718 - VITAL

Jogava hóquei em patins pelo Sporting de Tomar, quando recebe um pedido de ajuda. João Segorbe, guardião que por essa altura era atleta do GD Matrena, e que ao mesmo tempo aí treinava os iniciados, vê-se sem jogadores para ocupar a baliza. Sabendo que Vital estava habituado a funções semelhantes, lá consegue convencer o jovem a trocar os ringues pelos campos da bola.
Apesar da pequena estatura, a sua elasticidade, poder de elevação e segurança entre os postes, faziam de Vital um bom guarda-redes. Nesse sentido, não tardou muito que do União de Tomar chegasse o interesse na sua contratação. No emblema da “cidade templária”, criadas que estavam as condições para o surgimento dos escalões de formação, o jovem atleta é chamado a ocupar a baliza dos juniores. A aprendizagem demonstrada levaria a que, ainda em 1978/79, começasse a aparecer junto da equipa principal. No entanto, a sua integração definitiva apenas aconteceria na temporada seguinte.
É então, pelo União de Tomar que faz a sua estreia no nível sénior. Num plantel onde também estava João Segorbe, Vital acabaria por tornar-se numa enorme revelação. Mesmo sendo muito jovem, o lugar à baliza rapidamente é por si ocupado. Com tamanha evolução não foi de estranhar que, com a descida do União de Tomar à 3ª divisão, logo viessem outros emblemas no seu encalce. Rio Maior e, logo de seguida, o Lusitano de Évora acabariam por servir de trampolim para o escalão maior.
A sua estreia pelo Portimonense dá-se na temporada de 1984/85. Com Manuel José aos comandos da equipa, o clube consegue a melhor classificação na sua existência. Com o 5º lugar conquistado no ano da sua chegada, é Vital que, no ano seguinte, tem o dever de defender as redes algarvias nas provas europeias. Frente ao Partizan, o guardião é chamado ao “onze inicial”. Todavia, a sua prestação seria incapaz de evitar a passagem dos de Belgrado.
Mesmo sem nunca ter obtido uma internacionalização pela selecção principal portuguesa, Vital acabaria por integrar a lista de pré-convocados para o México 86. Ainda que sem conseguir um lugar no grupo que iria disputar a fase final do Campeonato do Mundo, as boas exibições levam a que o Sporting o vá buscar a Portimão. Em Alvalade, apesar de reconhecidas as suas qualidades, a concorrência de outros grandes futebolistas tornaria a sua afirmação muito difícil. Vítor Damas, Rui Correia e, mais tarde Rodolfo Rodriguez ou Ivkovic, acabariam por tornar a sua estadia em Lisboa em algo muito discreto.
Seriam necessários mais alguns anos, e passagens por Estrela da Amadora e Tirsense, para que Vital voltasse ao nível exibicional que havia atingido nos primeiros anos da sua carreira. No Gil Vicente, onde chegaria na temporada de 1993/94, o guardião volta a ser um atleta preponderante. Com os de Barcelos a disputar o patamar maior, o jogador acabaria por tornar-se numa das figuras do clube.
Depois de 4 anos em contendas primodivisionárias, os “gilistas” acabariam despromovidos. Essa descida coincidiria com a entrada de Vital na derradeira fase do seu percurso como atleta. A partir desse momento, o guarda-redes manter-se-ia nos escalões secundários. Já ao serviço do Esposende, quando estava bem perto de completar 40 anos de idade, o jogador decide ser altura certa para deixar os relvados. Logo de seguida, enceta as suas tarefas como treinador de guarda-redes. No cumprimento das mesmas, tirando uma curta passagem pelos “Leões”, tem defendido as cores do Sporting de Braga. Esta temporada (2016/17), coadjuvando José Peseiro, Vital continua a trabalhar em prol do sucesso dos minhotos.

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