293 - NORTON DE MATOS


Ao ser sobrinho-bisneto da personalidade que dá nome à avenida onde está edificado o Estádio do Sport Lisboa e Benfica, o General Norton de Matos, não poderia haver melhor clube para dar início às lides futebolísticas do que as “Águias”. No entanto, Luís Norton de Matos, que, ao lado de craques como Shéu, até chegaria a ser campeão pelos juniores benfiquistas, nunca cumpriria um único jogo pela equipa principal “encarnada”.
Tapado por estrelas como Vítor Batista, Nené, Artur Jorge ou Jordão, a falta de oportunidades levariam o jovem avançado, depois da passagem pelas “reservas” benfiquistas, a ser cedido à Académica de Coimbra, em 1973/74. No entanto, aquela que emergiria como a solução mais lógica para o normal evoluir do jogador, não teria a continuidade desejada. Cumprido um ano sob o início do empréstimo e com o possível regresso à "Luz" em mente, a verdade revelaria ao atacante o rumo de outro emblema.
Os passos seguintes na sua carreira levá-lo-iam a 2 campanhas com as cores do Estoril Praia e depois a cumprir 1 temporada no Atlético. A crescer futebolisticamente, seria já no Belenenses que as suas habilidades ofensivas fá-lo-iam apanhar outros voos. No Restelo, na época de 1977/78, num dia em que o visado até era o atacante Manuel Amaral, os dirigentes de um clube belga ficariam deliciados com a exibição de Norton de Matos e, principalmente, com o golo marcado fora da área – “mal assinei pelo Standard, recebi da Adidas três pares de chuteiras com pitons de alumínio, outras três com pitons de borracha, fatos de treino, sapatilhas, tudo e mais alguma coisa (…). Eu, por exemplo, tinha casa de fãs espalhadas por toda a Bélgica. Em Bruxelas, Antuérpia, Charleroi… Clubes de fãs”*.
Apesar da experiência positiva, onde para além de evoluir muito como praticante ainda ganhou uma Taça da Bélgica, ao fim de três temporadas dar-se-ia o seu regresso a Portugal. No Portimonense, sob a alçada do jovem e promissor técnico Artur Jorge, a qualidade acrescida pela sua contratação ajudaria a construir uma equipa de enorme valor. O resultado dessas épocas de 1981/82 e 1982/83, seriam dois 6ºs lugares consecutivos e, para Norton de Matos, a entrada, há muito merecida, na lista de convocados para a selecção nacional “A”.
Após o regresso ao Belenenses e uma passagem pelo Estrela da Amadora, terminada a carreira de futebolista, Norton de Matos abraçaria a de treinador. Com passagens pela 1ª divisão no Salgueiros, no Vitória Futebol Clube e no Vitória Sport Clube, os seus últimos anos têm sido cumpridos entre a Guiné-Bissau, onde chegou a seleccionador, e o Senegal, onde orientou o Étoile Lusitana. Este ano aceitou o desafio de comandar o regresso da equipa “B” do Benfica. Para já os resultados estão à vista, com a segunda equipa dos “Encarnados” a ocupar os lugares cimeiros da tabela classificativa da Liga Orangina e, principalmente, com o surgimento de boas promessas.

*retirado de “101 cromos da Bola”, Rui Miguel Tovar, Lua de Papel, Março de 2012

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