931 - JOSÉ CARLOS

Antes de chegar a Portugal, já José Carlos tinha conseguido construir um belíssimo percurso no futebol brasileiro. Nesse trajecto de 7 temporadas, seria a campanha de 1983 que levaria o central à estreia na equipa principal do Flamengo. Num conjunto que, durante os anos da sua presença, contaria com imensas estrelas, nem sempre a sua chamada ao “onze” seria uma constante. Ainda assim, nomes como os internacionais Mozer, Leandro ou Aldair acabariam por não ser um entrave à sua progressiva afirmação. Nesse sentido, as últimas 3 épocas com o “Mengão” seriam fulcrais para o seu catapultar. Chamado à equipa com bastante frequência, o defesa acabaria por tornar-se num dos mais importantes elementos do plantel.
Em 1989 chegaria à sua carreira o momento com que tantos jogadores sul-americanos sonham. Contratado pelo FC Porto numa altura em que o seu palmarés contava com 1 “Estadual” Carioca, 3 Taças Guanabara, 3 Taças do Rio e 1 “Brasileirão”, José Carlos faria a sua estreia no futebol europeu em Agosto do já referido ano. Com um golo marcado nessa partida frente ao Nacional, tudo apontava para que a sua ambientação fosse fácil. Todavia, as coisas não correriam como o esperado – “A adaptação foi complicada. O futebol era muito diferente. Estava habituado ao estilo do Brasil, um futebol mais tranquilo em que pediam mais qualidade. Em Portugal era muito mais disputado cada lance. Era mais à base da força, principalmente para os defesas. Tínhamos de ser mais bruscos”*.
Artur Jorge, à altura no comando dos “Azuis e Brancos”, acabaria por empurrar o atleta para um empréstimo. A temporada de 1990/91, ao serviço do recém-promovido Gil Vicente, faria com o treinador português mudasse de opinião sobre o jogador e ordenasse o seu regresso. De volta ao antigo Estádio das Antas, José Carlos já não encontraria o referido técnico, mas o brasileiro Carlos Alberto Silva. Ainda que sem conseguir ser um dos indiscutíveis no “onze” portista, o defesa, daí em diante, passaria a ocupar um lugar de maior relevância no seio do plantel. Essa importância daria mais força ao grupo e acabaria por ser fulcral nos troféus alcançados pelo clube durante os anos 90. Para além do óbvio “Penta”, essas 5 vitórias consecutivas no Campeonato Nacional seriam rematadas por mais 1 Taça de Portugal e 3 Supertaças.
Após sair do FC Porto, com a curiosidade dos seus 26 golos o terem transformado no defesa com mais remates certeiros conseguidos pelo clube, Vasco da Gama e o regresso a Portugal para vestir as cores do Marítimo, marcariam o fim da sua carreira. Depois de 1997, José Carlos afastar-se-ia, de certo modo, da modalidade que, durante cerca de década e meia, praticaria. Continua ligado ao Flamengo, no qual joga pelos “veteranos”. Profissionalmente, gere um quiosque na mundialmente famosa Praia de Copacabana.

*retirado do artigo de João Tiago Figueiredo e Pedro Jorge da Cunha, publicado a 05/05/2016, em https://maisfutebol.iol.pt

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