153 - PAULO SOUSA

No final da década de 80 emergiram os primeiros da que ficou conhecida como a "Geração d'Ouro" do futebol português. No seio dos atletas que em Riade acabariam por ganhar o Campeonato do Mundo de sub-20 de 1989, destacar-se-ia um jovem "trinco" de seu nome Paulo Sousa.
Tal como tinha mostrado no referido torneio, as suas qualidades fariam com que Eriksson chamasse o jovem jogador para integrar, logo no Verão seguinte, a equipa principal do Benfica. Depressa conquistaria o treinador sueco e na 2ª temporada com os seniores, a sua presença nos jogos começaria a ser um hábito. Porém, e apesar da rápida ascensão e da facilidade com que conseguiria ver reconhecidas as capacidades para desempenhar a função de “trinco”, a verdade é que nunca mostraria ser um típico médio-defensivo! Ao invés do que é norma para a sua posição, Paulo Sousa não parecia gostar muito de "morder os calcanhares" aos adversários. Pelo contrário, a sua maneira de jogar fazia passar a ideia de que era um jogador molengão e desgarrado! Puro engodo! Na sua missão, sabia aparecer sempre na altura certa, no sítio exacto e, com uma elegante ligeireza, do mesmo modo com que tirava a bola a um adversário, armava o jogo ofensivo para os seus companheiros.
Seria o seu sentido posicional, a sua capacidade de passe e visão de jogo primorosos que facilmente fariam dele um dos jogadores mais apreciados pelos adeptos. Como se não bastasse a estima que conquistara, o médio, por razão de um episódio caricato, haveria de tornar-se num verdadeiro herói para os benfiquistas. A história conta-se assim…Fazendo jus ao provérbio "em Abril águas mil", a noite no Porto estava bem chuvosa. A difícil deslocação ao Estádio do Bessa até corria bem para o conjunto da "Luz", mas uma falta cometida por Neno, um minuto após o Benfica ter esgotado as substituições, resultaria num "penalty" e na expulsão do guarda-redes. Impossibilitada a troca de jogadores, Paulo Sousa oferecer-se-ia para ocupar o lugar à baliza. A grande penalidade não conseguiria defendê-la, mas a boa prestação "entre os postes", aguentaria, até ao fim da partida, o 2-3 no marcador.
Curiosamente, o estado de graça resultante do referido acto voluntarioso, manter-se-ia apenas até ao final da época. Naquele que ficou conhecido como o "Verão Quente de 1993", Paulo Sousa, juntamente com Pacheco, ao alegar salários em atraso, rescindiria contrato com o Benfica e acabaria por mudar-se para Alvalade. A sua passagem pelo Sporting haveria de ser curta. Após uma temporada de “verde e branco”, ao dar seguimento ao assédio por parte de clubes estrangeiros, o "passe" do atleta seria vendido à Juventus. Em Itália, para além de outros troféus, venceria também a sua primeira Liga dos Campeões. O feito repeti-lo-ia um ano depois, em 1994, ao ganhar a competição europeia já ao serviço do Borussia Dortmund. Essas duas conquistas torná-lo-iam num dos poucos jogadores, a par de Marcel Desailly, a conseguir duas vitórias consecutivas por dois emblemas diferentes, naquela que é a prova maior de clubes organizada pela UEFA.
Numa altura em que já tinha conseguido afirmar-se como o “motor” da equipa transalpina, a sua saída para a “Bundesliga”, praticamente forçada, terá surpreendido muita gente. Porém, parece que, já na altura, o joelho do médio, que viria a afastá-lo prematuramente da competição, prometia desconjuntar-se. Ainda assim, os alemães confiariam na força de Paulo Sousa para debelar tal ameaça e, como prova de tal, aceitariam o pedido do médio e contratariam Mariano Barreto, exclusivamente para ajudar o atleta na dura batalha contra a lesão.
Por certo, até pelos resultados aqui relatados, os dirigentes do clube germânico acabariam por aferir a contratação do internacional português como positiva. No entanto, a maleita parecia irresolúvel e, talvez por isso, o seu regresso a Itália dar-se-ia um ano após a conquista do título europeu. No Inter de Milão tornar-se-iam ainda mais evidentes as carências da articulação do médio luso. Depressa começaria a adivinhar-se como próximo o fim da sua carreira e o curto empréstimo ao Parma e as discretas passagens pelo Panathinaikos e pelo Espanyol acabariam por pôr, aos 31 anos de idade, um ponto cessante na sua caminhada como futebolista.
Depois da experiência no comando técnico da Selecção Nacional de sub-16, Paulo Sousa embarcaria numa nova viagem pelo estrangeiro. Como treinador já passou por vários clubes, nos escalões secundários ingleses. Este ano estreou-se no futebol húngaro. À frente do histórico Videoton começou a nova aventura da melhor maneira e, ao bater o Kecskemeti por 1-0, venceu a edição de 2011 da Supertaça.

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