256 - BÓBÓ

Quando ouvimos falar nas equipas do Boavista que, durante os anos de 1990, pisaram os relvados nacionais, há sempre presente uma faceta de luta impossível delas dissociar. Um dos primeiros responsáveis, que recordo, por sublinhar bem essa faceta batalhadora da equipa portuense, foi Bóbó.
É inegável que o “trinco“ era um jogador duro, daqueles que raras eram as ocasiões em que terminava uma partida sem o correspondente cartão amarelo. Porém, longe da agressividade intempestiva e por vezes com laivos de loucura de alguns, Bóbó, acima de tudo, caracterizou-se por ser um atleta incansável. Por razão da sua bravura, foi considerado um dos esteios, um verdadeiro pilar no meio-campo defensivo e que permitiu aos "Axadrezados" vogar, durante anos a fio, nos lugares de topo do Campeonato Nacional. Nesse sentido, o médio também ajudou a garantir muitas presenças nas competições europeias, foi figura essencial nessas mesmas campanhas continentais e, como titular, fez parte do grupo que venceu a Taça de Portugal em 1992.
Aliás, foi na última prova referida que o "trinco" encetou, para a sua carreira, a conquista de grandes títulos. Representava na altura o Estrela da Amadora de 1989/90, clube que acabou por ser um novo impulso numa caminhada muito prometedora e que, em certa medida, chegou a andar adormecida. Talvez muitos não saibam, mas o centrocampista começou por ser uma das apostas do FC Porto. Ao subir à equipa principal dos “Dragões” com apenas 18 anos, o guineense, com um empréstimo pelo meio ao Recreio de Águeda, pouco jogou de “azul e branco”. Seguiram-se outros emblemas primodivisionários, onde as suas prestações até tiveram sucesso. Tanto no Varzim, como no Vitória Sport Clube e no Marítimo, as suas qualidades sobressaíram. Ainda assim, acabou por ser com o equipamento “tricolor” do emblema sediado na Linha de Sintra e já no Bessa, que Bóbó sublinhou a carreira como a de um dos futebolistas de maior destaque na última década do século XX, a jogar em Portugal.
Terminada a carreira nos relvados, Bóbó continuou ligado ao futebol, tanto pela criação de uma escola na Guiné-Bissau, como a trabalhar na prospecção de novos craques. Aliás, foi essa nova função que o levou a assinar contrato como "olheiro", pelos londrinos do Chelsea.

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