1053 - PINTO da COSTA

Apaixonar-se-ia pelo FC Porto ainda em miúdo e muito por culpa do seu tio Armando Pinto. Terá sido pela mão do familiar, que o jovem Jorge Nuno Pinto da Costa terá tido a oportunidade de, ainda no antigo Campo da Constituição, assistir, pela primeira vez, a uma partida dos “Azuis e Brancos”. Contudo, o seu gosto pelo futebol, ainda durante a adolescência, acabaria por extravasar as cores do "Dragão". Como praticante, numa curta e modesta carreira, passaria por alguns emblemas da periferia portuense. O Infesta e, como guarda-redes, o Sporting Clube Coimbrões preencheriam o seu trajecto como futebolista.
Apesar de curiosa a sua incursão como jogador, Pinto da Costa, como é sobejamente sabido, entraria para a história do desporto português pela porta do dirigismo. Começaria, sob a alçada do Presidente Afonso Pinto de Magalhães, pelo hóquei em patins do FC Porto. Passaria também pelo hóquei em campo e já à frente da secção de pugilismo, travaria amizade com  o "boxeur" Reinaldo Teles, que, anos mais tarde, viria a tornar-se no seu "braço direito".
Ao começar pelas "modalidades amadoras", seria à custa do “jogo da bola” que Pinto da Costa acabaria transformado numa figura icónica. Apesar de ter recusado um primeiro convite de Américo de Sá, o repto lançado por aquele que acabaria por vencer as eleições de 1972, serviria para lançar as sementes do que viria a acontecer 4 anos depois. Acossado por alguns amigos, Pinto da Costa tomaria a decisão de conversar com o referido Presidente e oferecer-se para, no próximo acto eleitoral, fazer parte da sua lista. Já em 1976 e com a reeleição de Américo de Sá, a Pinto da Costa seria entregue a responsabilidade de comandar o futebol portista. Uma das primeiras decisões que tomaria, para contrariar o longo jejum que o clube vivia no Campeonato Nacional, seria a contratação de José Maria Pedroto.
Lado-a-lado, dirigente e treinador provocariam uma verdadeira convulsão no meio desportivo. Paralelamente ao trabalho de campo, o rápido agigantar do FC Porto basear-se-ia num acicatado discurso contra aquilo que diziam ser o poder centrado em Lisboa. Mesmo não sendo comum para a altura uma tão flamejante atitude, a verdade é que os resultados não tardariam a aparecer. Depois da vitória na Taça de Portugal de 1976/77, e pondo fim a 19 anos sem celebrar tal glória, emergiriam as conquistas dos Campeonatos de 1977/78 e 1978/79. Porém, o “modus operandi” de Pinto da Costa, nomeadamente a política comunicacional, não lograria da simpatia do Presidente. Mesmo com a maioria da massa associativa e grande parte do plantel assumidamente ao lado do director para o futebol, Américo de Sá despediria aquela que era a cara da ressurreição dos “Azuis e Brancos”. Com a demissão, Pedroto renunciaria também ao seu posto. No seio dos jogadores nasceria mais uma vincada revolta e alguns deles recusar-se-iam a treinar no clube. Porém, aquele que ficaria conhecido como o “Verão Quente de 1980”, ainda veria mais alguns capítulos. Na tentativa de pôr termo à rebelião, alguns dos principais amotinados acabariam empurrados para fora do clube. Octávio Machado regressaria ao Vitória de Setúbal, António Oliveira arrepiaria caminho para o Penafiel e Fernando Gomes transferir-se-ia para os espanhóis do Sporting de Gijón.
A “limpeza de balneário” não traria mais do que o insucesso desportivo. Com o FC Porto outra vez afastado dos principais títulos, emergiria, então, um grupo de sócios que incitaria ao regresso de Pinto da Costa. Com o entusiasmo da própria mãe, o dirigente tomaria a decisão de encabeçar uma lista às eleições de 1982. Vencido aquele que acabaria como o acto eleitoral mais concorrido da história portista, os 95% dos votos conseguidos elevá-lo-iam à condição de Presidente dos “Dragões”. Logo de seguida resgataria José Maria Pedroto, entregando-lhe o comando técnico da equipa de futebol. Os resultados imediatos, no entanto, ficariam aquém do esperado pelos adeptos. Ainda assim, estavam lançadas as sementes de um projecto que, nas mais diversas modalidades, catapultaria o clube para o topo do desporto internacional.
O primeiro grande sinal desse crescimento, seria a final da Taça dos Vencedores das Taças de 1983/84. Com José Maria Pedroto afastado do comando da equipa, face a grave doença que acabaria por pôr termo à sua vida, seria António Morais a orientar o FC Porto na contenda marcada para a cidade suíça de Basileia. Frente à Juventus, com Michel Platini como a principal figura dos italianos, os “Azuis e Brancos” claudicariam. Todavia, não tardaria muito tempo até que nova oportunidade surgisse. Em 1986/87, no culminar de uma campanha notável, os “Dragões” atingiriam nova final europeia. Com Artur Jorge no comando técnico, o Praterstadion transformar-se-ia no cenário para a concretização de um sonho. Com o Bayern de Munique como adversário, o FC Porto venceria a Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Aos poucos, o FC Porto tomaria para si a hegemonia do desporto e, em concreto, do futebol nacional. Como imagem dessa supremacia, os anos 90, sempre com o Presidente como figura máxima e incontestável, trariam o inédito “Penta”. Com uma sede inesgotável, os “Azuis e Brancos”, mesmo na viragem do milénio, continuariam sagazes. Essa senda de conquistas faria de Pinto da Costa no dirigente máximo que mais troféus conseguiria para um só emblema. As 2 “Champions”, as 2 Taça UEFA/Liga Europa, as 2 Taças Intercontinentais e 1 Supertaça, seriam adornadas pelas vitórias em 21 Campeonatos Nacionais, 12 Taças de Portugal e 20 Supertaças. Em paralelo, é também impossível esquecer toda a glória alcançada pelas “modalidades amadoras” e a construção de diversas infra-estruturas, com especial destaque para o Estádio do Dragão.
No passado dia 07 de Junho de 2020, Jorge Nuno Pinto da Costa acabaria por vencer novo acto eleitoral. Num percurso de décadas, ainda que assombrado pelo caso "Apito Dourado", os sócios portistas acabariam por sublinhá-lo como uma das figuras icónicas do desporto nacional, ao legitimar o seu 15º mandato consecutivo.

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