67 - ARAÚJO

O ocaso de uma das maiores estrelas portistas coincidiu com o aparecimento de outro dos icónicos futebolistas do FC Porto. Decorria o ano de 1942, estava Pinga já nos últimos anos de carreira, quando, por aquelas bandas, surge um jovem para ser avaliado. Tão boas foram as impressões deixadas que, com 19 anos apenas, Araújo é imediatamente indicado para a equipa principal.
Apesar da sua rápida ascensão e da confirmação de todo o seu génio como um dos mais eficientes goleadores portugueses, os títulos colectivos nunca surgiram à medida do seu talento. O FC Porto, ao atravessar uma fase deveras complicada, ficou arredado da conquista do Campeonato Nacional durante 15 anos. Mesmo assim, em 1947/48, lutando contra o domínio dos 3 clubes de Lisboa, Araújo, ao concretizar 36 golos em 26 jogos, conseguiu sagrar-se no Melhor Marcador do Campeonato Nacional.
Claro que os momentos de glória não ficaram por aqui. Um dos mais emblemáticos terá sido aquando da primeira vitória oficial frente à Espanha. O Estádio Nacional, recentemente inaugurado, recebeu o aguardado embate ibérico. Dessa feita, contra todas as previsões, 2 golos de Travassos e 2 de Araújo, deram a vitória à Selecção de Portugal, por 4-1. Na sua terra natal, Paredes, foi recebido como um herói. Foguetes, fanfarra e uma multidão em delírio, culminaram com uma condizente recepção nos Paços do Concelho.
A sua presença na selecção caracterizou-se de forma marcante. A certa altura e por ser o único convocado do FC Porto entre a maioria de atletas do Benfica, Tavares da Silva, o seleccionador, disse que Portuga poderia chamar-se Sport Lisboa e Araújo.
Estava no auge quando um grave revés dilacerou a sua carreira. Um problema infeccioso acabaria por tirá-lo dos campos, durante 2 anos. Recuperou e ainda regressou à actividade futebolística com as cores do FC Porto. No entanto, a doença tinha debilitado o jogador ao ponto de, em nada, haver semelhança com aquilo que os adeptos tinham na memória. Decidiu-se pelo afastamento. Na merecida festa de despedida, reuniram-se os melhores. Peyroteo, que já estava retirado, juntou-se à homenagem. Araújo emocionado, em lágrimas e com os filhos ao colo, agradecido pelo gesto do "violino", ofereceu-lhe a medalha que o FC Porto tinha, propositadamente, gravado para si.
Mas o gosto pelo futebol era tanto que não resistiu. Primeiro no Tirsense, depois no União de Paredes, Araújo voltou a fazer "o gosto ao pé". Passou a conciliar o desporto com o seu emprego na Câmara Municipal de Paredes e com outra paixão... a columbofilia!

Sem comentários: