598 - LAELSON

Tinha o Campomaiorense regressado à 1ª divisão quando, para a temporada de 1997/98, chegam ao Capitão César Correia, dois novos reforços. Desconhecidos das manchetes dos jornais desportivos, transferidos do igualmente “anónimo “ Porto de Caruaru, são apresentados aos sócios Beke e Laelson.
Se o primeiro tinha como função robustecer o sector defensivo dos “Galgos”, já Laelson vinha classificado como atacante. Baixo e franzino, estes aspectos da sua estatura pouco deixavam adivinhar que o brasileiro haveria de se transformar numa das grandes revelações do Campeonato. A verdade é que escondido num físico pouco impressionante, estava um jogador que tinha na rapidez a sua grande arma. A velocidade, juntamente com uma capacidade estonteante de ultrapassar os adversários, depressa fariam de Laelson uma dor de cabeça para os seus oponentes. Se a tudo isto juntarmos a inteligência que apresentava em campo, então, a sua capacidade de desmarcação, era um verdadeiro pesadelo para os que tentavam impedir o seu avanço.
Estas qualidades, fariam de si um dos habituais no “onze” do Campomaiorense. A ele também se devem as temporadas que o emblema alentejano passou no nosso maior escalão e que fazem parte dos melhores anos da existência do clube. O auge desse período (1997 – 2001) terá sido, provavelmente, a presença na Final da Taça de Portugal de 1999. Nesse derradeiro jogo, disputado no Estádio do Jamor, Laelson apresentar-se-ia no escalonamento inicial, como um dos principais trunfos da sua equipa. No desfecho do encontro, a sorte sorriria ao conjunto do Beira-Mar. Contudo, Laelson, ao lado de atletas como Isaías, Demétrius, entre outros craques, já havia gravado o seu nome na história dos de Campo Maior.
A ligação do jogador ao clube, terminaria aquando da despromoção do Campomaiorense ao segundo escalão nacional. Por esta altura, 2001/02, já Laelson era um futebolista com crédito no futebol português. À custa desse estatuto, não foi difícil para o extremo encontrar nova morada. A mudança para Guimarães apontava para o evoluir normal de uma carreira, à procura de novos sucessos. No entanto, esse prometedor horizonte acabaria por se esfumar rapidamente. Envolvido num caso de “doping”, facto que reportava ainda aos seus tempos no Alentejo, o avançado falha parte da temporada. Nem mesmo depois de declarada a sua absolvição, Laelson haveria de conseguir recuperar.
Toda esta situação acabaria por, compreensivelmente, afectar o atacante. Falhada a sua experiência no Vitória, Laelson haveria de tentar a sua sorte noutros emblemas. Moreirense Varzim, Atlético e Oliveira do Hospital seriam as colectividades que se seguiriam. Em todas elas o mesmo insucesso: a ausência do fulgor que haveria caracterizado o atacante brasileiro.
As últimas etapas da sua vida como futebolista, passá-las-ia já de volta ao seu país natal. No Brasil, Vitória de Pernambuco, Corinthians Alagoano ou Ipanema, muito mais do que os seus momentos finais nos “gramados”, serviriam de derradeira aprendizagem para as funções que agora exerce. Laelson, em emblemas mais modestos, tendo vindo a construir o seu percurso como treinador. A dedicação e o carinho com que tem abraçado estas novas funções, testemunhado que tem sido por muitos, só pode significar uma coisa… sucesso garantido!

597 - DUAH

À partida para o Mundial S-17 de 1991, ninguém adivinharia a tamanha mudança que se avizinhava das suas vidas. Contudo, esse grupo de jovens vindos do Gana, acabaria por conquistar o torneio disputado em Itália!
O resultado imediato desse sucesso, seria a cobiça, por parte de alguns emblemas europeus, pelos jovens atletas. Nessa senda, para o Torino, e na companhia de Samuel Kuffour e Mohammed Gargo, partiria Emmanuel Duah. O jovem avançado, que tinha disputado o referido Mundial com apenas 14 anos, preparava-se agora para mais uma grande aventura. No entanto, a transferência do Neoplan Stars para as camadas jovens do histórico emblema transalpino, findaria sem o sucesso expectável.
Numa idade em que não se pode esperar muita maturidade, o êxito da sua empreitada acabaria por, em certa medida, ficar comprometido. Esta inadaptação fez com que Duah, num universo onde a paciência é uma variável que pouco existe, rapidamente fosse posto em trânsito. Os anos que se seguiriam, haveriam de trazer para a sua carreira uma série de emblemas. Standard Liège, ou os turcos do Denizlispor e do Eskisehirspor, seriam as paragens seguintes para mais umas desilusões.
Passados 5 anos sob o primeiro sucesso da selecção africana, e, para avivar a memória, com mais uma medalha de prata no Mundial S-20 (1993), a lembrança de tal feito continuava bem presente na mente de alguns. É neste sentido que, para a temporada de 1996/97, Duah recebe um convite dos espanhóis do Mallorca.
Nas Baleares, num rumo que parecia não querer sair das bermas, o rápido atacante volta a não conseguir adaptar-se. É então que chega a vez de Portugal. No União de Leiria encontra, finalmente, a estabilidade que necessitava. Sob a alçada de treinadores como Mário Reis ou Manuel José, Duah começa a jogar com bastante regularidade. Veloz, com uma técnica capaz de fazer dele tanto um bom municiador, como um concretizador voraz, o pequeno atacante torna-se num trunfo para a sua equipa.
 A chegada de um novo treinador ao clube da “Cidade do Lis”, haveria de pôr fim a 4 épocas de sucesso pessoal. Esse (quase) desconhecido, que dava pelo nome de José Mourinho, acabaria por não ver no ganês as habilidades que os seus antecessores apreciavam.
Ora, o afastamento do “onze” inicial, levaria a que a saída do extremo se precipitasse. Para a nova etapa da sua carreira, Duah escolhe o Gil Vicente. Em Barcelos, o atacante volta a enveredar pela inconstância dos primeiros anos como profissional. Depressa se desvaneceria o atleta que, para além do sucesso nas camadas jovens, haveria de marcar presença nos Jogos Olímpicos de 1996 ou na CAN de 2002.
Seguem-se emblemas e campeonatos que nada abonavam um currículo como o seu. Depois do Líbano (Al Nejmeh) e de Israel (Hapoel Acre), o jogador decide-se pelo fim da sua carreira. Com 32 anos apenas, escreve-se a derradeira página de um futebolista que, apesar das reconhecidas qualidades, nunca conseguiria atingir os patamares que precocemente prometeu.

596 - RUI ÓSCAR

Dono da lateral direita nos vários patamares de formação “Azul e Branca”, o pequeno defesa (só em estatura!) era tido como uma das grandes promessas da “casa”. As consecutivas convocatórias para representar Portugal, eram, por essa altura, a prova cabal de que ali estava um jovem de qualidade inquestionável.
 Mais gritante se tornaria esta realidade quando em 1994, o jogador participa no Europeu de sub-18. Portugal sagra-se campeão e o currículo de Rui Óscar sai reforçado do dito torneio.
É também em 1994 que para o atleta, começa o capítulo dos empréstimos. Tapado pelos veteranos João Pinto e Bandeirinha, o defesa direito segue para o União de Lamas para, na temporada seguinte, ser cedido ao Leça.
É neste último emblema que, já depois do 3º lugar no Mundial sub-20, Rui Óscar faz a sua estreia na 1ª divisão. Rápido a atacar, assertivo na hora de defender, tudo levava a crer que as portas do Estádio das Antas brevemente se abririam para si. A oportunidade que todos esperavam, aconteceria na época seguinte. Num FC Porto comandado por António Oliveira, o Verão de 1996/97 marcava o começo daquela que seria a 3ª etapa do “Penta”. Contudo, aquilo que poderia ser tido como um sonho, acabaria por resultar num pequeno desaire.
Sem conseguir conquistar o seu espaço nos “Dragões”, mas com o título de Campeonato Nacional na bagagem, Rui Óscar segue para a Madeira. A representar o Marítimo, a carreira de Rui Óscar, muito mais do que mudar de paradigma, retoma o caminho merecido. 3 temporadas nos “Verde-Rubro” seriam suficientes para tornar o defesa, num dos mais qualificados a nível nacional.
Essa valorização valer-lhe-ia a transferência para o Boavista. Numa altura que os do Bessa teimavam em afrontar o poderio dos ditos “Grandes”, o regresso à cidade do Porto viria em excelente altura. Ora, logo nessa época de estreia pelos “Axadrezados”, Rui Óscar consegue vencer o seu 2º Campeonato Nacional – “Foi, sem dúvida, uma grande época. Uma época inesquecível, tanto a nível pessoal, como para o Boavista. Tínhamos um excelente plantel de jogadores com elevada qualidade, uma estrutura profissional excelente, tanto a nível técnico como de direcção, que nos deu todas as condições para conseguirmos esse grande feito”*.
Nos anos que se seguiriam, Rui Óscar continuaria a quebrar barreiras na sua carreira. A presença na Liga dos Campeões, a chegada às meias-finais da Taça UEFA de 2002/03 ou, porque não, a chamada à selecção “B”, acabariam por ser alguns dos marcos conquistados, enquanto ao serviço do Boavista.
Já o final da sua carreira acabaria por ser assombrado por um caso controverso. A vestir as cores do Beira-Mar, o atleta vê-se envolvido num caso de “doping”. Com os resultados da análise a apontarem para a utilização de um medicamento que, sem ser proibido, o seu uso deveria ser mencionado, o defesa acaba suspenso – “A substância foi ministrada ao atleta em 4 de Dezembro quando, em Rio Tinto, onde treinava para manter a forma, apresentou uma lesão diagnosticada como uma tendinite. O tratamento levou à aplicação dessa substância que, por razões óbvias, não foi reportada a nenhum organismo de controlo, dado o atleta não estar em competição”**.


* Retirado de http://www.faosegundo.com (04/04/2014), entrevista de Mário Jorge Santos
** Retirado de "O Público"(02/05/2005), segundo o comunicado do SC Beira-Mar

595 - EUGÉNIO

Com uma carreira sólida nas camadas jovens do Sporting, onde cresceria ao lado de nomes como o de Paulo Futre, dizia-se da qualidade de Eugénio ser digna de merecer muitas oportunidades. A verdade é que a transição dos Juniores para a equipa principal leonina, apenas daria ao raçudo defesa uma presença na Taça de Honra.
Depois dessa aparição, seguir-se-iam os habituais empréstimos. No entanto, as boas prestações daquele que, por diversas vezes, já havia marcado presença nas selecções portuguesas, pareciam não convencer os responsáveis do Sporting a dar-lhe um lugar no plantel.
O ponto de viragem na sua carreira (se é que assim me posso referir!) aconteceria já depois de Eugénio representar emblemas como os do Olhanense, Recreio de Águeda ou o Estoril-Praia. Esse momento, inquestionavelmente, seria a sua chegada à capital algarvia. Ora, a temporada de 1988/89 marca, desse modo, o início de uma longa relação, que duraria (se contarmos todos os diferentes períodos) mais de uma década.
Pelo Farense, Eugénio faria a sua estreia na 1ª divisão. Seria igualmente com os “Leões de Faro”, que o defesa acabaria por viver os pontos mais altos da sua carreira. Jogaria os derradeiros encontros da Taça de Portugal de 1989/90, perdida na finalíssima para o Estrela da Amadora, e, já depois de uma passagem pelo Sporting de Braga, participaria na estreia do clube nas competições organizadas pela UEFA(1995/96).
Claro que estes marcos seriam mais do que suficientes para pôr Eugénio na história do Farense. Mas todos esses anos, todos esses episódios vividos, são sempre resultado de algo muito mais importante – o trabalho. Nesse aspecto, o lateral era exemplar. Dentro de campo era o primeiro a entrar nas disputas de bola; sabia, como poucos, utilizar os flancos para municiar os companheiros mais adiantados no terreno de jogo; e, acima de tudo, encarava, religiosamente, a máxima de que “um jogo só acaba depois do apito do árbitro”!
Seria já na viragem do milénio que Eugénio viveria os últimos anos como futebolista. Estes derradeiros passos, um pouco à imagem daquilo que acontecera no início da sua carreira, fá-lo-iam cirandar por diversas regiões do país. Olhanense e Atlético Valdevez seriam as camisolas que se seguiriam. O fim, esse, aconteceria no regresso ao Algarve e, na temporada de 2002/03, com as cores do Sambrasense.

594 - CAETANO

Depois de umas quantas temporadas a jogar pela equipa principal do Penafiel, o FC Porto lembra-se do jogador que, 4 anos antes e de “Azul e Branco” vestido, tinha posto um ponto final nas suas etapas de formação.
Os números desse futebolista, de seu nome Caetano, não se quedavam apenas pelas épocas que já levava como sénior. As partidas disputadas, os golos concretizados e, acima de tudo, as exibições de encher o olho, fariam com que Artur Jorge, nesse Verão de 1989, quisesse de volta às Antas, o atacante que, tão precocemente, abandonara o “Reino do Dragão”.
Veloz, com uma técnica que permitia ultrapassar o mais intrépido dos defesas e esforçado nas tarefas de recuperação da bola, Caetano tinha tudo para impressionar os seus treinadores. Contudo, por essa altura, no Estádio das Antas morava uma equipa que, na ressaca da vitória na Taça dos Campeões Europeus de 1987, estava carregada de craques. Ora, no lado destro da ofensiva portista morava um tal de Jaime Magalhães. Como uma sombra, o internacional português haveria de ser o principal responsável pela ofuscação do, recém-chegado ao clube, extremo direito.
Sem grandes chances de mostrar as suas, mais que certas, qualidades, Caetano haveria de deixar o emblema da “Invicta”, ao fim da campanha de 1989/90. Com o título de Campeão Nacional na bagagem, o atacante rumaria ao Tirsense. A ida para a “Cidade dos Jesuítas” que, de início, até poderia ter sido vista como um retrocesso, acabaria por se revelar uma decisão bastante acertada.
Em Santo Tirso, Caetano jogaria por 6 temporadas. A maioria delas, num corrupio constante entre a 1ª Divisão e o escalão de Honra, acabariam por não trazer nada de especial à sua carreira. Contudo, no meio de alguns desaires colectivos, a época de 1994/95 acabaria por revelar-se excepcional.
Numa equipa que haveria de divulgar nomes como os de Marcelo (Benfica; Birmingham), Paredão (Benfica; Chelsea) ou Giovanella (Belenenses; Celta de Vigo), Caetano era um dos valores certos no seio do plantel. Comandados por Eurico Gomes, o Tirsense haveria de fazer uma das melhores temporadas da sua história, atingindo o 8º posto da classificação. Ora, os reflexos da dita campanha não tardariam a chegar. Um deles seria a chamada de Caetano à Selecção Nacional, durante a qual ajudaria a “Equipa das Quinas” a conquistar a “SkyDome Cup”.
Após uma derradeira temporada (1996/97) ao serviço do Sporting de Espinho, Caetano, que apenas contava com 30 anos de idade, decide-se pelo fim da sua vida como futebolista. Depois, lançar-se-ia na carreira empresarial, onde, ainda hoje, despende maior parte do seu tempo. No entanto, a sua paixão pela modalidade não o deixaria afastar-se do universo do futebol. Seria noutras funções que Caetano regressaria ao mundo do desporto. Desta feita como dirigente, o antigo internacional português haveria de ser eleito Presidente do União Sport Clube Paredes.

593 - SERRA

Sendo um dos promissores atletas moldados nas escolas “arsenalistas”, Serra, de seu verdadeiro nome José Carvalho Gonçalves, por certo tinha a ambição de conseguir vingar na categoria principal do seu clube. Após terminar o percurso nas camadas jovens, um dos primeiros passos nessa afirmação dá-lo-ia, corria a temporada de 1980/81, numa partida frente ao Boavista.
Ora, para o referido jogo, contava o mesmo para a 30ª e definitiva ronda desse campeonato, o treinador Mário Lino decide dar uma oportunidade ao jovem médio. Ele que, preferencialmente, procurava colocar-se na ala dextra do sector intermediário, via o seu nome, pela primeira vez, a ser escrito no escalonamento inicial do Sporting de Braga.
Após o contacto inicial com os palcos da 1ª divisão, Serra, progressivamente, foi conquistando a sua importância no seio do plantel. A sua temporada de afirmação, e terceira como sénior, ocorreria para a campanha de 1982/83. Titular, a sua presença no “onze” bracarense mostrava um jogador que, sendo ainda novo, revelava maturidade suficiente para merecer a confiança dos seus treinadores. A todo esse traquejo não era alheio o trabalho efectuado ao nível das selecções nacionais. Tanto com a camisola das “Esperanças” portuguesas, como ao serviço do Sporting de Braga a carreira de Serra ia subindo degraus.
Um desses patamares atingi-lo-ia com a qualificação para as competições europeias. Por meio da presença na final da Taça de Portugal de 1982, onde os da “Cidade dos Arcebispos” claudicariam perante um imponente Sporting Clube de Portugal (4-0), o Sporting de Braga consegue um lugar na Taça dos Vencedores das Taças.
O sorteio acabaria por ditar que, para a primeira ronda da competição, Serra e os seus companheiros haveriam de medir forças com os britânicos do Swansea. Nesse embate feito a dois capítulos, o médio seria chamado a intervir em ambos os desafios. Por certo, a felicidade de se ver nessas andanças, haveria de andar de mãos dadas com um certo nervoso miudinho. Infelizmente, toda a algazarra satisfação dessa estreia, terminaria bem cedo. A equipa minhota, mesmo tendo vencido a 2ª mão, perderia no cômputo da eliminatória, acabando por ficar fora da competição.
Já contava com 7 anos ao serviço da principal equipa bracarense, quando se dá a “separação” entre o atleta e o emblema. Encerrado este capítulo na sua carreira, Serra acabaria por aceitar um convite vindo de Trás-os-Montes. De Chaves chegava agora, uma proposta de um grupo cheio de ambição. Esta avidez, resultado de um 5º lugar na época anterior (1986/87), dava pelo nome de Taça UEFA. Mas ao contrário das duas experiências anteriores (em 1984/85 jogaria contra o Tottenham), esta terceira participação tinha um tónico especial. É que sendo a estreia dos flavienses nestas andanças, era seguro que o seu nome ficaria na história do Desportivo de Chaves.
Vitória de Setúbal e Paços de Ferreira, sempre no patamar máximo do nosso futebol, seriam os passos seguintes de uma carreira que, se não lhe perdi o rasto, acabaria poucos anos depois de o atleta completar os 30 de idade. É o FC Amares que, nesse sentido, marca o fim da sua carreira. Contudo, Serra haveria de se manter ligado à modalidade e, nas camadas jovens do Sporting de Braga, acabaria por ganhar currículo como treinador.

592 - QUIM BERTO


Depois da formação feita em Guimarães, eis que a sua estreia no escalão sénior se dá a uns quilómetros de distância da sua cidade natal.
É já depois desta passagem por Castelo Branco, e pelo Benfica albicastrense, que Quim Berto regressa ao Vitória. A experiência conseguida nesses anos de Divisão de Honra, principalmente no que ao último diz respeito (1991/92), levaria a que conseguisse ter o traquejo suficiente para, logo à partida, conquistar um lugar de destaque no plantel. Ambidestro, esta sua polivalência, aliada a uma faceta raçuda, fez com ao jovem lateral fossem dadas oportunidades suficientes para revelar o seu valor. As suas qualidades, salvo raras excepções, mantê-lo-iam na linha da frente das escolhas dos técnicos que iam passando pelo comando do emblema minhoto.
No Verão de 1997, o defesa era um jogador de créditos firmados. Com bem mais de um cento de partidas disputadas na 1ª Divisão e, por via das campanhas do Vitória de Guimarães na Taça UEFA, com uma boa dose de experiência em jogos internacionais, Quim Berto merecia o estatuto de um dos melhores do Campeonato Nacional, a jogar na sua posição. Ora, este currículo fez com outros clubes começassem a disputar o seu concurso. Quem conseguiria a sua contratação seria o Sporting que, nesse defeso, começaria a ser orientado pelo argentino Vicente Cantatore.
Aquilo que se espectava como uma boa temporada para os lados de Alvalade, acabaria numa grande confusão. O corrupio de treinadores, 4 no total, levaria a que o Sporting acabasse na 4ª posição da tabela classificativa. Nem a presença na Liga dos Campeões, com 7 pontos em 6 partidas, parecia conseguir acalentar os adeptos. Ainda assim, no meio de tanto desaire, Quim Berto até era um dos que merecia melhor destaque. A jogar regularmente, o lateral começava a justificar a sua transferência. Contudo a passagem para a nova época e a chegada de mais um treinador, acabariam por mudar este paradigma.
É a contratação de Mirko Jozic que marca o início de uma nova era para Quim Berto. A partir desta altura, o defesa pouco mais jogaria de “Leão” ao peito. Entre um empréstimo ao Vitória de Guimarães (1998/99) e mais umas temporadas em que pouco seria utilizado, o atleta ainda consegue amealhar alguns troféus.
Campeão Nacional em 1999/00 e vencedor da Supertaça da época seguinte, Quim Berto acabaria por ver o seu contrato chegar ao fim, sem que nenhuma proposta de renovação fosse apresentada. Livre de compromissos, recebe um convite de um dos outros denominados “Grandes”. No entanto, a mudança para o outro lado da 2ª Circular, não traria nada de excepcional à sua carreira. Sem grandes chances dadas, tirando umas presenças em particulares da pré-temporada, o Benfica, nesse mesmo ano, acaba por ceder o jogador ao Varzim. No emblema poveiro, entretanto promovido ao escalão máximo, Quim Berto volta a mostrar porque havia sido considerado um dos melhores a actuar nas laterais. Lesto a atacar e com a sua abnegação a mostrar o porquê de ser um bom defesa, as duas épocas que se seguiriam haveriam de ser de bons números para si.
Como em tudo o que existe, depois de se atingir o topo, há sempre a fase descendente da vida. Ora, a temporada de 2003/04, ainda ao serviço dos da Póvoa de Varzim, marcaria o fim da sua carreira primodivisionária. De seguida, a sua vida como futebolista passaria por emblemas como Estrela da Amadora, Santa Clara, para terminar, já bem perto dos 40, com as cores do Vizela.
Como um bom apaixonado, Quim Berto não haveria de passar muito tempo afastado da modalidade. Enveredou pelas funções de treinador e, como tal, depois de uma experiência no emblema que o viu “pendurar as chuteiras”, regressou ao Varzim. Actualmente apresenta-se ao leme do clube, naquela que é a temporada (2015/16) de regresso dos poveiros às ligas profissionais.

591 - RUI BORGES

Rui Borges foi um autêntico saltimbanco do futebol nacional. Esta sua faceta revelar-se-ia logo muito cedo, nas camadas de formação, onde representaria uma série de clubes. Ora, depois do Estrela da Amadora, Futebol Benfica e Damaiense, chega a vez de vestir as cores do Casa Pia.
É já no Pina Manique que o esquerdino faz a transição para os seniores. A sua rapidez, a facilidade com “driblava” os adversários e a faceta lutadora que apresentava dentro de campo, foram os tónicos para que, desde logo, começasse a merecer algum destaque.
Quem não deixaria de prestar atenção às suas exibições, seria o gabinete de prospecção do Boavista. Encantados com as suas capacidades, os responsáveis pelas “Panteras” apresar-se-iam no seu concurso.  Seria assim, para a época de 1995/96, que Rui Borges, no Estádio do Bessa, faz a sua apresentação à 1ª Divisão. No entanto, aquilo que parecia ser uma bela aposta, revela-se, no seio de um plantel rico, um sonho um tanto desmedido.
No meio de tantos craques, as oportunidades dadas a Rui Borges, seriam muito poucas. Finda a dita temporada, o atacante vê o seu nome na lista de preteridos. Sem espaço que permitisse mostrar o seu futebol, Rui Borges decide-se pela Divisão de Honra. No segundo patamar nacional, ao serviço do Académico de Viseu e, posteriormente, com as cores do União de Lamas, volta a provar que a sua habilidade mereceria outros palcos. Essa nova oportunidade surgiria com a promoção do Alverca ao escalão máximo português. Pelos ribatejanos, Rui Borges viveria os melhores anos da sua carreira. No auge da sua forma, e a jogar regularmente, o atleta passaria 4 temporadas consecutivas, a disputar as competições de topo em Portugal.
A separação entre o jogador e o clube ocorreria aquando da despromoção da colectividade. Por esta altura já Rui Borges era tido com um jogador de 1ª Divisão. Esse justo estatuto faria com que o atleta permanecesse entre os “grandes” e, iniciada a campanha de 2002/03, assinasse pelo Belenenses.
O Restelo e o José Gomes na Amadora, seriam as “moradas” que se seguiriam. Mas como para qualquer praticante, também para Rui Borges a idade começava a contar. Mesmo assim (faria os 36 anos durante essa época), tempo ainda para mais uma passagem na Liga maior do nosso país, ao serviço do Trofense.
Seria o Vizela a testemunhar o fim da sua carreira. “Fim”, mas no que ao futebol de “11” diz respeito!!! Pois Rui Borges, antes de se dedicar ao dirigismo desportivo e à vida de treinador, ainda teria energia suficiente para mostrar as suas habilidades nas quadras de futsal (ACDSC Cabeçudense).

590 - GILBERTO


Depois de ter sido revelado no Mirandela, emblema do seu concelho natal, seria a transferência para a Sanjoanense que serviria de trampolim na sua carreira. Destacado lateral direito da equipa de São João da Madeira, foram necessárias duas temporadas apenas para que clubes de outra monta começassem a seguir os seus passos.
Ora, o capítulo seguinte na sua vida profissional, e de estreia na 1ª Divisão, aconteceria já ao serviço do Salgueiros. Na cidade do Porto, nessa época de 1984/85, Gilberto não teria problemas em afirmar-se como um dos bons defesas do nosso campeonato. Raçudo, incapaz de virar as costas a uma contenda, rapidamente conquistou o seu lugar na direita defensiva de Paranhos.
Apesar desta rápida afirmação, Gilberto, findas um par de temporadas, acabaria por mudar de clube. Deixando o conforto da titularidade, o atleta opta por direccionar a sua carreira noutro sentido. Em Chaves, por achar que o projecto dos flavienses era mais ambicioso ou por desejar estar mais perto do seu ambiente familiar, veste a camisola do Desportivo. Independentemente das razões que o levaram a tomar tal decisão, a verdade é que o clube transmontano, ainda há pouco chegado aos grandes palcos, mostrava uma ambição curiosa. Com a tabela classificativa a provar que o Desportivo de Chaves estava a preparar-se para outros enlevos, é, então, que a Taça UEFA chega à vida de Gilberto.
A temporada de 1987/88 marca, deste modo, nova estreia na carreira do jogador. Apurado para as competições internacionais, o Desportivo de Chaves enfrenta na ronda inaugural, o Universitatea Craiova. Titular no jogo da 1ª mão, a sua presença já lhe garantia um lugar na história do clube. No entanto, esta chamada ao “onze” inicial, parecia não satisfazer o (entretanto feito) médio. É nisto que decide sublinhar (ainda mais) a sua importância no desfecho da eliminatória. Aos 19 minutos da 1ª parte, Gilberto põe a sua mestria a funcionar. Marca um golo, o primeiro de sempre do Desportivo de Chaves na Europa, e dá um grande empurrão à superação deste desafio.
Todo o destaque que o clube agora merecia, levaria a com que os seus jogadores tivessem também outro tipo de realce. Um dos reflexos de toda essa atenção, seria a chamada de Gilberto à Selecção Nacional. A dita convocatória aconteceria na caminhada para o Euro 88. Contra a congénere de Malta, o centrocampista vestiria as cores de Portugal pela primeira vez. Repetiria a façanha ainda nessa Fase de Qualificação, tendo nessa partida frente à Itália, a sua segunda e derradeira internacionalização.
Após 7 temporadas de “azul-grená” e, por essa altura (1993), já com os “trinta” passados há uns anos, Gilberto deixa o Desportivo de Chaves. Começa a vogar por pequenas equipas de Trás-os-Montes, onde, depois de pôr um ponto final na sua vida de jogador, enceta a carreira de treinador.

"OS HOMENS NÃO SE MEDEM AOS PALMOS"

É fácil associar ao universo da alta competição, físicos possantes! Contudo, no meio destes "altos e espadaúdos", há os que não se cansam de desafiar o dito estereótipo. É para esses, os que furam esta regra, que dedicamos o mês que agora começa. Assim, durante todo Agosto constataremos que "os Homens não se medem aos palmos"!!!!