899 - SERRA E MOURA

Tendo começado muito novo nas lides do desporto, a primeira modalidade que, com mais afinco, praticaria seria o atletismo. Tanto no salto em comprimento, como nas disciplinas de velocidade, Serra e Moura vestiria as cores do Sporting. Sempre de “Leão” ao peito, alguns anos mais tarde viria a descobrir aquela que acabaria por tornar-se na sua maior paixão.
No futebol, muito mais do que a entrega que mostrava dentro de campo, a sua grande característica era a habilidade que tinha com a bola nos pés. Numa altura em que a modalidade era mais força do que jeito, a arte que Serra e Moura mostrava em cada toque destacava-o dos demais atletas. Curiosamente, a estreia do médio na categoria principal leonina aconteceria já este contava com 26 anos de idade. Logo nessa temporada, a de 1924/25, o médio conseguiria amealhar para o seu currículo o “Regional” de Lisboa. Ainda que tenha feito apenas um jogo durante essa campanha, os sinais que deixaria permitir-lhe-iam ganhar um lugar no plantel. Já na época seguinte, o seu peso nos destinos da equipa seria bem diferente. Titular indiscutível, o jogador passaria a ser o “dono e senhor” da posição de interior-direito.
Apesar da sua preponderância no desenho táctico do conjunto “verde e branco”, as suas exibições melhorariam ainda mais com a sua mudança dentro de campo. Entendo que as suas características valeriam mais no miolo do terreno, Augusto Sabbo, treinador germânico e antigo atleta dos lisboetas do CIF, muda-o para médio-centro. A adaptação revelá-lo-ia como um grande estratega. Aliada a sua capacidade técnica, a maneira como lia o jogo faria dele o cérebro de toda a equipa. Essa condição faria dele um dos “capitães” do Sporting e, para além disso, levá-lo-ia à estreia com a “camisola das quinas”.
O dia 1 de Abril de 1928, convocado por Cândido de Oliveira, marcaria assim a sua estreia com as cores de Portugal. Para além desse particular frente à Argentina, pela selecção nacional Serra e Moura ainda teria a oportunidade de jogar mais 2 partidas. Apesar de contar com apenas 3 internacionalizações, a verdade é que a mística do jogador sentir-se-ia de imediato. Se mais provas não houvesse, então a braçadeira de “capitão”, entregue ao seu encargo aquando da sua segunda chamada, serviria como testemunha.
Infelizmente, e quando o seu perfil era já o de uma das maiores estrelas do futebol luso, uma grave infecção numa perna afastá-lo-ia da prática desportiva. Pior ainda foi quando a doença, mal debelada, passou à condição de septicémia. Espalhada pelo corpo, a contaminação ceifar-lhe-ia a vida.

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