais 3 Taças dos Campeões Europeus, 8 Ligas, 2 Taça de Inglaterra, 4 Taças da Liga e 7 Charity Shields.
Nessa sua passagem por Inglaterra, Dalglish rapidamente provaria que nada o conseguiria desviar da glória. Logo no seu jogo de estreia na Liga, o avançado escocês mostraria porque é que a sua contratação havia fixado um novo recorde em termos monetários. O golo marcado frente ao Middlesbrough, daria início a uma contagem que ultrapassaria a centena de remates certeiros. Curiosamente, no seu palmarés não consta qualquer prémio de Melhor Marcador do referido campeonato. Por outro lado, as suas exibições, levá-lo-iam a vencer o troféu de Jogador do Ano em 1982/83.
Tendo o seu trajecto como futebolista terminado em 1989/90, ele que já era o treinador-jogador fazia 5 anos, Dalglish passa a assumir em exclusivo as funções de “manager”. É Interessante pensar que a maioria dos títulos que ganhou enquanto técnico é referente às campanhas em que o ainda dividia tarefas entre o “banco” e o rectângulo de jogo! É igualmente verdade que, como técnico, nunca haveria de atingir o sucesso que antes havia conseguido como atleta. Ainda assim, as duas passagens por Anfield, pelo Blackburn, Newcastle e Celtic transformariam o seu trajecto num currículo bastante respeitável.

 

829 - BODO ILLGNER

Já após ter terminado a sua formação no FC Köln, Bodo Illgner faria a sua estreia na equipa principal na temporada 1985/86. Depois de, nessa partida frente ao Bayern de Munique, ter entrado para o lugar do expulso Harald Schumacher, seria também em substituição do mítico guarda-redes alemão que, a partir de 1987/88, o atleta chegaria à titularidade.
É durante a campanha em que assegura um lugar na baliza do seu clube, que o jovem futebolista chega à principal selecção da República Federal Alemã. Tendo já vencido um Campeonato da Europa s-16 pela “Mannschaft”, esse amigável frente à Dinamarca marcaria um trajecto que em nada o envergonharia. Logo no final dessa temporada, Illgner é chamado ao Euro 88. Apesar de não ter jogado qualquer partida, sendo o suplente Eike Immel, o torneio organizado no seu país natal como que serviria de prelúdio para um dos melhores feitos na sua carreira.
Ora, é também com a camisola da sua nação que participa no Mundial de 1990. Em Itália, onde seria o dono absoluto da baliza germânica, o guardião daria o seu contributo para que o conjunto orientado por Franz Beckenbauer chegasse à final. No derradeiro jogo do referido torneio, a Alemanha Ocidental encontrar-se-ia com a selecção da Argentina. Em género de desforra, como que a vingar o acontecido 4 anos antes, Illgner consegue manter as suas redes invioláveis, ajudando a sua selecção a consagrar-se campeã do mundo.
Pelo FC Köln, ao contrário do êxito conseguido com as cores da “Mannschsft”, o guarda-redes não ganharia qualquer triunfo colectivo. Mesmo tendo participado em campanhas de relativo sucesso, o melhor que conseguiria testemunhar seria o 2º lugar na “Bundesliga” de 1990/91 e, numa derrota frente ao Real Madrid, a presença na final da Taça UEFA de 1985/86. Mesmo assim, e afastado dos “títulos caseiros”, as suas qualidades seriam frequentemente reconhecidas. Nesse sentido não é difícil compreender que, entre 1989 e 1992, Illgner tenha sido sempre eleito como o Melhor guarda-redes da Liga alemã.
Onde ganharia muitos títulos seria na sua mudança para Espanha. Transferido para o Real Madrid no Verão de 1996, onde chegaria a jogar com Luís Figo, as vitórias começariam a chegar ao seu percurso. Logo para começar, nessa campanha de estreia, os “Merengues” sagrar-se-iam campeões nacionais. Depois, num total de 5 anos na capital espanhola, contribuiria também para 2 “Champions Leagues” (1997/98; 1999/00), 1 Taça Intercontinental (1997/98), 1 Supercopa de Espanha (1997/98) e, para terminar, a “La Liga” de 2000/01.
Seria na equipa “madridista” que Illgner acabaria por pôr um ponto final na carreira de futebolista. Já com as lesões a afectar o seu desempenho e, por consequência, a sua presença no “onze” titular, o guardião começaria a ser substituído por Iker Casillas. “Penduraria as luvas” no final da temporada de 2000/01 e, desde então, tem-se mantido longe dos grandes palcos. Ainda que distante da dos “holofotes”, o antigo guardião não conseguiria afastar-se completamente da atenção do público. Para além de comentador desportivo no canal alemão “Premiere”, o ex-internacional, em parceria com a sua esposa, escreveria o livro “Alles”.

828 - PETER SHILTON

Tendo terminado a formação no Leicester, seria também no emblema sediado nas East Midlands que, com apenas 16 anos, faria a transição para o patamar sénior. Todavia, na baliza morava o mítico Gordon Banks. Com tamanha concorrência, e apesar das suas elogiadas qualidades, o jovem guardião teria ainda de esperar algum tempo para conseguir conquistar um lugar no “onze” inicial. A oportunidade acabaria mesmo por chegar e a transferência do campeão do mundo de1966 para o Stoke City, abriria as portas da titularidade a Peter Shilton.
Com o primeiro jogo pela equipa sénior do Leicester a surgir na temporada de 1965/66, os quase dez anos que passaria ao serviço dos “Foxes” trariam ao atleta uma série de diferentes experiências. Mesmo com o emblema quase sempre num plano competitivo discreto, a verdade é que as exibições do guarda-redes não passariam despercebidas aos mais altos responsáveis do futebol britânico. Nesse campo, a sua participação na final da FA Cup de 1968/69 ou a conquista do Charity Shield em 1971/72 haveria de ajudá-lo muito. Depois, e numa altura em que o seu clube até andava afastado do escalão máximo, Alf Ramsey decide convocá-lo para a selecção.
O amigável frente à Alemanha de Leste, disputado em Novembro de 1970, marcaria um longo percurso com a camisola de Inglaterra. Com 125 internacionalizações, Peter Shilton ainda é o atleta que mais vezes representou a equipa dos “Three Lions”. Para além desses jogos, há ainda a participação em diversas fases finais de grandes certames. Os Europeus de 1980 e 1988, mas, principalmente, a sua presença nos Mundiais de 1982, 1986 e 1990, fariam dele um dos grandes nomes do futebol.
Voltando aos emblemas que representou, a sua ida para o Stoke City, seguindo os passos de Banks, transformariam a sua transferência num recorde mundial. As £325.000 pagas pelo seu novo clube, fariam dele o guarda-redes mais caro de sempre. Maquia bem empregue, pois Peter Shilton estava também cotado como um dos melhores a jogar na sua posição. O seu valor era de tal ordem que o Manchester United, sensivelmente dois anos após a sua chegada, tentaria a sua contratação. Os dois emblemas chegariam a um acordo, mas o salário pedido pelo guardião, que iria fazer dele o mais bem pago no plantel, é recusado e a sua saída para os “Red Devils” inviabilizar-se-ia.
Foi com a sua transferência para o Nottingham Forest que Peter Shilton terá, sem sombra de dúvidas, vivido os melhores anos da sua carreira. Com Brian Clough à frente dos destinos do clube, o grupo conseguiria diferentes feitos nacionais e internacionais. Como é lógico a vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1978/79 e 1979/80 terão de vir à cabeça do rol de troféus conseguidos. Contudo, há muito mais e a Supertaça Europeia de 1979/80, a Liga Inglesa de 1977/78, a League Cup e o Charity Shield, ambos conquistados em 1978/79, também fazem parte dessa lista de brilharetes.
Outro dos episódios marcantes no seu percurso profissional, haveria de o viver nos anos em que já representava o Southampton. Mesmo com o emblema do sul de Inglaterra a quedar-se pelo 14º lugar, o final da temporada de 1985/86 mostraria o seu nome no lote de atletas escolhidos por Bobby Robson, para disputar o Mundial de 1986. No certame organizado no México, e já na fase de eliminatórias, à Inglaterra calha em sorte a Argentina. Todavia, esse embate dos quartos-de-final ficaria marcado por um lance bastante polémico. Na disputa de uma jogada aérea com Maradona, Shilton sai-se à bola a soco. A verdade é que “El Pibe” consegue ganhar o lance e introduz o esférico na baliza. Os ingleses reclamam da ilegalidade cometida pelo avançado. Contudo, o golo é validado e, quando questionado pelos jornalistas, o astro argentino haveria de responder que o tento tinha sido conseguido “ um pouco com a cabeça e o resto com a mão de Deus”.
A sua última internacionalização haveria de chegar no decorrer do Mundial de 1990. Por essa altura, e com Peter Shilton já com mais de 40 anos de idade, era notório que o seu trajecto profissional devia estar a aproximar-se do fim. Ainda assim, e depois de deixar o Derby County, o guardião continuaria por mais alguns anos. Seguir-se-ia o Plymouth Argyle, onde desempenharia as funções de treinador-jogador. Depois, ainda houve tempo para mais uma série de emblemas e, dessa forma, a carreira do guarda-redes estender-se-ia até à temporada de 1996/97, no fim da qual tomaria a decisão de arrumar as luvas.

827 - BUTRAGUEÑO

Filho de um grande adepto do Real Madrid, logo um dia após o seu nascimento já o pai o filiava como sócio do clube. Ora, tal acto parecia querer anunciar a futura ligação de um dos mais ovacionados jogadores “merengue” com o emblema da capital espanhola. Curiosamente, seria noutra colectividade que Emilio Butragueño daria os primeiros passos no futebol.
No Real Club Deportivo Casariche Balompié, ainda em idade escolar, o atacante acabaria por participar em diversos torneios para jovens. Após um deles, no qual conseguiria destacar-se, o seu progenitor decide levá-lo a prestar provas no Real Madrid. Não agradou! A recusa do emblema “blanco” não o levaria a desistir de perseguir o sonho de se tornar profissional. Nos rivais do Atlético Madrid agradaria e acabaria por ficar a treinar. Quem não ficou satisfeito com tal solução foi, logicamente, o seu pai. É então que o mesmo decide falar com os dirigentes “madridistas”. Convence-os a dar nova oportunidade ao filho e, dessa feita, o jovem atleta lá consegue agradar como… centrocampista!!!
No evoluir do seu percurso, a importância que começa a ter acentua-se com a sua chegada ao Castilla. No emblema “b” do Real Madrid, Butragueño junta-se a Michel, Martín Vásquez, Sanchís e Pardeza. O sucesso do conjunto, onde os referidos jogadores haveriam de merecer o maior destaque, leva a que imprensa desportiva espanhola, pela mão do jornalista Julio César Iglesias, baptize o grupo como a “Quinta del Buitre”. Apesar do peso que toda essa cobertura mediática poderia ter criado no atleta, a sua chegada à equipa principal não decepcionaria ninguém. Com um estilo de jogo muito peculiar, onde se destacavam as suas velozes movimentações dentro da grande área, o atacante rapidamente conseguiria conquistar um lugar no “onze” inicial. Ao lado do mexicano Hugo Sanchez, Butragueño tornar-se-ia num dos mais respeitados jogadores saídos do futebol espanhol. Fosse com as assistências para os seus colegas ou como finalizador, o avançado conseguiria conquistar a admiração de adeptos, colegas e adversários.
Também com a camisola “Roja” o atleta construiria uma história deveras digna. Pela selecção, já depois de ter ajudado os s-21 a chegar à final do Europeu da categoria, é convocado por Miguel Muñoz ao Euro 84. Ainda sem qualquer internacionalização “A”, e sem sair do banco, Butragueño vê o seu país, mais uma vez, a ser derrotado na derradeira partida do torneio. Já a sua estreia pela principal equipa de Espanha aconteceria apenas passados alguns meses. A 17 de Outubro de 1984, num amigável frente ao País de Gales, o avançado enceta o seu percurso com o conjunto nacional espanhol. O jogador abrilhanta essa vitória com um remate certeiro. Depois vêm as participações no Euro 88 e nos Mundiais de 1986 e 1990. Destaque para o seu desempenho no certame organizado no México, onde, numa partida referente aos oitavos-de-final, marca 4 dos 5 golos com que a sua equipa derrotaria a Dinamarca.
Ao contrário daquilo que é o seu palmarés pela selecção, com a qual não venceria qualquer troféu de relevo, as conquistas ao serviço do clube ornamentariam, e bem, o seu currículo desportivo. Contribuindo para uma fase de grande hegemonia do Real Madrid, Butragueño veria a sua carreira ficar enriquecida pela vitória em 6 Ligas (nas quais está o “penta” conseguido entre 1985/86 e 1989/90), 2 Copas del Rey, 4 Supercopas e em 2 Taças UEFA. Para além deste registo conseguido em 12 temporadas pela equipa principal do Real Madrid, faltará fazer referência à conquista do “Pichichi” de 1990/91, prémio atribuído ao Melhor Marcador do campeonato espanhol.
Contrariando, por certo, o desejo de muitos adeptos, o final da carreira de Emilio Butragueño aconteceria bem longe do Santiago Bernabéu. Convidado pelo Atlético Celaya, o avançado atravessaria o Atlântico para, no México, terminar a sua história como futebolista. Partilharia o balneário, numa altura em que para o “país dos Aztecas” foram vários craques europeus, com os seus antigos companheiros Michel e Hugo Sanchez. Apesar de não ter conseguido ajudar o emblema na conquista de qualquer título, a sua presença acabaria por tornar o clube num recordista de audiências televisivas.
Já depois de terminar a carreira, o antigo craque dedicar-se-ia a outros papéis. Aproveitando o facto de possuir graduações académicas em Ciências Económicas e Empresárias e também em Gestão de Entidades Desportivas, Butragueño assumiria cargos como o de Assessor no Conselho Superior de Desporto de Espanha ou como Director Geral da “Escuela de Estudios Universitarios Real Madrid”. Também pelo clube “merengue”, o ex-atacante chegaria a desempenhar a função de “Managing Director”.

826 - LINEKER

Tendo nascido em Leicester, no exacto mesmo dia (em anos diferentes!!!) que Winston Churchill, seria no emblema local que Lineker daria os primeiros passos como futebolista profissional. Mesmo com o clube, no final dos anos 70, a disputar as divisões inferiores da “FA”, o atacante começaria a destacar-se pelos golos que conseguia. Com temporada de 1983/84, e a chegada dos “Foxes” ao patamar máximo, o destaque que passaria a merecer cresceria exponencialmente. As qualidades que exibia, já depois de ter sido chamado ao conjunto “B”, levá-lo-iam, pela mão de Bobby Robson, à estreia na principal selecção inglesa. Ainda assim, a confirmação de que era um ponta-de-lança de topo viria na época seguinte, com o atleta a assegurar o lugar cimeiro na tabela dos goleadores.
Tal distinção faria com que o Everton, à altura o campeão em título, decidisse apostar na sua contratação. Contudo, a passagem pelo Goodison Park duraria pouco tempo. Depois de ter chegado para a temporada de 1985/86, e ajudado pela presença no Mundial do México, o avançado vê um dos colossos do futebol a ponderar a sua aquisição. Claro que o interesse do Barcelona seria alimentado pela conquista de mais um título de Melhor Marcador da Liga Inglesa. No mesmo sentido, o atleta também conseguiria sagrar-se o goleador máximo do referido certame para selecções. Ora, todos esses factores fariam do jogador um dos alvos mais apetecidos e, no Verão de 1986, Gary Lineker muda-se para a Catalunha.
Com Terry Venables como treinador dos “Blaugrana”, a primeira temporada em Espanha, no plano estritamente pessoal, seria de grande sucesso para o avançado. Na campanha seguinte o seu estatuto de titular manter-se-ia, mas, ainda assim, continuou a faltar a conquista da “La Liga”. Por esse motivo, a mudança de treinadores acabaria por tornar-se numa constante. Já a chegada de Johan Cruyff ao comando do Barcelona faria com que o estatuto de Lineker mudasse um pouco. Ainda assim, não se pode dizer que essa terceira temporada ao serviço do emblema catalão ficasse desguarnecida de qualquer êxito. Já depois de ter vencido o FA Charity Shield pelo emblema da cidade de Liverpool e de, na época anterior ter ajudado a vencer a Copa del Rey, a campanha de 1988/89 ficaria marcada pela vitória na Taça dos Vencedores das Taças.
Com a perda da titularidade no Barcelona dá-se o regresso a território britânico. Com o Manchester United também na corrida pela sua contratação, acabaria por ser o Tottenham a conseguir aliciar o jogador. Na passagem pelo emblema londrino, a conquista de mais um título colectivo mereceria grande destaque. A vitória na FA Cup de 1990/91 embelezaria o seu currículo. Todavia, aquilo que notabilizava o avançado eram os remates certeiros. Nesse campo, a conquista de mais um prémio de Melhor Marcador da Liga (1989/90) sublinhá-lo-ia, ainda mais, como um dos grandes dos avançados a nível mundial. Para salientar esse estatuto, falta ainda referir a sua presença no Itália 90. Com 4 tentos conseguidos, o ponta-de-lança tornar-se-ia no maior goleador inglês em fases finais do Campeonato do Mundo. Aliás, por altura do fim do seu percurso como futebolista, Lineker, apenas com Bobby Charlton à sua frente, estava cotado como o segundo atleta com mais golos conseguidos pela camisola dos “Three Lions”.
Já depois de, ao serviço dos japoneses do Nagoya Grampus Eight, ter disputado as últimas temporadas como jogador, a sua ligação ao futebol manter-se-ia, mas noutros campos. Gary Lineker tem-se destacado como comentador desportivo. Tendo já dado o contributo em vários canais, destaque para a sua presença na BBC, onde apresenta o popular programa de televisão “Match Of The Day”.

825 - ANDERS LIMPAR

Os primeiros anos como sénior, ao serviço do IF Brommapojkarna e Örgryte, levá-lo-iam a ser chamado à selecção nacional. Essa primeira partida, num particular frente à União Soviética, serviria de prelúdio para a sua aparição nos Jogos Olímpicos de 1988. Funcionando como um bom impulso, a participação nas olimpíadas levá-lo-ia a conseguir novos interessados no seu concurso. Curiosamente, o período após a sua presença em Seoul ficaria caracterizado não só pela passagem por diversos clubes, como por uma rápida ascensão. Young Boys e Cremonese seriam os emblemas que precederiam a sua chegada à “Premier League”. É certo que, por essa altura, já o médio estava consolidado na equipa nacional. Contudo, seria a sua mudança para o Arsenal que o iria confirmar como um dos melhores futebolistas suecos.
As temporadas passadas no mais alto patamar inglês foram, sem dúvida alguma, o melhor período da sua caminhada profissional. Num percurso que, para além dos “Gunners”, seria preenchido com as cores do Everton e Birmingham, o palmarés conseguido em Inglaterra daria ainda mais importância a essas campanhas. 1 Taça dos Vencedores das Taças, 1 “Premier League”, 2 “FA Cups”, 1 “League Cup” e 2 “Community Shields”, vitórias divididas entre as estadias em Londres e Liverpool, seriam os números desses 7 anos por “Terras de Sua Majestade”.
Paralelamente à conquista de todos os troféus acima referidos, viriam mais participações em relevantes torneios para selecções. Mundial de 1990 e Euro 92, com a sua devida importância, seriam “abafados” pela presença no Campeonato do Mundo de 1994. Nos Estados Unidos da América a equipa escandinava teria uma das melhores participações da sua história. Mesmo tendo sido pouco utilizado, Anders Limpar faria parte do grupo que levaria a Suécia ao 3º lugar do pódio.
De volta ao seu país, o centrocampista entraria na última fase da carreira. AIK, onde conseguiria sagrar-se campeão sueco em 1998, Colorado Rapids (Estados Unidos da América), Djugardens, e o regresso ao IF Brommapojkarna marcariam essa derradeira etapa. Depois viriam algumas experiências como treinador. Nas funções de técnico, num percurso ainda longe do êxito que teve como jogador, Limpar já treinou as camadas jovens do Djugardens e, nos escalões secundários, os amadores do Sollentuna United.

824 - MICHEL


Quando se pertence àquela que ficou conhecida como a “Quinta del Buitre”, então é quase certo que podemos associar a palavra sucesso à carreira do jogador! Com Michel não foi diferente! Melhor ainda… podemos dizer que o médio foi um dos expoentes máximos dessa fornada de jovens atletas que, a par do mítico Emílio Butragueño, saiu dos escalões de formação do Real Madrid.
Também a sua chegada à principal equipa “merengue”, em 1984/85, serviria para provar aquilo que já foi dito no parágrafo anterior. Conseguindo, imediatamente, fixar-se como um dos titulares, Michel, em toda a sua caminhada de “branco”, jamais jogaria menos de 30 partidas para a liga espanhola. Esse facto, já por si deveras importante, a juntar aos títulos ganhos e à qualidade de jogo que sempre apresentou, transformá-lo-ia num dos atletas legendários da história do Real Madrid.
Num desses campos referidos, o da aptidão técnica e táctica, Michel era um médio que actuava preferencialmente pela direita do campo. Tendo uma enorme habilidade para progredir com a bola nos pés e de, nas jogadas ofensivas, ler as movimentações de todos os companheiros, os seus passes eram uma grande arma para municiar os ataques. Não só no clube, mas também pela selecção espanhola, os seus cruzamentos ficaram conhecidos por, em tantos casos, serem meio caminho para o golo.
Como ainda agora foi dito, não foi só no Real Madrid que Michel fez história. Também pela equipa nacional, o médio conseguiu construir um percurso invejável. Com as cores da “Roja”, e já com um largo caminho nas camadas de formação, o atleta seria chamado a disputar as mais importantes competições para selecções. Após ter chegado ao derradeiro desafio do Europeu s-21 de 1984, torneio ganho pela Inglaterra, o jogador participaria no Euro 88 e nos Mundiais de 1986 e 1990. Contudo, pela Espanha ficou a faltar um grande título. Já no que diz respeito ao clube, o saldo é completamente diferente. Pelo Real Madrid venceria quase tudo o que há para ganhar. Conquistou 6 “La Ligas”, incluindo o “penta” entre 1985/86 e 1989/90; venceu 2 “Copas del Rey” e 4 “Supercopas”; e, naquilo que foi a sua carreira nas competições europeias, arrecadou para o seu palmarés 2 Taças UEFA (1984/85; 1985/86).
Já depois da despedida do Real Madrid e de, ao lado dos companheiros “madridistas” Butragueño e Hugo Sanchez, ter tido uma última aventura nos mexicanos do Atletico Celaya, Michel decide pôr um ponto final na sua carreira de futebolista. Depois desse abandono em 1997, muitos foram os anos em que o ex-internacional espanhol ficou arredado da modalidade. Afastado, é certo, num sentido pouco lato. Nesse interregno, o antigo craque ficaria conhecido pelas suas colaborações, tanto como comentador televisivo, como nos artigos escritos para jornais desportivos.
Curiosamente, e ao contrário de tantos outros colegas, a sua carreira como treinador, só daria os primeiros passos, quase uma década após ter “pendurado as chuteiras”. Quem lhe abriria a porta acabaria por ser o Rayo Vallecano que, na temporada de 2005/06 o convidaria para assumir o comando da equipa principal. Nesse percurso como técnico, que já conta com passagens pelo Sevilla, Getafe, Marseille ou Málaga, destaque para a sua “estadia” na Grécia. Dessa colaboração com o Olympiacos resultariam diversos títulos, dos quais 2 Campeonatos e 1 Taça.



823 - PAUL GASCOINE

Sendo um grande fã de futebol, só a sua habilidade com a bola era comparável a essa paixão. Não foi por isso de admirar que, logo em tenra idade, muitos “olheiros” o começassem a desafiar para prestar provas nos respectivos clubes. Ipswich Town, Middlesbrough e Southampton, seriam os primeiros a endereçar-lhe tais convites. Apesar do insucesso dessas experiências, o jovem Paul Gascoine nunca desistiria do sonho de ser um futebolista profissional. Foi então que chegou a hora do clube que apoiava. No Newcastle agradou. Aí, no emblema do Nordeste inglês acabaria a sua formação, e, na mesma temporada em que capitanearia a equipa de S-18 na vitória na FA Youth Cup, acabaria por estrear-se no patamar sénior.
Esse primeiro jogo na temporada de 1984/85, patrocinado pelo mítico Jack Charlton, acabaria por dar início a uma carreira recheada de grandes momentos. Não tardou muito até que as suas capacidades o levassem a um plano de real distinção. Logo na época seguinte à da estreia com os “Magpies”, Gascoine conseguiria ganhar um lugar no “onze” inicial. Cotando-se como um dos melhores do conjunto “geordie”, o médio mereceria honras de destaque na imprensa desportiva, acabando por figurar em muitas capas e primeiras páginas de jornais. Paralelamente àquilo que é o jogo com a bola nos pés, os momentos caricatos também começaram a preencher a sua carreira. Num desafio frente ao Wimbledon, o temível Vinny Jones, conhecido pela crueldade, apertaria a sua genitália. O esgar de dor do médio correu mundo, mas, ao invés de responder com violência, Gazza (alcunha pela qual ficaria conhecido), enviaria uma rosa ao seu agressor e, segundo rezam as crónicas, tornar-se-iam grandes amigos.
Já depois de ser laureado com o “PFA Young Player of the Year” em 1986/87, Gascoine começa a ser assediado por clubes de maior nomeada. Manchester United apareceria na “linha da frente”. No entanto, a preferência do atleta recairia por um emblema de Londres e a transferência, naquilo que foi um recorde monetário, concretizar-se-ia a favor do Tottenham. Em White Hart lane, o que eram as suas habilidades futebolísticas serviriam, ainda mais, para sublinhar a qualidade que sempre havia demonstrado dentro de campo. Uma visão de jogo primorosa, comparável apenas à sua técnica de passe e finta, fariam dele um dos melhores a actuar na sua posição. Partindo desse princípio, e dando seguimento às chamadas nas camadas jovens, o médio acabaria por fazer a sua estreia na principal selecção inglesa.
Voltando ao clube, a sua passagem pelos Hotspurs teria o seu momento mais alto aquando da final da Taça de Inglaterra de 1990/91. No desafio disputado em Wembley, numa altura em que já tinha firmado um acordo com a Lazio, era no atleta que todos as luzes estavam focadas. 15 minutos passados após o começo da partida e, numa entrada violenta, Gascoine atinge o antigo atleta do Benfica, Gary Charles. O médio aleija-se gravemente, mas ainda aguenta em campo o tempo necessário para, na sequência do castigo aplicado à sua falta, ver Stuart Pearce pôr o Nottingham Forest à frente no marcador. Pouco tempo após o golo, o jogador acaba mesmo por ser transportado para fora do terreno de jogo. O Tottenham acabaria por vencer o desafio. Contudo, a lesão que sofreria no joelho deitaria por terra a sua hipótese de transferência para o “Calcio”.
Sendo ele um dos que mais resplandeceu no Mundial de 1990, certame organizado em Itália, era impossível que do Sul da Europa não surgissem mais oportunidades. Após a longa recuperação, novo convite surgiria e, mais uma vez, era Lazio a mostrar interesse na sua contratação. Numa altura em que muito já tinha brilhado à custa dos jogos “Gazza’s Super Soccer” e “Gazza II”, a mudança para a cidade Roma quase que dispensava qualquer tipo de cerimónia. Ainda assim, com toda a pompa e circunstância, a sua apresentação ocorreria na temporada de 1992/93. No entanto, a sua adaptação a uma nova realidade ficaria bem longe dos pergaminhos que trazia. Polémicas envolvendo repórteres e a imprensa, querelas com o Presidente do clube, excesso de peso, novas lesões e exibições inconstantes fariam parte do rol de episódios que ilustrariam a sua passagem pela “Serie A”.
A sua ligação ao emblema romano terminaria no final da temporada 1994/95 e sem grandes louvores conseguidos. Já mudança para a Escócia valer-lhe-ia as primeiras vitórias em campeonatos. 2 Ligas escocesas (1995/96, 1996/97), às quais acrescentaria 1 Taça (1995/96) e 1 Taça da Liga (1996/97), preencheriam o seu currículo. Também no que diz respeito a episódios caricatos, a sua passagem pelo Rangers haveria de ter os seus capítulos. Num desafio que opunha a sua equipa à do Hibernian, o árbitro Dougie Smith deixa cair o cartão amarelo. Gascoine apanha-o do chão e “exibe-o” ao juiz, acabando, ele próprio, por ser admoestado com a tal cartolina. Apesar de tudo, seria durante este período que Gascoine voltaria a mostrar a sua genialidade. Numa altura em que sua chamada seria vista com alguma desconfiança, as exibições que conseguiria durante o Euro 96 serviram para demonstrar que o médio ainda conseguia estar ao melhor nível. Fica na memória o golo que marcaria frente à selecção escocesa. Nesse embate da fase de grupos, o atleta recebe a bola à entrada da área, passa-a por cima de um defesa e remata-a para o fundo das redes adversárias.
As suas passagens por Middlesbrough, Everton, e Burnley serviriam mais às estatísticas do que propriamente ao espectáculo do futebol. A sua fraca forma física, naqueles que foram os derradeiros anos da sua carreira, tornar-se-ia uma evidência. Depois, ainda que na condição de treinador jogador, chegariam os primeiros trabalhos como técnico. As passagens pela China, no Gansu Tianma, e o regresso a Inglaterra ao serviço do Boston United, serviriam de prelúdio para a sua passagem, em definitivo, para os “bancos”. Nessa função, numa carreira que viria ser bastante curta, destaque para estadia em Portugal, onde orientaria o Algarve United.

COMPUTER GAMES

Quando na segunda metade da década de 80 os pequenos computadores tiveram o seu grande “boom”, houve um tipo de entretenimento que passou a ter honras de predilecção. Spectrum, Atari, leitores de cassetes e intermináveis minutos a carregar jogos passaram a fazer parte da agenda de muita gente. No futebol, muitos foram os craques que associaram o seu nome a esta nova industria e é por causa deles que, durante o mês de Novembro, vamos falar de “Computer Games”!

822 - CASTANHEIRA

Após ter dividido a formação entre o Desportivo de Chaves, emblema da sua cidade natal, e o Sporting de Braga, é nos “Guerreiros” que Castanheira faz a transição para a categoria sénior. Com um longo percurso nas selecções jovens portuguesas, o médio era encarado com uma das grandes promessas do clube. Jogador combativo e com excelentes qualidades técnicas, era no miolo do terreno que melhor conseguia demonstrar o seu valor. Apesar de ter tido, naquelas que seriam as duas primeiras temporadas com o plantel principal, algumas dificuldades em impor-se, a entrega com que encararia o dia-a-dia de trabalho acabaria por resultar na conquista de um lugar de destaque no grupo.
A partir de 1998/99, a sua terceira época como sénior, a influência do seu futebol levá-lo-ia a ser um dos atletas mais chamados à ficha de jogo. Numa temporada algo conturbado para os minhotos, durante a qual 4 treinadores seriam nomeados, Castanheira teria um papel fulcral na manutenção da equipa na metade superior da tabela classificativa. Daí em diante o seu papel manter-se-ia inalterado e, resultado de tal importância, o centrocampista voltaria a ser chamado aos trabalhos da selecção nacional, desta feita para os S-21 e “B”.
Tendo, isto só no patamar sénior, vestido a camisola “arsenalista” em 12 temporadas diferentes, Castanheira terá que ser visto, obrigatoriamente, como um dos históricos do clube. Para além disso, não podemos omitir que a sua importância, sem esquecer aquilo que já foi dito, ficaria bem patente noutros aspectos. A nomeação para “capitão” terá, inevitavelmente, que ser sempre mencionada. A “braçadeira” acabaria por ser reflexo, talvez o mais importante, dessa sua relevância. Como conclusão, podemos dizer que, sem qualquer réstia de dúvida, e na construção do caminho para as melhores campanhas do Sporting de Braga até aos dias de hoje, o atleta transformar-se-ia num dos principais pilares.
Após perder algum espaço no seio do conjunto minhoto, Castanheira decidiria que a mudança para outro emblema seria a melhor opção. Ainda por empréstimo, primeiro viria o Leixões. Depois, e com o fim da sua ligação contratual com os bracarenses, o médio daria seguimento à sua carreira noutros emblemas e disputando diferentes escalões no futebol português. Curiosamente, e numa altura em que o fim estava próximo, o atleta apostaria num campeonato estrangeiro. Naquela que foi a sua única experiência fora do nosso país, o centrocampista teria uma curta passagem pelo Doxa.
Ao fim de uma temporada (2012/13) a disputar o campeonato cipriota, o momento de “pendura as chuteiras” chegaria. Contudo, e tendo posto um “ponto final” na sua vida de futebolista, não ficaria muito tempo afastado da modalidade. A época seguinte acabaria por marcar o começo da sua vida como treinador. Convidado pelo Sporting de Braga, o antigo jogador assumiria as tarefas de adjunto. Nessas funções, tem estado ao serviço do clube desde 2013. Com Abel Ferreira ao comando dos “Guerreiros”, Castanheira mantém-se como um dos membros da equipa técnica bracarense para 2017/18.

821 - MÁRCIO SANTOS

A sua caminhada pelas camadas jovens haveria de ser recheada de sucesso. Todavia, muito para além das conquistas conseguidas com as camisolas do Sporting e da Selecção Nacional, em Márcio Santos estava depositada a esperança de vir a ter uma grande carreira. Contudo, a transição para o patamar sénior acabaria por mostrar uma realidade um pouco diferente daquela que seria espectável e o jovem atleta não conseguiria atingir o nível exibicional anteriormente demonstrado.
Em 1996, numa altura em que o Lourinhanense era o clube “satélite” do emblema de Alvalade, a inclusão do guardião na equipa da região do Oeste foi encarada com normalidade. Tendo em conta a esperança depositada nos craques saídos das escolas leoninas, os anos aí passados eram vistos como uma maneira dos novos atletas ganharem experiência competitiva. No caso de Márcio Santos, e sendo corroboradas pelas inúmeras chamadas às diferentes “Equipas das Quinas”, todas essas temporadas seriam vistas como um bom investimento.
Se mais provas fossem necessárias para sublinhar o seu potencial, então, a aposta feita pelo Real Madrid serviria para calar qualquer “Velho do Restelo”. É certo que o jogador seria colocado no Castilla, a equipa “b” dos “Merengues”. Ainda assim era o colosso mundial a investir nele e, tal facto, só poderia ser visto como um bom agoiro. O pior é que a passagem por Espanha pouco acrescentaria à sua evolução. Depois viria o seu regresso a Portugal. Nessa volta reapareceriam os escalões secundários e, excepção feita aos anos em que vestiu as cores da Académica de Coimbra e Estrela da Amadora, os patamares inferiores do nosso futebol acabariam por preencher o seu percurso futebolístico.
Felgueiras e a, já referida, “Briosa” seriam os primeiros clubes a contratar o guarda-redes após o seu regresso ao nosso país. Apesar de um “arranque” um pouco envergonhado, a verdade é que as prestações de Márcio Santos continuavam a demonstrar que as suas qualidades estavam bem presentes. Nesse percurso, e ainda ao serviço do emblema beirão, chega ao seu currículo a 1ª divisão. No entanto, e ao contrário daquilo que tinha prometido nas épocas anteriores, essa campanha de 2002/03 não serviria para conseguir afirmar-se com um atleta de topo. Com Hilário e Pedro Roma a disputar um lugar na baliza, as oportunidades que mereceria seriam insuficientes para conseguir permanecer no clube. A sua transferência, na época seguinte, para o Estrela da Amadora, viria ainda alimentar a esperança de conseguir impor-se na mais importante competição nacional. Contudo, pouco mudaria e, aquele que tinha sido visto como um dos intérpretes de maior potencial no futebol português, acabaria vetado à discrição dos escalões inferiores.
Depois de quase uma década a cirandar por emblemas mais modestos, eis que a temporada de 2012/13 poria um ponto final na defesa das balizas. Tendo “pendurado as luvas” ao serviço do Loures, pouco tempo perderia e, sem conseguir afastar-se da modalidade, abraçaria em definitivo outras funções. Curiosamente a sua experiência como treinador vinha dos seus tempos como atleta. Em paralelo com a sua carreira de guardião, Márcio Santos já orientava equipas de jovens futebolistas. Esse traquejo fez com que o convite do Recreativo do Libolo, ainda que a um nível de exigência bem distinto, fosse encarado com alguma normalidade. No emblema angolano, e diferente do que já tinha feito até então, o antigo internacional “luso” aceitaria as funções de treinador de guarda-redes. É com essas responsabilidades que em 2015/16 chega ao Belenenses. Esta época (2017/18), e após ter auxiliado diferentes técnicos, mantém-se na equipa técnica dos da “Cruz de Cristo”, ajudando Domingos Paciência.

820 - MEYONG


Saído de uma família muito numerosa, Meyong e os seus irmãos eram grandes adeptos do “desporto rei”. Todavia, a enorme paixão que nutria pela modalidade não era suficiente para fazer frente à autoridade do seu progenitor. Sendo filho de um professor, tudo o que estivesse relacionado com os estudos era, obrigatoriamente, imposto como uma prioridade. Nesse sentido, só com o falecimento do seu pai é que o futebol tomou uma importância maior na sua vida.
O Tonnerre Yaoundé foi o primeiro emblema a ir no seu encalço. Oferecer-se-iam para pagar todas as despesas relacionadas com a sua alimentação e estudos e a sua mãe, a passar por algumas dificuldades financeiras, daria a bênção a tal convite. Depois, pouco mais de uma época após o seu ingresso no clube, apareceria o Canon Yaoundé, emblema onde prosseguiria a sua formação. Ainda nesses primeiros anos, com idade de júnior, o avançado receberia um convite vindo do estrangeiro. Através de N’Kono, antigo guarda-redes da selecção dos Camarões e seu empresário, Meyong é transferido para o Ravenna. A adaptação a uma nova realidade seria bastante difícil e a grande mudança acabaria por não vir de Itália.
 Após ter sido aconselhado ao Vitória de Setúbal, o atacante muda-se para Portugal. Na cidade da Foz do Sado, o atleta vai disputando os dois escalões de topo do nosso futebol. Mesmo com o clube a manter-se nessa alternância, a sua qualidade não passaria despercebida. Por cá começa a cotar-se como um dos bons interpretes a jogar nos nossos estádios. Já no seu país, a evolução demonstrada leva-o a ser chamado aos Jogos Olímpicos de 2000, onde, ao lado de craques como Geremi ou Eto’o, ganharia a medalha de ouro.
É também em Setúbal que encontra um dos homens mais relevantes do seu percurso profissional – “É o treinador mais importante da minha carreira, o homem que me ensinou a maioria das coisas que sei. A verdade é que eu subia sempre de rendimento quando era treinado por ele. Lembro-me que treinávamos muito com ele aqui em Setúbal. Melhorei muito com ele, física e tacticamente”*. Anos mais tarde, Jorge Jesus haveria de voltar a trabalhar com ele no Sporting de Braga e Belenenses. Passagens importantes, por certo. Contudo, e para falarmos de momentos cruciais, temos que referir a sua primeira época no Restelo. Ora, depois de 6 temporadas ao serviço do emblema sadino, e de, na última dessas campanhas, ter ajudado à vitória na Taça de Portugal, eis que Meyong passa a vestir de Azul. Com os da “Cruz de Cristo”, na época de 2005/06, o avançado conquista para o seu currículo uma das grandes proezas a nível individual. Apesar do fraco desempenho colectivo, os 17 golos que conseguiria concretizar levá-lo-iam ao topo da lista dos Melhores Marcadores do Campeonato.
Tal feito levá-lo-ia a ser transferido para a “La Liga”. Já ao serviço do Levante, Meyong é chamado a participar num dos grandes torneios internacionais para selecções. Ainda assim, a sua presença na CAN 2006, naquilo que foi a sua afirmação no clube, não iria acrescentar grande valia. Pouco utilizado na sua primeira temporada em Espanha, é já na segunda época, e depois de ter jogado uma partida pela colectividade de Valência, que é cedido ao Albacete. No entanto, nem com o referido empréstimo a sua vida passa a correr melhor. É então que surge a proposta para regressar a Lisboa… “Pior a emenda que o soneto”! Após ter jogado por 2 emblemas em 2007/08, o jogador, segundo as regras da FIFA, estaria impossibilitado de vestir outra camisola. Ora, a participação num encontro do Campeonato Nacional pelos da “Cruz de Cristo”, valer-lhe-ia um valente castigo e a suspensão daí resultante.
É Jorge Jesus que, na partida de Lisboa para o Minho, o leva para o Sporting de Braga. Com os “Guerreiros”, Meyong volta a passar por momentos gloriosos. Vence a Taça Intertoto em 2008/09, ajuda o grupo a atingir o 2º lugar no Campeonato de 2009/10 e, numa final frente ao FC Porto, disputa o derradeiro encontro da Liga Europa de 2010/11. Todavia, a pouca utilização a que seria vetado nas últimas temporadas com os da “Cidade dos Arcebispos”, levá-lo-ia a voltar a Setúbal na abertura do “Mercado de Inverno” de 2012. É depois desse regresso que surge então o convite do Kabuscorp. No emblema angolano volta a merecer grande destaque. No decorrer das 3 temporadas que aí passaria, conseguiria, para além da vitória na liga de 2013, sagrar-se o melhor marcador do Girabola em todas essas campanhas.
Os derradeiros anos da sua carreira como futebolista passá-los-ia, como não poderia deixar de ser, ao serviço do Vitória de Setúbal. Já após ter decidido deixar os relvados na temporada passada, Meyong decidiria abraçar novas funções na modalidade. Como um dos “homens” de José Couceiro, o antigo internacional camaronês começa agora (2017/18) a dar os primeiros passos como treinador.


*retirado da entrevista de David Marques, publicada em http://www.maisfutebol.iol.pt, a 25/06/2017

819 - FIGUEIREDO

Ainda que um produto das escolas do Belenenses, a sua relação com o emblema do Restelo haveria de ser um pouco peculiar. Tendo terminado a sua formação já na segunda metade da década de 70, o empréstimo ao Lusitano de Évora, como para tantos outros jovens atletas, seria uma quase inevitabilidade. Ora, os primeiros anos como sénior, e numa altura em que já tinha sido chamado à selecção nacional s-18, passá-los-ia no Alentejo. A disputar os escalões secundários, Figueiredo, mostra ter as qualidades de alguém bem mais experiente, conseguiria afirmar-se como um bom guarda-redes.
Usado regularmente pelo emblema eborense, é já na temporada de 1982/83 que o jogador regressa à “casa-mãe”. Com a descida dos da “Cruz de Cristo”, a primeira da história do clube lisboeta, Figueiredo voltaria a enfrentar a 2ª divisão. Aliás, a sua estreia no nosso principal escalão dar-se-ia apenas duas temporadas volvidas e ao serviço de outra colectividade. Com a sua transferência para o Rio Ave, é então em Vila do Conde que o guardião faz a sua estreia nos grandes palcos do futebol português. Tendo iniciado essa campanha de 1984/85 na condição de suplente, Félix Mourinho, também seu treinador no Belenenses, entregar-lhe-ia a custódia das balizas já na recta final do Campeonato.
No evoluir da sua carreira, a temporada em que, pela primeira vez, conseguiria merecer grande destaque, seria a de 1986/87. Como titular indiscutível, muito mais do que afirmar-se como um atleta primodivisionário, Figueiredo haveria de ser elevado à condição de favorito do emblema vila-condense. As boas exibições levá-lo-iam, naquilo que seria a segunda metade do seu percurso como futebolista profissional, a mantê-lo na disputa pelas principais provas nacionais. Portimonense e Famalicão seriam os clubes que se seguiriam nessa senda e aqueles que precederiam o regresso a uma casa bem conhecida. De volta ao Estádio do Restelo, talvez tenha visto nessa nova passagem a chance de agradecer ao clube o facto de o ter lançado no mundo do desporto. É verdade que teria mais oportunidades do que naqueles primeiros anos da sua carreira. Ainda assim, e nessas 4 épocas (1991/92 a 1994/95) teria que partilhar o lugar com Pedro Espinha ou Tomislav Ivkovic.
Após ter posto um ponto final no seu percurso como atleta ao serviço do Famalicão, Figueiredo volta a aparecer no futebol nas tarefas de técnico. Vitória de Setúbal, Belenenses e Sintrense acabariam por anteceder a sua contratação pelo Olhanense. No Algarve, conheceria o homem que mudaria a sua carreira de treinador. Tendo aí começado a trabalhar com Sérgio Conceição, é, desde então, um dos elementos da sua equipa. Nesse sentido, e depois de ter passado por uma série de outros emblemas, o antigo futebolista começou a esta temporada (2017/18) a ajudar Iker Casillas, José Sá, Vaná… os guarda-redes do FC Porto.

818 - ZÉ NANDO

Com o percurso formativo intimamente ligado ao FC Porto, é na temporada de 1985/86, numa altura que ainda era júnior, que o seu nome aparece na ficha de jogo da equipa principal. Apesar de, nessa 14ª jornada do Campeonato Nacional, ter estado sentado no banco de suplentes, a verdade é que Zé Nando nunca mais haveria de ter outra oportunidade de “Azul e Branco”.
Com diversas internacionalizações conseguidas nas jovens selecções nacionais, tendo, inclusive, participado na fase final do Campeonato Europeu S-16 de 1985, o jovem atleta seria incapaz de convencer os responsáveis dos “Dragões” a integrá-lo no plantel. Com as portas do Estádio das Antas fechadas, o esquerdino, que podia jogar na defesa ou mais avançado no campo, decide tentar a sua sorte com outras cores. Começa pelo Desportivo das Aves e, naquelas que foram as suas 4 primeiras temporadas, mantem-se a disputar os escalões secundários do nosso futebol. A 1ª divisão chega à sua carreira na temporada de 1991/92. Já depois de ter também envergado as cores de Famalicão, Varzim e Académico de Viseu, é pelo conjunto de Barcelos que Zé Nando enfrenta a mais importante competição nacional.
Sem nunca passar um longo período ao serviço do mesmo emblema, curiosidade que haveria de caracterizar a primeira metade do seu percurso profissional, a presença de Zé Nando no patamar máximo também não seria a mais constante. No entanto, a temporada de 1995/96 alteraria, pelo menos um desses paradigmas. Sem grande espaço num Felgueiras orientado por Jorge Jesus, o defesa opta por deixar o emblema do Vale do Sousa e passa a integrar o plantel da Académica de Coimbra.
A referida mudança levaria a que o atleta conseguisse, finalmente, manter-se num só emblema por mais tempo. De forma completamente contrária às épocas precedentes, o jogador fixa-se na “Cidade dos Estudantes” e aí permanece anos a fio. A sua devoção ao clube conimbricense seria de tal ordem que, ao cabo de algumas temporadas, passaria a ser visto como uma das referências do plantel. Ao serviço da “Briosa”, só na condição de atleta, Zé Nando participaria em 8 campanhas. Já em 2003, terminado o seu tempo de futebolista, inicia a sua caminhada como técnico. Nessas funções começa por orientar as camadas jovens, passando, alguns anos cumpridos, a colaborar com a equipa principal.
Apesar de algumas experiências como técnico-principal, caso da passagem pelo Tourizense em 2008/09 (à altura o “satélite” da Académica), uma boa parte da sua carreira tem sido feita como adjunto. Na selecção do Burkina Faso, auxiliando Paulo Duarte, o antigo jogador teria tarefa idêntica.  Outra excepção aconteceria aquando da sua ida para o Médio Oriente. No Catar ficaria à frente dos destinos do Al-Shahaniva, período esse que antecederia a sua vinda para Portugal. De regresso aos Campeonatos Nacionais, Zé Nando volta a juntar-se a Manuel Machado. Já depois de, na Académica, ter trabalhado com o referido treinador, este ano (2017/18) apresenta-se como um dos elementos que compõem a equipa técnica do Moreirense.