928 - PEDRO ESPINHA

Apesar de ter terminado a formação no Belenenses, Pedro Espinha só voltaria ao emblema do Restelo passados alguns anos. Sem lugar no plantel de 1984/85, seria no Cova da Piedade que, nessa mesma temporada, conseguiria fazer a sua estreia como sénior. Na 2ª divisão, e apesar de mudar de clube, continuaria por mais uma campanha. Contudo, a passagem pelo Torreense teria resultados completamente diferentes. Com exibições que já demonstravam algum grau de maturidade, o guardião haveria de despertar a curiosidade de emblemas de outra monta.
A Académica surgiria no seu percurso na época de 1986/87. Mesmo não tendo conseguido sair da sombra de Vítor Nóvoa, essa temporada, ainda assim, serviria para o seu lançamento na 1ª divisão. Apesar do desafio para o Campeonato frente ao Benfica e ainda da comparência numa partida a contar para a Taça de Portugal, as poucas presenças em campo levariam o jovem guarda-redes a procurar uma solução que asseverasse melhor a sua evolução. Nesse sentido, o regresso aos escalões secundários, dessa feita ao serviço do Sacavenense, serviria para relançar a sua carreira.
É já em 1989/90 que o Belenenses volta ao seu dia-a-dia. Com uma chegada discreta, Pedro Espinha, ao longo das temporadas seguintes, iria impor-se no plantel “Azul”. Aos poucos, a segurança que mostrava entre os postes, a maneira sóbria como atacava cada lance, levá-lo-ia a conquistar o seu lugar no “onze” inicial. Essas exibições, já depois de uma curta passagem do clube pelo 2º escalão, iria sublinhá-lo como um dos melhores atletas a actuar na sua posição.
Tanto no Salgueiros, para onde seria transferido no Verão de 1994, como no Vitória de Guimarães a sua qualidade mantê-lo-ia no topo. Esse estatuto só poderia resultar na sua convocatória para a selecção nacional. Com a “camisola das quinas”, Pedro Espinha, segundo palavras do próprio, viveria um dos momentos mais importantes do seu percurso profissional. Convocado por Humberto Coelho para o Euro 2000, o guarda-redes seria chamado a jogo na partida frente à Alemanha – “Na altura tinha 35 anos, era um jogador com experiência, pelos muitos jogos que fiz. Encarei o jogo mais como um fator motivacional do que como inibidor. E, até hoje, foi o jogo que mais me marcou em termos de carreira, sem dúvida (…).É lógico que recebi a notícia com uma grande alegria, por dois motivos: porque iria ser a minha estreia no campeonato da Europa e porque era a minha primeira e única participação”*.
Outro prémio, que viria na sequência da sua participação no Europeu, acabaria por ser o interesse demonstrado pelos “grandes” do nosso futebol na aquisição do seu “passe”. O FC Porto, mesmo tendo em conta a sua idade, acabaria por ver no experiente atleta um bom reforço. Tendo que competir por um lugar com Vítor Baía, Ovchinnikov ou Rui Correia, as oportunidades que conquistaria nas Antas, tanto sob a alçada de Fernando Santos, como com Octávio Machado ou José Mourinho, acabariam por saber a pouco. Nisto, e numa carreira que o elevou a um dos grandes guardiões portugueses da sua era, faltaram mais alguns títulos. Mesmo tendo dado a sua contribuição para a conquista de 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça, a sua passagem pela “Cidade Invicta”, em certa medida, sairia defraudada – “Acima de tudo saio com uma frustração, porque na minha vinda para o F.C. Porto o objectivo era ser campeão. A passagem por aqui foi frustrante nesse sentido”**.
Com uma última temporada com as cores do Vitória de Setúbal, Pedro Espinha, que contava com 37 anos, decide ser a altura certa para pôr um ponto final na sua caminhada como futebolista. Após tomada essa decisão, o antigo internacional manter-se-ia ligado à modalidade. Tendo começado como técnico nas “escolas” dos “Sadinos”, seria na Federação Portuguesa de Futebol que, passados alguns anos, daria continuidade às novas funções. A trabalhar com as cores nacionais há mais de uma década, o ex-guarda redes continua a desenvolver o seu trabalho com jovens atletas.

*retirado do artigo publicado em https://desporto.sapo.pt, a 23/05/2012
**retirado do artigo de Filipe Caetano, publicado em https://tvi24.iol.pt, a 14/05/2002

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