1184 - VERÍSSIMO

Com o percurso formativo feito, na sua grande maioria, com as cores do Benfica, Veríssimo, desde cedo, mostraria uma postura diferente dos demais colegas de equipa. Com uma maturidade bem vincada, revelada dentro e fora de campo, veria, por diversas vezes ao longo da carreira, ser-lhe confiada a braçadeira de “capitão”. A seriedade da sua entrega levá-lo-ia, a exemplo, a capitanear a equipa de juniores das “Águias”, logo na temporada de estreia no referido escalão. Ao longo dos anos, a hombridade patenteada faria dele um atleta que, longe da exuberância de alguns predestinados, pautaria as exibições pela sobriedade. Uma mentalidade positiva, aliada a um bom jogo de cabeça e a uma velocidade acima da média, torná-lo-iam num bom “alvo” para as convocatórias da Federação Portuguesa de Futebol. O crescimento apresentado nas “escolas” benfiquistas, bem como nos reptos lançados às jovens selecção nacionais, alinhariam a evolução do defesa-central para os desafios de outros patamares e a chegada a sénior dar-se-ia de “Águia” ao peito.
A primeira aparição com a camisola da principal equipa do Benfica, aconteceria na temporada de 1995/96. Depois de a época ter começado sob o comando técnico de Artur Jorge, seria a troca do referido treinador por Mário Wilson que daria a Veríssimo a oportunidade de fazer a estreia pelos seniores. Tal tomaria lugar no Estádio “da Luz”, em Março de 1996. Contudo, a presença no plantel de elementos bem mais experimentados, casos de Ricardo Gomes, Hélder ou Paulo Pereira, não facilitariam a vida ao jovem jogador. Por essa razão, a partida disputada frente ao Desportivo de Chaves tornar-se-ia, tanto nessa época, quanto nas seguintes, numa das poucas participações do defesa com a camisola dos “Encarnados”. A solução para a falta de utilização surgiria do Alverca e, para que pudesse ter mais minutos de jogo, o emblema ribatejano entraria no percurso do atleta.
O emblema, à altura, “satélite” do Benfica e a passagem, já na 1ª divisão, pela Académica de Coimbra, dariam ao jogador o traquejo suficiente para que, daí em diante, conseguisse afirmar-se como um intérprete de cariz superior. Ainda assim e com qualidade suficiente para militar no escalão maior do futebol português, a verdade é que Veríssimo nunca mais voltaria a envergar a camisola do Benfica. Na época de 1999/00 seria o Alverca, novamente, a abrir-lhe as portas e a dar azo a mais um grande rol de exibições positivas. Durante as 5 temporadas seguintes, 4 das quais no patamar principal, representaria os ribatejanos sempre com uma seriedade inabalável e, como prémio para a sua dedicação, mais uma vez, veria a braçadeira de “capitão” a ser entregue à sua custódia.
De seguida viria o período mais prolífero do seu trajecto enquanto desportista profissional. Ao serviço do Vitória Futebol Clube, nas 3 temporadas passadas à beira do Rio Sado, o central conseguiria os maiores feitos da carreira. Logo na campanha de chegada ao Bonfim, acompanharia o emblema setubalense até à final da Taça de Portugal, marcaria presença no Jamor e, mesmo sem sair do banco de suplentes, contribuiria para a conquista do troféu. Nas 2 campanhas subsequentes, voltaria a viver outros momentos dignos de destaque. Para além de nova comparência, dessa feita como titular, no derradeiro jogo da “Prova Rainha”, os anos vindouros trariam ao atleta a disputa de duas edições da Supertaça e a inclusão no grupo que, por duas vezes, participaria na Taça UEFA.
Antes ainda de “pendurar as chuteiras”, o defesa adicionaria ao currículo as participações pelo Fátima e, com a época de 2011/12 a tornar-se na da sua despedida, com as cores do Mafra. Após o ponto final da carreira como futebolista, e sem grande tempo para estar afastado da modalidade, a temporada seguinte marcaria o arranque das actividades de Nélson Veríssimo como treinador. Desde então ligado à estrutura do Benfica, o antigo futebolista tem desempenhado o seu papel, maioritariamente, ao serviço do conjunto “B”. Como adjunto ou técnico-principal, o seu trabalho tem sido pautado, à imagem dos anos como atleta, pela honestidade, paixão e rigor. Por essa razão, aquando da rescisão de Bruno Lage em 2019/20, seria ele a escolha para assumir o comando dos “Encarnados”. Já esta época, a de 2021/22, a saída de Jorge Jesus levaria o Presidente Rui Costa a elegê-lo para idêntica tarefa e, ao começar com uma “prova de fogo”, o Estádio do Dragão irá apadrinhar o seu regresso à primeira equipa das “Águias”.

1183 - TIXIER

Descoberto no modesto emblema francês do Stade Beaucairois, Damien Tixier chegaria a Portugal para reforçar o plantel de 2000/01 da Naval 1º de Maio. Com o emblema da Figueira da Foz a militar na 2ª divisão, o defesa gaulês depressa conseguiria agarrar um lugar no sector mais recuado da equipa. Mesmo afastado dos principais holofotes do futebol luso, as qualidades do atleta acabariam por despertar a cobiça de emblemas a disputar o escalão maior. A oportunidade para subir mais um degrau na carreira, surgiria duas temporadas após encetar trabalhos na colectividade figueirense e com as portas do patamar máximo a serem abertas pela Académica de Coimbra.
Apesar de uma primeira campanha em que seria utilizado de forma intermitente, a passagem de Tixier pelos “Estudantes” seria marcada pelas boas exibições do jogador. Para além de conseguir afirmar-se como um elemento de cariz primodivisionário, a sua presença em Coimbra também destacaria outra característica do gaulês. Rotulado como lateral-esquerdo, a verdade é que as suas qualidades permitir-lhe-iam, com igual eficácia, posicionar-se noutros lugares do rectângulo de jogo. Nesse sentido, tanto no lado canhoto da defesa, como no centro ou ainda a ocupar a posição de “trinco”, os seus desempenhos seriam aferidos com nota positiva. Porém, e mesmo tido como um elemento fulcral no desenho táctico, o seu comportamento alimentaria alguma polémica e as notícias veiculadas pelos jornais, sobre injustificados atrasos e absentismo poriam em causa, durante a derradeira campanha com a Académica, o seu profissionalismo.
Talvez pela razão acima referida, o defeso estival de 2005 marcaria a saída de Tixier da “Briosa” e a sua inclusão no plantel da União de Leiria. No conjunto da “Cidade do Lis”, o atleta, durante temporada e meia manter-se-ia como um dos jogadores em destaque e, inclusivamente, começaria a ser falado para reforçar o plantel de um dos “grandes” do futebol português. Curiosamente, seria também especulado o interesse da Federação Portuguesa de Futebol em contar consigo para os trabalhos da selecção. No entanto, nada disso viria a concretizar-se. Com o Lens igualmente interessado no seu concurso e com a proposta do emblema francês a sobrepor-se à do FC Porto, o regresso do defesa ao país natal, mesmo em sentido contrário ao da sua veiculada vontade, acabaria por acontecer.
Na Ligue 1, para além do Lens, Tixier vestiria outra camisola. Estrear-se-ia, a meio da temporada de 2006/07, pelo emblema da região de Pas-de-Calais. Depois, já ao serviço do Le Havre, passaria pela 2ª divisão gaulesa e, ainda a envergar as cores deste último clube, voltaria ao escalão máximo. Seria também pela altura do regresso à principal competição francesa que, mais uma vez, começaria a ser veiculado o interesse de um dos maiores emblemas portugueses, na sua contratação. Repetindo-se a história, a transferência para o Benfica orientado por Jorge Jesus, seu antigo treinador na União de Leiria, cairia por terra e a temporada de 2009/10 levaria o defesa a juntar-se aos suíços do Neuchâtel Xamax.
No campeonato helvético, Tixier ver-se-ia envolvido noutra controvérsia. Apesar de ser um dos mais utilizados no plantel, a agressividade patente no seu desempenho e alguns cartões vermelhos serviriam de justificação para que os responsáveis do emblema suíço, com a temporada de 2009/10 ainda a decorrer, tomassem a decisão de romper a ligação com o atleta. Seguir-se-ia, após alguns meses de hiato competitivo, a sua ligação ao Nantes. Mas, como o próprio viria a reconhecer, o cansaço causado pela vida da alta-competição, faria com que, ao fim de um ano, o atleta pedisse a rescisão de contrato. Ainda assim, o defesa continuaria a alimentar a sua paixão pelo futebol e, em agremiações de cariz mais discreto, daria, por mais algumas épocas, azo à prática do futebol.

1182 - BASTOS

Produto da “formação” do Sporting Clube de Portugal, por onde passaria por alguns patamares, Bastos depressa demonstraria qualidades excepcionais para a prática do futebol. Essa avaliação seria corroborada, corria o seu último ano de júnior, pela chamada aos trabalhos das jovens equipas da Federação Portuguesa de Futebol. Com a “camisola das quinas”, no escalão sub-18, participaria no Torneio Internacional de Juniores de 1968 e, ao entrar em todas as partidas do certame organizado, na fase final, em França, contribuiria para o 3º lugar do conjunto luso.
Não tardaria muito para que o Sporting chamasse o defesa-central à equipa principal. Aliás, a época seguinte à da referida competição de selecções, marcaria o começo da caminhada de Bastos como sénior. Porém, e mesmo tendo em conta os atributos revelados em anos anteriores, a sua afirmação seria tudo menos fácil. Com o plantel de 1968/69 a contar com a presença de elementos como José Carlos, Alexandre Baptista ou Armando Manhiça, o jovem atleta poucas oportunidades teria para entrar em campo. A dificuldade em conquistar um lugar em Alvalade, sublinhar-se-ia ainda mais nas temporadas seguintes. O jogador apenas voltaria a envergar a camisola leonina na campanha de 1972/73. Pelo meio, para além do tempo afastado das competições oficiais, a passagem, por empréstimo, pelo Farense e a presença na partida de estreia do emblema algarvio, na 1ª divisão.
Mesmo com uma boa participação nos embates calendarizados para o colectivo, Bastos, na época de 1972/73, ficaria aquém do protagonismo alcançado daí em diante. Por outro lado, a referida temporada começaria a enriquecer o palmarés do defesa. Com presença no “onze” inicial, alinhado para a final pelo treinador Mário Lino, o jogador incluiria a conquista da Taça de Portugal no currículo. Já como titular, a temporada subsequente traria ao atleta, e aos seus colegas, a vitórias no Campeonato Nacional e, mais uma vez, na apelidada “Prova Rainha”.
Curiosamente, seria numa época sem títulos que Bastos acabaria por despertar a atenção de emblemas estrangeiros. Após completar a temporada de 1973/74, mantendo-se como um dos principais intérpretes da táctica leonina, surgiria o interesse do Real Zaragoza. Com a transferência concretizada, o defesa-central mudar-se-ia para Espanha, onde, no emblema da província de Aragão, chegaria a partilhar o balneário com o avançado Rui Jordão. Começaria por disputar o principal escalão de “nuestros hermanos”, mas nunca alcançaria destaque suficiente para conseguir tornar-se num dos indiscutíveis do plantel. Após 3 campanhas a envergar as cores dos “Blanquillos”, com a última já no patamar secundário, dar-se-ia o seu regresso ao Sporting, o retorno à titularidade e mais uma boa série de troféus.
Os 5 anos seguintes, de volta a Portugal e sempre de “Leão” ao peito, significariam para o atleta o enriquecimento do palmarés desportivo. A conquista do Campeonato Nacional de 1979/80, a “dobradinha” de 1981/82 e a Supertaça de 1982/83, sublinhariam o estatuto de figura histórica, que já tinha ganho com todos os anos passados de “verde e branco”. No entanto, antes ainda de terminar a carreira como futebolista, a ligação do defesa ao emblema lisboeta conheceria um interregno. Nesse sentido, passaria pelo Marítimo e, finda a temporada de 1984/85, depois de vestir a camisola do Barreirense, chegaria a altura de “pendurar as chuteiras”. Já como treinador, orientaria diversas equipas nos escalões secundários. Anos mais tarde, um novo convite levá-lo-ia a regressar ao Sporting. Em Alvalade trabalharia como adjunto por vários anos, destacando-se as épocas vitoriosas ao lado de Augusto Inácio e Laszlo Bölöni. Noutras funções, colaboraria também com o Departamento de Prospecção leonino.

1181 - JOAQUIM ROCHA

Nascido em Castelo de Paiva, ainda em criança, acompanharia a família na mudança para o Brasil. No novo país, onde os pais passariam a depositar a esperança por uma vida com melhores condições, Joaquim Rocha alimentaria a sua paixão pelo futebol. Superaria, com boa avaliação, os desafios lançados aos diferentes patamares do seu percurso formativo. Já no início da década de 70, fruto das boas qualidades entretanto desenvolvidas, seria no histórico Corinthians que o avançado daria os primeiros passos no patamar sénior. A chegada ao contexto profissional no emblema paulista, levá-lo-ia, não muito tempo depois, a equacionar um convite vindo da Europa. Tido como um elemento que, apesar de não exibir um físico impressionante, era habilidoso com a bola nos pés, seria o repto lançado pelo Sporting a sustentar o seu regresso a Portugal.
Com a entrada em Alvalade a ocorrer na época de 1971/72, Joaquim Rocha integrar-se-ia num balneário que, para só o sector mais ofensivo, contava com Lourenço, Marinho, Dinis, Chico Faria e, principalmente, com o argentino Hector Yazalde. Tão forte concorrência, faria com que, na campanha de chegada e também nos anos vindouros, poucas fossem as oportunidades conquistadas pelo atacante. Mesmo pouco utilizado, a habilidade que demonstrava ditaria, por mais alguns anos, a sua continuidade de “Leão” ao peito. Durante essas 4 temporadas, destaque para a de 1973/74 e para o enriquecimento do seu palmarés, com as vitórias no Campeonato Nacional e na Taça de Portugal.
Seguir-se-ia na sua caminhada competitiva, a Académica de Coimbra. Na “Cidade dos Estudantes”, Joaquim Rocha, finalmente teria a ocasião para provar a qualidade do seu futebol. Para além de uma técnica bem acima da média, o atleta, resultado de um bom entendimento do jogo, também demonstraria ser exímio nas movimentações. Tais predicados, levá-lo-iam a assumir-se como um elemento de enorme importância e, a partir da segunda campanha com as cores da “Briosa”, como um dos nomes imprescindíveis no alinhar da equipa inicial.
Curiosamente, quando o avançado, para além de titular, era também um dos principais goleadores da equipa, o término da campanha de 1977/78 ditaria o fim da ligação do jogador com o conjunto beirão. No Académico de Viseu daria continuidade ao seu trajecto primodivisionário e depois da experiência na referida agremiação, seria o Vitória de Guimarães a dar novo tónico à carreira do atacante. No Minho, como um dos principais elementos do colectivo, ajudaria às boas classificações no Campeonato Nacional, contribuindo, com a sua constância exibicional, para o 4º lugar na tabela classificativa de 1981/82 e para o consequente apuramento do clube para a Taça UEFA disputada no ano seguinte.
O Penafiel e a temporada de 1983/84, com Joaquim Rocha a participar em todas as jornadas do Campeonato, marcariam, depois de 13 campanhas na 1ª divisão, o adeus do avançado ao escalão máximo português. Seguir-se-iam, sempre nos patamares secundários, as passagens por diversos emblemas e o final da carreira enquanto futebolista, já em 1988, com as cores do Torralta. Depois de “pendurar as chuteiras”, manteria a residência no Algarve e, ao mesmo tento que exercia funções na área da hotelaria, continuaria a alimentar a paixão pelo futebol. Durante vários treinaria equipas dos “regionais”, tendo, posteriormente, trabalhado como adjunto do Esperança de Lagos.

1180 - RUI MARQUES

Apesar do percurso formativo feito no Benfica, seria a ida para a Suíça que lançaria a carreira de Rui Marques no patamar sénior. A experiência nos helvéticos do FC Baden, colectividade distante das mais emblemáticas do país, ainda assim teria o condão de dar ao defesa nascido em Angola visibilidade suficiente para conseguir dar o salto para Alemanha. No escalão principal da Bundesliga, as exibições com as cores do SSV Ulm levá-lo-iam a subir novo degrau na carreira e a temporada de 2000/01 marcaria a sua transferência para o Hertha de Berlim.
Na capital germânica, o defesa-central não conseguiria conquistar as oportunidades desejadas. A falta de jogos faria com que a sua caminhada, a meio da campanha de chegada, passasse a ser equacionada de forma diferente. A alternativa encontrada, encaminhá-lo-ia para um empréstimo e, com o interesse demonstrado pelo Stuttgart, abrir-se-iam as portas para uma boa solução. Após alguns meses cedido, já com os responsáveis do emblema sediado no Estado de Baden-Württemberg convencidos das suas qualidades, a época de 2001/02 selaria, de forma definitiva, a ligação entre o atleta e o emblema do sudoeste da Alemanha. Ainda assim e apesar de ser chamado a jogo com alguma frequência, Rui Marques não seria capaz de afirmar-se como um titular indiscutível. Apesar de tudo, os 3 anos e meio passados com a camisola dos “Die Schwaben”, durante os quais também partilharia o balneário com Fernando Meira, trariam ao jogador momentos inolvidáveis e a vitória na edição de 2002/03 da Taça Intertoto acabaria por abrilhantar o seu currículo.
Ao perder protagonismo no Stuttgart, a campanha de 2004/05 marcaria o seu regresso a Portugal. Com o acordo rubricado com o Marítimo, Rui Marques faria a estreia na 1ª divisão. Porém, a escolha do defesa revelar-se-ia pouco acertada. Sem protagonismo nos “Insulares”, ao fim de um ano de ligação, clube e atleta chegariam a um acordo para a rescisão do contrato. Seguir-se-ia o interesse do Ipswich Town e do Leeds United. A escolha pelo emblema de Yorkshire levá-lo-ia a mais um recomeço atribulado. Ultrapassado por outros colegas nas escolhas para o “onze”, mais uma vez o central viveria momentos complicados. Sem espaço em Elland Road, a passagem pelo Hull City e a presença, por Angola, no Mundial de 2006, dariam um novo ânimo à sua caminhada desportiva.
Depois de, com as cores dos “Palancas Negros”, ter estado no Campeonato do Mundo organizado na Alemanha, Rui Marques, finalmente, conquistaria um lugar no sector mais recuado do Leeds United. A partir desse momento, também a presença nas listas de arrolados aos trabalhos da selecção do seu país, tornar-se-ia numa constante. Por Angola, para além da chamada ao certame já referido, o defesa seria convocado para a disputa das edições de 2008 e de 2010 da CAN. Com o crescimento internacional a ser acompanhado pelas exibições no clube, as partidas feitas pelo emblema do norte de Inglaterra encaminhá-lo-iam em direcção ao coração dos adeptos. Mesmo sem ter vestido a camisola dos “Peacocks” no escalão máximo, a sua atitude fá-lo-ia a ser tido como um membro exemplar. Nesse sentido, chegaria a envergar a braçadeira de capitão e, 5 anos após a sua chegada, passaria a ser recordado como um elemento de cariz histórico.
A temporada de 2009/10 assinalaria o fim de uma carreira que, no derradeiro capítulo, também ficaria marcada por algumas lesões. Hoje em dia, Rui Marques mantem-se ligado à modalidade. Ainda que longe dos relvados, o antigo defesa começaria a assumir novas funções e tem trabalhado na prospecção de novos talentos.

1179 - SISKA

Por sugestão de Akös Teszler, à altura treinador do FC Porto, chegaria à “Cidade Invicta”, para reforçar o lugar à baliza dos “Azuis e Brancos de 1924/25, o guarda-redes húngaro Mihály Siska. Com 18 anos e vindo do Vasas de Budapeste, a contratação do jovem atleta imediatamente daria azo a uma acesa polémica. Numa altura em que o futebol português era ainda alimentado por um romântico amadorismo, o pagamento de 1000 escudos mensais ao futebolista haveria de inflamar tanto as hostes de adeptos, como algumas facções da imprensa.
Retirando as celeumas relatadas, as exibições do guardião, em jeito uníssono, depressa fariam de si um dos grandes pilares dos desempenhos colectivos. A estreia num jogo oficial dar-se-ia numa partida do “regional” portuense e logo como uma particularidade digna de registo. Nessa primeira jornada, o FC Porto calharia bater-se com o Progresso. O resultado de 6-1, em jeito de rescaldo, daria à vitória dos “Dragões” um toque de evidente superioridade. Contudo, o sexto e derradeiro golo dos “Azuis e Brancos” tornar-se-ia noutro ponto de destaque do referido embate, pois, na sequência de uma jogada corrida, o mesmo seria concretizado pelo guarda-redes magiar.
Para além da aludida conquista do Campeonato do Porto, e da repetição da vitória nas 8 edições seguintes, o seu palmarés acabaria enriquecido com o triunfo do FC Porto em 2 Campeonatos de Portugal, o primeiro realizado na campanha da sua chegada ao contexto desportivo luso e o segundo nas disputas calendarizadas para a época de 1931/32. No entanto, muito para além dos troféus ganhos nas 9 campanhas em que carregaria ao peito a insígnia portista, a sua fama alimentar-se-ia das excepcionais prestações que, de desafio em desafio, conseguiria erigir. Essas exibições, resultados de qualidades extraordinárias para o desempenho das funções de “keeper”, valer-lhe-iam o epíteto de “meio-team”. Tal importância, mesmo sem ter alcançado qualquer internacionalização pelo seu país, levá-lo-ia a ser aferido como um dos melhores da Europa na sua posição e a ser chamado a jogo pela selecção do Porto.
Tendo a sua naturalização acontecido em 1926, Mihály passaria a responder pelo nome Miguel. Porém, mesmo com o novo “passaporte”, a sua entrada nos planos da equipa nacional portuguesa acabaria também por nunca ocorrer. O que aconteceria, e de forma natural, seria a sua inscrição em vários capítulos da história do FC Porto. Apesar da carreira interrompida pela doença, Siska continuaria ligado ao devir do clube e da modalidade. Afastado das lides de futebolista no final da temporada de 1932/33, anos mais tarde assumiria o cargo de treinador-principal. Com o encetar de funções a suceder em 1935, nas funções de “timoneiro”, ao incutir vontade lutadora e instinto vencedor aos seus discípulos, levaria os “Azuis e Brancos” às vitórias nos Campeonatos Nacionais de 1938/39 e 1939/40. Mas a maleita que afectava a sua função pulmonar, acabaria, de forma idêntica, por subtrair à sua vida o banco de suplentes. Passaria, então, a trabalhar como funcionário-administrativo, na secretaria do FC Porto.
Já com uma festa de homenagem marcada, a 25 de Outubro de 1947 Siska viria a falecer vítima de um tumor nos pulmões. A partida realizar-se-ia na mesma, contando com a presença da equipa do Benfica e a receita do jogo, a rondar os 100 contos, reverteria para a subsistência da sua viúva.

1178 - JACINTO

Elemento das camadas de formação das “Águias”, Jacinto seria chamado aos trabalhos das jovens selecções portuguesas. Como atleta das “escolas” do Benfica, conseguiria 7 internacionalizações pelos sub-18 lusos. Acabaria chamado a participar na edição de 1969 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA, mas, apesar das expectativas criadas em seu redor, alicerçadas pela carreira feita com a “camisola das quinas”, a transição para o patamar sénior afastaria o defesa da equipa principal “encarnada”. Portimonense, na temporada de 1969/70, seguido da transferência para o Marinhense, marcariam, desse modo, os seus primeiros anos como profissional.
Mesmo sendo algo normal a falta de chances dadas aos jogadores vindos dos juniores, o longo período passado longe do patamar principal tornar-se-ia num elemento surpresa. Seria já na época de 1976/77 que o jogador, finalmente, teria a oportunidade de estrear-se na 1ª divisão. Contratado pelo Leixões ao conjunto sediado na Marinha Grande, o lateral, com o largo traquejo ganho nos anos passados no escalão secundário, acabaria por não estranhar o salto competitivo e conseguiria agarrar-se a um lugar no sector mais recuado dos matosinhenses. Porém, e apesar de uma campanha, em temos individuais, aferida como positiva, a descida do conjunto do Estádio do Mar, levá-lo-ia, por atacado, de volta aos patamares inferiores. Curiosamente, a experiência seguinte, com o Famalicão, edificar-se-ia praticamente do mesmo modo. Entraria para o conjunto minhoto em 1978/79, para disputar o degrau máximo do futebol nacional. Alcançaria a titularidade e realizaria uma campanha mais do que agradável. Porém, no final da temporada, a despromoção da equipa não levaria o atleta de regresso a andanças antigas, mas ao FC Porto.
Nas Antas, sob a alçada do treinador José Maria Pedroto, Jacinto apenas disputaria a Supertaça. Sem grande espaço na equipa “azul e branca”, no decorrer da temporada de 1979/80, o defesa voltaria ao Famalicão e ao 2º patamar. Já em termos do Campeonato Nacional da 1ª divisão, seria a passagem pelo Sporting de Espinho a permitir ao atleta, em termos consecutivos, o mais longo período a disputar a competição portuguesa de maior monta. Vestiria a camisola dos “Tigres” a partir de 1980/81 e, por 2 anos sucessivos, tal como já tinha conseguido anteriormente, asseguraria diversas presenças no “onze” inicial.
O que restaria da sua carreira desportiva, acabaria por ser trilhada longe dos “palcos” principais. Com o regresso ao Leixões em 1982, Jacinto iniciaria nova caminhada pelas divisões inferiores. Nessa senda, envergaria as camisolas de Académico de Viseu, Tirsense, Infesta e, já nos “regionais” da Associação de Futebol do Porto, a do Atlético Bougadense.

1177 - WANDO

Seria descoberto pelo Vasco da Gama durante uma partida entre as selecções jovens de Brasília e do Rio de Janeiro. Acabaria a formação nas “escolas” do emblema “carioca” e, resultado de uma evolução positiva, depressa começaria a apontar para outros destinos. A oportunidade, contava apenas com 19 anos de idade, surgiria na temporada de 1982/83. De Portugal surgiria o convite do Sporting de Braga e a mudança sublinharia uma atleta de um virtuosismo estonteante.
Na colectividade minhota, a velocidade, apurada nos tempos em que praticava atletismo, o drible fácil, que permitia a Wando ultrapassar os adversários, rapidamente dariam ao extremo-canhoto um lugar no desenho táctico dos “Arsenalistas”. Orientado pelo treinador Juca, o atacante terminaria a campanha de estreia em Portugal como um dos atletas mais utilizados no plantel e marcaria presença em ambas as partidas da Supertaça, perdida para o Sporting. A época seguinte serviria, tendo o jogador participado em todas as jornadas do Campeonato Nacional, para asseverar a sua ascensão. Tal crescimento abrir-lhe-ia as portas de um novo desafio e o Estádio “da Luz” tornar-se-ia na sua nova “casa”.
Com o desafio de substituir Fernando Chalana, entretanto transferido para o Bordeaux, a temporada de 1984/85, mesmo com uma boa frequência em presenças em campo, serviria para a adaptação de Wando a uma realidade competitiva mais exigente. Já bem ajustado, o avançado, com inscrição regular no “onze” titular, continuaria a dar o seu contributo para a conquista de novos títulos. Nesse sentido, as 4 épocas de “águia ao peito”, seriam bem proveitosas. Logo na campanha de chegada a Lisboa, o esquerdino ajudaria à conquista da Taça de Portugal. Disputaria e conquistaria as duas edições seguintes da “Prova Rainha” e, em 1986/87, com a vitória no Campeonato, gravaria a “dobradinha” no palmarés pessoal. Porém, seria o derradeiro ano passado com o Benfica que acabaria por oferecer à sua carreira um dos momentos mais gloriosos. A presença na final de 1987/88 da Taça dos Clubes Campeões Europeus, mesmo perdida para ao PSV Eindhoven, inscrever-se-ia na sua caminhada como um marco e o desempate por grandes penalidades tornar-se-ia num capítulo inolvidável – “Estávamos sentados e o Veloso falou: «Eu vou lá, dou uma paradinha, o guarda-redes vai para um canto e eu chuto para o outro.» E eu disse: «Vai, Veloso, vai!» Eu não queria era bater! «Vai, Veloso…" O Álvaro fez coro: «Vai, Veloso, vai!» E o Veloso foi: fez uma paradinha, mas o guarda-redes não se mexeu; ele chutou e o Van Breukelen defendeu a bola”*.
Seguir-se-ia, no trajecto do atleta, uma fase mais errante e, com isso, a passagem por diversos emblemas. Ainda em Portugal, Wando vestiria as camisolas do Vitória de Setúbal, Marítimo e, após uma “ponte” feita no Calheta, viria a experiência ao serviço dos turcos do Konyaspor. Depois, consumar-se-ia o regresso ao Brasil, a passagem pelo XV de Jaú e o terminar da caminhada enquanto desportista profissional. Com o fim da carreira, Wando transformar-se-ia num agente multifacetado. Investe no ramo imobiliário, abriria uma creche, inauguraria uma escola de futebol, passaria a colaborar com vários clubes na prospecção de novos talentos e ainda ajuda à gestão da carreira de jovens atletas.

*retirado da entrevista conduzida por João Sanches, publicada a 07/02/2019, em www.slbenfica.pt

1176 - JORGE SOARES

Durante vários anos dividiria a actividade desportiva entre o futebol e, com marcas de cariz nacional, o atletismo. No “jogo da bola”, começaria pelas camadas jovens do Messejanense, emblema da sua terra natal, para depois passar para o Aljustrelense. A representar as cores do emblema “mineiro”, Jorge Soares chegaria à selecção de Beja. Ao disputar o Torneio Interassociações, seria descoberto por Fernando Pires (Fanã) e, pela mão do afamado adjunto de Paco Fortes, acabaria por entrar para as “escolas” do Farense.
No Algarve terminaria a formação e, ainda no decorrer da temporada de 1989/90, seria chamado ao conjunto principal dos “Leões de Faro”. Os bons índices competitivos, que faziam dele uma das grandes promessas da equipa, levá-lo-iam também aos estágios das jovens selecções nacionais. Sem conseguir qualquer internacionalização, chegaria a treinar com o grupo que, em 1991, ganharia o Mundial sub-20. Acabaria, numa altura em que já começava a ser uma presença assídua no “onze” do Farense, por ter a oportunidade de representar os sub-21 de Portugal e de, nessa categoria, ajudar a vencer a edição de 1992 do Torneio Internacional de Toulon.
Cada vez mais uma figura de relevo na estratégia do Farense, o defesa-central começaria a ser cogitado por outros emblemas, como um possível reforço. Apesar de algumas abordagens, Jorge Soares manter-se-ia no plantel dos algarvios por largos anos. Durante esse período, depois de fazer parte do grupo que, na sua época de estreia enquanto sénior, atingiria a final da Taça de Portugal, o atleta acabaria também por participar noutro dos mais importantes momentos da história da colectividade sediada na cidade de Faro. Em 1994/95, como um dos mais utilizados durante o Campeonato Nacional, ajudaria ao 5º posto da tabela classificativa e à qualificação para as provas continentais. Já no ano seguinte, na primeira participação do clube na Taça UEFA, entraria em campo em ambos os embates frente aos franceses do Olympique Lyonnais.
Aferido como um dos bons centrais a jogar em Portugal, Jorge Soares seria contratado pelo Benfica para a temporada de 1997/98. Apesar de uma primeira campanha em que, na “Luz”, jogaria amiúde, algumas avaliações menos boas, uma grave lesão na época seguinte à sua chegada a Lisboa e a preferência do treinador Graeme Souness por outros atletas, ditariam a saída do jogador. No Marítimo a partir da campanha de 1998/99, o defesa recuperaria a titularidade e, acima de tudo, o estatuto de atleta de valor. No emblema insular, onde também participaria nas competições organizadas pela UEFA, passaria 5 temporadas e sempre com bons níveis exibicionais. Ainda no Funchal, seguir-se-ia o União da Madeira, o regresso aos escalões inferiores e a entrada na última fase da sua carreira.
Com os derradeiros anos a aproximarem-se, seria o listado vermelho e branco do Louletano que acolheria o fim da carreira do central, enquanto futebolista. Já a preparar os anos após a saída da alta-competição, Jorge Soares regressaria à escola e concluiria os estudos superiores em Educação Física. Passaria, então, a repartir o seu tempo entre as tarefas de professor e a gestão das “escolas” de futebol abertas no Algarve, em parceria com o seu antigo colega de balneário, Jorge Portela.

1175 - NARCISO

Nascido na cidade de Setúbal, seria no Vitória Futebol Clube que, ao entrar para os patamares de formação, Narciso começaria a caminhada no futebol. Já na temporada de 1972/73, promovido pelo treinador José Maria Pedroto, o jovem atleta estrear-se-ia na equipa sénior do emblema sadino e, por conseguinte, na 1ª divisão. No entanto, apesar de ser uma aposta para o futuro da equipa, demoraria uns quantos anos até conseguir afirmar-se como um elemento com alguma preponderância. Tal aconteceria na época de 1976/77, depois de um empréstimo ao Torreense, de um regresso de curta duração ao Estádio do Bonfim e da experiência nos canadianos do Toronto Italia.
A partir da segunda metade da década de 70, Narciso surgiria no esquema táctico do Vitória de Setúbal com regularidade. Durante 4 anos, o médio, que cumpria tanto em funções defensivas, como nas manobras de construção de jogo, tornar-se-ia num dos elementos mais importantes do plantel sadino. Nesse sentido, seria com alguma surpresa que os adeptos veriam o jogador deixar o clube para, na Margem Sul do Rio Tejo, abraçar outro projecto. No Amora, onde trabalharia com outro ilustre setubalense, o treinador Mourinho Félix, para além de manter a titularidade, aperfeiçoaria a sua “veia goleadora”. Ao pautar-se como um dos bons intérpretes dessa temporada de 1980/81, receberia o convite do Vitória de Guimarães para rumar ao Minho e, já na “Cidade Berço”, voltaria a encontrar-se com José Maria Pedroto.
Após envergar as cores do conjunto vimaranense, onde nunca conseguiria impor-se como um elemento indiscutível, Narciso continuaria a alimentar um percurso que, de algum modo, tinha começado a caracterizar-se pela constante mudança de clubes. Depois de, em dois anos, ter vestido a camisola de dois emblemas diferentes, o centrocampista, nessa senda mais errática, regressaria ao Vitória de Setúbal para a derradeira temporada primodivisionária, passaria pelo Benfica de Castelo Branco e, a seguir à aventura albicastrense, aceitaria o desafio daquela que viria a tornar-se na sua última colectividade enquanto futebolista profissional.
Terminada a ligação ao Torralta na segunda metade da década de 80, Narciso, formado em Educação Física e com o 4º nível do Curso de Treinadores, iniciaria o seu trajecto enquanto técnico. Durante vários anos, seria adjunto de Quinito. Como “braço direito” do seu conterrâneo, passaria por diferentes emblemas, casos do Sporting de Espinho, Marítimo, Portimonense, União de Leiria e, quase de forma inevitável, pelo Vitória Futebol Clube. No entanto, seria noutra variante da modalidade que viria a ter grande sucesso. Ao aceitar o desafio do emblema sadino para comandar o conjunto dedicado à vertente de praia, por certo, jamais adivinharia a glória destinada ao seu trajecto. A verdade é que logo no ano de estreia à frente do listado vertical verde e branco, levaria os seus discípulos à conquista da edição de 2008 da Liga Nacional. Repetiria o feito em 2010 e, em 2013, ao rubricar o contrato para ocupar o cargo de seleccionador nacional, subiria mais um degrau na carreira. À frente de Portugal, o seu trabalho levaria a “Equipa das Quinas” a grandes glórias e entregaria aos escaparates da Federação os troféus referentes às vitórias dos Campeonatos do Mundo de 2015 e 2019, 4 Ligas Europeias, 1 Jogos Europeus de Praia, entre outros prestigiados certames. Para além disso, seria eleito como o Melhor Treinador do Mundo em 2015 e 2016.

1174 - IDALÉCIO

Começaria por praticar diversas modalidades, como o basquetebol, a natação ou o ténis. Todavia, o futebol era a sua grande paixão e, entre o Montijo da sua meninice e a mudança para o Algarve, acabaria por frequentar as “escolas” de diferentes colectividades. Nessa caminhada, o Louletano surgiria como a derradeira etapa formativa do defesa e o passo para a subida a sénior. A tal promoção, por empréstimo, acabaria por acontecer ao serviço do Almancilense. Regressaria depois ao emblema de Loulé e, com uma internacionalização pela selecção sub-18 de Portugal a embelezar-lhe o currículo, o seu nome começaria a ser cogitado por emblemas de ambições maiores.
O grande salto aconteceria na temporada de 1995/96. Com o Farense qualificado para as provas europeias e à procura de “sangue novo” para as suas fileiras, Idalécio surgiria como uma boa solução para reforçar o sector mais recuado. Sob o comando do catalão Paco Fortes, o defesa-central, que também podia jogar à esquerda, acabaria por estrear-se na 1ª divisão e logo com números auspiciosos. Essa boa campanha desportiva, mas um pouco atribulada no que à gestão do clube diz respeito, levaria o atleta a procurar novo rumo para a sua caminhada profissional. No Sporting de Braga, orientado pelo algarvio Manuel Cajuda, encontraria a promessa de estabilidade e a mudança para o Minho dar-se-ia no Verão de 1996.
A meia-dúzia de temporadas passadas com os “Arsenalistas”, fariam de Idalécio um dos futebolistas mais respeitados no panorama nacional. Quase sempre pensado como um dos elementos importantes do xadrez táctico do plantel, o defesa também acabaria por tornar-se num dos símbolos das conquistas colectivas. Logo no ano de chegada, ajudaria o Sporting de Braga a qualificar-se para a Taça UEFA. No ano seguinte, viria a final da Taça de Portugal, mas com a mágoa da derrota frente ao FC Porto e a frustração de não ter sido chamado ao derradeiro embate da competição.
Com o final da época de 2001/02 e a impossibilidade de chegar a um acordo para continuar a representar os “Guerreiros”, Idalécio, que já tinha visto gorar-se uma hipótese para jogar na Escócia, arrepiaria caminho em direcção à ilha da Madeira. No Nacional, onde chegaria a envergar a braçadeira de capitão, só estaria uma temporada. Seguir-se-ia o regresso ao continente e a entrada no Rio Ave. Em Vila do Conde, sempre com níveis exibicionais de boa ordem, completaria mais 3 temporadas e, cumprida a ligação ao emblema da caravela, chegaria às 11 campanhas disputadas no patamar máximo do futebol português.
Daí em diante a sua carreira tomaria o rumo dos patamares secundários. Trofense, Gondomar, Louletano, Farense e Quarteirense acabariam como as insígnias dessa última etapa da sua passagem como futebolista profissional. Ainda na Quarteira, aceitaria o desafio de coordenar as camadas de formação do clube. Já numa fase posterior, surgiria a oportunidade para mudar-se para Londres, mas longe do futebol. Aceitaria o desafio. Começaria a trabalhar em diversas funções, mormente na área da hotelaria. Em paralelo ainda “daria uma perninha” em clubes amadores de origem lusa e contribuiria com o seu cunho para o crescimento de jovens atletas.

1173 - CARLITOS

Ainda a partilhar o tempo entre a fábrica de teares, os treinos com a equipa sénior e os compromissos com as camadas de formação, Carlitos haveria de “estar com um pé” nas “escolas” do Benfica. No entanto, a oferta de um contrato profissional por parte dos responsáveis do Gil Vicente, faria com que o jovem atleta permanecesse no emblema da sua terra natal.
De “Galo ao Peito”, ainda em idade júnior, veria o treinador Vítor Oliveira a convocá-lo para um jogo da equipa principal. Com o Gil Vicente a disputar o escalão maior do futebol português, a tal partida, referente à 25ª jornada do Campeonato Nacional de 1994/95, levaria o extremo a defrontar o FC Porto e, nesse sentido, a estrear-se na 1ª divisão. Após esse jogo inicial, não tardaria muito até que Carlitos passasse a ser uma figura cimeira nas cogitações tácticas da colectividade de Barcelos. Logo na campanha seguinte, passaria a surgir como um dos titulares indiscutíveis. O estatuto mantê-lo-ia na temporada de 1996/97 e esse facto abrir-lhe-ia outras portas.
Com a estreia pelos sub-20 portugueses a acontecer na edição de 1997 do Torneio Internacional de Toulon, as boas exibições do atacante, a juntar à presença do conjunto luso na final e ao título de Melhor Marcador do certame organizado em solo francês, fariam com que outros emblemas começassem a olhar para Carlitos como um possível reforço. Até aí, nada de surpreendente. O maior espanto sairia, isso sim, do principal pretendente à contratação do atleta. Com Manuel Barbosa a intermediar o negócio, o avançado acabaria por assinar um vínculo com o Real Madrid. Visto como um elemento de enorme potencial, mas ainda pouco preparado para desafios maiores, o seu destino acabaria por ser, a equipa “b” dos “Merengues”, o Castilla. Todavia, a aposta não correria de feição para o jogador que, ao não conseguir adaptar-se à vida em Espanha, haveria de pedir aos responsáveis pela equipa madrilena, a sua saída do clube.
Por empréstimo seguir-se-iam, na sua ainda curta carreira, o Sporting de Braga, o Estrela da Amadora e o regresso ao Gil Vicente. Embora as duas primeiras cedências não tenham revelado o real valor do extremo-direito, a época ao serviço dos “Galos”, sublinharia um intérprete de fino recorte técnico, mortífero em duelos individuais e de uma rapidez estonteante. Com os resultados do colectivo a levar os barcelenses a terminar a temporada de 1999/00 no 5º posto da tabela classificativa, a projecção dada ao atacante seria essencial para nova mudança de rumo.
Já depois de ter rubricado um acordo com o FC Porto, a concórdia celebrada entre o Real Madrid e o Benfica, ao desviá-lo para Lisboa, deitaria por terra a mudança de Carlitos para o Estádio das Antas. Nos “Encarnados” a partir de 2000/01, depois de uma primeira campanha agradável, os anos seguintes não correriam tanto de feição. Apoquentado por várias lesões musculares, que, de alguma forma, iriam acompanhá-lo para o resto da vida desportiva, a sua afirmação ficaria comprometida. Também em termos de títulos, fruto da pesada herança dos anos sob a alçada directiva do Presidente João Vale e Azevedo, nada conseguiria acrescentar ao currículo. Com época 2003/04 a decorrer, a ligação entre o jogador e o emblema da “Luz” conheceria o seu fim e o avançado retornaria a Espanha.
No Poli Ejido, onde voltaria a encontrar-se com José Calado, passaria apenas alguns meses. De seguida, dar-se-ia o regresso ao Gil Vicente e mais 2 temporadas e meia, sempre no escalão máximo nacional, a fazer recordar aquelas campanhas que o tinham lançado no caminho dos grandes emblemas europeus. Seguir-se-ia a aposta num Belenenses orientado por Jorge Jesus, o seu antigo treinador no Estrela da Amadora. Porém, a condição física de Carlitos já não era a melhor e as lesões começariam a afectar definitivamente os seus desempenhos. Meio ano após a entrada no Restelo, o extremo mudar-se-ia para um Vitória de Guimarães acabado de voltar ao convívio dos “grandes”, para uma campanha excelente e o 3º lugar no Campeonato. Depois, mais 2 anos na “Cidade Berço”, um rol insuportável de mazelas musculares e o ponto final da carreira no Gil Vicente, com o término da época de 2010/11.
Hoje em dia, o antigo internacional sub-20, sub-21 e “B” por Portugal, divide-se entre a gestão de um restaurante, os imóveis que foi adquirindo durante a vida desportiva e o Galos de Barcelos, clube de futsal que ajudou a fundar.

1172 - VÍTOR PEREIRA

Ao evoluir favoravelmente nas “escolas” do Grupo Desportivo da CUF, Vítor Pereira, também ele natural do Barreiro, veria o crescimento dos seus desempenhos levá-lo às jovens equipas da Federação Portuguesa de Futebol. Pelos actualmente designados sub-18, conseguiria várias chamadas e a presença em importantes certames. Sob a alçada de Peres Bandeira e ao lado de nomes como Fidalgo, Shéu, Jordão, Rodolfo, Ibraim Silva, entre outros jogadores que viriam a tornar-se famosos no contexto nacional, seria convocado para a Fase Final da edição de 1971 do Torneio Internacional de Juniores da UEFA. Na antiga Checoslováquia, ao participar em 4 das 5 partidas, ajudaria Portugal a chegar à final, durante a qual o conjunto luso claudicaria frente à Inglaterra.
Por altura da competição referida no parágrafo acima, já Vítor Pereira tinha conseguido estrear-se pela equipa principal da CUF. Nessa temporada de 1970/71, com o emblema barreirense a militar na 1ª divisão, o médio, que preferencialmente actuava no lado direito do sector intermediário, começaria logo a dar sinais de fácil adaptação a contextos competitivos mais exigentes. Ainda assim, a sua afirmação inequívoca no plantel sénior, demoraria algum tempo. Após a estreia com o treinador Carlos Silva, seria sob a orientação de Fernando Caiado que o atleta acabaria por tornar mais regular a sua comparência no “onze”. Da época de 1972/73 para a frente, o jogador passaria a ser visto como uma das caras habituais no alinhamento titular. Nesse sentido, daria o contributo para as classificações cimeiras no Campeonato Nacional, participaria na Taça UEFA de 1972/73 e ajudaria a vencer a Taça Intertoto de 1974.
Como um dos elementos a granjear maior destaque no emblema da CUF, e com o seu histórico nos diferentes escalões da selecção também a justificá-lo, a chamada à principal “Equipa da Quinas” acabaria encarada como um merecido prémio. A estreia, pela mão de José Maria Pedroto, aconteceria a 03 de Abril de 1974. Depois desse “particular” frente à Inglaterra, Vítor Pereira apenas participaria em mais uma partida pelo conjunto “A” de Portugal. Por outro lado, o registo do médio nos “esperanças” seria bem mais rico. Num total de 8 partidas disputadas, o atleta participaria em vários contextos competitivos, a exemplo, o Torneio de Toulon. Já a soma, como resultado do percurso trilhado nos vários patamares lusos, torná-lo-ia no elemento da colectividade do Barreiro a conseguir juntar ao currículo o maior número de internacionalizações.
Com a despromoção da CUF no final da temporada de 1975/76, a ligação ao emblema que o tinha formado, acabaria por romper-se. Seguir-se-iam, ainda na 1ª divisão, outras agremiações, com o Boavista a surgir como a primeira. Na cidade do Porto, mesmo não tendo conseguido afirmar-se de forma tão categórica quanto antes, os “Axadrezados” tornar-se-iam num dos clubes de relevo no seu trajecto futebolístico. Depois da presença nas competições europeias, viria a participação no plantel que, na campanha de 1978/79, venceria a Taça de Portugal.
O Sporting de Espinho, onde cumpriria a derradeira época no escalão maior, e a Sanjoanense também coloririam a derradeira fase da carreira do médio. Já o fim viria com o regresso a “casa” e, depois do nome alterado, à Quimigal. Após 2 temporadas na colectividade da sua terra natal, a temporada de 1982/83 transformar-se-ia na última de Vítor Pereira como praticante profissional.

1171 - HUGO ALMEIDA

Descoberto nas “escolas” da Naval 1º de Maio e já com um pé no Sporting, seria o FC Porto a adiantar-se e a ganhar a corrida pela sua contratação. A mudança para a “Cidade Invicta”, teria como resultado imediato a cimentação do avançado nas jovens selecções portuguesas. Ao passar pelos vários escalões da “equipa das quinas”, Hugo Almeida participaria em diversos certames de grande monta, destacando-se a presença na final do Campeonato da Europa sub-19 de 2003, a vitória, nesse mesmo ano, do Torneio Internacional de Toulon ou a chamada aos Jogos Olímpicos de 2004.
Com um percurso louvável, feito nas camadas de formação da selecção e do clube, a integração do avançado na equipa principal “azul e branca”, adivinhada quase como uma certeza, acabaria por conhecer dificuldades pouco expectáveis. Com a estreia como sénior, na equipa “b” dos “Dragões”, a acontecer em 2001/02, os anos seguintes passá-los-ia entre o plantel principal do FC Porto, o já referido conjunto secundário e alguns empréstimos a emblemas da 1ª divisão. Mesmo assim, com tanta intermitência, Hugo Almeida conseguiria, de maneira espantosa, enriquecer o palmarés pessoal. Com os portistas a escrever uma das mais gloriosas páginas da sua história, os títulos chegariam em catadupa e o ponta-de-lança entraria para o rol de atletas que haveriam de conquistar as Taças de Portugal de 2002/03 e de 2005/06, os Campeonatos Nacionais de 2003/04 e 2005/06 e a Liga dos Campeões de 2003/04.
As experiências na União de Leiria e, posteriormente, no Boavista, não só dariam ao atleta o traquejo necessário a outros horizontes, como, no caso da passagem pelas margens do Rio Lis, também serviria para justificar a sua entrada na principal equipa da selecção nacional. Com a chamada a acontecer a 18 de Fevereiro de 2004, pela mão de Luiz Felipe Scolari, esse particular frente a Inglaterra, disputado no Algarve, serviria de arranque para uma longa caminhada com as cores de Portugal. Num total alcançado de 57 internacionalizações e 19 golos concretizados, o avançado seria também convocado a participar em diversos torneios. Sob a alçada de diferentes treinadores, disputaria os Europeus de 2008 e 2012 e os Mundiais de 2010 e 2014.
Já com algumas dúvidas a levantarem-se sobre o seu real valor, a temporada de 2005/06 dissiparia muitas das incertezas. Finalmente como titular do FC Porto, Hugo Almeida afirmar-se-ia como um jogador possante e de cariz maioritariamente de área, ou seja, um ponta-de-lança “à antiga”. A tal campanha serviria para catapultar o seu valor e, com isso, para acicatar o desejo de outros emblemas. Surgiria o Werder Bremen e a vontade do clube germânico de juntar o avançado-centro ao seu plantel. Acertada a transferência, inicialmente a título de empréstimo, a época de 2006/07 levaria o atleta até à Bundesliga. Na Alemanha, fixar-se-ia como um belíssimo intérprete e como um dos esteios do conjunto sediado nas margens do Rio Weser. Durante 4 anos e meio, o atacante contribuiria para os objectivos colectivos. Ajudaria à vitória na DFB-Pokal de 2008/09 e chegaria, ainda nesse ano, à final da Taça UEFA.
Numa altura em que estava, provavelmente, a lançar-se para uma das melhores temporadas, a abertura do “Mercado de Inverno” de 2010/11 mudá-lo-ia para Istambul. No Besiktas, onde iria encontrar-se com Manuel Fernandes, Simão Sabrosa e Ricardo Quaresma, o avançado continuaria a exibir-se a um bom nível. Depois de 3 anos e meio na Turquia, as novas apostas do atleta levá-lo-iam a uma fase da sua carreira um pouco errante. Com passagens pela Itália, Rússia, Alemanha, Grécia, Croácia e o regresso a Portugal, Hugo Almeida acabaria por envergar 7 camisolas diferentes. Já em Coimbra, ainda com a temporada de 2019/20 a decorrer, anunciaria o fim da sua caminhada como futebolista. Passaria, na condição de atleta e dirigente, a dedicar-se ao futebol de praia e à AD Buarcos. Paralelamente, encetaria o seu trajecto como técnico e, nos sub-23 da Académica, tem desempenhado as funções de treinador-adjunto.

1170 - HERMÓGENES

É impossível desassociar a vida desportiva de Hermógenes de uma boa e importante parte da história do Rio Ave. Ao ter entrado para as “escolas” do emblema vila-condense com 14 anos, a subida dos diferentes degraus formativos levariam o defesa a chegar ao conjunto principal, ainda a colectividade militava nas “distritais” da Associação de Futebol do Porto. Com a estreia pelos seniores a acontecer na primeira metade da década de 70, o jogador, ao tornar-se numa figura importante para o evoluir da equipa, acabaria por fixar-se no lado direito do sector mais recuado.
Acompanharia, num crescimento partilhado entre a sua pessoa e o colectivo, as subidas que, na temporada de 1976/77, levariam os rioavistas a conseguir arrecadar o título de campeão da 3ª divisão nacional. Numa senda vitoriosa, a ambição de clube e atletas, com o lateral a comportar-se como um exemplo de combatividade e paixão pelo listado vertical verde e branco, levá-los-ia a nova promoção. Ao partilhar o balneário com nomes como Alberto, Duarte, Samuel, Mário Reis, Quim, entre outros atletas que também acabariam por inscrever a sua identidade nos anais do clube, Hermógenes imortalizar-se-ia como um dos elementos que viria a participar na inédita subida do Rio Ave ao 1º escalão.
Curiosamente, a campanha de 1979/80, a tal da estreia do clube e do jogador no degrau maior do nosso futebol, terminaria, depois de mais de duas décadas de união, com a separação entre Hermógenes e o emblema de Vila do Conde. Seguir-se-iam na sua caminhada competitiva, sempre nos escalões secundários, União de Coimbra, Leça, AD Fafe e Bragança. Finalmente, já na época de 1985/86, dar-se-ia o regresso ao Rio Ave, para ajudar a nova subida ao patamar máximo e, igualmente, para pôr um ponto final na sua carreira enquanto futebolista.
O “pendurar das chuteiras” não significaria para Hermógenes o fim da sua relação com o futebol. Continuaria, ligado ao emblema da caravela, a labutar em prol dos sucessos colectivos. Cumpriria diferentes papéis, dentro dos quais trabalharia no departamento de “scouting”. Também passaria pela função de treinador-adjunto da equipa sénior e, como interino, chegaria a ocupar a posição de técnico-mor da equipa principal.

1169 - DJOINCEVIC

Com um físico corpulento e uma barba cerrada a ajudar ao aspecto de durão, Djoincevic, dentro de campo, também não era “pêra doce” para os avançados. Logo nos primeiros anos como sénior, ainda com as cores do modesto Zarkovo, essa seria a imagem que deixaria em jogo. Seguir-se-ia, na sua ainda curta carreira, o Crvenka e a subida de mais uns patamares na escala competitiva da antiga Jugoslávia. Esse capítulo, ainda nos patamares secundários, serviria para dar traquejo ao atleta e de transição para mais um degrau ascendido. A subida levaria o defesa ao escalão máximo do seu país e em direcção à senda trilhada ao serviço do FK Rad Beograd.
O emblema do bairro de Banjica, com ambições de monta maior, ajudaria a afirmar o defesa como um praticante de gabarito. Como um dos esteios no centro do sector mais recuado, o jogador ajudaria o colectivo a cumprir metas de “ambição europeia”. Depois do 4º posto da tabela classificativa alcançado com o final da temporada de 1988/89, a campanha seguinte traria ao calendário competitivo do conjunto sediado na capital Belgrado, a presença na Taça UEFA. Com o sorteio a ditar um embate entre o FK Rad e o Olympiacos, os gregos acabariam por passar à eliminatória seguinte. No entanto, a 1ª mão ditaria uma vitória caseira para os jugoslavos, com Cedomir Djoincevic a marcar um dos golos.
A temporada de 1989/90, a mesma do desafio com a agremiação helénica, terminaria, mais uma vez, com FK Rad nos lugares cimeiros da tabela e com o futuro de vários elementos do plantel a ser projectado de forma risonha. No início da época seguinte, numa altura em que já partilhava o balneário com, o agora bem conhecido, Ljubinko Drulovic, chegaria a Djoincevic o convite para, em direcção a um país estrangeiro, deixar o clube. O desafio surgiria de Portugal e do Salgueiros. Em Paranhos, com a colectividade a ser orientada pelo técnico jugoslavo Zoran Filipovic, o defesa iria juntar-se ao plantel de 1990/91 e encontrar-se com uma série de elementos vindos dos balcãs.
Ao lado de nomes como Jovica Nikolic, Dragan Djukic, Stevan Milovac ou Enes Basic, a maturidade acrescida pela contratação de Djoincevic, levaria o Salgueiros, logo na temporada de entrada do defesa, a escrever a página mais brilhante da sua história. Com o 5º lugar conquistado no Campeonato Nacional, as provas europeias, pela primeira vez na existência do clube portuense, passariam a constar do reportório competitivo. Em sorte, calharia defrontar os franceses do Cannes, onde despontava um jovem de seu nome Zinedine Zidane. Frente ao conjunto gaulês, o defesa apenas disputaria a 2ª ronda, que, após desempate pela marcação de grandes penalidades, ditaria a eliminação da equipa portuguesa.
Quatro temporadas com o Salgueiros seriam suficientes para gravar o seu nome no imaginário dos adeptos. Já de regresso ao seu país, onde viria a terminar a carreira, também encetaria o seu trajecto como técnico. No papel de treinador, com passagens pela Grécia e pela Bulgária, Djoincevic tem orientado diversos emblemas, mormente na Sérvia. Nesse trilhar de caminho, destaque para a experiência com o Zeleznik e a vitória na edição de 2004/05 da Taça da Sérvia e Montenegro.

1168 - OUATTARA

Começaria a jogar futebol na universidade porque, ao acompanhar um amigo aos treinos, descobriria que, ali, a prática da modalidade vinha também com a oferta do pequeno-almoço. Entretanto, a lesão de um guarda-redes levaria o treinador a querer pô-lo a jogar entre os postes. Recusaria a baliza e exigiria o seu lugar na frente. O técnico lá acederia à reivindicação do jovem atleta e, depois de 3 golos marcados, Ahmed Ouattara jamais largaria a posição de ponta-de-lança.
Seria, no entanto, a entrada no Africa Sports que lançaria o atacante para o estrelato. No emblema de Abidjan, a sua terra natal, rapidamente conseguiria assumir-se como um dos principais intérpretes dos sucessos colectivos. Logo em 1989, integraria o plantel que conquistaria o Campeonato, a Taça e a Supertaça da Costa do Marfim. Seguir-se-iam outros títulos internos. Em 1993 acrescentaria outra Taça e mais uma Supertaça ao seu currículo. Também nas competições continentais, o sucesso acompanharia o evoluir do avançado. Depois de, em 1992, ajudar à vitoria na Taça dos Vencedores das Taças de África, o ano seguinte traria ao palmarés de Ouattara a Supertaça Africana de futebol.
Com tantos sucessos, aos quais ainda acrescentaria o título de Melhor Marcador da edição de 1993 do Campeonato costa-marfinense, a selecção nacional apareceria no seu caminho de forma natural. Após a primeira internacionalização “A”, obtida em 1989, seria a Taça de África das Nações que serviria de grande montra para o avançado. Com a participação no torneio de 1994, onde, com um golo na partida de disputa do 3º e 4º lugares, ajudaria à conquista da medalha de bronze, a Europa surgiria no seu horizonte como um sonho perto de concretizar.
A tal oportunidade emergiria na Suíça e a época de 1994/95, ao serviço do FC Sion, acrescentaria à sua caminhada a Taça daquele país. Mesmo assim, as suas exibições seriam suficientes para que os dirigentes do Sporting vissem no avançado um bom reforço. Juntamente com Roberto Assis, Ouattara apresentar-se-ia em Alvalade na temporada seguinte à da chegada ao “Velho Continente”. Como um atleta com um físico possante, o início da referida campanha surgiria de forma prometedora e o golo marcado nas Antas, na 1ª jornada do Campeonato Nacional, sublinharia o ponta-de-lança como uma aposta de grande valor. Todavia, as rondas seguintes mostrariam um jogador diferente e que, sem deixar de ser voluntarioso, também revelaria alguma falta de discernimento.
Ao não conseguir afirmar-se de verde e branco, Ouattara, a meio da temporada de 1996/97, retornaria ao FC Sion. A nova experiência no emblema helvético, depois da vitória na Supertaça de 1995/96, ganha ainda com as cores do Sporting, levaria o avançado, com a conquista do Campeonato e Taça da Suíça, de volta aos títulos e às cogitações de emblemas de outra monta. Nessa senda, com a presença na CAN de 1998 a ajudar ao salto, seguir-se-iam o FC Basel e o Extremadura. Ainda assim, a carreira do avançado, com algumas lesões a assolar aos seus índices físicos, começaria a revelar alguns sinais de destaque. Sem lugar no emblema espanhol, 2000/01 acabaria marcado pelo empréstimo ao Salgueiros e a passagem discreta pelo emblema de Paranhos.
Depois de terminar a carreira já no seu país, Ouattara manter-se-ia ligado à modalidade. Nesse sentido, destaque para o seu trabalho como dirigente, ao serviço da Federação Costa-marfinense de Futebol.

1167 - RANTANEN

Começaria por ser um praticante do mais ecléctico possível. Em boa parte por culpa do pai, dirigente em diversas colectividades, jogaria voleibol e basquetebol. Hóquei no gelo e andebol também fariam parte das modalidades arroladas à sua juventude. No entanto, a sua grande paixão era o futebol. No HJK Helsinki daria os primeiros passos de uma longa carreira. Já após terminada a formação, seria ainda no emblema da capital finlandesa que Jari “Jallu” Rantanen, no final da década de 1970, faria a transição para o patamar sénior. Com um físico impressionante, alto e espadaúdo, tinha na atitude, aguerrida e frenética, uma das suas grandes armas. Com tais predicados, acabaria feito numa das figuras centrais das conquistas do clube e a “dobradinha” de 1981, com as vitórias no Campeonato e na Taça, tornar-se-ia no primeiro grande marco da sua, ainda curta, carreira.
Ao destacar-se no clube, a selecção entraria no seu quotidiano competitivo de uma forma natural. A 4 de Maio de 1983, chamado a jogo por Martti Kuusela, chegaria a oportunidade de fazer a estreia pelo principal conjunto da federação de futebol suómi.  Com essa partida frente à Polónia, Rantanen encetaria uma caminhada que, ao longo de quase meia dúzia de anos, daria ao atleta 36 internacionalizações “A”. Curiosamente, seria ao serviço dos sub-21 do seu país que veria surgir a ocasião para a primeira grande aventura estrangeira do seu trajecto – “(…) nós fomos a Portugal onde ganhámos 2-0. Alguém do Estoril estava a ver aquele jogo e um par de meses depois eu juntei-me ao Estoril”*.
Com os “Canarinhos”, o ponta-de-lança participaria no desenrolar de 2 temporadas. Depois da entrada na campanha de 1983/84, o regresso do avançado à Finlândia, serviria de curto interlúdio para a participação na época de 1984/85, mas, dessa feita, já com o emblema da Linha de Cascais a militar no 2º escalão. Do cômputo, mesmo com números não tão faustosos quanto os de alguns colegas, Rantanen não deixaria de alimentar a memória colectiva e, para a quase generalidade dos adeptos, ficaria registado como uma verdadeira força da natureza.
Seguir-se-iam, como novas experiências no estrangeiro, os belgas do Beerschot e o IFK Göteborg. Na agremiação escandinava viveria, talvez, o período mais rico do seu percurso futebolístico. Ao ajudar também à vitória na edição de 1987 do Campeonato da Suécia, seria a presença nas competições europeias que serviria de pináculo às conquistas do avançado. Mesmo sem sair do banco de suplentes, nas duas mãos da final da Taça UEFA de 1986/87, os 5 golos marcados durante as eliminatórias a preceder o embate frente aos escoceses do Dundee United, não só seriam de extrema importância para a vitória colectiva na competição, como elevariam Rantanen, ao lado de Wim Kieft, Peter Houtman e Paulinho Cascavel, ao lugar de Melhor Marcador da prova.
As boas prestações de Rantanen, mormente no panorama das provas europeias, abrir-lhe-iam a possibilidade de experimentar a Liga Inglesa. Com o Leicester City a militar no escalão secundário, a transferência do avançado aconteceria na temporada de 1987/88. Os primeiros tempos a jogar pelo emblema sediado nas Midlands correriam de feição, com o ponta-de-lança a assumir-se como um dos principais intérpretes das manobras ofensivas. No entanto, aquilo que parecia uma boa aposta, com a saída de Bryan Hamilton e a contratação para o comando técnico de David Pleat, acabaria por tornar-se numa grande desilusão.
Falhada, ainda a meio da temporada britânica, a mudança para a Bundesliga e para o FC Köln, a saída de Rantanen do emblema inglês dar-se-ia com o jogador a voltar ao país natal. Numa senda em que levaria o atleta a alternar passagens no HJK Helsinki, FinnPa e outros emblemas de menor dimensão, destaque para os títulos ganhos pelo emblema da capital que, a juntar aos troféus já referidos durante esta peça, deixaria o seu palmarés com um total vencido de 3 Campeonatos e 3 Taças da Finlândia.
Marcados esses últimos anos por algumas lesões bem graves, o final da carreira de Rantanen não o empurraria para longe da modalidade. Ao assumir as funções de treinador, começaria pelo FinnPa. De seguida, teria uma passagem pelos Estados Unidos da América, onde também desempenharia as funções de jornalista. Finalmente, de novo na Finlândia, tem abraçado diferentes projectos, nomeadamente à frente de emblemas como o AC Vantaa, EIF ou o FC Kotkan Työväen Palloilijat.Ao mesmo tempo, não tem descurado outra faceta da sua vida e foi eleito em 2017 como vereador do Município de Myrskylä.

*retirado do artigo de John Hutchinson, publicado a 10/02/2018, em https://www.lcfc.com

1166 - MANNICHE

Com a formação concluída e a transição para os seniores feita com as cores do Bronshoj BK, seria a transferência para o Hvidovre IF que daria o primeiro grande impulso na carreira de Michael Manniche. Já com as cores do emblema de Copenhaga, o avançado começaria a acrescentar títulos ao seu palmarés. Logo na campanha da sua chegada, a de 1980, a conquista da Taça da Dinamarca. No ano seguinte, a vitória no Campeonato e, em consequência dos bons resultados desportivos, a chamada à principal selecção do seu país.
A estreia do avançado com as cores da equipa nacional dinamarquesa dar-se-ia a 12 de Agosto de 1981, numa partida frente à Finlândia. Sem nunca ser um dos nomes indiscutíveis nas convocatórias do colectivo escandinavo, Manniche conseguiria acumular, no total do seu percurso competitivo, 11 internacionalizações. Mesmo sem grande acesso aos palcos maiores do futebol, a verdade é que as suas exibições e qualidades futebolísticas haveriam de chamar a atenção de outra “personagem” nórdica.
Sven-Göran Eriksson, treinador do Benfica para a época de 1983/84, incluiria na lista de pretensões o atacante. Logo à chegada, o seu físico impressionaria. Espadaúdo e com 1,96m de altura, Manniche apresentar-se-ia no Estádio da “Luz” como a antítese, em termos de figura, do atleta português. A primeira temporada, referida no começo do parágrafo, ao desenlear-se de forma intermitente, haveria de dar azo ao rótulo de “tosco”. Puro engano, o dos adeptos! O jogador, nas campanhas seguintes, mostrar-se-ia como um intérprete de uma utilidade tremenda. Combativo, possante, com um bom sentido posicional e remate perigoso, os golos marcados acabariam por fazer dele uma referência no ataque das “Águias”.
As 4 temporadas passadas em Lisboa consagrá-lo-iam como um goleador de excelência. Os 75 remates certeiros seriam um óptimo contributo para o alcançar das metas colectivas. Nesse sentido, os 2 Campeonatos ganhos materializar-se-iam como o pináculo de meia-dúzia de conquistas. Também haveria de colorir o seu currículo com 1 Supertaça. Todavia, seria uma das 3 vitórias na Taça de Portugal que acabaria transformada num dos melhores momentos vividos pelo Benfica. Chamado à final de 1984/85, o ponta-de-lança transfigurar-se-ia no herói da tarde. Escalonado para o “onze” inicial pelo treinador húngaro Pal Csernai, seriam dele 2 dos golos com que os “Encarnados”, no Estádio do Jamor, derrotariam o FC Porto por 3-1.
Como o próprio haveria de confessar, cansado da exigência das rotinas competitivas e com saudades de casa, Manniche decidiria deixar o Benfica para retornar ao seu país. Em 1987 assinaria contrato pelo B1903. Já após a união do seu emblema com o Kjøbenhavns Boldklub, que teria como resultado o nascimento do FC København, o atacante, com a conquista do Campeonato dinamarquês de 1992/93, voltaria a celebrar outro importante título. Alguns anos depois viria o fim da sua carreira. Contudo, o antigo ponta-de-lança manter-se-ia ligado à modalidade. Primeiro, encetaria tarefas como treinador em clubes mais modestos. De seguida, já de regresso ao último clube que tinha representado enquanto atleta, assumiria o papel de adjunto e alguns anos após a viragem do milénio, passaria a liderar o projecto “Global Goal”.

1165 - COSTEADO

Nascido e criado em Guimarães, seria no Vitória Sport Clube que João Ribeiro da Silva daria os primeiros passos da carreira desportiva. Tendo, no universo do futebol, ficado conhecido como Costeado, ainda como um jovem atleta transporia os diversos patamares do percurso formativo até que, na temporada de 1977/78, acabaria chamado à equipa principal.
Tapado por atletas bem mais experientes, exemplo do “capitão” Ramalho, poucas seriam as vezes que, nesse arranque como sénior, haveria de ser chamado a jogo. A parca utilização e a necessidade de ganhar mais traquejo, levá-lo-iam a deixar o emblema da sua terra natal. Seguir-se-iam, sempre no escalão secundário, AD Fafe e o Salgueiros. Todavia, seria ainda na colectividade de Paranhos que o lateral-direito regressaria à 1ª divisão. Com Henrique Calisto como treinador, Costeado demonstraria ser um elemento de vários e bons predicados. Lateral de pendor ofensivo, a velocidade e a resistência física, aliadas a um bom sentido posicional, fariam dele um dos elementos predilectos no esquema táctico do técnico acima referido. Os números obtidos durante essa época de 1982/83, transformá-lo-iam num jogador de valor superior e a respectiva titularidade assegurar-lhe-ia o “bilhete” de volta para Guimarães.
Mesmo não tendo agarrado um lugar no “onze” logo na campanha de 1983/84, o regresso ao emblema minhoto serviria para, progressivamente, fazer de Costeado um dos mais importantes elementos do plantel. Em 1985/86, já como titular absoluto, aproveitaria o esquema de 3 centrais, implementado por António Morais, para conseguir destacar-se. Na referida campanha, ajudaria o Vitória de Guimarães a terminar o Campeonato na 4ª posição, a qualificar-se para as provas da UEFA e, com tão boas prestações, acabaria arrolado por José Torres como um dos elementos da pré-convocatória para o Mundial do México de 1986.
A época seguinte galgaria ao mesmo ritmo e com idêntica qualidade. Já sob o comando de Marinho Peres, o Vitória, com o lateral a manter-se como um dos pilares da equipa, voltaria a quedar-se pelos lugares cimeiros da tabela classificativa e pela chegada aos quartos-de-final da Taça UEFA. Na senda de tamanho sucesso, antes ainda de confirmado o 3º posto dos vimaranenses no final do Campeonato Nacional, Costeado conseguiria estrear-se na principal selecção portuguesa. Com a “camisola das quinas”, no âmbito da fase de apuramento para o Euro 88, o defesa acabaria por ser convocado para uma partida frente à Grécia. Em Portalegre, no Estádio Municipal, Ruy Seabra inclui-lo-ia no “onze” para o “particular” frente à congénere helénica. Com o desafio a acontecer a 7 de Janeiro de 1987, a partida disputada no Alentejo, encetaria uma caminhada que, para além de outras 4 disputas pelos “olímpicos”, acrescentaria ao currículo do atleta 4 internacionalizações “A”.
Depois de em 1987/88 ter ajudado o clube a chegar à final da Taça de Portugal, Costeado despedir-se-ia do conjunto sediado na “Cidade Berço”. Aliás, a partida disputada no Estádio do Jamor e a derrota frente ao FC Porto, transformar-se-iam no derradeiro momento do lateral com a camisola vitoriana. Sem chegar a um acordo para a renovação do contrato, o atleta deixaria o Municipal de Guimarães e arrancaria em direcção a outras paragens. Sempre cotado como um dos bons intérpretes do futebol nacional, na sua caminhada seguir-se-iam Beira-Mar, Estrela da Amadora e Penafiel. Ainda que em Aveiro tivesse mantido a titularidade, as passagens pela Reboleira e, posteriormente, pela agremiação duriense, assumiriam contornos mais discretos. Claro está, no período em que defendeu o “tricolor” do emblema da Linha de Sintra, salvar-se-ia a vitória na edição de 1989/90 da denominada “Prova Rainha”.
Com o fim a aproximar-se, o defesa também representaria o Ronfe. Após o anúncio do final do seu trajecto enquanto praticante, decidido em 1994, a ligação ao futebol manter-se-ia. Passaria a desempenhar as tarefas de técnico e daria os primeiros passos como treinador de guarda-redes. Nessas funções representaria diversos emblemas nacionais, casos de Paços de Ferreira, Vitória de Guimarães, Beira-Mar, Naval 1º de Maio, Leixões, Moreirense e ainda os sauditas do Al Tawoon. Já como adjunto, destaque para as passagens por Gil Vicente e Desportivo das Aves.

1164 - VALENTIM LOUREIRO

Nascido numa pequena aldeia do Município de Viseu, aquando da sua mudança para a também capital do Distrito, ficaria a viver com um primo adepto do Benfica. Por pirraça começaria a apoiar o Sporting e, como seguidor dos “Leões”, sublinharia a sua paixão pelo futebol. Muitos anos depois, esfumar-se-ia o desejo do Presidente João Rocha em pô-lo à frente do departamento de futebol leonino. Já por convite de Pinto do Costa, tornar-se-ia sócio do FC Porto, mas, pouco tempo após a inscrição, deixaria de pagar as cotas…
Tal como no futebol, a vida de Valentim Loureiro haveria de conhecer inúmeros interesses. Depois da Escola Comercial e Industrial de Viseu, seguir-se-ia, já na cidade do Porto, o curso de Contabilidade e a Academia Militar. Frequentaria, sem concluir a formação, a Universidade de Coimbra e a Faculdade de Direito. Nesse caminhar, o exército levaria a melhor e encaminhá-lo-ia para Angola. Posteriormente, estaria à frente da Administração Militar na “Cidade Invicta” e, diz-se, que desse período tiraria o gosto pelos negócios que o levaria ao mundo dos tecidos, electrodomésticos, conservas, móveis ou ao ramo imobiliário. Entretanto, a política, a filiação no PSD e os vários mandatos na presidência da Câmara Municipal de Gondomar.
No universo futebolístico, mesmo tendo estado à frente da Liga de Clubes por cerca de uma década, seria à custa do Boavista que ficaria famoso. Dois anos após rubricar a ficha de sócio, aceitaria a proposta do Presidente António Silva Reis e, em 1962, assumiria o cargo como dirigente das “Panteras”. Já em 1982, seria eleito como o responsável máximo dos “Axadrezados”, dando seguimento a um trabalho encetado anos antes. A colectividade portuense continuaria a sublinhar a tal mudança de paradigma e, de forma cada vez mais afincada, passaria a apontar aos títulos. Sob a alçada de Valentim Loureiro, entre 1982 e 1997, o clube manter-se-ia na peugada dos “grandes”. Durante esse período, afrontaria os crónicos candidatos e guiaria o enriquecimento dos escaparates do Bessa com a conquista da Taça de Portugal de 1991/92 e com a Supertaça da campanha seguinte. Ainda assim, o trabalho maior do Major emergiria sob a forma de legado e nas bases que, com a sucessão do filho João Loureiro, viriam a permitir a vitória no Campeonato Nacional.
Porém, também de celeumas seria construída a passagem de Valentim Loureiro pelo futebol. Muito para além do discurso inflamado, directo e polémico, o seu percurso ficaria associado a um dos grandes escândalos do desporto nacional. Investigado no âmbito do processo que ficaria conhecido como o “Apito Dourado”, seria condenado por abuso de poder e sentenciado a uma pena suspensa de 3 anos e 2 meses.

1163 - CHICO FONSECA

Apesar de um percurso formativo feito com as cores do Varzim, seriam os “regionais” a apadrinhar Chico Fonseca no universo competitivo sénior. Com a estreia a acontecer na temporada de 1986/87, Aguçadoura e Nogueirense, com ambas as colectividades a disputar as competições da Associação de Futebol do Porto, precederiam a entrada do defesa no Infesta. Já as 4 campanhas a envergar o emblema dos arredores da “Cidade Invicta”, sempre nos campeonatos nacionais, serviriam para pôr de atalaia outros clubes de maior nomeada. Com o lateral-direito a demonstrar capacidades para contextos mais exigentes, seria o Belenenses a apostar na sua contratação.
Pouco mais de 2 épocas passadas no Restelo, com a estreia na 1ª divisão a acontecer pela mão do treinador Abel Braga, serviram para sublinhá-lo como um atleta de bons índices físicos e qualidades técnicas e tácticas bem acima da média. Depois, encetada a campanha de 1994/95, viria a transferência para o Salgueiros e, provavelmente, o melhor período da sua carreira profissional. Nos anos passados em Vidal Pinheiro, as exibições de Chico Fonseca, no que à cotação diz respeito, levá-lo-iam a subir mais uns quantos degraus. Passaria a ser visto como um dos grandes destaques das provas internas e, inclusive, o jornal Público haveria de elegê-lo, por 2 temporadas consecutivas, como o melhor na sua posição. Para além dos louvores, seria Artur Jorge a dar ao atleta outra prova do seu valor. Com Portugal a disputar a campanha de apuramento para o Mundial de 1998, o seleccionador nacional da altura, chamá-lo-ia para o jogo marcado para a Irlanda do Norte, onde, para a sua infelicidade, não conseguiria a tão almejada internacionalização.
Também por essa altura, chegaria a falar-se da ida para o Benfica. Mas apesar de especulada a mudança, a verdade é que Chico Fonseca, como uma das principais figuras do “xadrez” salgueirista, manter-se-ia pelo bairro de Paranhos até ao final da temporada de 1998/99. Para a campanha seguinte, já com a barreira dos 30 anos de idade ultrapassada, surgiria então a proposta do Paços de Ferreira e o desafio de ajudar a devolver o clube ao principal escalão nacional. Aliás, após conseguida a ambicionada promoção, a época de 2000/01 transformar-se-ia, ainda sob a égide do “Castor”, na derradeira do lateral na 1ª divisão. Daí em diante, somente os escalões secundários. No entanto, o percurso do defesa estava longe de chegar ao fim. Ao prosseguir a caminhada no Leça, uma imensidão de emblemas, muitos a militar nos “distritais”, perlongariam a sua carreira até 2012 e até aos seus 44 anos!
Depois de pôr um fim à actividade de futebolista, Chico Fonseca ainda experimentaria, ao serviço da AD Balasar, as tarefas de treinador-adjunto. Curta passagem que, em definitivo, iria marcar, o corte de relações com a modalidade. Em termos competitivos, continuaria a dedicar-se ao futevôlei, onde, ao fazer dupla com o antigo jogador Jorge Gamboa, chegaria, por diversas vezes, a sagrar-se vice-campeão nacional. Fora do desporto, abriu e passou a gerir dois negócios: uma agência funerária e um quiosque.

1162 - PAVÃO


Nascido em Angola, acabaria descoberto pelo Benfica quando era praticante no Sporting do Lobito. Já em Lisboa, seria chamado à estreia pelas “Águias”, corria a temporada de 1968/69. Com o brasileiro Otto Glória à frente da equipa técnica, Jaime Pavão, seria incluído nos trabalhos do conjunto principal e, apesar de pouco ter jogado na campanha acima referida, os minutos em campo com a camisola dos “Encarnados”, seriam suficientes para incluí-lo na lista de futebolistas campeões nacionais.
Na época seguinte, o atleta apenas conseguiria participar nas partidas das “reservas”. Esse registo faria com que o jogador, longe do Estádio “da Luz”, procurasse outro destino para a sua, ainda curta, caminhada profissional. Seguir-se-ia, em 1970/71, a entrada no União de Tomar e a passagem pela 2ª divisão. Porém, o regresso do extremo ao patamar máximo viria a acontecer um ano após a entrada no emblema da “Cidade dos Templários”. Como um dos principais obreiros dessa promoção, Pavão manter-se-ia como um dos titulares da equipa. Rápido, com um excelente drible e uma capacidade de passe que o punha como um dos principais municiadores dos seus colegas mais avançados, depressa conseguiria tornar-se numa das estrelas do plantel.
Meia-dúzia de temporadas no União de Tomar, 3 das quais na 1ª divisão, fariam dele um dos atletas com mais participações pelo clube, em desafios do patamar mais alto do futebol português. Ainda assim, o final da campanha de 1975/76 daria como terminada a ligação entre o jogador e o emblema ribatejano. A etapa seguinte, com a mesma duração que a anterior, vivê-la-ia com as cores do Barreirense. Com o listado branco e vermelho, voltaria a brilhar e tornar-se-ia num dos pilares da táctica conjunta. Ainda assim, a sua passagem pela margem sul do Rio Tejo não traria ao trilho do atleta um registo primodivisionário tão rico quanto o que, até aí, já tinha conseguido alcançar. Com a colectividade do Estádio D. Manuel de Mello a entrar numa fase menos brilhante da sua história, a temporada de 1978/79 salvar-se-ia como a única disputada nos palcos maiores do Campeonato Nacional.
Já a época de 1981/82 viria a marcar o fim dos seus anos com o Barreirense. Pavão, numa rápida passagem já título amador, ainda viria a envergar a camisola dos Galitos do Barreiro. Em jeito de súmula, podemos dizer que ficaram para a memória colectiva a virtuosidade das suas jogadas e a alegria com que as executava. Em números, destaque para as 6 temporadas na 1ª divisão e o título de campeão na campanha de estreia como sénior.

1161 - JORGE MENDONÇA


Com o pai como fundador, jogador e treinador do Sporting de Luanda e dois irmãos mais velhos, também eles dados à prática da modalidade, a Jorge Mendonça pouco mais coube fazer do que abraçar o destino do futebol. Seria, no entanto, a mudança da família para Lisboa e a posterior entrada nas “escolas” do Sporting Clube de Portugal, que surgiriam como os passos definitivos para o lançamento de uma carreira, muito mais do que cheia de episódios curiosos, repleta de momentos gloriosos.
Depois de brilhar nos juniores do emblema leonino, sendo as suas exibições muito louvadas pelos jornais da altura, a consciência de que dificilmente conseguiria assegurar um lugar na equipa principal, levá-lo-ia a viajar até ao Minho. No Sporting de Braga, onde passaria a partilhar o balneário com os irmãos Fernando e João, estrear-se-ia depois de completar 18 anos de idade. A época de 1956/57, a sua primeira como sénior, terminaria com os “Guerreiros” a assegurar a subida ao escalão máximo. Já a campanha seguinte, com os “Arsenalistas” a terminarem o Campeonato Nacional num honroso 5º lugar, serviria para lançar o avançado em sendas de outra monta.
Ao destacar-se como um atacante possante, de fino recorte técnico, drible fácil e belíssimo no jogo aéreo, o final da temporada de 1957/58 traria ao atleta a convocatória à selecção nacional. Todavia, a chamada de José Maria Antunes para o particular frente a Espanha, apesar da promessa reiterada na antevisão da partida, acabaria por não redundar na tão almejada internacionalização. O jogo, para além do resultado final, ficaria na memória de todos por razão das agressões ocorridas durante grande parte dos 90 minutos. Já o atacante guardaria para si a frustração de não ter entrado em campo. Ainda assim, a partida disputada em Madrid como que surgiria em jeito de premonição.
Devido ao Campeonato português terminar bem antes do congénere espanhol, surgiria a oportunidade de Jorge Mendonça, ao lado do irmão Fernando, terminar a temporada de 1957/58 do outro lado da fronteira. Após um convite de um empresário com fortes ligações à família, os dois atletas rumariam a La Coruña, onde o Deportivo lutava para manter-se na 2ª divisão. Com grandes exibições, Jorge Mendonça começaria a chamar a atenção de outros emblemas. Surgiria então o treinador Ferdinand Daucik que, bem disfarçado, iria observá-lo a uma das partidas disputadas pelo emblema galego. Com as indicações do técnico, à altura à frente do Atlético Madrid, a apontar para a sua contratação, o avançado seguiria caminho para a capital. Depressa conseguiria tornar-se num dos ídolos “colchoneros” e, mais uma vez, surgiriam cogitações sobre a sua inclusão nos trabalhos da selecção de Portugal.
Com a tropa no horizonte e com tal obrigação a afastá-lo da competição, Jorge Mendonça recusar-se-ia ao serviço militar. Ao dar prioridade ao acordo que, havia dias, tinha rubricado com o Atlético Madrid, o avançado seria listado como desertor e veria esfumar-se a oportunidade de vestir a “camisola das quinas”. Mesmo com o seleccionador Armando Ferreira a prometer-lhe um salvo-conduto, o jogador manter-se-ia irredutível na decisão de, tão cedo, não regressar a Portugal. Anos mais tarde, depois de concluído o processo de naturalização e de rebaptizado como Mendoza, nova ocasião emergiria para que pudesse envergar outro equipamento nacional. Com o Mundial de 1962 a abeirar-se, o atleta receberia da Federação espanhola a convocatória para representar o país no referido torneio. O pior é que, alguns dias depois, tudo mudaria e, num estranho volte-face, o atacante seria informado que, afinal, já não seguiria viagem até ao Chile.
Sem nunca ter representado qualquer nação, seria com as cores do Atlético Madrid que Jorge Mendonça mais brilharia. Como um dos nomes indiscutíveis no alinhamento inicial, o atacante seria crucial para os títulos ganhos durante o período em que representaria o emblema do bairro de Vallecas. Durante 9 temporadas, as suas exibições no terço mais ofensivo da equipa, ajudariam os “Colchoneros” a acrescentar aos escaparates do clube os troféus correspondentes às vitórias em 1 Campeonato, 3 Taças de Espanha e 1 Taça dos Vencedores das Taças. Aliás, a conquista europeia de 1961/62 transformar-se-ia no pináculo de uma carreira bem recheada. Com presença no “onze” que enfrentaria a final e a finalíssima, o avançado marcaria um golo no derradeiro encontro da prova, contribuindo para o 3-0 com que a Fiorentina sairia derrotada de Estugarda.
Com tão boas prestações, a aproximação de outros emblemas acabaria por ser uma consequência natural dos seus predicados. Apesar da iminência de um contrato com o Benfica, as avultadas somas exigidas pelo Atlético Madrid acabariam por inviabilizar o negócio. Não viajaria para Lisboa, seguiria então para a Catalunha. No Barcelona a partir de 1967/68, Jorge Mendonça ver-se-ia envolvido numa polémica para além dos limites do futebol. Depois de uma primeira temporada com o atleta a exibir os índices habituais, a eleição para a presidência do clube de Agustí Montal iria alterar tudo. Conhecido por ser um católico fanático, ao referido dirigente não agradou a ideia do avançado ser Testemunha de Jeová. A descriminação tomaria tais contornos que o jogador, mesmo contra a vontade dos adeptos, não mais voltaria a jogar de azul-grená.
Ainda com um ano de contrato por cumprir, a solução para o conflito encontrar-se-ia com a sua saída. Já como elemento do plantel do Mallorca, outro problema surgiria. Com poucas partidas realizadas pelo emblema das Baleares, o avançado ver-se-ia sem qualquer tipo de remuneração. Sem ordenado a ser pago, entraria com uma acção judicial contra a colectividade insular, acabando por vencer a contenda. Com tanto percalço e com uma lesão no menisco a apoquentá-lo, Jorge Mendonça decidir-se-ia pelo fim da carreira. Com apenas 31 anos de idade, a temporada de 1969/70 haveria de ser a última da sua caminhada enquanto futebolista.