
Os verdadeiros génios constroem-se dessas imagens fortes; constroem-se como os mais brilhantes pedaços do firmamento. Deve ter sido essa luz que Eusébio viu num treino de captação do Benfica. O “Pantera Negra” acercou-se de Rui Costa e disse-lhe – "Miúdo, para ti já chega. Diz-me quem é o teu pai para falar com ele"*. O catraio, apadrinhado por um dos mais cintilantes astros do futebol mundial, cresceu com a “Águia” ao peito. Passados alguns anos, já em 1994, sagrou-se campeão pelos “Encarnados” e, logo ali, soube-se que Rui Costa era dono de outros voos.
Se a partida, mesmo antes de concretizada, já deixa saudades, o regresso enche-se dessas mesmas paixões. Foi assim nessa noite de Verão, quando, no antigo Estádio “da Luz”, o pródigo menino voltou a casa. Coberto pelo violeta da Fiorentina, marcou um golo à sua antiga equipa. Os normais festejos deram lugar às mãos escondendo o choro que cobria a sua face. De pé, o público em ovação, como um beijo que tenta secar as lágrimas de um rosto, mostrou quanta paixão existia entre eles e o jogador.
Rui Costa, o eterno benfiquista, jogava em Itália. A aposta no clube de Florença nunca correu como esperado. O ambicioso projecto dos dirigentes “viola” não deu mais do que 2 Taças e 1 Supertaça italiana. Contudo, a fama de grande condutor foi crescendo, ao ponto do AC Milan começar a ver nele alguém com capacidades para guiar todo o manancial futebolístico “rossoneri”. Para ambos os lados, foi uma bela escolha e os 5 anos de ligação entre o jogador e o emblema, resultaram numa boa serie de troféus, dos quais podemos nomear 1 "Scudetto", 1 Supertaça Europeia e 1 Liga dos Campeões.
Aproximavam-se os últimos tempos de chuteiras calçadas. Como tinha prometido, Rui Costa voltou para terminar a sua carreira, onde a tinha começado e de onde nunca tinha chegado a partir o seu coração. Mais uma vez, o público da “Luz” exaltou a magistralidade dos seus passes precisos, vibrou com as suas jogadas, com a maneira certa de liderar o jogo. Dois anos após o regresso ao Benfica, o fim chegou. Chegou o fim de uma carreira de sucessos, onde só faltou o Campeonato Europeu de selecções, perdido em 2004, naquele que sempre foi o seu Estádio.
Todos os adeptos de futebol, principalmente aqueles que, como eu, viram nele um ídolo, guardarão Rui Costa na memória. Talvez venham a recordá-lo como um homem de princípios que nunca abdicou da sua modéstia. Talvez, por isso, nunca tenha pedido grandes homenagens. Talvez, também por isso, nunca tenha exigido o reconhecimento que merecia! No entanto, aqui fica o meu sincero – Muito obrigado, MAESTRO!
* retirado do artigo publicado em https://fatelasdofutebol.wordpress.com, a 25/05/2008
5 comentários:
Mais um senhor do futebol. Básica-mente, bastou entregar-se de alma e coração ao que fazia. E fazia-o de uma forma correcta: com vontade, sabedoria e humildade. São destes jogadores que, um dos clubes maiores do mundo, precisa. BEM HAJA Rui Costa.
so tinha um gde defeito... ser benfiquista... (através do Facebook, a 31 de Dezembro de 2010)
Há gente assim... ainda vou ver um dia o Bruno Alves a chorar depois de dar um cacete num jogador do FC Porto!!! (através do Facebook, a 31 de Dezembro de 2010)
Acho que é impossível gostar-se de futebol e não se apreciar a classe com que Rui Costa corre com a bola nos pés, sempre de cabeça erguida e a enfrentar os adversários nos olhos; a precisão milimétrica dos seus passes e a colocação perfeita dos seus remates.
Acho que nunca me vou esquecer da alegria e emoção que este grande jogador me deu naquela noite fria e chuvosa de Novembro de 1995, tinha eu 9 anos, quando Rui Costa ao ver o adiantamento do guarda-redes Irlandês escancara a portas do Euro`96 a Portugal com um soberbo chapéu.
Pode não ser nem nunca ter sido considerado o melhor jogador do mundo, mas para mim será sempre o MAIOR e o MELHOR Nº10.
Obrigado Maestro!
(através do Facebook, a 31 de Dezembro de 2010)
Concordo com tudo o que disseste, excepto a parte do "correr". (através do Facebook, a 31 de Dezembro de 2010)
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