848 - YASHIN

Com o rebentar da 2ª Guerra Mundial, e para ajudar no esforço comum do país, o jovem Lev Yashin ver-se-ia obrigado a trabalhar na indústria militar. Numa dessas fábricas, dá conta da existência de uma equipa de futebol e decide juntar-se ao grupo. Anos mais tarde, e sempre a guarda-redes, as exibições do jovem atleta chamariam a atenção de um “olheiro” do Dynamo de Moscovo. Tendo agradado ao funcionário do clube, é então convidado a treinar-se com o plantel. Estreia-se em 1950 e, logo nesse amigável, haveria de dar um enorme “frango”.
Mesmo não tendo impressionado no primeiro jogo, as qualidades que já apresentava assegurar-lhe-iam um lugar no clube. Integrando as “reservas”, decide também dar o seu contributo à equipa de hóquei no gelo. Em ambas as modalidades, Yashin encontraria a mesma paixão. Tanto no ringue de patinagem, como no campo de futebol, a baliza era o seu lugar!
Nisto do eclectismo, dir-se-ia que a passagem pelo hóquei teria ajudado, e de que maneira, na sua evolução como futebolista. A verdade é que a agilidade que mostrava era surpreendente. Essa característica terá sido o principal motivo para a sua contratação. Contudo, e ao longo dos anos em que defenderia a baliza do Dynamo e da URSS, Yashin desenvolveria muitas outras qualidades. A maneira como entendia a função de alguém na sua posição, acabaria também por revolucionar o futebol. Muito para além do que era habitual naquele tempo, onde ao guarda-redes era pedido que ficasse entre os postes, o guardião soviético gostava de andar por outras paragens. A intercepção de bolas altas nos cruzamentos, as saídas aos pés dos adversários ou a maneira como guiava os colegas do sector defensivo, acabariam por ser o seu contributo para o evoluir da modalidade.
A visão que tinha do jogo catapultaria o clube, tal como ajudaria ao sucesso da selecção. Com o Dynamo de Moscovo, única colectividade na sua carreira, conseguiria preencher o currículo com diversos títulos. Esses 5 Campeonatos e 3 Taças conquistadas, seriam adornadas pelos desafios enfrentados com as cores do seu país. Pela União Soviética, Yashin participaria em diversos certames além-fronteiras. A medalha de ouro ganha nos Jogos Olímpicos de 1956, numa altura em que ainda não era muito conhecido, seria o ponto de partida para outras aventuras. A seguir viria o Campeonato do Mundo de 1958 e o reconhecimento internacional. Já a vitória no Europeu de 1960 serviria para confirmar o guardião como um pilar no sucesso soviético.
Em questão de Mundiais, e talvez por ter sido nele que a União Soviética conseguiria a melhor classificação de sempre, há que destacar a presença de Yashin em Inglaterra. O guardião, que estaria presente em 4 fases finais, seria em 1966 a grande figura da União Soviética. O 4º lugar alcançado pelo conjunto de Leste, daria mais um número ao percurso do guarda-redes. Nessa caminhada, que terminaria em 1971, não posso deixar de fazer referência aos cerca de 150 “penaltys” defendidos e às 270 partidas sem qualquer golo sofrido.
Para terminar, uma das maiores consagrações individuais no universo do futebol. Lev Yashin, ao ganhar o “Ballon d’Or de 1963, ficaria na história da modalidade como o primeiro, e único guarda-redes a merecer tamanha distinção.

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