351 - AYEW

A mudança para França aos 17 anos, talvez um pouco à custa da fama do irmão Abedi Pelé, faria prever um futuro promissor. A verdade é que a escolha pelas “escolas” do Metz revelar-se-ia pouco acertada e a imaturidade do jovem atleta haveria de fazer com que não conseguisse alcançar grande sucesso no emblema eleito. Ainda assim, apesar desse pequeno desaire, a aposta no avançado manter-se-ia uma realidade por parte dos responsáveis pelas selecções ganesas e no Verão de 1992, Kwame Ayew veria o seu nome incluído na convocatória para os Jogos Olímpicos de Barcelona, de onde sairia com a medalha de bronze.
A segunda aventura do avançado na Europa surgiria na temporada de 1993/94 e após a estreia como sénior no Al Ahli, do Qatar. Em Itália representaria o Lecce, mas o clube, em franca queda, acabaria por não ser, mais uma vez, a escolha acertada para mostrar as suas qualidades no mundo do futebol. Veria então os responsáveis do União de Leiria a acenarem-lhe com uma nova oportunidade. Em Portugal, a sua rapidez, destreza com a bola nos pés e alguma apetência para o golo, fá-lo-iam erguer uma carreira bem sustentada. Depois da campanha de 1995/96 passada na "Cidade do Lis", seguir-se-iam uma época cumprida ao serviço do Vitória Futebol Clube, um Boavista em franca ascensão e, finalmente, o Sporting.
Em Alvalade, na preparação da temporada de 1999/00, procurava-se construir uma equipa que pudesse devolver aos "Verde e Brancos" as faixas de campeão, conquistadas pela última vez há quase 18 anos! Peter Schmeichel tornar-se-ia no nome mais sonante dessa aposta leonina e Ayew acabaria por construir com o "gigante" dinamarquês uma grande amizade, aliás, como viria a recordar o guardião: "Ayew estava muito perto de ser o meu melhor amigo (...). Vim para Portugal sem falar português. Ele falava português, mas o nosso treinador era italiano e ele falava italiano, assim ele era o meu tradutor"*.
Depois do Sporting conquistar o Campeonato Nacional de 1999/00, Ayew, apesar de  com bastante frequência, mas sem conseguir conquistar a titularidade, procuraria dar novo rumo à carreira. Ao deixar Alvalade, seria na Turquia que, muito para lá do futebol, a sua vida iria sofrer um enorme "volte-face" - "Estava no quarto a dormir e alguém chegou e disse-me «Levanta-te, que quero mostrar-te uma coisa» (…). Eu perguntei «Quem és tu?» e essa pessoa disse-me que isso não interessava. Era um anjo (…). No meu sonho, saímos os dois pela janela e fomos a uma casa, onde havia muitas pessoas, de todas as raças e cores. Chegámos lá e esse anjo disse-me «Quero que faças coisas boas na Terra. Chamei-te para falares às pessoas da palavra de Deus»"**.
Depois desse episódio, de alguns anos passados em emblemas da China e de, no plantel de 2006/07 do Vitória Futebol Clube, ter posto um fim à actividade profissional como futebolista, Ayew decidiria entregar-se aos caminhos da religião. Nesse sentido, regressaria ao Gana, fundaria a igreja "Pastores de Jesus Cristo, o Senhor" e passaria o seu tempo entre as tarefas de padre, as funções de missionário e a ajuda aos mais necessitados.

*retirado da entrevista de Ameenu Shardow, publicada a 23/08/2012, em https://ghanasoccernet.com
**retirado do artigo de Susana Valente, publicada a 3/2/2012, em http://relvado.aeiou.pt

2 comentários:

A Bola Indígena disse...

Grandes exibições que este jogador realizou, sobretudo no Boavista de Jaime Pacheco.

Saudações desportivas

cromosemcaderneta@gmail.com disse...

É verdade, em Portugal e porque não dizê-lo, em toda a sua carreira, esse período passado no Bessa, foi o seu melhor.

Abraço