709 - MACHLAS

Produto das escolas do OFI Creta, Machlas faria a sua estreia pela equipa principal na temporada de 1990/91. Paciente e eficaz na hora de rematar à baliza, o atacante, aos poucos, começaria a ganhar espaço no seio da equipa. As boas exibições que ia rubricando, levá-lo-iam, na 3ª temporada como sénior, a ser chamado à estreia na selecção helénica. Esse primeiro encontro, um particular frente à Áustria, serviria para mostrar que, também no plano internacional, o jovem atleta poderia ser decisivo. Nessa partida a 10 de Março de 1993, Machlas estrear-se-ia a marcar pela equipa nacional. O dito golo faria com que o seu nome continuasse a aparecer nas convocatórias, e a sua importância cresceria de jogo para jogo. Como a confirmar esse seu peso, e no derradeiro jogo da fase de qualificação, seria do ponta-de-lança o golo que selaria a primeira presença da Grécia num Campeonato do Mundo (1994).
Mesmo com a Grécia a ter uma prestação paupérrima nos Estados Unidos da América, a passagem de Machlas pelo Mundial serviria para aumentar a sua cotação. Dois anos após o referido certame, o avançado deixa o seu país e ingressa no Vitesse. Na Holanda, aquele que seria o seu ano de estreia, ficaria muito aquém do esperado. Com poucos golos marcados durante a temporada de 1996/97, poucos esperariam que, logo na época seguinte, tudo mudasse. Certeiro como nunca ninguém o tinha visto até então, o atacante conseguiria a proeza de marcar 34 golos no campeonato. A marca, muito mais do que ter feito de Machlas o melhor marcador na Holanda, acabaria também por consagrá-lo com a conquista da Bota d’Ouro.
Tendo um papel decisivo nas boas prestações do emblema de Arnhem, onde, em 1998/99, seria treinado pelo português Artur Jorge, Machlas despertaria a cobiça de outros emblemas. Nisto, quem acabaria por despender a maquia que o Vitesse exigia, seria o Ajax. No novo emblema, depois de pago aquele que seria o montante recorde para o clube de Amesterdão, o atacante apresenta-se para a temporada de 1999/00. Como uma das estrelas do conjunto, o avançado acabaria por ter prioridade no escalonamento da equipa. Curiosamente, já uns anos mais tarde, uma das jovens promessas do clube, um tal de Zlatan Ibrahimovic, acabaria por mostrar alguma frustração pela preferência dada ao grego – “(…) durante maior parte do tempo eu sentava-me no banco e tinha, mais e mais, apupos dos nossos próprios adeptos. Enquanto aquecia e me preparava para entrar, eles rugiam «Nikos, Nikos! Machlas, Machlas!». Não interessa quão mau ele era, eles não me queriam ali. Eles queriam-no a ele, e eu pensei, «Merda, eu ainda não comecei a jogar e eles já estão contra mim»”*. A verdade é que, com a saída de Co Adriaanse e a chegada de Ronald Koeman (2001/02), esta tendência começaria a inverter-se. Machlas acabaria mesmo por ser preterido pelo novo técnico e, já depois de um empréstimo ao Sevilla, seria dispensado no final da temporada de 2002/03.
Com a rescisão do contrato acertada, ainda se ouviu falar que o atleta estaria de volta ao Vitesse. No entanto, Machlas não resistiria ao convite de um dos seus primeiros treinadores, o holandês Eugène Gerards, e retornaria ao seu país, desta feita, para representar o Iraklis. Nesse seu regresso à Grécia, com a barreira dos 30 anos já ultrapassada, o jogador acabaria por dar início à última fase da sua carreira. Já depois de uma nova passagem pelo OFI Creta, Machlas ainda viaja até ao Chipre. No APOEL, a juntar à “dobradinha” conseguida pelo Ajax (2001/02), o avançado enriqueceria o seu currículo, com as vitórias no campeonato de 2006/07 e na Taça da época seguinte.
Já depois de se retirar dos relvados, Nikos Machlas voltaria à senda do futebol, mas numa função completamente diferente. Ao serviço do clube que o tinha lançado no desporto profissional, o OFI Creta, o antigo internacional haveria de assumir o cargo de dirigente.

 
*retirado do livro “I am Zlatan Ibrahimovic”

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