713 - CAPUCHO

Apesar de representar o Gil Vicente desde tenra idade, Capucho, como o próprio haveria de afirmar, só começaria a dar mais importância ao futebol no seu último ano como sénior. Todavia, e por essa altura, já o avançado era um dos nomes habituais nas convocatórias das jovens selecções portuguesas. Nesse sentido, seria com as “quinas” ao peito que, na sua primeira temporada como sénior, conseguiria consolidar-se como um dos craques da “geração d’ouro”.
Ora, seria pela mão do Prof. Carlos Queiroz que Capucho chegaria ao Mundial S-20 de 1991. Disputado em Portugal, a equipa nacional, que contava com nomes como os de Luís Figo, João Vieira Pinto ou Rui Costa, conseguiria, dando seguimento ao brilharete alcançado 2 anos antes, renovar o título de campeã. A conquista de tal troféu, faria com que os jogadores inseridos nesse grupo vissem o seu valor acrescido. Fazendo parte de um clube de menor monta, foi com alguma naturalidade que o atacante viu alguns dos emblemas de maior tradição irem no seu encalço. Quem ganharia a corrida seria o Sporting e, para a temporada de 1992/93, o atleta apresentar-se-ia em Alvalade.
Os 3 anos passados de “verde e branco”, primeiramente orientado por Bobby Robson e, mais tarde, pelo seu velho conhecido Carlos Queiroz, acabariam por não ser suficientes para confirmar tudo aquilo que já havia prometido. Actuando, mormente, pelo centro da zona ofensiva, as qualidades que Capucho possuía não eram, de alguma forma, condizentes com a posição escolhida para si. A temporada de 1994/95, mesmo tendo vencido a Taça de Portugal, acabaria por ser, no plano individual, a menos excitante. Excluído da maioria das partidas, o atacante vê-se envolvido no negócio de aquisição de Pedro Barbosa e Pedro Martins. Sem grandes chances no Sporting, Capucho, no final da referida época, acabaria mesmo transferido para o Vitória de Guimarães.
De regresso ao Minho, Capucho voltaria também às exibições de excelência. Já mais encostado ao flanco direito do ataque, o atleta acabaria por destacar-se como um dos melhores extremos a actuar no Campeonato português. Auferindo desse estatuto, foi sem surpresa alguma, que Capucho seria incluído nos trabalhos da Selecção “A”. Por Portugal, e no cômputo da sua carreira, o atleta conseguiria 34 internacionalizações. Destaque para as suas chamadas ao Euro 2000, Mundial de 2002 e, pela selecção olímpica, aos Jogos de 1996.
Nisto de metas e vitórias, os melhores capítulos da sua vida desportiva, talhar-se-iam a “azul e branco”. A mudança para o FC Porto, inscreveria no palmarés do jogador grande parte dos seus troféus. Tendo chegado às Antas na época de 1997/98, Capucho ainda entraria para a história do “Penta”. Curiosamente, a conquista desses 5 Campeonatos (Capucho só participaria nos 2 últimos), e que, sem sombra de dúvida, celebrariam a hegemonia dos “Dragões” nos anos 90, precederiam uma série de 3 anos pouco abonatórios para o clube. Conseguindo, ainda assim, amealhar 2 Taças e 2 Supertaças, só a chegada de um treinador “especial” é que poria um fim a esse período menos prolífero.
Com José Mourinho aos comandos do FC Porto, embora sem a preponderância dos tempos em que era um dos principais municiadores de Mário Jardel, Capucho consegue acrescentar ao seu rol de títulos a “dobradinha” de 2002/03. No entanto, o grande momento dessa temporada seria a conquista da Taça UEFA. Na final disputada em Sevilha, o atleta seria escalonado para o “onze” inicial e, dessa forma, ajudaria o seu clube a derrotar os escoceses do Celtic.
Curiosamente, no defeso seguinte, Capucho voltaria a cruzar-se com mais um emblema da cidade de Glasgow. Contudo, a passagem pelo Rangers acabaria por marcar os derradeiros passos de uma carreira que, na temporada seguinte, e ao serviço do Celta de Vigo, conheceria o seu fim.
Já depois de “penduradas as chuteiras”, e após um pequeno interregno no futebol, o antigo jogador voltaria ao clube do seu coração. Desta feita como treinador, Capucho passaria a integrar a estrutura técnica das “escolas” do FC Porto. É já depois de largos anos nestas funções que, em 2015, surge a sua primeira oportunidade como treinador principal, numa equipa sénior. A experiência de um ano ao serviço do Varzim, acabaria por servir de trampolim para o escalão máximo em Portugal. Seria com as cores do Rio Ave que Capucho, já este ano (2016/17), faria a sua estreia na 1ª divisão.

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