939 - JORGE MARTINS

Numa altura em que a cidade do Barreiro, através dos seus dois principais emblemas, era um enorme viveiro de craques, Jorge Martins haveria de emergir das escolas do Barreirense. Após a promoção à categoria principal na temporada de 1973/74, e com o clube a atravessar uma fase menos boa da sua história, só na época de 1977/78 é que o guardião conseguiria estrear-se no maior escalão português. Essas partidas, feitas numa curta passagem pelo Vitória de Setúbal, serviriam de tónico para o seu regresso ao Estádio D. Manuel de Mello.
A segunda passagem pelo Barreirense haveria de começar na 1ª divisão. Contudo, aquilo que parecia ser uma nova oportunidade, uma nova chance para conseguir catapultar-se no emblema que o tinha lançado, haveria de tornar-se numa curiosa decepção. Com duas descidas consecutivas a empurrar o atleta em direcção ao 3º escalão, as suas prestações acabariam por salvá-lo de tal destino. Surpreendentemente, muito mais que um mero resgate, o “salto” que daria em 1980 seria bem maior do que a mais optimista das previsões. Acreditando nas suas qualidades, o Benfica decide contratá-lo onde, já antes, tinha encontrado um dos melhores guarda-redes da sua história. O pior é que, para Jorge Martins, seria mesmo a presença de Manuel Bento que o afastaria das fichas de jogo.
Duas temporadas volvidas após a sua chegada ao Estádio “da Luz”, e com apenas duas partidas disputadas, o guardião ver-se-ia fora do plantel “encarnado”. O Farense e, mais uma vez, a 2ª divisão seriam a “nova casa” de Jorge Martins. Todavia, e como já tinha conseguido anteriormente, o guarda-redes aproveitaria a oportunidade para relançar a sua carreira. Com os algarvios a conseguirem a promoção, a sua cotação também subiria. Quem aproveitaria essa sua evolução acabaria por ser o Vitória de Setúbal. O regresso a uma colectividade que conhecia bem, levá-lo-iam a fazer uma temporada excepcional. Tão boas seriam as suas prestações que, no final da primeira temporada, Jorge Martins seria incluído no grupo que, por Portugal, disputaria o Euro 84.
Apesar de nunca ter conseguido uma internacionalização “A”, Jorge Martins seria também convocado para o México 86. Essa presença no Campeonato do Mundo de selecções coincidiria com aquela que, provavelmente, foi a melhor fase do seu percurso profissional. Estando, por essa altura, a representar o Belenenses, a titularidade que mantinha nos da “Cruz de Cristo” também contribuiria para os sucessos do clube. Com os do “Restelo” a disputar os lugares cimeiros da tabela classificativa, a presença do grupo nas competições europeias seria um prémio mais do que merecido. A vitória frente ao Barcelona em 1987/88 e a eliminação do Bayer Leverkusen em 1988/89 tornar-se-iam em dois apogeus dessas campanhas. Para além desses feitos, outros dois momentos tornar-se-iam inesquecíveis para o jogador. As duas finais da Taça de Portugal, ambas disputadas frente ao Benfica, ficariam na sua memória. Claro está que a de 1988/89, com o guarda-redes a rubricar uma excelsa exibição, tornar-se-ia na sua favorita… ou não fosse essa vitória por 2-1 um dos grandes triunfos da sua carreira!
Após deixar o Belenenses em 1989 e de completar mais 3 campanhas com as cores do Vitória de Setúbal, Jorge Martins decidira deixar a competição profissional. Apesar de afastado dos “grandes palcos”, a verdade é que o antigo internacional sub-21 nunca deixaria esmorecer a sua paixão pela modalidade. A disputar o Campeonato de Veteranos, o guardião, alguns anos após encetar a “reforma” resolve aceitar o convite de Joaquim Meirim. Volta a calçar as luvas e, passada a barreira dos 40 anos, passa a defender a baliza da Quimigal (antiga CUF).

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