734 - NUNO VALENTE

Apesar de reconhecido como um potencial bom jogador, os primeiros passos de Nuno Valente, como recorda Aurélio Pereira, não haveriam de ser fáceis – "Quando estava no seu segundo ano de iniciado, o Nuno Valente foi emprestado ao Vitória da Picheleira. Mais tarde, no seu segundo ano de juvenil, com sensivelmente 15/16 anos, voltou ao Sporting. Quando o vi, nessa época, fiquei admirado com a sua altura. Tinha crescido muito. Deu um grande salto nesse período!"*.
Muito para além da desenvoltura física, a postura de trabalho faria do jovem defesa-esquerdo um exemplo a seguir. Essa entrega mantê-lo-ia, até ao fim da formação, como uma das principais promessas “leoninas”. Todavia, na altura de passar para a equipa principal, a opção encontrada levá-lo-ia para longe de Alvalade. No Portimonense, na temporada de 1993/94, Nuno Valente faria a sua estreia como sénior. Esse ano passado na divisão de Honra acabaria por ser proveitoso, levando a que o seu regresso ao Sporting ficasse garantido.
Estando à frente da equipa alguém que era reconhecido pelo trabalho com jovens, a probabilidade de Nuno Valente ter sucesso era maior. A verdade é que Carlos Queiroz, dando preferência a Paulo Torres e à adaptação de Vujacic ao lado canhoto da defesa, acabaria por não apostar muito no lateral. Mesmo depois da saída do técnico, o seu paradigma manter-se-ia inalterado. Essas duas temporadas, para além da vitória na Taça de Portugal de 1994/95, pouco mais renderia ao atleta do que duas dezenas de partidas disputadas.
É já depois de um novo empréstimo, desta feita ao Marítimo, que Nuno Valente passa as últimas temporadas de “leão ao peito”. Curiosamente, com o terminar da época de 1998/99, e mesmo sem ter jogado muito, a renovação do seu contrato ainda haveria de estar em “cima da mesa”. Contudo, o final das férias revelaria uma realidade bem diferente e, para surpresa do atleta, os dirigentes do Sporting informam-no da sua dispensa.
O União de Leiria é o emblema que se segue. Na “Cidade do Lis”, onde passaria 3 temporadas, Nuno Valente conhece aquele que mudaria a sua vida desportiva. Tendo sido orientado por José Mourinho, é a ida deste último para o FC Porto que faz com que a carreira do defesa sofra novo impulso. Contratado pelo novo treinador dos “Dragões”, as duas primeiras épocas de Nuno Valente revelam-se perfeitas. O FC Porto vence tudo o que tinha para vencer e o jogador, muito para além da sua estreia na principal selecção portuguesa, passa a contar no seu currículo com mais 2 Campeonatos (2002/03; 2003/04), 1 Taça de Portugal (2002/03), 1 Supertaça (2003/04), 1 Taça UEFA (2002/03) e 1 Liga dos Campeões (2003/04).
É já depois da vitória na “Champions”, que Luíz Felipe Scolari o chama a disputar o Euro 2004. Organizado no nosso país, o Europeu de selecções acaba por revelar-se muito positivo para a “Equipa das Quinas”. Com Nuno Valente a disputar 5 das 6 partidas, Portugal até chega à final. Contudo, nesse derradeiro jogo, e com o jogador a ocupar um lugar no “onze inicial”, o conjunto “luso” sede perante a congénere grega, perdendo por 1-0.
Com a partida de José Mourinho para o Chelsea, Nuno Valente começou a perder espaço no FC Porto. Pressionado pelo clube para renegar à equipa nacional, o defesa, contrariando tal indicação, acabaria por ser posto de parte. A solução acabaria por vir de Inglaterra e da “Premier League”. Já no Everton, e como na última época de “azul e branco”, o jogador voltaria a ser assolado por imensas lesões. Ainda assim, o internacional português conseguiria manter-se em Goodison Park durante 3 anos. No final desse período, e aceitando um convite do clube para fazer parte da equipa de “scouts”, Nuno Valente poria um ponto final no seu percurso de futebolista.
Depois dessa primeira experiência, Nuno Valente deixaria a cidade de Liverpool para regressar ao Sporting. Em Alvalade começaria por ser adjunto de Paulo Sérgio. Após a saída deste voltaria a assumir o papel de “olheiro”, cargo que ocupou até 2014/15.


*retirado da entrevista a Aurélio Pereira, por Tiago Silva Pires, em Diário de Noticias (20/06/2006)

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