998 - MIGUEL LOURENÇO

Consta, em alguns registos, que terá chegado ao Benfica vindo do modesto Atlético de Reguengos. Tendo como certa essa transferência, a verdade é que Miguel Lourenço não terá deixado intimidar-se pela diferente grandeza das duas colectividades. Já ao serviço das “Águias”, o extremo, mesmo sem ser titular absoluto, conseguiria mostrar boas qualidades. Bastante utilizado nessa temporada de 1939/40, o atacante, nas duas campanhas seguintes, começaria a perder algum espaço. Ainda assim, o seu contributo serviria para que os “Encarnados” vencessem alguns títulos. Nesses 3 anos em que jogaria pela categoria principal, o atleta amealharia 1 Campeonato de Lisboa, 1 Taça de Portugal e, mesmo sem nunca ter sido chamado a jogo, faria parte do grupo que venceria o Campeonato Nacional de 1941/42.
Depois de um hiato de 2 anos, cujo seu paradeiro não consegui apurar, Miguel Lourenço aparece nos quadros do Estoril-Praia. A partir dessa temporada de 1944/45 e até ao fim da sua carreira como futebolista, o extremo passaria a envergar o amarelo dos da Linha de Cascais. Porém, e ao contrário daquilo que poderíamos concluir, a mudança de clube acabaria por não ser um revés na caminhada desportiva do atacante. Aliás, a sua passagem pelos “Canarinhos”, muito mais do que manter o atleta a disputar a 1ª divisão, serviria para que conseguisse atingir o patamar internacional.
Com as cores de Portugal, incluindo uma partida pelos “BB”, o avançado jogaria em 3 diferentes ocasiões. Tendo, pela mão do seleccionador Tavares da Silva, feito a estreia em Junho de 1946, Miguel Lourenço só voltaria a representar os “AA” do nosso país passados quase 3 anos. Depois da vitória por 3-1 no particular frente à República da Irlanda, o extremo regressaria aos trabalhos da principal equipa nacional em Fevereiro de 1949. No desafio frente à congénere italiana, e já sob a alçada de Armando Sampaio, a ajuda do atacante não evitaria a derrota por 4-1. No entanto, na ficha de jogo ficaria inscrito o seu nome, como o autor do golo português.
Apesar de não ser um dos grandes ícones do desporto nacional, a conclusão a que facilmente podem chegar, é que Miguel Lourenço conseguiu edificar uma carreira muito acima da média. Tendo chegado a internacional, também os seus números no Campeonato são de relevo. Com 10 temporadas disputadas no escalão máximo do futebol português, os registos do extremo leva-nos para a sua presença em mais de uma centena e meia de contendas. Também nos remates certeiros, os números são espantosos. Se tivermos em conta que a sua posição não era a que mais favorecia a marcação de golos, os 84 tentos, só naquela que é a principal prova nacional, também é uma marca de respeito.

3 comentários:

Pedro Fernandes disse...

Boa tarde pessoal!
Por acaso sabem onde nasceu este jogador?
Obrigado e continuem a partilhar estas memórias, grandes textos e grandes imagens!

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

Bom dia,

Pedro Fernandes, primeiro deixe-me agradecer o seu gentil comentário.
Relativamente à sua questão, a verdade é que também não encontrei respostas para a sua pergunta. Os registos em Portugal são poucos, nem o site da Federação Portuguesa de Futebol tem essa informação. Aliás, mesmo para encontrar dados sobre o percurso desportivo dos atletas desta altura, e posterior, é muito difícil. Por norma só existem referências de quando eles representaram os principais emblemas da sua carreira. Os clubes em que estes futebolistas jogaram fora das principais provas, raramente são referenciados. No caso do Miguel Lourenço, por exemplo, nunca consegui realmente confirmar a sua participação no Atlético de Reguengos. Porém, e fazendo fé nessa informação, o mais provável é que o avançado tenha vindo dessa zona do Alentejo.

Cumprimentos,

Bruno Vitória

PS: Tenho alguns livros que ainda posso consultar. Se encontrar alguma coisa, informá-lo-ei.

Pedro Fernandes disse...

Só vi agora o comentário Bruno, mas agradeço-lhe imenso. De facto, é sempre compclicado verificar locais de nascimento quanto mais dentro da nossa história nos inserimos. Só me resta continuar a procurar!