536 - JOSÉ COUCEIRO

Quando, dentro do contexto futebolístico, usamos a palavra "polivalência", imediatamente pensamos num jogador que tanto joga numa posição, como noutra. Contudo, para José Couceiro esse conceito de "homem dos sete ofícios" acabaria por ter um horizonte bem mais largo...
No futebol entrou como praticante. Às costas levava um apelido de respeito e, por que não dizê-lo, uma grande cruz! Talvez, por não querer comparações com aquele que no desporto mais avante levou o nome Peyroteo, José couceiro nunca utilizou como identidade futebolística o nome do seu tio-avô. Diferenças entre os dois, muitas haveria para apontar. No entanto, em comum estava a paixão pelo "verde e branco" das listadas camisolas do Sporting. Seria, então, por Alvalade, já depois de também ter feito caminho ao serviço do Belenenses, que José Couceiro termina a sua formação como jogador. Estávamos em 1981 e nos "Leões", para a posição de defesa central, pontuavam nomes como os de Eurico, Bastos ou Zezinho. Como é lógico, com tão forte concorrência, não teve ele outra escolha se não a de  evoluir no seio de outro plantel.
O passo seguinte levá-lo-ia ao Montijo, sendo que a equipa da margem Sul do Rio Tejo militava, por essa altura, na 2ª Divisão. Um ano passado sobre a sua estreia no universo dos seniores, Couceiro muda de camisola, passando a envergar as cores do Barreirense. Mas ao contrário do que, provavelmente, seria o seu objectivo, José Couceiro continuaria a desenvolver o seu futebol no escalão secundário. Aliás, seria sempre nesse patamar que haveria de traçar o seu trajecto enquanto jogador.
Seguiram-se Atlético, Torreense, Oriental e Estrela da Amadora, até que, com apenas 29 anos decide pôr um ponto final na sua passagem pelos relvados. Por esta altura, 1992, a sua ligação com o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol já durava há alguns anos. Tendo tido diferentes funções em direcções anteriores, é em 1993 que Couceiro decide candidatar-se à Presidência do organismo em questão. Vence o sufrágio e pelo cargo, com duas novas reeleições, mantem-se até Janeiro de 1998.
Mais uma vez, o rumo do antigo atleta volta a mudar de direcção. Desta feita, vai de encontro ao desafio lançado por José Roquette, e é nomeado para Director do futebol do Sporting. A ligação ao clube acaba por não durar muito tempo, mas, logo de seguida (Abril de 1999), tomado pelo "bichinho" da gestão, aceita a proposta de Luís Filipe Viera para, no Alverca, ocupar cargo idêntico.
É já no emblema ribatejano que a vida de José Couceiro tem novo volte-face. Em 2002/03 decide-se, então, pela carreira de treinador. Começa, como já o disse, pelo Alverca e, em pouco mais de 2 anos, depois de uma passagem brilhante pelo Vitória de Setúbal, vê a porta do Estádio do Dragão a abrir-se para si. Mas se a sua ascensão acaba por ser espantosa e, de alguma forma, igualmente promissora, já a sua chegada ao FC Porto coincide com a ressaca da vitória na Liga dos Campeões.
Se bem se lembram essa foi uma altura conturbada no clube, em que, na dita época (2004/05), por lá passaram três treinadores. Ora, a instabilidade vivida nos "Azuis e Brancos " acabaria por prejudicar o trabalho de José Couceiro. 

Daí em diante começa um longo périplo que o levaria a diversos países, clubes e selecções. Após orientar a selecção Lituana, os turcos do Gaziantepspor, o Sporting, o Lokomotiv de Moscovo, entre mais alguns, chega esta temporada (2014/15), ao Estoril-Praia. Pela frente terá o fardo de suceder a Marco Silva que, indubitavelmente, foi o melhor treinador da história da equipa da Linha de Cascais. Por outro lado, chega numa altura em que o clube tem uma estrutura sólida, permitindo um trabalho sustentado e com óptimas condições para trilhar um caminho de sucesso.

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