573 - WAGNER

Ainda era um jovem jogador, produto da formação da Juventus de São Paulo, quando, da Europa, aparecem os primeiros interessados no seu concurso. Inexperiente, com pouco mais de "meia dúzia" de partidas pelo seu clube de origem, e um empréstimo ao Internacional de Limeira (3ª divisão), Wagner via-se agora a caminho de Espanha. No entanto, pelos anos 60, a limitação de estrangeiros no futebol de "nuestros hermanos", fazia com que a entrada de futebolistas vindos de outros países, fosse muito difícil. Por essa razão, e já depois de alguns treinos à experiência em emblemas muito importantes (Barcelona e Zaragoza), o seu destino acaba por mudar (ligeiramente) de rumo.
Curiosamente, ele que é de ascendência portuguesa, haveria de ver nova oportunidade surgir-lhe na terra dos seus avós. Quem lhe abriria as portas, acabaria por ser o seu conterrâneo e treinador do Leixões, o internacional José Carlos Bauer. Na Primeira Divisão nacional, 4 temporadas seriam suficientes para que nele se visse um belo jogador. Por essa altura, 1963/64, ainda Wagner jogava em lugares adiantados no terreno. Esse seu posicionamento dentro das quatro linhas, aliado a características como uma boa técnica e um entendimento perfeito das movimentações no campo, faziam dele um atacante a ter em conta.
Apesar das qualidades de avançado, acabaria por ser em posições mais recuadas que Wagner conseguiria maior destaque. Ora, seria já depois de um curto regresso ao Brasil, durante o qual representaria a Portuguesa, que o atleta volta a Portugal. Desta feita com as cores do Vitória de Setúbal, o atleta vê o seu treinador pedir-lhe para jogar a meio campo. Fernando Vaz, que, para a época de 1968/69, era o timoneiro dos "Sadinos", veria na sua qualidade de passe e visão de jogo uma boa oportunidade para adaptar Wagner as outras responsabilidades. Essa mudança faria dele uma das principais peças de um Vitória que, liderados pelo já referido treinador e também por José Maria Pedroto, conseguira consecutivas qualificações para a Taça das Cidades com Feira.
A visibilidade dessas boas campanhas, onde por duas vezes chegaria aos quartos-de-final, levá-lo-iam a subir mais um degrau na sua vida profissional. Mais uma vez orientado por Fernando Vaz, é de Alvalade que surge novo contrato. No Sporting, acabaria por se consagrar como um atleta delineado para os grandes desafios. Tal estatuto, muito para além das boas exibições que conseguia, acabaria por emergir da sua forte personalidade. Com um carácter bem vincado, Wagner também se perfilava com um verdeiro condutor dos seus colegas. Esse seu lado, faria com que, primeiramente, fosse ele o substituto de José Carlos como "capitão". Mais tarde, para a temporada de 1974/75, seria ele próprio o dono da dita braçadeira.
Mas esta troca de clubes, não trouxe para a sua carreira apenas algum "estatuto". Nessas quatro temporadas com o emblema lisboeta, seria o Sporting a dar-lhe os seus primeiros títulos como profissional. Um Campeonato Nacional (1973/74) e duas Taças de Portugal (1972/73; 1973/74), seriam o saldo dessa sua experiência de "Leão" ao peito.
Os últimos anos da sua carreira passá-los-ia de volta à cidade do Sado. Depois de mais três temporadas a pisar os relvados, e de em 1978 tomar a decisão de se retirar, Wagner resolve-se pelas funções de treinador. Começa no Brasil e volta a Portugal, onde, tanto como adjunto, técnico principal ou a orientar as camadas jovens, passaria por diversos emblemas.

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