737 - JORGE LEITÃO

Durante anos a fio, o avançado não passou de um desconhecido para o futebol português. Tanto assim foi que, apenas aos 24 anos de idade, Jorge Leitão conseguiria deixar os “regionais” para ingressar num emblema com alguma tradição. Depois de Coimbrões e Avintes, eis que, na temporada de 1998/99, chega a vez do Feirense. Com este novo contrato, chega também a oportunidade para disputar a divisão de honra (2º escalão). Contudo, as boas exibições do atacante seriam insuficientes para afastar a equipa de uma má classificação e, no final dessa campanha, o atleta acabaria por conhecer o amargo da despromoção.
Se em termos colectivos Jorge Leitão andava longe do sucesso, as prestações que conseguiria durante as 2 épocas passadas ao serviço do emblema de Santa Maria da Feira, fariam com que recebesse um convite surpreendente. De Inglaterra, os responsáveis do Walsall pareciam interessados no seu concurso. É então, no Verão de 2000, que Jorge Leitão faz a sua primeira aparição com a camisola do clube. Numa digressão pela Escócia, e logo no jogo de estreia, o avançado acabaria por marcar 2 golos. Impressionado com a sua exibição, o “manager” Ray Graydon, com medo de que nas bancadas estivessem outros “olheiros”, haveria de o substituir ao intervalo. Dias depois terminaria o período experimental e firmar-se-ia o contrato que daria início a uma ligação de 5 anos e meio.
A partir desse desafio inicial frente ao Raith Rovers, até ao momento da sua despedida, a estima entre Jorge Leitão e os seguidores do clube foi crescendo – “Desde o primeiro dia, os fãs sempre me apoiaram e isso teve grande significado. Eu nunca esquecerei porque, vindo do estrangeiro para adaptar-me a um novo país, isso ajudou-me verdadeiramente”*. Logicamente, esse apoio haveria de ser alicerçado naquilo que o atleta mostrava dentro de campo. Logo nesse primeiro ano, o rol de golos que conseguiria em todas as competições, a rondar as duas dezenas, pô-lo-ia no topo das preferências dos adeptos. Mesmo em anos menos prolíferos, a admiração que os apoiantes dos “Saddlers” por si nutriam, não diminuía. Isso justificava-se pela sua atitude, pela incansável entrega e intrépida veia lutadora.
A meio da temporada de 2005/06, seria o jogo frente ao Blackpool que marcaria o adeus de Jorge Leitão. Durante grande parte do desafio, os adeptos entoariam o seu nome e aplaudiriam todas as suas jogadas. O atleta acabaria lavado em lágrimas. Todavia, na razão da sua partida, para além de um convite do Beira-Mar, estava a enorme vontade de voltar ao seu país. O regresso a Portugal, e depois da promoção conseguida no final da já referida temporada, levaria a que o jogador conseguisse estrear-se na 1ª divisão. Contudo, a presença de fortes concorrentes à disputa de um lugar no “onze”, casos de Mário Jardel, Rui Lima entre outros, acabaria por retirar-lhe alguma preponderância.
Ainda no decorrer desse campeonato, o avançado deixaria o emblema de Aveiro para voltar a uma casa bem conhecida. Mais uma vez com as cores do Feirense, a mudança de emblema como que marcaria a entrada na derradeira fase da sua carreira. De regresso aos escalões secundários, Jorge Leitão ainda representaria o Arouca. Depois, em 2012, acabaria por pôr termo à sua vida nos relvados. Contudo, manter-se-ia ligado à modalidade e, sem abandonar o emblema do Distrito de Aveiro, encetaria o seu caminho como treinador-adjunto.
Seria já no desempenho das novas funções que, no Verão de 2014, recebe um convite do Walsall. O clube inglês pretendia juntar antigos atletas para a disputa de uma “partida amigável”. Entre outras glórias, Jorge Leitão seria recebido como uma verdadeira “lenda”. Muito para além do jogo, o antigo avançado seria chamado a participar num convívio com os adeptos do clube, onde, num “pub” local, haveria de participar numa sessão de autógrafos e fotografias.


*retirado do artigo de Andrew Poole, em www.saddlers.co.uk, a 12 de Julho de 2014

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