941 - LULA

Como para tantos outros futebolistas brasileiros, o objectivo de Lula era jogar na Europa. A porta abrir-se-ia através do Famalicão. Contudo, aquilo que era um sonho acabaria por tornar-se numa situação deveras complicada.
Ainda que abordado por um emblema modesto, o defesa central haveria de aceitar o desafio proposto pelos dirigentes do Famalicão. Tendo em conta que o repto era uma porta aberta para possíveis voos maiores, Lula decide deixar o Santa Cruz e assinar contrato com a colectividade minhota. Contudo, o que era o primeiro passo para o lançar no futebol europeu, rapidamente passaria a ser um pesadelo. Com o rebentar do escândalo de um suposto suborno envolvendo o seu novo clube, o jogador vê-se desviado do escalão máximo para o terceiro patamar.
Mesmo refém de um tão grande castigo, Lula comprometer-se-ia em honrar a camisola do Famalicão até ao final dessa temporada de 1988/89. Com o fim da dita campanha, o regresso ao Brasil coloca-o no Sport Recife. Todavia, o “divórcio” não duraria muito tempo, pois, passados apenas alguns meses, o pedido de Abel Braga faz com que jogador regresse ao Norte de Portugal. Volta a envergar as cores do emblema que o tinha trazido para o nosso país e, com a absolvição do clube no já referido caso, os minhotos são recolocados na 1ª divisão.
É já no patamar máximo que as suas exibições transformam o atleta num dos mais cobiçados a actuar no nosso país. A procura pelos seus serviços seria de tal ordem que, até da Federação Portuguesa de Futebol, chega a proposta para que tentasse nacionalizar-se e vestisse a “Camisola das Quinas”. Tal nunca viria a concretizar-se, mas quem nunca haveria de esquecer o defesa seria Carlos Queiroz. Com a saída do treinador do comando da selecção e sua entrada no Sporting, o técnico tenta contratar o defesa. Por essa altura o central jogava no Brasil, onde já tinha passado por São Paulo, Santos e Coritiba. Chega a Alvalade, mas o limite de estrangeiros acabaria por afastá-lo dos relvados durante vários meses.
Impossibilitado de jogar pelos “Leões”, a solução para o impasse seria a sua ida para a União de Leiria. A passagem pela “Cidade do Lis” na temporada de 1994/95, tal como a campanha seguinte feita ao serviço do Belenenses, serviriam para catapultar a sua carreira. Com o lateral Fernando Mendes como companheiro de jornada, o atleta viaja para a cidade do Porto. Veste de “Azul e Branco” nas duas épocas seguintes, ajuda à conquista de 2 Campeonatos, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça, mas nunca consegue afirmar-se como um jogador do “onze” inicial.
A falta de titularidade levá-lo-ia a deixar o Estádio da Antas no final da temporada de 1997/98. O resto da sua carreira cumpri-la-ia em três capítulos. Após um regresso ao Brasil, onde jogaria pelo Vitória da Bahia, ainda voltaria a Portugal. O Paços de Ferreira e a Divisão de Honra antecederiam a sua derradeira aventura pelo estrangeiro. Na China defenderia as cores do Sichuan Guancheng e do Qingdao Jonoon até que, em 2003, decide ser a hora certa para a abandonar o futebol.

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