Ainda no Brasil, a sua maneira de jogar pedia que as equipas fossem construídas à sua volta, para servi-lo. Espantosamente, havia nisso algo de muito razoável e os resultados, todos aqueles números que dele brotavam, justificavam que assim fosse.
Luiz Filipe Scolari entendeu bem essa peculiaridade e quando, do Vasco da Gama, o levou para o Grêmio de Porto Alegre, alicerçou no avançado toda a táctica colectiva. O jogador apenas pedia que a bola fosse entregue bem lá no alto, à sua mercê... uma cabeçada fazia o resto! Assim foi. Em desnorte, sem saberem de onde e como aparecia, os defesas facilmente eram ludibriados pelas suas movimentações; as bolas não paravam de entrar nas redes adversárias e, impotentes, os oponentes iam assistindo aos abraços que repetidamente davam corpo aos festejos de golo.
Jardel não tardou muito a catapultar o conjunto gaúcho para a conquista, em 1995, da Copa Libertadores e, na temporada seguinte, para a vitória na Recopa Sul-Americana. Os seus golos ajudavam a equipa e, com tal “veia goleadora”, também ele ganhou. Ainda em 1996, depois de goradas as transferências para o Benfica e para o Glasgow Rangers, viajou para a Europa para representar o FC Porto. Por cá, a sua estadia só serviu para que apurasse ainda mais as suas habilidades. Nos três anos como "Dragão" conseguiu concretizar mais golos do que jogos realizados. Essa sua façanha permitiu-lhe ser sempre o Melhor Marcador do Campeonato Nacional e, em 1999, alcançar a sua primeira Bota de Ouro.
Após uma curta passagem pelo Galatasaray, onde atingiu o topo da lista dos goleadores "turcos" e ainda venceu uma Supertaça Europeia, Jardel regressou a Portugal. Já ao serviço do Sporting voltou a ganhar o troféu de Melhor Marcador dos Campeonatos Europeus. Porém, como tantas vezes é hábito, o Céu parece viver paredes-meias com o Inferno. O exemplo de Jardel viria a ser disso uma prova irrefutável. Problemas de família e, como próprio afirmou, as “más companhias”*, levaram-no ao abuso de drogas. A má forma física rapidamente começou a evidenciar-se e do "Super Mário" de outrora pouco passou a restar. A rescisão com o clube de Alvalade, no qual ainda conseguiu sagrar-se campeão nacional, foi só o início da sua desgraça. Daí em diante, um rol de contratos, más exibições e as resultantes dispensas levaram-no aos “quatro cantos do mundo”. Nem Itália (Ancona), nem Inglaterra (Bolton), nem Espanha (Alavés) ou até mesmo o regresso ao Brasil e posteriormente a Portugal (Beira-Mar), conseguiram devolver o craque aos momentos de glória.
Finalmente liberto dos hábitos que arruinaram o final da sua carreira, mas numa idade onde a destreza de pernas já não ajuda a um regresso condigno, Jardel tem andado, parece-me que desesperadamente, à procura do reconhecimento perdido. Nessa sua demanda tem promovido as capacidades que, no seu entender, ainda poderão ser úteis a um grande clube – "Estou óptimo. Aguento tudo, faço até dois jogos seguidos se for preciso"**. Por outro lado, também é normal ouvir dele desabafos como – "Nunca devia ter saído do FC Porto"**.
*fonte https://caras.sapo.pt, em artigo publicado a 27/04/2008
**retirado do artigo de Pedro Jorge da Cunha, publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 02/11/2010
Luiz Filipe Scolari entendeu bem essa peculiaridade e quando, do Vasco da Gama, o levou para o Grêmio de Porto Alegre, alicerçou no avançado toda a táctica colectiva. O jogador apenas pedia que a bola fosse entregue bem lá no alto, à sua mercê... uma cabeçada fazia o resto! Assim foi. Em desnorte, sem saberem de onde e como aparecia, os defesas facilmente eram ludibriados pelas suas movimentações; as bolas não paravam de entrar nas redes adversárias e, impotentes, os oponentes iam assistindo aos abraços que repetidamente davam corpo aos festejos de golo.
Jardel não tardou muito a catapultar o conjunto gaúcho para a conquista, em 1995, da Copa Libertadores e, na temporada seguinte, para a vitória na Recopa Sul-Americana. Os seus golos ajudavam a equipa e, com tal “veia goleadora”, também ele ganhou. Ainda em 1996, depois de goradas as transferências para o Benfica e para o Glasgow Rangers, viajou para a Europa para representar o FC Porto. Por cá, a sua estadia só serviu para que apurasse ainda mais as suas habilidades. Nos três anos como "Dragão" conseguiu concretizar mais golos do que jogos realizados. Essa sua façanha permitiu-lhe ser sempre o Melhor Marcador do Campeonato Nacional e, em 1999, alcançar a sua primeira Bota de Ouro.
Após uma curta passagem pelo Galatasaray, onde atingiu o topo da lista dos goleadores "turcos" e ainda venceu uma Supertaça Europeia, Jardel regressou a Portugal. Já ao serviço do Sporting voltou a ganhar o troféu de Melhor Marcador dos Campeonatos Europeus. Porém, como tantas vezes é hábito, o Céu parece viver paredes-meias com o Inferno. O exemplo de Jardel viria a ser disso uma prova irrefutável. Problemas de família e, como próprio afirmou, as “más companhias”*, levaram-no ao abuso de drogas. A má forma física rapidamente começou a evidenciar-se e do "Super Mário" de outrora pouco passou a restar. A rescisão com o clube de Alvalade, no qual ainda conseguiu sagrar-se campeão nacional, foi só o início da sua desgraça. Daí em diante, um rol de contratos, más exibições e as resultantes dispensas levaram-no aos “quatro cantos do mundo”. Nem Itália (Ancona), nem Inglaterra (Bolton), nem Espanha (Alavés) ou até mesmo o regresso ao Brasil e posteriormente a Portugal (Beira-Mar), conseguiram devolver o craque aos momentos de glória.
Finalmente liberto dos hábitos que arruinaram o final da sua carreira, mas numa idade onde a destreza de pernas já não ajuda a um regresso condigno, Jardel tem andado, parece-me que desesperadamente, à procura do reconhecimento perdido. Nessa sua demanda tem promovido as capacidades que, no seu entender, ainda poderão ser úteis a um grande clube – "Estou óptimo. Aguento tudo, faço até dois jogos seguidos se for preciso"**. Por outro lado, também é normal ouvir dele desabafos como – "Nunca devia ter saído do FC Porto"**.
*fonte https://caras.sapo.pt, em artigo publicado a 27/04/2008
**retirado do artigo de Pedro Jorge da Cunha, publicado em https://maisfutebol.iol.pt, a 02/11/2010
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