701 - RAFAEL CORREIA


Cerca de década e meia sempre ao serviço do Belenenses, seria razão mais do que suficiente para fazer de Rafael – maneira como era identificado na altura em que jogava – uma das principais personagens nas histórias do clube. No entanto, e muito mais do que um atleta com uma extensa ligação ao emblema lisboeta, o extremo esquerdo seria parte activa naquelas que foram as maiores glórias conseguidas pelo futebol da “Cruz de Cristo”.
Pode dizer-se dele que, durante as maiores conquistas do clube, teve a sorte de fazer parte da equipa do Belenenses. Pode também dizer-se o contrário e afirmar-se que as maiores vitórias na vida do emblema foram devidas à presença de futebolistas como Rafael Correia. Mas que interessa saber qual a equação mais correcta? Todos sabemos que numa soma, independentemente da ordem em que apresentemos as parcelas, o resultado toma sempre a mesma forma! Ora, nesta comutatividade, resta dizer-se então, que o antigo atleta conta na sua passagem pelas Salésias, com 2 Campeonatos de Lisboa, 1 Taça de Portugal e 1 Campeonato Nacional.
Mas se dos outros troféus o museu do Belenenses conta com mais alguns exemplares, já a conquista do Campeonato Nacional de 1945/46 afigura-se, até à data, como um acontecimento sem par. Nele, Rafael Correia, e um golo em particular, teriam um papel crucial. Corria o minuto 77 do jogo disputado frente ao SL e Elvas e, na cidade alentejana, o 1-1 do marcador deixava os de Belém fora do topo da tabela. É então que Vasco Oliveira, defesa com crer ofensivo, decide tomar conta da bola. Com ela na sua posse, avança pelo terreno fora e passa a Artur Quaresma. Já na área contrária, este último pontapeia o esférico. O remate, afortunadamente, encontraria, no desenho da sua trajectória, Rafael. Este, desviando-o, transforma o esquiço feito pelos colegas numa obra de arte. A bola entra nas redes adversárias e o 1-2 dessa última jornada, permitira os festejos “Azuis”.
Tendo que nisto do futebol, nem sempre um jogador tem um único amor, também a camisola das “quinas” haveria de marcar o coração de Rafael Correia. Por Portugal, na sua categoria principal, o avançado jogaria por 6 vezes. Contudo, essa meia dúzia de internacionalizações, iniciada em Novembro de 1938, nunca confundiria o atleta. A importância de ter representado o seu país, sem qualquer tipo de menosprezo, seria sempre esmagada pela ligação ao seu emblema – “Eu, no Belenenses, joguei sempre por gosto. Noutro clube, estou certo que depressa me aborrecia de um futebol jogado por obrigação e, então, teria de abandonar a actividade, porque não era do meu feitio saltitar de clube para clube”*.

 
*retirado do blog “belenensesilustrado.blogspot.com”, publicado a 26 de Março de 2016

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