175 - RUI BENTO

Na temporada que terminou com a vitória de Portugal do Mundial sub-20, Rui Bento, com apenas 18 anos e vindo da formação do clube, já trabalhava com o plantel principal benfiquista. Com uma época de estreia pelos seniores discreta, a seguinte – 1991/92 – embalou-o para a titularidade. Talvez inspirado pelo título ganho com as cores da jovem selecção lusa, o seu desempenho, a cada partida disputada, começou a solidificar-se. Desafios como o de Highbury Park, no inesquecível 1-3 que daria a qualificação das “Águias” para a fase de grupos da Taça dos Clubes Campeões Europeus, tornaram-no num dos atletas indiscutíveis no eixo da defesa "encarnada" e, com isso, levaram-no à primeira internacionalização "A".
À custa das boas exibições, acabou baptizado por Sven-Göran Eriksson como “o pequeno Baresi”. Curiosamente, a sua baixa estatura – 1,75m – serviu de razão para, já como atleta do Boavista, sofrer um ajuste posicional. Recebido no Bessa em 1992, como parte da transferência de João Vieira Pinto para o Benfica, Rui Bento passou a actuar como médio-defensivo. Nas novas funções transformou-se num jogador de cariz superior. Mesmo sem ser um virtuoso, tornou-se num intérprete que, ao utilizar métodos simples e imensa vontade, passou a dominar a arte da marcação individual, da leitura de jogo e do posicionamento.
É verdade que não era um primor com a bola nos pés. Talvez falhasse um pouco nas transições ofensivas. Ainda assim, não era tosco e a consistência defensiva que dava revelou-se essencial para as cores que, durante a carreira, representou. Nesse sentido, ainda no Bessa, foi peça fulcral na vitória da Taça de Portugal de 1996/97 e, já na temporada de 2000/01, fez parte do plantel “axadrezado” que, pela primeira vez na história do clube, conquistou o Campeonato Nacional.
Já no Verão de 2001 deixou o emblema portuense para rumar de novo a Lisboa e envergar a camisola verde e branca do Sporting. Logo na temporada de entrada em Alvalade, voltou a sagrar-se campeão. Porém, a sua carreira estava a aproximar-se do fim e dois anos após a conquista do Campeonato, já ao serviço do Académico de Viseu, Rui Bento deu por terminada a caminhada de futebolista.
Foi também no emblema da Beira Alta que começou a vida de treinador. Nessas funções, até ao ano passado, apenas contava com passagens por clubes dos escalões secundários. Porém, já nas derradeiras jornadas da época transacta, ao substituir Leonardo Jardim, assumiu o comando técnico do Beira-Mar e, desse modo, conseguiu estrear-se na 1ª divisão. Ao manter-se em Aveiro, a curiosidade passa por saber o que conseguirá fazer neste Campeonato. É que, com a compra do emblema aurinegro por um magnata iraniano, o treinador poderá querer ambicionar a um pouco mais do que a luta pela manutenção.

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