84 - MARADONA

Quando um amigo seu, ao ser aceite no Argentinos Juniors, disse que conhecia um jogador melhor do que ele, o treinador quis vê-lo. A surpresa foi tal que os responsáveis do clube fizeram questão de acompanhá-lo até casa. Queriam confirmar a veracidade da idade nos seus documentos. Era verdade! Diego tinha apenas 9 anos!
Os dirigentes do Argentinos Juniores não tiveram grandes dificuldades para convencer os seus pais. Em pouco tempo, o menino tornou-se numa estrela. Com 11 anos apenas, por razão das suas habilidades, era chamado para animar programas televisivos. Aos 15 anos já jogava pela equipa principal e, até 1981, nunca mais de lá saiu.
Na selecção, a sua estreia foi igualmente precoce. Ainda hoje é o mais novo de sempre a vestir a camisola da Argentina. Tinha 16 anos quando Maradona foi chamado por César Menotti, para um jogo frente à Hungria. Em 1981 realizou outro sonho de menino e começou a jogar pelo clube do seu coração, o Boca Juniores. Deixou o Argentinos Juniors sem qualquer campeonato vencido, mas com 2 vitórias na lista dos Melhores Marcadores. No "La Bombonera" ganhou, finalmente, o seu primeiro campeonato argentino. Nisso, e com a sua fama a florescer desmesuradamente, o anseio dos adeptos em vê-lo ao vivo cresceu em paralelo. Para dar vazão à progressiva procura, e com os olhos postos nas receitas de bilheteira, a solução encontrada acabou por ser a organização de vários encontros particulares.
Com o futebol de Maradona a crescer cada vez mais, um ano após a sua chegada, o Boca Juniors não resistiu à investida do Barcelona. Sem conseguirem contornar a situação, os directores do emblema de Buenos Aires aceitaram a proposta de 7 milhões de dólares, à altura recorde mundial, feita pelo emblema catalão. Pouco tempo antes do Campeonato do Mundo de 1982, ficou acertada a sua transferência para Espanha. Na Catalunha foi recebido como o “Salvador”. Os adeptos viam no craque argentino, o jogador capaz de tirar os "blau-grana" do jejum que se perpetuava desde 1974. Contudo, a passagem de Maradona por Camp Nou transformou-se numa verdadeira montanha-russa. Feita de altos e baixos, a sua primeira experiência na “La Liga” acabou marcada por doenças, lesões graves, cenas de pancadaria e, também, pelos títulos conquistados.
O azar começou logo na época da sua chegada, quando uma hepatite, durante 3 meses, afastou o avançado dos relvados. Outros 3 meses foi o tempo que demorou a curar um tornozelo partido, após uma entrada de Andoni Goikoetxea, jogador do Athletic Bilbao. Por fim, o episódio vivido na final da Taça do Rey de 1984. Mais uma vez, frente ao já referido emblema basco, Maradona viu-se envolvido em desacatos e acabou castigado por mais 3 meses.
Após dois anos de contrato e porque a relação com a direcção não era das melhores, aceitou, dessa feita, ir para o Napoli. Não saiu de mãos abanar. Levou na bagagem, para além de mais um contrato milionário, 1 Campeonato, 1 Taça e 1 Supertaça espanhola. Em Itália, Maradona encontrou um clube que, apesar de ter uma história de respeito e uma enorme ambição, não tinha um poderio condizente com a qualidade desportiva do avançado. Porém, até isso estava prestes a mudar. Nos anos 7 anos seguintes, clube e atleta conquistaram 2 Campeonatos, 1 Taça, 1 Supertaça de Itália e, ainda, 1 Taça UEFA.
Pelo meio disputaram-se, em 1986 e 1990, os Mundiais do México e de Itália. No primeiro, como foi unanimemente reconhecido, levou a sua selecção às costas e na final, depois de derrotar a República Federal Alemã, tornou-se campeão. No segundo também chegou à derradeira partida do certame. Mas ao contrário do que tinha acontecido 4 anos antes, e lavado em lágrimas, viu o troféu ser entregue à selecção germânica. Curiosamente, Maradona também soube jogar fora das quatro-linhas. Em 1990, aquando do jogo da meia-final frente à “Squadra Azzurra”, dirigiu-se aos adeptos napolitanos e pediu-lhes que apoiassem a Argentina – "Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros e, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcendo pela selecção italiana. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano"*.
Um dos maiores escândalos da sua carreira estava ainda por rebentar. Após um jogo do Campeonato italiano, um controlo anti-doping deu positivo para cocaína; o castigo: 15 meses de suspensão. Voltou aos relvados já em Espanha e ao serviço do Sevilla. A união só durou 1 temporada, pois para além dos resultados desportivos medianos, Maradona, depois de descobrir que os dirigentes do clube andaluz tinham contratado detectives para o seguir nas suas saídas nocturnas, arreliou-se.
Regressou à Argentina para representar o Newell's Old Boys, mas a sua má forma era evidente e uma série de lesões levaram o clube, ao fim de 4 partidas, a rescindir com o jogador. Maradona conseguiu recuperar a tempo de ser chamado para o Mundial de 1994. Nos Estados Unidos da América, o seu regresso criou grandes espectativas. A aposta do seleccionador Alfio Basile, com o atacante a começar o torneio com grandes exibições, pareceu resultar em cheio. Porém, ainda durante o certame, o avançado voltou a ser apanhado nas malhas do “doping” e, sem o incentivo de “El Pibe”, a Argentina acabou por claudicar nos oitavos-de-final.
Depois do novo escândalo relacionado com o uso de substâncias proibidas, Maradona decidiu-se pelo fim da carreira de futebolista. Primeiro abraçou a vida de dirigente no Textil Mandiyú, para, de seguida, encetar uma caminhada como treinador do Racing Avellaneda. Pouco tempo passou fora do rectângulo de jogo. Não resistiu a um convite do Boca Juniors para calçar as chuteiras e, durante pouco mais de 30 jogos, voltou a deliciar os seus fãs.
Muitas foram as suas jogadas que, de tão brilhantes, ainda hoje são recordadas. Porém, houve uma que, de tão excepcional, resultou naquele que foi considerado pela FIFA, como o golo do século. Marcado no Mundial de 1986 frente à Inglaterra, é impossível ver a arrancada de Diego Armando Maradona sem sentir calafrios. Arrepiado ficou também o comentador argentino Víctor Hugo Morales que, nos festejos do golo, gritou: “quiero llorar... Dios Santo, viva el fútbol"**.

*retirado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Diego_Maradona
**retirado de https://www.youtube.com/watch?v=1wVho3I0NtU

3 comentários:

Elói Esberard disse...

Jogava bem mas como pessoa era e ainda tem um pouco disso ser má em relação às drogas e entre outras coisas mais perigosas também que cometia.
(através do Facebook, a 31 de Dezembro de 2010)

Valter Cunha disse...

D10S!

(através do Facebook, a 10 de Janeiro de 2011)

António Omar Spencer disse...

o grande !!!
já nem vale dizer mais nada sobre ele

(através do Facebook, a 30 de Janeiro de 2011)