
Apesar da sua rápida ascensão e da confirmação de todo o seu génio como um dos mais eficientes goleadores portugueses, os títulos colectivos nunca surgiram à medida do seu talento. O FC Porto, ao atravessar uma fase deveras complicada, ficou arredado da conquista do Campeonato Nacional durante 15 anos. Mesmo assim, em 1947/48, lutando contra o domínio dos 3 clubes de Lisboa, Araújo, ao concretizar 36 golos em 26 jogos, conseguiu sagrar-se no Melhor Marcador do Campeonato Nacional.
Claro que os momentos de glória não ficaram por aqui. Um dos mais emblemáticos terá sido aquando da primeira vitória oficial frente à Espanha. O Estádio Nacional, recentemente inaugurado, recebeu o aguardado embate ibérico. Dessa feita, contra todas as previsões, 2 golos de Travassos e 2 de Araújo, deram a vitória à Selecção de Portugal, por 4-1. Na sua terra natal, Paredes, foi recebido como um herói. Foguetes, fanfarra e uma multidão em delírio, culminaram com uma condizente recepção nos Paços do Concelho.
A sua presença na selecção caracterizou-se de forma marcante. A certa altura e por ser o único convocado do FC Porto entre a maioria de atletas do Benfica, Tavares da Silva, o seleccionador, disse que Portuga poderia chamar-se Sport Lisboa e Araújo.
Estava no auge quando um grave revés dilacerou a sua carreira. Um problema infeccioso acabaria por tirá-lo dos campos, durante 2 anos. Recuperou e ainda regressou à actividade futebolística com as cores do FC Porto. No entanto, a doença tinha debilitado o jogador ao ponto de, em nada, haver semelhança com aquilo que os adeptos tinham na memória. Decidiu-se pelo afastamento. Na merecida festa de despedida, reuniram-se os melhores. Peyroteo, que já estava retirado, juntou-se à homenagem. Araújo emocionado, em lágrimas e com os filhos ao colo, agradecido pelo gesto do "violino", ofereceu-lhe a medalha que o FC Porto tinha, propositadamente, gravado para si.
Mas o gosto pelo futebol era tanto que não resistiu. Primeiro no Tirsense, depois no União de Paredes, Araújo voltou a fazer "o gosto ao pé". Passou a conciliar o desporto com o seu emprego na Câmara Municipal de Paredes e com outra paixão... a columbofilia!
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